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CURRÍCULO
Rio de Janeiro
2016
Introdução
Este trabalho tem como objetivo trazer algumas reflexões a respeito do tema
apresentado no capítulo 8, Emancipação e Resistência, do livro Teorias de Currículo, de
Elizabeth Macedo e Alice Casimiro Lopes. O texto demonstra como eram as teorias de
reprodução e como essas não dava conta do cotidiano escolar , o foco são as a teorias da
resistência que irão gerar as temáticas de emancipação, que ao contrário das anteriores teorias
da reprodução é elevar a escola a um lugar de pensamento crítico na qual os indivíduos
consigam ter voz e expandir todas as suas potencialidades.
Na obra, também dos dois autores denominada:A Reprodução: proposta para o sistema
de ensino, os autores ressaltam á diferença da transmissão de valores culturais entre as classes
sociais. A educação é o instrumento fundamental da reprodução e da estrutura das relações de
poder e das relações simbólicas sobre as classes, dando como chave ao êxito na escola,ao
capital cultural herdado da família .
Os que não adquirem essa formação são excluídos já que o sistema lhes impõe uma
cultura dominante, o que implica em renunciar a sua própria cultura, submeter-se a um
conjunto de regras, valores e crenças que muitas vezes não são concordantes com seu estilo de
vida, mesmo assim não são enquadrados completamente se tornando fracassados.
Para cumprir sua missão, ela dá ao professor a instância mais direta de transmissão
cultural, a responsabilidade de formador e autoridade pedagógica. Este exerce sua função
mediante suas ações pedagógicas, mas todas elas dominadas e submetidas às classes
dominantes, onde se ensina cultura arbitrariamente, que são instrumentos de dominação e de
reprodução, assim a cultura se reproduz e toda ação pedagógica se converte em violência
simbólica.
Althusser tem uma visão restrita e unilateral de poder: tanto poder é conferido à escola
no sentido de contribuir para reproduzir as formações culturais dominantes e nenhum poder
lhe é conferido para desafiar essas mesmas formações culturais.
Teorias da resistência
Henry Giroux pensava num currículo que deve dar liberdade individual na formação
de sujeitos críticos e defende a ideia que currículo deve combater os sentidos hegemônicos na
escola, ou seja, questionando a reprodução cultural dominante. Dessa forma, para ele os
processos pedagógicos permitem que as pessoas se tornem sujeitos conscientes a ponto de ser
emancipados ou libertados do controle das instituições e das estruturas sociais que exercem o
poder e o controle.
Para Giroux, os alunos também devem ter um espaço para serem ouvidos e suas ideias
consideradas, como também sua vivencia fora da escola. Com isso, os professores devem
ajudar na formação da consciência do aluno, para que os alunos não só recebam as
informações, mas para que eles reflitam, questionem e até tenham senso crítico para se
posicionar contra uma informação, caso necessário.
A análise dos seguintes autores vem na intenção de deslocar a escola como resultado
de lutas sociais, e entende-la como lócus necessário dessas lutas, um cidadão autônomo é o
objetivo desses estudiosos que com críticas a educação tradicional, propõe uma escola
também com capacidade de debate sobre sua autonomia.
O canadense Peter McLaren em sua obra “A vida nas escolas” analisa as práticas de
desigualdade que a escola reproduz, introduzindo uma proposta crítica de pedagogia em
resposta a esse sistema, sua proposta visa:
Na presente obra o autor está inserido em uma escola católica, e na junção das práticas
escolares com a religião, entende uma cultura do sofrimento, a resistência desses alunos vem
em um paradoxo, a aceitação das punições de forma ativa, aceitar as humilhações significa
agir como um homem dentro de sua realidade, atitude valorizada não importando o sexo do
jovem.
Paul Willis apresenta uma teoria da resistência, em sua obra Aprendendo a trabalhar
escola, resistência e reprodução social, um grupo de jovens que não se conformam e rejeitam
os valores da escola e suas propostas de trabalho intelectual, seguem para os trabalhos
manuais valorizando a renda que esse gera, abrindo mão assim de melhores oportunidades
que seguem sendo destinadas as classes mais altas.
A fábrica e a escola são comparadas, e o imediatismo não necessário para a classe média,
podendo se qualificar para o futuro é posto em questão. Por fim a escola é posta à prova, e por
mais que apresente seus inúmeros problemas é ainda o lugar em que as culturas se encontram,
em que a cultura oposicionista de classe, realidades daqueles garotos é expressada. É preciso
questionar
"sob que forma, para quem, em qual direção e através de que círculos de
involuntariedade, com que consequências produtivas para o sistema social em
geral, avanços particulares são efetuados"(WILLIS, 1991, p.218).
Apesar dos avanços teóricos,não temos como pensar em polos dicotômicos, regulação e
emancipação, reprodução e resistência, opressão e emancipação, conhecimento cientifico e
conhecimento escolar não podem ser separados, em vista que em nossa sociedade
contemporânea pós-colonial, todos os sujeitos sociais em suas relações, são agentes do
colonialismo que tem variados graus processos opressivos, em nosso mundo globalizado,
nenhuma sociedade por mais isolada é imune a dominação cultural.
“Você, eu, um sem-número de educadores sabemos todos que a educação não é a chave das
transformações do mundo, mas sabemos também que as mudanças do mundo são um quefazer
educativo em si mesmas. Sabemos que a educação não pode tudo, mas pode alguma coisa.
Sua força reside exatamente na sua fraqueza. Cabe a nós pôr sua força a serviço de nossos
sonhos” . (2002, p. 126)
Referências bibliográficas
LOPES, Alice Casimiro; MACEDO, Elizabeth. Teorias de Currículo. São Paulo: Cortez, 2011
MCLAREN, P. A vida nas escolas: uma introdução à pedagogia crítica nos fundamentos da educação.
Artes médicas, Porto Alegre, 1997.
WILLIS, Paul. Aprendendo a ser trabalhador: escola, resistência e reprodução. Porto Alegre: Artes
Médicas, 1991
ANEXO
Trechos do texto REPRODUÇÃO SOCIAL E RESISTÊNCIA POLÍTICA NA ESCOLA
CAPITALISTA: UM RETORNO ÀS TEORIAS REPRODUTIVISTAS, de Sidnei Ferreira de
Vares. Disponível em https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/viewFile/1642/2250
CURRÍCULOS PRATICADOS: REGULAÇÃO E EMANCIPAÇÃO NO COTIDIANO
ESCOLAR OLIVEIRA, INÊS BARBOSA DE - UERJ
http://26reuniao.anped.org.br/trabalhos/inesbarbosadeoliveira.pdf
https://online.unisc.br/seer/index.php/reflex/article/viewFile/1642/2250