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Encontro AVALIAÇÃO DOS ESTÁGIOS MOTIVACIONAIS DE

Revista de Psicologia
INDIVÍDUOS QUE PROCURAM ATENDIMENTO
Vol. 13, Nº. 18, Ano 2010
NUTRICIONAL
Evaluation of motivational stages of individuals
seeking nutrition assistance

Dêmia Kellyani Eleotério Veiga


Universidade Gama Filho - UGF
demiakellyani@yahoo.com.br
RESUMO

Edcleide Oliveira dos Santos O comportamento alimentar é definido como o resultado da interação
entre o consumo alimentar e seus diversos determinantes e influências.
Universidade Gama Filho - UGF
O objetivo deste artigo é demonstrar os estágios motivacionais de
edcleideoliveira@hotmail.com
pacientes atendidos em Núcleos de Apoio a Saúde da Família. Pesquisa
descritiva de campo, de pacientes de ambos os sexos, com idade entre
18 a 70 anos, tendo a amostra de 100 pacientes. Utilizou-se o
Mayana Kelly Tavares de Souza questionário de auto-preenchimento URICA. A maioria dos pacientes,
Universidade Gama Filho - UGF de ambos os sexos, encontravam-se no estágio motivacional de
mayanakelly@hotmail.com Contemplação, não havendo influência do grau de escolaridade e idade
na adesão do tratamento nutricional. Conclui-se que a maior parte dos
indivíduos da amostra avaliada chegam a considerar a necessidade de
Sheyla Karine C. Lucena Leite mudança, mas há dificuldades na adesão do plano de mudança
comportamental, impossibilitando que esta prática possa ser
Universidade Gama Filho - UGF
solidificada e incorporada na sua rotina.
sklucena@hotmail.com
Palavras-Chave: ciências da nutrição; comportamento apetitivo; aspectos
motivacionais.
Rafaela Liberali
Universidade Gama Filho - UGF
rafascampeche@ig.com.br ABSTRACT

The feeding behavior is defined as the result of the interaction between


Vanessa Fernandes Coutinho food consumption and its various causes and influences. The objective
Universidade Gama Filho - UGF is to demonstrate the motivational stages of patients seen at the Health
vanessafcoutinho@hotmail.com Centers to Support the Family. Descriptive field, patients of both sexes,
aged between 18 and 70, and the sample of 100 patients. We used the
self-completion questionnaire subscales. Most patients of both sexes
were in the motivational stage of contemplation, there is no influence of
education level and age in the nutritional treatment adherence. We
conclude that most of the individuals evaluated, come to consider the
need for change, but there are difficulties in adhering to behavioral
change plan, making it impossible for this practice can be solidified and
incorporated into your routine.

Anhanguera Educacional Ltda. Keywords: science of nutrition; appetitive behavior; motivational aspects.
Correspondência/Contato
Alameda Maria Tereza, 2000
Valinhos, São Paulo
CEP 13.278-181
rc.ipade@aesapar.com
Coordenação
Instituto de Pesquisas Aplicadas e
Desenvolvimento Educacional - IPADE
Artigo Original
Recebido em: 27/10/2010
Avaliado em: 24/2/2011
Publicação: 10 de agosto de 2011 117
118 Avaliação dos estágios motivacionais de indivíduos que procuram atendimento nutricional

1. INTRODUÇÃO

O comportamento alimentar é definido como o resultado da interação entre o consumo


alimentar e seus diversos determinantes e influências (TORAL, 2006; QUAIOTI;
ALMEIDA, 2006). As modificações inadequadas no comportamento alimentar auxiliam
na prevenção de doenças relacionadas à alimentação e promover a saúde dos indivíduos
(RAMOS; STEIN, 2000; JOMORI et al., 2008). Um das funções do nutricionista é o de
ajudar as pessoas a modificar seus hábitos alimentares, através da assistência nutricional a
indivíduos e grupos populacionais. Os aspectos que levam a uma mudança de
comportamento alimentar são as escolhas alimentares, a quantidade dos alimentos, o
tempo e o intervalo para comer (RAMOS; STEIN, 2000), a motivação e aderência dos
pacientes às prescrições dietéticas; os tipos de programas, estratégias de intervenção, as
teorias e os principais modelos utilizados nos programas de intervenção nutricional
(ASSIS; NAHAS, 1999). Aumentou-se a tendência de se transformar o comportamento
alimentar cada vez mais em um processo mecânico, no qual os prazeres da mesa vêm
acompanhados por inquietações em relação à saúde (GARCIA, 1997; ROSSI et al., 2008).
Portanto, as regras e normas da alimentação são estabelecidas também pelo grupo
sociocultural (RAMOS; STEIN, 2000).

Parte-se da hipótese de que os programas atualmente consideram, em geral, que


os indivíduos estão prontos para a mudança de comportamento, pressuposto que tem se
mostrado insustentável na maioria das situações (TORAL; SLATER, 2007). Crê-se
atualmente que a motivação não deve ser pensada como um problema de personalidade,
e sim como um estado de prontidão ou de avidez para a mudança, que pode oscilar de
tempos em tempos ou de uma situação para outra (MILLER; ROLLINCK, 2001). As
pessoas geralmente se encontram em um estado mental de ambivalência em relação à
mudança (ROLLINCK; MILLER; BUTLER, 2009; MILLER; ROLLINCK, 2001) no qual uma
pessoa tem sentimentos coexistentes, porém conflitantes a respeito de alguma coisa, isto é,
pensam inicialmente em uma razão para mudar e depois pensam em uma razão para não
mudar, depois param de pensar a respeito (ROLLINCK, MILLER; BUTLER, 2009) de
forma que a motivação para a mudança é afetada por uma variedade de condições
externas ao paciente (MILLER; ROLLINCK, 2001).

O indivíduo percorre várias fases em um ciclo de mudança depois de motivado.


Na fase de Pré-contemplação a pessoa não tem consciência para a necessidade de
mudança, ou não a aceita, e por isso não tem motivação para mudar o comportamento
alimentar. A Contemplação se caracteriza pela conscientização que existe um problema,
no entanto há uma ambivalência quanto à perspectiva de mudanças. Na fase de Ação a

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pessoa inicia, ativamente, a mudança de hábito. Na fase de Manutenção a pessoa batalha


para se manter na mudança, utilizando as mais diversas estratégias que considere úteis
(SZUPSZYNSKI; OLIVEIRA, 2008). Na Reversão, embora a pessoa tenha sentido grande
satisfação pela mudança de estilo de vida mais saudável por um período mais ou menos
longo, pode não conseguir manter a nova situação e, volta a recair no hábito anterior.

O importante, contudo, é que a pessoa saiba voltar à Contemplação e reiniciar o


ciclo. Já na fase de saída a pessoa modificou definitivamente o seu comportamento
alimentar. É necessário admitir que algumas pessoas, para determinadas mudanças de
comportamento, poderão nunca ser capazes de sair do ciclo. Mas o aspecto realmente
interessante é que o ciclo pode ser percorrido por diversas vezes até a pessoa emergir na
fase de completa mudança (EWLES; SIMNETT, 1999; PROCHASKA; DICLEMENTE,
1992).

Para percorrer o ciclo e se ter como resultado a mudança no comportamento faz-


se necessário um modelo de aconselhamento que se pauta no reconhecimento da
importância de identificar e responder aos aspectos afetivos como também aos
comportamentais. Isto é, um aconselhamento dietético adotado voltado para uma
abordagem de educação nutricional, que se efetua pelo diálogo entre o cliente, portador
de uma história de vida, que procura ajuda para solucionar problemas de alimentação, e o
nutricionista, preparado para analisar o problema alimentar em seu contexto
biopsicossociocultural. Cabe ao profissional auxiliar o cliente a explicitar os conflitos que
permeiam o problema alimentar, para buscar soluções por meio da criação de estratégias
de enfrentamento dos problemas alimentares na vida cotidiana. Considera-se que a ajuda
para resolver problemas alimentares insere-se numa busca de âmbito maior por qualidade
de vida (RODRIGUES; BOOG, 2006; RODRIGUES; SOARES; BOOG, 2005).

O presente estudo teve como objetivo demonstrar os estágios motivacionais de


pacientes atendidos em Núcleos de Apoio a Saúde da Família - NASF, de ambos os sexos,
com idade entre 18 a 70 anos, em dois municípios na Paraíba.

2. CAUSUÍSTICA E MÉTODOS

A pesquisa caracterizou-se como uma pesquisa descritiva, de campo (LIBERALI, 2008). As


instituições pesquisadas são Núcleos de Apoio à Saúde da Família – NASF I - As direções
das clínicas autorizaram a pesquisa com a assinatura de declarações.

A população do estudo corresponde a N= 120 pacientes atendidos nos Núcleos.


Destes foram selecionados uma amostra de n= 100 pacientes, escolhidos através de alguns

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critérios: ter assinado o termo de consentimento livre e esclarecido, participar


assiduamente do programa, ser alfabetizado e ter idade entre 18 a 70 anos. Os demais
indivíduos excluídos (n=20) encontravam-se fora da faixa etária correspondente (18 a 70
anos) e não tinham participação regular no programa.

No que refere aos aspectos éticos, as avaliações não tinham nenhum dado que
identificasse o amostrado e que lhe causasse constrangimento ao responder. Foram
incluídos no estudo os indivíduos que aceitaram participar voluntariamente, após a
obtenção do consentimento verbal e autorização por escrito. Dessa forma, os princípios
éticos contidos na Declaração de Helsinki e na Resolução nº 196 de 10 de Outubro de 1996
do Conselho Nacional de Saúde (MINISTÉRIO DA SAÚDE, 1996) foram respeitados em
todo o processo de realização desta pesquisa.

Para análise dos aspectos motivacionais utilizou-se o Rhode Island Change


Assessment Questionnaire (URICA), que é um questionário de auto-preenchimento que não
necessita de treinamento prévio, aplicado na amostra, contém 32 perguntas divididas em
quatro subescalas, as quais abrangem os seguintes estágios de mudança comportamental:
pré-contemplação, contemplação, ação e manutenção. Este instrumento investiga os
estágios motivacionais de pacientes que procuram tratamento para a modificação de
qualquer tipo de problema comportamental e visa fornecer esta informação para ajudar a
guiar as abordagens de tratamento adequadas. URICA encontra-se ainda em processo de
validação em sua versão em português (OLIVEIRA et al., 2003). Para analise do perfil
social utilizou-se um questionário proposto por Fernandes (FERNANDES, 2007).

A análise descritiva dos dados serviu para caracterizar a amostra, com a


distribuição de freqüência, cálculo de tendência central (média) e de dispersão (desvio
padrão). Utilizado o teste “t” de Student para amostras independentes para verificar a
diferença entre os sexos na variável faixa etária. Para análise das variáveis categóricas
utilizou-se o teste x2 = qui - quadrado de independência: partição: l x c. O teste de
Correlação Linear de Spearman para verificar a associação entre as variáveis. O nível de
significância adotado foi p <0,05.

3. RESULTADOS

Participaram do estudo 100 pacientes atendidos nos Núcleos de Apoio à Saúde da Família
– NASF I, sendo 89% (n=89) do sexo feminino. A faixa etária correspondente da amostra,
variou entre a idade mínima de 18 anos e máxima de 70 anos, com média de idade
masculino de 45,18 ± 15,3 anos e feminina 40,9 ± 14,4 anos, diferença de idade não
estatisticamente significativas (p=0,35).

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Na análise do perfil de escolaridade, o teste de qui-quadrado de independência


demonstrou diferenças estatisticamente significativas relatando dois grupos heterogêneos,
sendo que o feminino prevaleceu ensino médio completo e o sexo masculino prevaleceu
fundamental e médio incompleto, como demonstrado na Tabela 1.

Tabela 1. Valores da escolaridade - Teste do qui-quadrado de independência – partição l x c.


Feminino Masculino p
n (%) n (%)
Escolaridade 0,00**
Fundamental incompleto (22) 24,7% (02) 18,2%
Fundamental completo (17) 19,10% (03) 27,3%
Médio incompleto (10) 11,23% (03) 27,3%
Médio completo (30) 33,74% -
Superior incompleto (06) 6,74% (01) 9%
Superior completo (04) 4,49% (02) 18,2%
2
X = P≤0,05 (** resultados estatisticamente significativos em negrito).

Na análise do perfil dos estágios de motivação, o teste qui-quadrado de


independência demonstrou diferenças estatisticamente significativas relatando dois
grupos heterogêneos, mas observa-se que ambos os grupos classificam-se em maior
número no estágio de motivação, chamado de “contemplação”, como demonstrado na
Tabela 2.

Tabela 2. Valores dos estagios de motivação - Teste do qui-quadrado de independência – partição l x c.


Feminino Masculino p
n (%) n (%)
0,00**
Pré contemplação (17) 19,10% (03) 27,3%
Contemplação (52) 58,44% (06) 54,5%
Ação (09) 10,11% -
Manutenção (11) 12,35% (02) 18,2%
X2= P≤0,05 (** resultados estatisticamente significativos em negrito).

O teste de correlação linear de Spearman analisa o grau de associação entre


variáveis. A Tabela 3 apresenta os resultados da associação entre estágios de motivação x
idade e escolaridade. Em ambos os sexos não foram demonstradas associações
estatisticamente significativas entre as variáveis, mostrando assim que os estágios de
motivação não são afetados nem pela idade e nem pela escolaridade.

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Tabela 3. Valores da correlação Linear de Spearman entre as variáveis.


r p
Estagio de motivação f x escolaridade 0,75 0,08
Estagio de motivação m x escolaridade 0,18 0,72
Estagio de motivação f x idade 0,09 0,36
Estagio de motivação m x idade 0,26 0,42
P = probabilidade de significância p≤0,05.

4. DISCUSSÃO

A aplicação do questionário URICA nos indivíduos em estudo apresentou resultados


significantes, em relação, aos quatros estágios motivacionais. A utilização de escalas para
monitoração das mudanças é freqüente e faz parte do estilo de trabalho de intervenções
motivacionais (SZUPSZYNSKI; OLIVEIRA, 2008). A maioria dos pacientes, de ambos os
sexos, se classifica no estágio motivacional de Contemplação, compreendendo-se,
portanto, que o indivíduo começa a considerar a necessidade de mudar, em algum
momento futuro. No entanto, a permanência dos indivíduos nesta fase por um longo
período de tempo devido à dificuldade de avaliação dos custos e benefícios da mudança
de seu comportamento (MAIBACH; COTTON, 1995), pode refletir em uma redução nos
resultados encontrados nas fases de Ação e Manutenção. Em outros estudos perfis
motivacionais também foram associados com o resultado do tratamento, com pacientes
em estágio de pré-contemplação, menor probabilidade de completar o tratamento com
sucesso (EDENS; WILLOUGHBY, 2000).

Nas demais fases, verificou-se a menor média para o estágio de Ação,


contrastando com a pesquisa desenvolvida com alcoolistas em Hospital Geral de Lübeck,
Alemanha, na qual a menor média encontrada foi na fase de Pré-contemplação (RUMPF;
HAPKE; JOHN, 1998).

Um estudo realizado em hospital geral para tratamento de doenças clínicas


comparou a motivação para a mudança em 118 pacientes alcoolistas, admitidos neste
hospital, com 50 sujeitos alcoolistas da população em geral. Foram encontradas diferenças
entre os dois grupos, sendo que os pacientes do hospital geral encontram-se menos na
pré-contemplação (5,9%) e mais na contemplação (50,8%) e na ação (43,2%), enquanto os
pacientes da população geral encontram-se mais no estágio da pré-contemplação (26%) e
da contemplação (58%) e menos na ação (16%) (RUMPF et al., 1999).

Outro estudo com tabagistas mostra que estes indivíduos ao preencher o URICA
podem apresentar muitos pontos no estágio contemplação, ainda que esteja

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"convictamente" na manutenção, com um longo tempo em abstinência e com uma forte


crítica a respeito do significado que uma recaída teria em sua vida (MELO et al., 2010).

A maior parte da amostra corresponde ao sexo feminino, uma vez que esse
grupo apresenta maior procura pelos serviços de saúde (LAMBREW, 2010). Do ponto de
vista comportamental, a procura por serviços de saúde tem sido explicada pelas
diferenças na forma como homens e mulheres expressam a doença, o que por sua vez,
estaria associado aos diferentes papéis sociais que assumem em cada sociedade
(MARCUS, SIEGEL, 1982).

Os resultados encontrados na Tabela 3 demonstram que os estágios de


motivação não são afetados pela escolaridade, bem como pela idade, sendo influenciados
provavelmente por hábitos alimentares são adquiridos em função de aspectos culturais,
antropológicos, socioeconômicos e psicológicos, que envolvem o ambiente das pessoas
(ASSIS; NAHAS, 1999).

A adesão a um tratamento nutricional é uma parte de um sistema


comportamental complexo (ASSIS; NAHAS, 1999), em que a motivação não é um estado
estacionário, mas transitório, pelo qual o individuo “percorre” demonstrando
simultaneamente, aspectos ligados a todas as fases, não sendo necessário que uma
prevaleça sobre as outras (PROCHASKA; DICLEMENTE, 1992).

À medida que se conhecem melhor os determinantes do comportamento


alimentar, aumentam as chances de sucesso no tratamento. O interesse na investigação
sobre o comportamento alimentar baseia-se na possibilidade de aumentar a efetividade de
intervenções nutricionais (TORAL, 2006).

Assim, quanto mais os profissionais de saúde aprenderem a respeito dos estágios


motivacionais, melhor capacitados estarão para o tratamento dos pacientes, o que, sem
dúvida alguma, irá interferir em sua própria motivação, e em sua disponibilidade para
estarem em um constante e necessário processo de mudança (OLIVEIRA et al., 2003).

5. CONCLUSÃO

Diante dos resultados apresentados conclui-se que a maior parte dos indivíduos da
amostra avaliada até consideram a necessidade de mudança. No entanto há dificuldades
na implementação do plano de mudança comportamental, impedindo que esta prática
possa ser solidificada e incorporada na sua rotina. A identificação desses estágios
motivacionais é de grande importância para que o profissional de saúde possa
desenvolver estratégias eficazes para o tratamento destes indivíduos.

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Tendo em vista que os fatores escolaridade e sexo não influenciaram no grau de


motivação desses pacientes, sugere-se mais estudos que possam avaliar a influência sobre
os estágios motivacionais e os fatores que influenciam a adesão ao tratamento nutricional.

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Dêmia Kellyani Eleotério Veiga


Graduação em Nutrição pela Universidade Federal
da Paraíba e Especialização em Nutrição Clínica
pela Universidade Gama Filho.

Edcleide Oliveira dos Santos


Graduação em Nutrição pela Universidade Federal
da Paraíba e Especialização em Nutrição Clínica
pela Universidade Gama Filho.

Mayana Kelly Tavares de Souza


Graduação em Nutrição pela Universidade Federal
da Paraíba e Especialização em Nutrição Clínica
pela Universidade Gama Filho.

Sheyla Karine Costa Lucena Leite


Graduação em Nutrição pela Universidade Federal
da Paraíba e Especialização em Nutrição Clínica
pela Universidade Gama Filho.

Rafaela Liberali
Educadora Física e Mestre em Engenharia de
Produção pela UFSC e professora do Programa de
Pós Graduação Lato Sensu em Nutrição Clínica-
Fundamentos Metabólicos e Nutricionais da
Universidade Gama Filho.

Vanessa Fernandes Coutinho


Nutricionista; Doutora em Ciências dos Alimentos;
Coordenadora de curso de Nutrição Clínica da
Universidade Gama Filho.

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