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ISABELLE CRISTINE FERNANDES DE ALMEIDA FRANCO

MARCELA VITAL DOS SANTOS

A INFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL PARA A


MUDANÇA DE HÁBITOS ALIMENTARES

Rio de Janeiro

2019
Isabelle Cristine Fernandes de Almeida Franco

Marcela Vital dos Santos

A INFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL PARA A


MUDANÇA DE HÁBITOS ALIMENTARES

Projeto Curricular Articulador VIII


apresentado ao curso de graduação em
Nutrição da Universidade do Grande Rio
como Trabalho de Conclusão de Curso.

Rio de Janeiro

2019
Isabelle Cristine Fernandes de Almeida Franco

Marcela Vital dos Santos

A INFLUÊNCIA DA NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL PARA A MUDANÇA DE


HÁBITOS ALIMENTARES

Projeto Curricular Articulador VIII


apresentado ao curso de graduação em
Nutrição da Universidade do Grande Rio
como Trabalho de Conclusão de Curso.

Local, ____ de _____________ de ______.

________________________________________
Prof.ª Luiza Berguinins Scancetti
Universidade do Grande Rio

Rio de Janeiro

2019
Agradecemos, acima de tudo, a Deus por
mais esta realização.

Dedicamos este trabalho a nossa família,


pelo amor, incentivo e apoio incondicional. E
a todos que, direta ou indiretamente, fizeram
parte da nossa formação, o nosso muito
obrigado.

RESUMO
Com base na nutrição comportamental, entende-se que comer vai além da fisiologia.
Historicamente, pessoas comem por inúmeras razões que não são, somente, as
necessidades biológicas. O vigente trabalho destaca o conceito de comportamento
alimentar, comer intuitivo e mindful eating, além do progresso do ser humano em
estabelecer uma melhor relação com a comida e o ato de comer. Especialistas
relatam enquanto dietas tradicionais tratam da perda de peso por meio de um
conjunto de regras, comer com atenção plena e de forma intuitiva induz o paciente a
confiar nas sensações internas, as quais são fundamentais na regulação do
comportamento alimentar, conduzindo-o às escolhas certas. Assim sendo, constata-
se que o conceito da nutrição comportamental e os fatores que a regula são de
grande importância para mudança de hábitos alimentares.

Palavras chaves: comer intuitivo, mindful eating, comportamento alimentar.

ABSTRACT
Based on behavioral nutrition, it is understood that eating goes beyond physiology.
Historically, people eat for countless reasons that are not just biological needs. The
current work highlights the concept of eating behavior, intuitive eating and mindful
eating, and the progress of humans in establishing a better relationship with food and
the act of eating. Experts report that while traditional diets treat weight loss through a
set of rules, mindful eating intuitively induces the patient to rely on inner sensations,
which are fundamental in regulating eating behavior, leading them to choices.
Therefore, the concept of behavioral nutrition and the factors that regulate it are of
great importance for changing eating habits.

Key words: eating intuitive, mindful eating, behavior nutrition.

SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO 8
2. OBJETIVOS 10
2.1 OBJETIVOS GERAIS 10
2.2 OBJETIVOS ESPECÍFICOS 10
3. JUSTIFICATIVA 11
4. METODOLOGIA 12
5. RESULTADOS E DISCUSSÃO 13
5.1 A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA NA NUTRIÇÃO PARA A
MUDANÇA DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR. 13
5.1.1 A ORIGEM DA PSICOLOGIA COMPORTAMENTAL 13
5.1.2 A INTERDISCIPLINARIDADE ENTRE PSICOLOGIA E NUTRIÇÃO 14
5.2 COMPREENDENDO OS SINAIS DO CORPO - COMER INTUITIVO 16
5.2.1 OS DEZ PRINCÍPIOS DO COMER INTUITIVO 16
5.3 COMER COM ATENÇÃO PLENA - MINDFUL EATING 19
5.4 O PAPEL DO NUTRICIONISTA NA NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL. 21

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS 23
7. CONCLUSÃO 24
8. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 25
8

1. INTRODUÇÃO

A nutrição comportamental é uma proposta de uma abordagem científica


relativamente nova e desafiadora, que tem como propósito ampliar a atuação do
nutricionista e promover uma mudança no relacionamento do paciente com o
profissional. O tema aborda todos os aspectos relacionados com o comportamento
alimentar por diversas estratégias, levando sempre em consideração o prazer em
comer. (ALVARENGA et al, 2016)

O papel do nutricionista na nutrição comportamental vai muito além de


prescrever dietas. Na abordagem recomenda-se uma comunicação que aproxime e
estabeleça vínculos, segurança e respeito (ALVARENGA et al, 2015). O profissional
deve estreitar laços com seu paciente a fim de conhecê-lo melhor e deve estar
atento a vulnerabilidade do indivíduo assistido, para dar os conselhos adequados a
cada fase da mudança comportamental (MOREIRA, 2007).

Durante seu atendimento nutricional, o dietista deve cumprir com o


objetivo de promover hábitos alimentares saudáveis, evitando o
desenvolvimento de comportamentos inadequados e aperfeiçoar a relação do
paciente consigo mesmo, com o alimento e com o seu próprio corpo. (PINTO;
UYEDA, 2016)

É sabido que questões relacionadas à alimentação e nutrição estão cada vez


mais em foco na sociedade, com informações mais acessíveis sobre o tema. No
entanto ainda há uma visão limitada aos alimentos classificados como “saudável ou
não saudável”, “bons ou ruins”. Tais rótulos acabam por comprometer o prazer em
comer, que muitas das vezes é relacionado à culpa. Esse cenário não contribui para
uma mudança de comportamento na alimentação e tampouco torna as pessoas
mais sadias, e por esse motivo o número de doenças crônicas, transtornos
alimentares e obesidade tem progredido. (ALVARENGA et al., 2016)

Segundo Deram (2014), estudos mostram que 95% das pessoas que perdem
peso com dietas restritivas voltam a engordar, ganhando mais peso do que tinham
antes de iniciar a dieta. Os outros 5% que não voltaram a engordar desenvolveram
transtornos alimentares. Pesquisas também afirmam que as adesões a estes tipos
de dieta deixam as pessoas mais vulneráveis a adquirir certos distúrbios, como por
9

exemplo, a compulsão alimentar e a anorexia nervosa, entre outros (TRETTO et al,


2017).

Com base nisso, foi constatado a necessidade de uma nova abordagem


comportamental para nutrição, permitindo que o profissional nutricionista possa
construir para seu paciente um relacionamento melhor com a comida e com ele
mesmo, sem impor dietas da moda e restritivas que não funcionam. Além disso, tem
a missão de entender e comunicar que o foco não é o que se come ou como se
come, é compreender os tipos de fome, validar os sentimentos e atender os desejos
do corpo.
10

2. OBJETIVO
2.1 Objetivo Geral

Realizar uma revisão de literatura sobre o tema para adquirir


conhecimento sobre uma nova visão alimentar, conduzindo o paciente a
comer de forma consciente, de forma que ele utilize seus sentidos sem
julgamentos, na busca de reconectar-se com seu corpo. Ampliando assim sua
autonomia para decidir o que comer ou não.

2.2 Objetivos Específicos

 Avaliar a interdisciplinaridade entre Psicologia e Nutrição.


 Compreender os sinais do corpo.
 Adquirir conhecimento sobre comer com atenção plena.
 Estabelecer uma relação melhor com a comida.
 Identificar o papel do nutricionista.
11

3. JUSTIFICATIVA

A nutrição comportamental tem como objetivo ampliar a atuação do


nutricionista, de forma a promover mudanças no relacionamento e na comunicação
do profissional com seu paciente. A abordagem oferece estratégias validadas pela
ciência para o trabalho de mudança de comportamento, levando em consideração
os aspectos fisiológicos, sociais e emocionais àqueles que procuram por um
especialista desta área.

Este trabalho pretende demonstrar que a transformação na conduta


nutricional é capaz de melhorar a relação do paciente com a comida, sem causar
impactos negativos na vida do mesmo. Resgatando o prazer em comer com
autonomia para escolher suas próprias refeições, tornando o vínculo com o alimento
mais saudável.
12

4. METODOLOGIA

O vigente trabalho trata de uma revisão bibliográfica, realizada a partir


de um levantamento de artigos publicados entre 2014 a 2019 que fizeram
referência ao tema proposto. A escolha dos artigos será produzida através
dos bancos de dados disponíveis em meio eletrônico como, Scielo, PubMed,
Google Acadêmico. A revisão consiste em buscar artigos com as palavras
chaves comer intuitivo, psicologia, nutrição e mudança de comportamento.
Serão utilizados também livros onde são esboçadas as ideias de diversos
autores sobre psicologia e nutrição. Dos resultados, foram selecionados
aqueles que tratavam do assunto nutrição comportamental.
13

5. RESULTADOS E DISCUSSÃO

5.1 A CONTRIBUIÇÃO DA PSICOLOGIA NA NUTRIÇÃO PARA A MUDANÇA


DO COMPORTAMENTO ALIMENTAR

5.1.1 A origem da psicologia comportamental

A Psicologia é o estudo que busca compreender processos mentais e o


comportamento humano, assim como seus hábitos e suas interações com o
ambiente físico e social. É a ciência que procura descrever sensações, emoções,
pensamentos, percepções e outros estados motivadores do comportamento
humano. Dentro da psicologia encontramos diversas orientações teóricas, cada uma
com princípios diferentes. Dentre elas, destaca-se a abordagem comportamental
(behaviorismo), que tem como foco principal o estudo do comportamento.

A Nutrição Comportamental propõe uma abordagem com foco na teoria


cognitivo-comportamental (ALVARENGA et al, 2016). Porém, para interpretar e
descrever o comportamento alimentar e suas variações é necessário aprofundar o
conhecimento sobre os princípios da análise do comportamento, o chamado
behaviorismo.

Segundo a Teoria Behaviorista, o comportamento é a consequência de um


processo de aprendizagem podendo ser manifestado por meio de variáveis
ambientais. Fundado por John Watson, o behaviorismo reconhece que o
comportamento é apenas uma reação em resposta a um certo estímulo ou
mudanças ambientais. Nesse contexto, entende-se por estímulo e resposta como
sendo uma modificação de aspectos do meio e do comportamento, respectivamente
(PINTO; UYEDA, 2016).

Ao longo do tempo, o behaviorismo sofreu mudanças em sua filosofia sobre o


comportamento, não sendo mais aceito como um ato isolado de um sujeito. Assim
sendo, o behaviorismo estuda as interações entre o indivíduo e o ambiente, entre as
ações do sujeito (respostas) e o meio externo (estímulos) (PINTO; UYEDA, 2016).

Com isso, surgiu o estudo do comportamento humano com base na interação


entre indivíduo e ambiente, a chamada análise do comportamento, que foi
14

desenvolvida pelo psicólogo americano Skinner (1904-1990). A essência da análise


do comportamento é avaliar as condições ambientais em que o sujeito se encontra,
as respostas a essas situações, as consequências que essas reações causam e
seus efeitos. Logo, comportamento é uma relação mútua entre o organismo e o
ambiente que o cerca. (ALVARENGA et al, 2016).

A abordagem comportamental avalia, portanto, as condições de seu


aparecimento, antecedentes, consequências e possíveis gatilhos; analisam também
atitudes que reforçam o ambiente (familiar, por exemplo), as cognições ou
pensamentos automáticos. (ALVARENGA et al., 2016)

5.1.2 A interdisciplinaridade entre psicologia e nutrição

Considerando que a alimentação está diretamente ligada aos aspectos


emocionais, cognitivos, bem como o social, estudos mostram a necessidade de um
profissional de nutrição ter conhecimentos de psicologia na intervenção alimentar.
De forma que, já na formação de nutricionista, além dos conhecimentos teóricos,
haja maior sensibilização da emocionalidade humana. (MOREIRA, 2007)

É sabido que, nos dias de hoje, temas relacionados à Nutrição tem estado
presente nas discussões entre profissionais da área da saúde, devido aos
problemas crescentes que envolvem tanto alimentação, quanto nutrição. Tais
questões excedem o campo nutricional abrangendo outras áreas, como o da
psicologia. (PINTO; UYEDA, 2016)

No decorrer das últimas décadas, surgiram estudos que têm


despertado pesquisadores para a existência de uma ligação entre
comportamentos associados com o estilo de vida e um conjunto de doenças
crônicas. (PEREIRA et al, 2015)

A saúde pública, nos últimos anos, tem lidado com grandes problemas
relacionados a obesidade e doenças crônicas não transmissíveis, que teve
um aumento significativo e estão associados a inúmeros fatores. Sabe-se que
essas doenças, como hipertensão arterial e diabetes, são fatores de risco que
podem causar danos na saúde da população. Alguns fatores psicológicos
15

também estão ligados a obesidade e estão crescendo cada vez mais como
depressão, ansiedade, transtornos alimentares, autodesprezo, repulsa a
forma corporal, estresse e dificuldade em relacionar-se com pessoas. Tais
fatores podem influenciar no comportamento alimentar, gerando compulsão
entre outras reações. (SILVA; Santos, 2017)

Atualmente, diversos programas estão em desenvolvimento com o


intuito de reverter esse quadro, porém a população não tem tido interesse em
aderir ao programa, não assumindo o tratamento oferecido da forma
apropriada (PINTO; UYEDA, 2016). Segundo Luz e Oliveira (2013), conforme
citado por Barlow & Durand (2011), devido à complexidade dessas patologias,
exigiu-se uma intervenção interdisciplinar, alegando que, para o tratamento
da obesidade, deve-se trabalhar os fatores psicológicos associados à
alimentação e peso (LUZ e OLIVEIRA, 2013 apud Yilmaz, Povey & Dalgliesh,
2011).

O processo de mudança nos hábitos alimentares resulta em diversos


benefícios para a saúde, física e mental, e o apoio interdisciplinar entre
profissionais da área da saúde faz toda diferença no tratamento, para o
sucesso e a continuidade do mesmo (SILVA; Santos, 2017).

Portanto, aplicar conhecimentos da psicologia ao tratamento


nutricional, contribui para o nutricionista, que possui um posicionamento
favorável ao paciente, estimulá-lo a adquirir novos hábitos alimentares.
Mesmo que, na sua grande maioria, se sintam inaptos de se adequarem a
mudança, o profissional de nutrição tem a empatia em reconhecer as causas
que levam o paciente a ter tal comportamento alimentar e, assim sendo,
consegue apoiá-lo durante todo o processo (PINTO; UYEDA, 2016).
16

5.2 COMPREENDENDO OS SINAIS DO CORPO - COMER INTUITIVO

Sabe-se que a nutrição comportamental busca tornar a relação com a comida


menos conflituosa, promovendo maior aceitação pela alimentação saudável através
da mudança de comportamento. Pensando nisso, duas nutricionistas americanas,
Evelyn Tribole e Elyse Resch, criaram uma abordagem que orienta as pessoas a
terem uma relação saudável com a alimentação e se tornarem especialistas dos
seus corpos, o chamado Comer Intuitivo (Intuitive Eating) - no qual cada indivíduo é
responsável pelo seu próprio corpo.

A estratégia propõe ajudar as pessoas a confiarem na sua “sabedoria


corporal”, aprendendo a ouvir e compreender suas sensações físicas e emocionais.
Trata-se de um conceito que desconsidera a prática de dietas como possibilidade de
mudança de comportamento (ALVARENGA et al., 2016)

Segundo Herscovici (1997), dietas restritivas sem um


acompanhamento adequado de um profissional especializado desorganizam
o padrão alimentar e, como consequência, pode ocasionar episódios de
empachamentos alimentares (comer excessivo) e desenvolver transtorno do
comer compulsivo (apud ALMEIDA; FURTADO, 2017)

Diante disso, o Comer Intuitivo se baseia em três pilares essenciais:


permissão incondicional para comer; comer para atender necessidades fisiológicas e
não emocionais; e seguir os sinais internos de fome e saciedade para, assim,
determinar o que, quanto e quando comer. Sendo assim, propõe aos indivíduos a
ouvirem e confiarem na sabedoria corporal através de dez princípios do Intuitive
Eating, de forma a atingir uma sintonia entre sistemas internos e externos.
(ALVARENGA et al, 2015)

5.2.1 Os dez princípios do comer intuitivo

Segundo Tribole e Resch (1995), são esses os princípios do Intuitive Eating:

 Rejeitar a mentalidade de dieta


17

É fundamental que o indivíduo rejeite o ato de "estar de dieta" para comer de


maneira intuitiva, pois alguns tipos de dieta, principalmente as restritivas, podem
causar ganho e reganho de peso e aumentam as chances de ocorrer excessos e
compulsões alimentares.

 Honrar a fome

Deve-se notar e atender os sinais de fome ("ronco na barriga", dor de cabeça,


etc). É importante evitar ficar faminto, pois neste estágio é difícil identificar o que se
quer comer e/ou quando está saciado, devido aos sinais físicos intensos do
momento. Cada pessoa tem seus próprios sinais, são diferentes em suas
sensações, portanto, as recomendações de horários não devem ser "exatas" ou
"rígidas". É preciso compreender que os sinais do corpo nem sempre são iguais, e
para tanto não deve haver julgamento.

 Fazer as pazes com a comida

É importante não considerar tampouco classificar as comidas em "mais ou


menos saudável" ou "engordam ou não engordam". Deve-se acabar com as "tabelas
mentais" (livrar-se de dietas, regras etc.), pois só assim será possível escolher de
forma neutra o que vai comer. Fazer as pazes com a comida permite perceber as
sensações do corpo quando se come o que deseja.

 Desafiar o policial alimentar

Neste princípio, é importante não permitir que exista um "policial de plantão"


vigiando se o indivíduo está ou não cumprindo com as "regras" determinadas pela
mentalidade da dieta. Muitas das vezes isso ocorre dentro da mente das pessoas, e
quando surge esse pensamento, as sensações de estar "burlando" a dieta geram
sentimento de culpa.

Não é somente as influências internas que atrapalham, é preciso livrar-se


também das influências externas (amigos, familiares etc.), pois estes atuam como
juízes para garantir o cumprimento das "leis".

 Sentir saciedade
18

O conceito diz que sentir a saciedade inclui aprender a ouvir os sinais internos
do corpo, como um aviso de que a fome já foi atendida e entender o que é estar
confortavelmente saciado.

 Descobrir o fator satisfação

É fundamental aprender a encontrar satisfação por meio da comida - não somente


utilizá-la para "matar" a fome e se nutrir, pois ao descobrir a satisfação come-se
menos.

 Lidar com as emoções sem usar a comida

É sabido que a conexão entre comida e emoção é muito forte e complexa. O estado
emocional tem poder de influenciar o desejo de comer de diferentes maneiras,
come-se quando se está triste e também quando se está feliz, é o que chamamos de
"comer emocional".

Nessas situações, é importante identificar o tipo de fome, se é fisiológica deve-se


honrá-la, porém se o uso da comida está relacionado a distração ou conforto chama-
se então fome emocional, e esta é recomendado buscar outras distrações e outros
confortos afim de desviar a atenção para a comida.

 Respeitar seu corpo

Este princípio começa com o fato de aceitar a genética que o indivíduo carrega e
aprender a abandonar as ideias de querer mudar coisas desnecessárias.

 Exercitar-se - sentindo a diferença

Abordagem diferenciada e inovadora da atividade física com foco na saúde, no auto


cuidado e na integração global do ser humano: seu corpo, sua mente e sua
essência.

 Honrar a saúde - "nutrição gentil"

Comedor intuitivo busca um equilíbrio entre os alimentos mas também mantém uma
relação saudável com a comida. A proposta é que o indivíduo faça suas escolhas de
forma a honrar a saúde e o paladar dele, permitindo-se sentir bem consigo mesmo.
19

A nutrição gentil é respeitar as diretrizes nutricionais, entender que saúde não é


apenas o bem estar físico, mas também emocional e social.

5.3 COMER COM ATENÇÃO PLENA - MINDFUL EATING

Mindful eating é o comer com atenção plena, quando a pessoa olha


profundamente o alimento e se torna consciente de todos os elementos e esforços
necessários para tornar as refeições uma realidade. (HANH; CHEUNG, 2009,
citados por ALMEIDA; ASSUMPÇÃO, 2018). É mais sobre como comer do que o
que comer ou o que não comer.

"Mindfull Eating é uma experiência que recruta todas as partes do


nosso ser, corpo, mente e coração, seja na escolha e preparo da comida,
bem como no ato de comê-la em si envolvendo todos os sentidos. O comer
com atenção plena, permite que sejamos curiosos e até lúdicos enquanto
investigamos nossas respostas à comida e nossos sinais internos de fome e
saciedade." (BAYS, p.1982, 2009)

Resultados preliminares sugerem que a alimentação consciente reduziu muito


os episódios de compulsão e episódios de comer emocional. De acordo com Kabat-
Zinn (1990), durante seu programa MBSR, observou-se a importância de dar
atenção a uma parte do tratamento ao relacionamento dos participantes com a
comida. No programa, ele colocou em prática a proposta do mindful eating (comer
consciente), trazendo consciência aos participantes para a qualidade do alimento, o
processo de fabricação e cultivo, sua origem e os ingredientes que o compõem.
Ressaltou o valor de prestar atenção à quantidade de comida ingerida, à
periodicidade, aos horários e ao modo como as pessoas se sentem após a refeição.
O autor percebeu que os pacientes que iam até sua clínica não tinham mais como
objetivo perder peso, mas, simplesmente por prestarem atenção, comerem mais
lentamente, sentirem-se satisfeitos comendo menos e estarem mais conscientes dos
seus impulsos para usar a comida como satisfação de suas necessidades
psicológicas, e assim, obtinham uma redução de peso ao longo de oito semanas.
(apud ALMEIDA; ASSUMPÇÃO, 2018)
20

Outras pesquisas sugerem que a prática da alimentação consciente


(Mindful Eating) está associada a uma melhora significativa da nossa relação
com a comida, reduzindo o estresse ligado ao comer em excesso e, talvez,
até prevenir ganho de peso ao longo desse processo. Sandra Aamondt
(2016), neurocientista e autora do livro Why Diets make us fat, relata: "Comer
com atenção plena permite que a pessoa desfrute de uma relação mais leve
com a comida, que não requer uma briga constante entre força de vontade e
tentação.".

Durante a refeição, a meditação de comer lentamente, observar a visão


do alimento no prato, as sensações que o alimento provoca, os sabores do
alimento, os movimentos musculares da mastigação e o processo de
deglutição são estratégias que podem ser utilizadas para tratar a compulsão
alimentar (KRISTELLER; WOLEVER, 2011, apud ALMEIDA; ASSUMPÇÃO,
2018)

Comer consciente significa que não há restrições de comida. Este conceito


também pode ser entendido como uso de todos os sentidos no momento de
escolher os alimentos, que podem trazer tanto satisfação quanto nutrição ao corpo,
sem julgamentos. (ALMEIDA; ASSUMPÇÃO, 2018). Aqueles que comem com
atenção plena se tornam pessoas menos julgadoras de si e estão atentos ao sabor,
textura e processo do comer.
21

5.4 O PAPEL DO NUTRICIONISTA NA NUTRIÇÃO COMPORTAMENTAL

A procura por aconselhamento nutricional tem crescido muito nos últimos


anos, devido a triste realidade que o mundo tem apresentado com relação aos
diagnósticos precoce de doenças crônicas não transmissíveis e o reconhecimento
da importância da alimentação sobre elas. Foi comprovado que, as pessoas quando
estão determinadas a modificar algum comportamento, seja ele alimentar ou não,
passam por diversos estágios de motivação durante a mudança e cabe ao
profissional de saúde conhecê-los para, assim, intervir da melhor maneira afim de
motivar o indivíduo da forma correta, levando-o a atingir seus objetivos, alcançando
uma vida mais saudável (CAVALCANTI et.al., 2012).

Por conta disso, os nutricionistas perceberam que precisavam de ferramentas


novas para conquistar os pacientes. Era necessário utilizar estratégias de
abordagem que não as prescritivas e apenas uma orientação nutricional tradicional,
era preciso estender a discussão com os pacientes para a atuação da nutrição em
geral, tendo em vista um trabalho na mudança de comportamento. Até que
encontraram a chamada nutrição comportamental, uma abordagem cientifica e
inovadora da Nutrição, que inclui aspectos fisiológicos, sociais e emocionais da
alimentação e que possibilita mudanças no relacionamento do nutricionista com seu
paciente, bem como da comunicação na mídia e da indústria com seus
consumidores (ALVARENGA et al., 2016)

É sabido que o profissional nutricionista possui qualificações para atuar


em áreas do conhecimento, onde a alimentação e nutrição são vigentes na
promoção, manutenção e recuperação da saúde (CRUZ et al, 2018).
Portanto, compete ao nutricionista atender o paciente de maneira adequada e
ética, sendo um profissional qualificado para executar a avaliação e
22

orientação nutricional, sempre de forma ética pautado no Código de Ética do


Consumidor (CONSELHO FEDERAL DE NUTRICIONISTAS, 2004).

O relacionamento entra nutricionista e o cliente deve ser como a de aluno e


professor. O papel desse profissional deve ser menos prescritor e mais
aconselhador, é ter uma comunicação mais responsável e extensiva de modo que
estabeleça vínculos, segurança e respeito com seu paciente. Com essa nova
abordagem, o professor-nutricionista torna-se um agente de mudança de
comportamento. Segundo BALDWING e FALCIGLIA (1995, apud ASSIS; NAHAS,
1999, p.36), seu papel seria de mediador entre a informação e a assimilação no
processo de cura, pois dentre suas inúmeras funções o [...] de ajudar as pessoas a
fazerem mudanças em seus hábitos alimentares, através da assistência nutricional
[...] (citados por MOREIRA et al, 2007).

O nutricionista necessita ter postura mediante a uma mudança do


comportamento alimentar, assim como outros profissionais da saúde, de forma a
impedir que se instale o terrorismo nutricional, resgatando a leveza e socialização do
hábito de comer, observando sempre os limites físicos e de saciedade, evitando o
surgimento de novos quadros de transtornos alimentares (TA), muito comuns
atualmente, devido a transição nutricional em que o Brasil vem atravessando nas
últimas décadas (ALVARENGA et al., 2016)

Quando se aplica conhecimentos de psicologia durante seu atendimento, o


nutricionista tem mais sensibilidade em captar quais são as razões que levaram ao
paciente adquirir determinados comportamentos alimentares. Muitas das vezes o
paciente se sente incapaz de mudar seus hábitos alimentares, e nessa hora que o
profissional de nutrição deve atuar, motivando-o e ajudando-o a lidar com as
mudanças propostas. (MOREIRA et al, 2007)

O nutricionista não deve se basear apenas na doença que acomete o


paciente durante a elaboração da intervenção alimentar. É importante enxergar o
indivíduo por completo, o quadro em que está inserido, quais sentimentos o paciente
relaciona com quais comidas e todos os outros fatores. (MOREIRA et al, 2007)

Portanto, um dos objetivos que o profissional de nutrição deve almejar é criar


um vínculo com o paciente e considerá-lo não como um caso, mas como um ser
23

humano, que necessita de sua ajuda e apoio. É mais do que atendê-lo, e sim,
mostrar interesse por seus problemas e ter empatia ao escutá-lo (MOREIRA et al,
2007). Deve haver uma incorporação no tratamento, entre os aspectos científicos e
humanos (MARTINS, 1997). Segundo Balint (1988, apud (MARTINS, 1997), um bom
atendimento, para ser bem sucedido, é preciso que haja uma aliança terapêutica
entre o paciente e profissional, sempre levando em consideração a subjetividade
humana e não apenas o conhecimento técnico (citado por MOREIRA et al, 2007).

6. CONSIDERAÇÕES FINAIS

O presente trabalho nos mostra um novo caminho, uma proposta de nutrição


diferente, que respeita e escuta seu corpo, devolvendo o poder de escolha e
reconexão entre o indivíduo e a alimentação. Tudo se inicia pelo processo de
autoconhecimento, auto validação e amor próprio, moldando toda sua caminhada no
processo de qualidade de vida, e consequentemente o emagrecimento.

É visível como a mudança interna é capaz de trazer resultados externos


positivos. Com a mudança na relação com a comida, saindo da mentalidade de dieta
(posso ou não posso), e trabalhando o corpo e mente a seu favor, logo trará
benefícios a longo prazo. Afinal nenhum alimento ou preparação engorda ou
emagrece, assim como o consumo de um alimento milagroso te fará mais saudável,
tudo é um conjunto.

É preciso começar a observar os sinais fisiológicos e entendê-los para, mais


adiante, ter o poder de escolha, sempre respeitando suas vontades. O
emagrecimento é uma consequência e não o foco, pois o prazer e auto cuidado
estão ligados a sua preocupação com sua saúde e não com um corpo, baseado na
mídia, dietas da moda e blogs.

Portanto, é importante frisar que, para chegar ao objetivo saudável, é


indispensável a presença de um profissional nutricionista, que através de uma
reeducação alimentar irá promover uma mudança de hábitos de forma harmoniosa,
sem prejudicar a saúde do paciente.
24

7. CONCLUSÃO

Diante dos fatos analisados, conclui-se que, no que se refere às áreas de


nutrição, o estudo do comportamento alimentar ainda necessita ser mais
explorado. No curso de graduação de Nutrição, um dos temas menos
aproveitado e aprofundado é a relevância de se ter conhecimentos da
psicologia para uma relação terapêutica entre o profissional e paciente,
durante a mudança dos hábitos alimentares do mesmo.

Levando-se em consideração a esses aspectos, foi possível concluir que


ao avaliar a interdisciplinaridade entre Psicologia e Nutrição pode-se observar
que a alimentação está diretamente ligada aos aspectos emocionais,
cognitivos, bem como o social. Logo, é fundamental que o profissional de
nutrição tenha conhecimentos sobre a psicologia para utilizá-los na
intervenção alimentar.

Sobre compreender os sinais do corpo, observamos que comer de forma


intuitiva o se baseia em três pilares essenciais: permissão incondicional para
comer; comer para atender necessidades fisiológicas e não emocionais; e
seguir os sinais internos de fome e saciedade. Esses três construtos são
regidos por dez princípios, que possuem como objetivo conduzir o indivíduo a
normalizar sua relação com a comida. Concluímos que é necessário ouvir os
sinais internos, de forma intuitiva, mantendo uma sintonia com a mente, corpo
e com a comida.

Em relação a adquirir conhecimento sobre comer com atenção plena,

conceito que envolve estar consciente do corpo, dos pensamentos e das


sensações, mostra-se a importância em conseguir reconhecer e diferenciar
25

quando se está com fome ou com vontade de comer, se é uma fome física ou
emocional/psicológica e saber a hora exata de parar de comer (saciedade). O
fato de estabelecer uma relação melhor com a comida, permite desfrutar uma
relação mais leve com a comida, sem julgamentos ou críticas.

E por fim, podemos concluir que o papel do Nutricionista na Nutrição


comportamental é fazer uma comunicação mais responsável e inclusiva,
criando um vínculo com o paciente e considerá-lo não como um caso, e sim
como um ser humano, que tem necessidade de sua ajuda e apoio, realizando
um tratamento que incorpore os aspectos científicos e humanos.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALVARENGA, M. Fundamentos teóricos sobre análise e mudança de


comportamento. Nutrição Comportamental. Barueri: Editora Manole, 2016. p. 53-
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