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PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da Escola Pública. São Paulo: Cortez, 2016. (Orig.

1997)

Capítulo 7 – “Gestão da escola pública: alguns fundamentos e uma proposta”, pp. 129-138. (Orig. 1995)

1. Centralidade da educação para a realização histórica do homem. (pp. 129-131)


1.1. Educação é a apropriação do saber historicamente produzido.
1.1.1. Sem educação, estaríamos fadados a recomeçar tudo de novo a cada nova geração.
1.1.1. Ao contrário disso, o homem transcende a natureza pelo trabalho e transmite isso às novas gerações.
1.2. É, portanto, intrinsecamente relação humana, e, assim, um processo dialógico, não dominador.
1.2.1. Relação entre sujeitos.
1.3. E, por isso, a escola pública é instância da divisão social do trabalho incumbida da universalização do saber.
1.3.1. Ou seja: é empobrecedor dizer que a escola existe para preparar para o vestibular ou para o mercado.

2. Importância da gestão escolar para atingir essa finalidade. (pp. 131-138)


2.(1). Garantir a adequação entre os meios e os fins.
2.1.1. Apesar de óbvio, não é o que vemos na educação.
2.1.1.1. Negam-se recursos.
2.1.1.2. Adotam-se processos que negam frontalmente o objetivo de relações sociais não dominadoras.
2.1.2. Não temos escola para todos ainda: temos prédios, mas não escolas – equipadas, supridas, funcionando.
2.1.2.1. Muita coisa precisa mudar dentro da escola.
2.1.2.2. Mas a condição primeira para isso ocorrer é provendo a escola de recursos materiais e financeiros
e dar-lhe autonomia administrativa para perseguir seus fins socialmente estabelecidos.
2.1.2.2.1. Autonomia financeira, inclusive, com prestação de contas.
2.1.3. Essa adequação impede outra falácia: que os procedimentos administrativos da empresa capitalista devem
ser o paradigma também na educação.
2.1.3.1. Discurso falacioso da ineficiência do setor público vs. eficiência do setor privado.
2.1.3.2. Falacioso porque ignora que a ineficiência do público tem a ver com a apropriação do
público por interesses privados, e que a eficiência do privado se deve à lógica da dominação
presente ali.
2.1.3.2. O sentido da organização capitalista das empresas:
2.1.3.2.1. A maioria das pessoas é parte da força de trabalho, desprovidas dos meios de
produção.
2.1.3.2.2. Logo, impera a dominação dos proprietários do poder econômico sobre os
trabalhadores.
2.1.3.2.3. A eficiência é, portanto, a medida da quão bem a empresa se apropria do excedente
gerado pelo trabalho desses indivíduos sob seu domínio.
2.1.3.2.3.1. Seus objetivos são de dominação e expropriação; nada mais natural do que
os processos de trabalho serem pautados pela dominação.
2.1.3.3. Com isso, constata-se que os objetivos da educação são antagônicos a isso.
2.1.3.3.1. Educação é questão de humanização homem pela busca da liberdade.
2.1.3.3.1.1. Instrumento de transformação social e desalienação.
2.1.3.3.2. A empresa capitalista usa a dominação para manter o homem na mera necessidade.
2.1.4. Isso leva ao questionamento do modelo de direção escolar que temos hoje.
2.1.4.1. Na empresa, por causa da dominação, as relações são hierarquizadas e verticalizadas.
2.1.4.2. Na escola, por seu caráter humanizador, isso não cabe: melhor relações colaborativas.

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2.1.4.2.1. Atualmente o diretor é responsável último da escola, e o culpado primeiro pela sua
falha.
2.1.4.2.1.1. Tem autoridade, mas não tem poder.
2.1.5. Proposta: substituição do diretor de escola por um “Coordenador Geral de Escola”.
2.1.5.1. Seria o presidente rotativo de um Conselho Diretivo eleito pela comunidade escolar entre os
professores da escola (concursados), com mandato de dois ou três anos.
2.1.5.1.1. O requisito seria a licenciatura em nível superior, renunciando à inútil habilitação em
administração escolar.
2.1.5.2. Seria um Conselho Diretivo composto por quatro membros, com funções específicas (supervisão
e integração, pedagógico, comunitário e financeiro).
2.1.5.3. Atuaria lado a lado com o Conselho de Escola, que manteria seu papel de deliberação e
fiscalização, e incorporaria as funções das APM, que seriam dissolvidas.
2.(2). Reestruturação dos Conselhos de Classe e Série.
2.2.1. Hoje, padecem de dois vícios:
2.2.1.1. Redução da avaliação do aluno ao seu rendimento e notas.
2.2.1.2. Incapacidade de perceber a inadequação do ensino.
2.2.2. É preciso transformá-los para um instrumento de avaliação institucional permanente, compromissada com
a garantia de qualidade dos serviços e com o redimensionamento das atividades-fim da escola.
2.2.2.1. Para isso, ele deve avaliar o conjunto da escola.
2.2.2.2. E ser integrado por professores, funcionários, pais e alunos.

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