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O substituto. Direção: Tony Kaye. Produção de Paper Street Films e Kingsgate Films.

Estados Unidos: Orion Pictures, 2011. Disponível em: Youtube (1h30m)


Francisco Marcos da Silva Cavalcante1
Rodrigo Barbosa Domiciano2
Essa análise, tem por objetivo esmiuçar as concepções a respeitos do filme “O
Substituto”, drama lançado em 2011, dirigido pelo diretor de cinema, videoclipes,
anúncios e documentários britânico Tony Kaye, tem como protagonista o professor de
ensino médio, Henry Barthes, interpretado pelo ator é produtor norte americano Adrien
Nicholas Brody .Esse professor, apesar de ter um talento nato para lidar com os jovens,
opta por dar suas aulas somente como substituto, com o intuito de não criar vínculos
com ninguém, no entanto ele recebe o convite para lecionar em uma escola pública,
onde encontra professores totalmente desmotivados e alunos desencantados com a vida.

Em “O Substituto” o cenário docente é calamitoso, trata-se de um filme, em


linhas gerais, que foge do comum, a saber, que aborda um profissional à frente de uma
turma problemática e um sistema público de ensino falho, diante da desmotivação dos
alunos e a impotência dos profissionais da educação, evidenciando a docência como um
estado conflitoso e cheio de limitações. O personagem principal do longa Harry, se
divide ao seu trabalho como professor substituto da disciplina de literatura clássica e aos
traumas causados pelos problemas familiares, além de conviver com as constantes crises
existenciais, que atormentam o seu próprio “eu”.

Esse drama, traz uma imagem bastante realista e às vezes até um pouco (ou
muito) trágica do cotidiano dos professores do sistema público de ensino, nos
possibilitando compreender o quanto as relações socias ,culturais emocionais são
presentes no cotidiano escolar, professores que tem que lidar com alunos desmotivados
que só querem encontrar um apoio para substituir seus pais negligentes ou ausentes. É
nesse contexto que Henry, o personagem central é inserido, tendo que cuidar do seu
avô, que está internado em um hospício, vê três mulheres entrarem na sua vida e
começa a perceber que ele pode contribuir fazendo a diferença mesmo diante do
turbilhão de mudanças que ocorrem na sua vida a partir desse envolvimento.

1
Graduando (a) em licenciatura plena em História pela Universidade federal do Piauí — E-mail:
marcosplay100@gmail.com
2
Graduando (a) em licenciatura plena em História pela Universidade federal do Piauí — E-mail:
barbosarodrigo262@gmail.com
Henry tem sua  vida privada tão desmotivadora quanto a profissional, investindo
o tempo entre visitar o avô e viver no seu apartamento vazio e melancólico, além de
lidar com constantes flashbacks que remetem a sua vida ainda quando criança, ao lado
de sua mãe Patrícia, que foi encontrada por ele caída no banheiro, nua aparentando
tinha cometido suicido ao ingerir “remédio” de maneira excessiva, esse fato, causou um
grande trauma na vida desse professor, que além de lidar com suas crises, acaba por se
aproximar de outras personagens, entre elas uma aluna, uma garota de programa e sua
colega de profissão.

Após mais um dia “normal” de trabalho, Henry encontra uma dessas mulheres,
Erica, uma jovem garota de programa, em um primeiro momento, demostra uma certa
empatia por se tratar de uma adolescente, embora a garota não entenda e ache que ele é
só mais cliente que se aproxima somente com o intuito de ter relações com ela, mas
após ele a convidar para ir comer algo em sua casa, já que, a mesma disse estar com
fome fica evidente para ela que ele é um bom homem, pois além de lidar comida e à
deixar dormir na sua casa, se preocupa com sua saúde e bem estar, sem estabelecer
julgamentos diante de suas ações. A partir desse momento os dois estabelecem uma
“amizade”, e mesmo sem querer estabelecer vínculos, Henry demonstra estar disposto a
ajudá-la.

Outra personagem que desempenha um papel fundamental na composição desse


drama é a aluna Meredith, que sofre críticas quanto ao seu peso, e assim, como muitos
adolescentes enfrenta problemas como bullying e aceitação social por não se encaixar
nos padrões tidos socialmente como “adequados “, além da negligencia de seus
familiares diante dessa situação. Essa aluna não consegue lidar com essa pressão e vê no
seu professor alguém confiável, apto a ajuda-la diante dessas questões, ao procura-lo
para conversa e desabafar, demonstra um interesse para além da amizade com Henry,
que busca mediante conselhos, mostra que todos passamos por dificuldades ,cada um
vive seus caos e mesmo diante de nossas vidas conturbadas é necessário acreditar, no
entanto ela se sente rejeitada, nesse momento Sarah(sua colega de profissão) entra na
sala e diante da situação que presencia, acha que poderia estar havendo algum tipo de
abuso por parte dele com sua aluna, que sai emocionalmente abalada da sala, enquanto
Henry diante do posicionamento precipitado, demonstra um certo descontrole entre suas
lembranças traumáticas e a situação atual.
Diante desse turbilhão de acontecimentos ele ainda perde o seu avô, e
posteriormente já ao fim do presente filme, Meredith comete suicídio, dando um ar
trágico ao panorama conturbado da vida daquele professor substituto do ensino médio.
Embora não fosse o seu intuito, acaba se envolvendo na vida dessas três mulheres que
desempenham nessa trama um papel essencial de acordo com o objetivo do diretor da
obra, transmitindo as múltiplas experiencias vividas pelos profissionais da educação
perante  os conflitos e limitações do sistema público de ensino na sua realidade mais
trágica, possibilitando vislumbrarmos a ruína do sistema educacional, de forma realista,
impactante e com uma linguagem universal.

O “substituto” nos permite ter uma reflexão sobre as partes essenciais que
compõe a sistema educacional, desde os professores até os próprios pais, que por muitas
vezes atribuem toda a responsabilidade educacional as instituições de ensino, é um tapa
na cara, demonstrando todo a melancolia do cenário escolar, nos fazendo pensar na vida
e nas relações que estabelecemos com as pessoas ao nosso redor, é um realismo muitas
vezes cruel perante complexidade humana, mas necessário. O filme nos imerge em uma
bela história, porquanto, melancólica. Deixa claro parte da realidade social e
educacional norte-americana, mas que se afeiçoa impecavelmente em nossa realidade.
Vai além do conteúdo pedagógico, aborda sérias questão do bullying e da prostituição
na adolescência. O que se espera é justamente a indignação e inquietude do
telespectador é nisso o autor teve grande êxito.

Diante de tantas reflexões vejo como necessário mostrar os aspectos positivos


desse meio, a dor do “real” é extremamente essencial, para que possamos ter mais
empatia com o que está ao nosso redor, mas é muito importante mostrar os motivos de
continuar, de acreditar na mudança, mesmo que pequena em comparação a tantos
problemas, contudo é o que permiti ter folego para continuar acreditando. Além de ser
necessário mostra o cotidiano de alguns pais, já que, constitui papel fundamental tanto
nas relações educacionais, quanto nas adaptações sociais desses jovens, e assim
evidenciar todos os lados da moeda, expondo não só perspectiva melancólico, mas
também, os pontos a serem valorizados. É um filme essencial não só para os
profissionais da educação, mas sim para todos aqueles que estejam “preparados” para
compreender os conflitos existentes no meio educacional, bem como, as dificuldades
enfrentadas por todos que compõe esse sistema.
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