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1998]
Capítulo 3 – “Os significados da educação, modalidades de prática educativa e a organização do sistema educacional”, pp. 69-103
“[...] precisamente por serem muitas as portas de entrada para o estudo da educação, faz-se necessário o esforço de clarificar
o âmbito do educativo, isto é, o que distingue o enfoque educativo da realidade de outros enfoques. Essa tarefa pertence à
Pedagogia, na condição de ciência da e para a educação; ela sintetiza as contribuições das demais ciências da educação, dando
unidade à multiplicidade dos enfoques analíticos do fenômeno educativo”. (p. 71)
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2.3.2.6. Concepções interacionistas: evitam a polarização entre ação educativa externa e atividade interna do sujeito.
2.3.2.6.1. Núcleo comum das várias teorias: a aprendizagem é um processo de construção ativa do
conhecimento pelo sujeito, durante toda a vida, através da interação com o meio.
2.3.2.6.2. Divergência: justamente o “quanto” é meio e o “quanto” é iniciativa do sujeito.
2.3.3. Essas teorias clássicas apontam para o ‘dilema do pensamento pedagógico de nossa época’ (Bogdan Suchodolski, A
pedagogia e as grandes correntes filosóficas, 1984): as relações entre educação e vida, i.e., a polarização entre o sujeito “ tal
como deve ser” e o sujeito “tal como é”.
2.3.4. Porém, todas elas se movem dentro de uma visão liberal de educação: isolam os sujeitos do seu contexto, ou consideram
o meio e as relações sociais como algo pronto e estático.
2.3.4.1. Esquecem-se que o processo educativo é um fenômeno social; imbuído, portanto, das contradições sociais.
2.4. A concepção histórico-social, desenvolvida dentro de uma tradição socialista-marxista, pretende criticar essa educação
liberal.
2.4.1. Concepção histórico-social: concebe a educação como expressão de uma determinada forma de organizar as relações
sociais dentro de uma sociedade.
2.4.1.1. Como tal, sob a hegemonia capitalista, ela reproduz as relações sociais e a ideologia dessa sociedade.
2.4.1.2. E, ao mesmo tempo, é palco de lutas, resistências e transformações.
2.4.1.2.1. Por isso é “histórico-social”: a educação nunca é a mesma em todas as épocas e lugares.
2.4.2. Consequentemente, a educação transborda as instituições tradicionais: os processos educativos ocorrem onde houver
produção da vida material e cultural (“práticas sociais”).
2.4.2.1. “Práticas sociais” são, inicialmente, práticas políticas; mas também no discurso pedagógico, na legislação, na
prática educacional. E, como tais, não são unívocas – são contraditórias, reprodutoras e disruptivas.
2.4.2.1.1. I.e: o saber “transmitido” pela ideologia pode ser apropriado e usado para a compreensão das
relações de poder, atuando para formação política das classes dominadas e sua conscientização para a práxis
de luta.
2.5. Diante disso, é possível arriscar algumas definições:
2.5.1. Educação em sentido amplo:
“Em sentido amplo, a educação compreende o conjunto dos processos formativos que ocorrem no meio social, sejam eles
intencionais ou não-intencionais, sistematizados ou não, institucionalizados ou não. Integra, assim, o conjunto dos processos
sociais, pelo que se constitui como uma das influências do meio social que compõe o processo de socialização”. (p. 81)
“Em sentido estrito, a educação diz respeito a formas intencionais de promoção do desenvolvimento individual e de inserção
social dos indivíduos, envolvendo especialmente a educação escolar e extra-escolar”. (pp. 81-82)
“A educação, enquanto atividade intencionalizada, é uma prática social cunhada como influência do meio social sobre o
desenvolvimento dos indivíduos na sua relação ativa com o meio natural e social, tendo em vista, precisamente, potencializar
essa atividade humana para torná-la mais rica, mais produtiva, mais eficaz diante das tarefas da práxis social postas num dado
sistema de relações sociais”. (p. 82)
2.5.3.1. É uma “configuração” dos sujeitos: formação por meio da transmissão e apropriação ativa de conhecimentos,
habilidades e valores orientadas à práxis social, em ambientes intencionalmente organizados para esta prática social.
2.5.3.2. Perpassada por relações sociais reais: objetivos e conteúdos não são neutros; estão postos pelas relações de
poder existentes numa sociedade (dominação/resistência).
2.5.3.3. O modo desse desenvolvimento se manifesta em processos de transmissão e apropriação ativa de
2.5.4. Mais do que isso, é prática social de mediação: movimento de objetivação-apropriação da cultura.
2.5.4.1. I.e.: conhecimentos, habilidades e valores são internalizados pelos sujeitos, mas não para adaptação à
realidade postas, e sim para um novo patamar de produção de cultura (prática transformadora).
2.5.4.2. É nesse movimento de objetivação-apropriação que se constituem os conteúdos da educação, em contexto.
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3.2.1. G. Mialaret: união de um agente, um modo de atuação e um destinatário.
3.3. Educação como produto: os resultados (o “aluno educado”).
3.3.1. Questão complexa: o que é sucesso na educação?
3.4. Em referências aos processos e produtos, ainda é preciso levar em consideração que a educação ocorre em muitas dimensões
(formação integral do ser humano).
3.4.1. Consenso na literatura sobre a preponderância das dimensões cognitiva, social, afetiva, física, estética e ética.
3.4.2. Porém, outras tem surgido, de acordo com as mudanças sociais: educação ambiental, educação sexual etc.
“A Pedagogia investiga os fatores reais e concretos que concorrem para a formação humana, no seu desenvolvimento histórico, para
daí extrair objetivos sociopolíticos e formas de intervenção organizativa e metodológica em torno dos processos que correspondem à
ação educativa”. (p. 96)
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6.1.1. Sendo a educação um fenômeno social, mutável, a Pedagogia também se transforma dialeticamente (se transforma ao
intervir no objeto de estudo, a educação).
6.1.2. Por mais que existam “ciências da educação” (Psicologia da Educação, Sociologia da Educação etc.), elas estudam o
fenômeno educativo a partir dos conceitos da sua área de origem; a Pedagogia não: aproximação global, própria.
6.1.2.1. A Pedagogia cria a pedagogia própria de cada prática educativa: pedagogia escolar, pedagogia profissional etc.
6.2. Sendo a educação escolar uma manifestação bem peculiar da prática educativa, há certo predomínio da pedagogia escolar.
6.2.1. I.e.: uma pedagogia preocupada com a instrução e o ensino.
“[...] que se renuncie à tentação de substituir uma coisa pela outra, e ainda, a totalidade social pela singularidade, o
universal pelo particular, o texto pelo contexto, o social pelo cultural, a linguagem analítica e formal pela linguagem
representacional”. (p. 101)
7.3.4. Mas um acerto foi enfatizar a necessidade investigar a interface entre a educação informal, formal e não formal: hoje há
uma redução das fronteiras entre as modalidades, com as novas tecnologias.
7.4.3.1. Temos presenciado uma renovação da Pedagogia como teoria prática da ação educativa.