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PARO, Vitor Henrique. Gestão Democrática da Escola Pública. São Paulo: Cortez, 2016. (Orig.

1997)

Capítulo 5 – “O caráter político e administrativo das práticas cotidianas na escola pública”, pp. 87-99. (Orig. 1993)

1. As dimensões das práticas cotidianas da escola pública. (pp. 87-88)


1.1. Objetivo: subsídios teóricos – as relações entre os determinantes estruturais do sistema e a realidade cotidiana da
escola.
1.1.1. Baseados no estudo de caso relatado no cap. 4: apesar da singularidade dos fatos e relações estudados, aquela
escola encontra-se exposta aos mesmos “condicionantes estruturais” que atuam no restante da rede de ensino.
2. Os componentes administrativos das práticas escolares. (pp. 88-95)
2.1. Pressupostos: escola como local de apropriação do saber historicamente produzido e administração como utilização
racional dos recursos para realização deste objetivo.
2.2. Ao analisar as práticas cotidianas, podemos separá-las em dois grupos:
2.2.(1). Atividades-meio: não se ligam imediatamente ao processo de ensino-aprendizagem, mas o favorecem.
2.2.(2). Atividades-fim: ligadas diretamente à aprendizagem dos alunos (docência e orientação pedagógica).
2.3. Em ambos os casos, constata-se o distanciamento da pretendida racionalidade e eficiência dos processos.
2.3.1. As ações e os recursos não convergem para o alcance dos objetivos da educação pública.
2.3.2. Na cabe aqui uma anatomia da ineficiência da escola, mas dois aspectos saltam aos olhos:
2.3.2.(1). A forma de ensinar.
2.3.2.1.1. É difícil admitir que haja o exercício de algum método de ensino rigorosamente ali.
2.3.2.1.2. O que se vê a continuidade da educação “bancária” denunciada por Paulo Freire.
2.3.2.(2). O desempenho do corpo docente.
2.3.2.2.1. A prática dos professores parece se orientar por objetivo nenhum...
2.3.2.2.2. Num misto de insatisfação pessoal, comodismo, descompromisso e saudades da escola
elitizada de antigamente, eles são alheios aos objetivos da escola pública para os filhos dos
trabalhadores.
2.4. Logo, não é de se estranhar que a atividade escolar seja profundamente protocolar, burocrática.
2.4.1. Meios e processos perdem seu propósito de mediação para conseguir fins sociais: são fins em si mesmos.
2.4.2. Como esperar racionalidade se os agentes encarregados dos processos nem sequer têm visão do seu sentido?
3. A dimensão política das práticas escolares. (pp. 95-96)
3.1. Pressuposto: prática política significa disputa pelo poder na sociedade.
3.1.1. Dificilmente o Estado atenderá os interesses populares na busca do poder político, através do controle
democrático.
3.2. Na escola: disputa pelo controle da participação da população nas tomadas de decisão.
3.2.1. Seus condicionantes já foram abordados no capítulo 4.
4. Práticas políticas e administrativas. (pp. 96-99)
4.1. Diante do exposto, fica evidente que o político vem antes do administrativo.
4.1.1. Educação já é ela mesma prática política: potencializa a luta pelo poder político.
4.1.2. O estabelecimento de objetivos (políticos) antecede o processo de atingi-lo (atividade administrativa).
4.1.3. A prática administrativa só se faz sobre recursos que são objeto de luta e pressão sobre o Estado brasileiro
4.2. Obviamente, o administrativo também é importante: “prática mediadora”.
4.2.1. Estabelecido o objetivo, é preciso dispor dos meios para alcançá-lo de forma efetiva.
4.3. Portanto, é preciso buscar uma integração das práticas políticas com as atividades administrativas.
4.3.1. Instalação de uma estrutura político-administrativa adequada à participação social.
4.3.1.1. Processos eletivos de escolha dos dirigentes escolares.
4.3.1.2. Efetivo funcionamento de órgãos colegiados.
4.3.2. Instalação de um efetivo processo de avaliação da escola.

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4.3.2.1. Só existe avaliação de rendimento dos alunos, não dos processos escolares (mais uma “antiavaliação”:
responsabilização do aluno pelo fracasso escolar).
4.3.2.2. É preciso prever instrumentos de avaliação institucional, com presença de pais e alunos também.

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