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FUNDAMENTOS

DA VIDA CRISTÃ
Módulo IV
Fundamentos do Crescimento Espiritual
2 | Fundamentos Da Vida Cristã

Índice

Módulo IV
Fundamentos do Crescimento Espiritual

04 Introdução
04 As três fases de Jesus com seus discípulos
06 Habilitados para o crescimento espiritual
06 Fundamentos do crescimento espiritual
17 Conclusão
18 Questões para estudo
3 | Fundamentos do Crescimento Espiritual

INTRODUÇÃO
Crescimento espiritual não é uma alternativa possível para alguns mais
consagrados e dispensável para os cristãos de um modo geral. A religiosidade
formal, o institucionalismo denominacional, o legalismo moral, o misticismo
que negam o humano, têm sido um impedimento ao crescimento espiritual
genuíno. O chamado de Deus que expressa a encarnação é para que nos
tornemos semelhantes a Jesus Cristo (Rm 8.28-30), não simplesmente
religiosos, ativistas organizacionais, moralistas, ou mesmo para que tenhamos
experiências místicas espetaculares, muito embora estas façam parte do
cristianismo bíblico. O livro de Gênesis 1.26 diz que Deus criou o homem à
Sua imagem (conduta exterior) e a Sua semelhança (natureza interior). Daí, a
redenção visa resgatar o homem da criação. A pessoa de Jesus Cristo, o
segundo homem (1ª Co 15.47) é a imagem perfeita de Deus. Por isso, as
escrituras dizem: “n'Ele radicados e edificados, e confirmados na fé, tal como
fostes instruídos, crescendo em ações de graça.” (Cl 2.7).
Neste estudo destacamos a natureza do crescimento espiritual e os
fundamentos estabelecidos por Deus para este crescimento, para que como
cristãos, possamos experimentá-lo em plenitude (Ef 3.14-21), porque este é o
propósito de Deus:
 Para o homem individualmente (Cl 1.28);
 Para as congregações locais (Fp 1.6); e,
 Para a igreja de Cristo em sua natureza universal e transcendente
(Ef 4.7-16; Hb 11.40 e Hb 12.22-23).
Atentemos, pois, para a exortação do escritor aos hebreus: “Por isso (uma
interpolação que faz referência à falta de crescimento dos destinatários da
carta) pondo de lado os princípios elementares da doutrina de Cristo, deixemo-
nos levar para o que é perfeito, não lançando novamente a base do
arrependimento de obras mortas e da fé em Deus” (Hb 6.1).

I. AS TRÊS FASES DE JESUS CRISTO COM SEUS DISCÍPULOS


O conhecimento e relacionamento de Jesus com seus discípulos tiveram uma
progressão que iniciou com o ministério de João Batista (At 2.21-22).
1. OS DISCÍPULOS COMO APRENDIZES

a. Princípios essenciais do aprendizado:


 Reconhecer a autoridade. Em qualquer área de atividade ou experiência
humana, aquele que ensina precisa ter sua autoridade reconhecida. A
palavra grega ακολούθει (akolouthei), que significa “segue-me”, designa o
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chamado de Jesus em relação aos seus discípulos (Mt 9.9); uma palavra
de ordem, como provinda de um general. Não há questionamentos,
somente reconhecimento. As crianças aprendem a confiar nos cuidados
de seus pais porque sabem que são autoridades sobre elas. Esta deve ser
a postura primordial de um discípulo (Jo 7.16-17 e Mt 8.5-13);

 Obediência à autoridade: Foi esta a reivindicação de Jesus Cristo aos seus


ouvintes, estabelecendo que vir a Ele significa entre outras coisas,
disposição de obedecer (Lc 6.47-49 e Mt 7.24-29);

 Submissão à autoridade: Enquanto que a obediência se expressa em


atitude exterior, a submissão é uma posição de coração. Na submissão se
estabelece o vinculo de aliança por compreensão da visão geral, do plano,
propósito e finalidade do ensino transmitido; e,

 Cooperação com a autoridade: Um dos maiores problemas que os cristãos


enfrentam hoje no trabalho em conjunto é cooperar com a estratégia de
quem ensina. Têm opiniões melhores. Para aprendermos com Jesus
precisamos conhecer Sua estratégia e cooperar.

b. A experiência dos discípulos como aprendizes


 Reconheceram a autoridade de Jesus Cristo (Mt 4.22; Mt 9.9; Mt 5.1-2;
Mc 10.37; Jo 4.27 e Jo 6.68);
 Foram obedientes às Suas ordens (Mt 8.18; Mt 12.46-50; Mt 19.13-15 e
Lc 19.5-6);
 Foram submissos à Sua pessoa (Mt 16.16-28 e Mc 3.13-14); e,
 Trabalharam em cooperação com Sua estratégia (Mt 10.5-15; Lc 10.1-12;
Mt 28.18-20; Mc 16.15-20; At 1.8 e At 2.42-47).

2. OS DISCÍPULOS COMO SERVOS


a. Princípios da vida serviçal:
 Humildade, tendo como exemplo a pessoa de Jesus Cristo (Mt 11.28-30;
Jo 13.1-17 e Fp 2.5-8); e,
 Disponibilidade (Mt 26.17-19).
b. A experiência dos discípulos como servos:
 Reconheciam-se assim diante do Senhor (Mt 10.24; Fp 1.1; Tg 1.1 e 2ª Pe 1.1);
e,
 Com este espírito foram comissionados (Mt 28.19-20).
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3. OS DISCÍPULOS COMO AMIGOS


a. Princípios da amizade cristã:
 Amor sacrificial (Jo 15.12-13 e 1ª Jo 3.16-17);
 Fidelidade (Jo 15:14 e 2ª Ts 2:3-5); e,
 Intimidade (Jo 15.15 e Sl 25.14).
b. A experiência dos discípulos como amigos de Jesus Cristo:
 Eles amaram ao Senhor, foram fiéis e gozaram de Sua intimidade (Jo
21.15-19; At 12.1-2; 2ª Co 4.5; Fp 3.8 e Jo 15.15); e,
 Nesta fase os discípulos estão aptos para dar frutos permanentes (Jo
15.16).

II. HABILITADOS PARA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL

1. O QUE É CRESCIMENTO ESPIRITUAL

 É um mandamento. (2ª Pe 3.14; Fp 2.12 e Ef 4.15);


 É obra da graça de Deus. (2ª Co 9.10; 1ª Co 3.7; 1ª Ts 3.12; 1ª Ts 5.23-24 e
2ª Pe 3.18);
 Inclui o zelo e a diligência humana. (Fp 2.12; Hb 6.1; 2ª Pe 1.5-7 e 1ª Pe
2.1-2);
 É obra do Espírito Santo através do seu ministério no corpo. (Ef 4.1; 1ª Co
12.14 e Rm 12.1-8); e,
 Ocorre pela operação da palavra de Deus (At 20.32; 1ª Pe 1.22-23 e Ef
5.26-27).

2. O PROCESSO DE CRESCIMENTO ESPIRITUAL


a. Crescimento espiritual é um processo (Fp 2.12-15; Fp 3.12-16; Ef 4.11-
13; 1ª Pe 1.3-11; Hb 6.1-4; Pv 4.18 e 2ª Ts 2.13-14); e,
b. Princípios do processo de crescimento espiritual:
 Revelação (Hb 10.32; Hb 6.1; At 26.18 e Gl 1.14-15);
 Prova (Hb 10.32; At 14.22; Rm 5.3 e Tg 1.3);
 Perseverança (Hb 10.35-39; Ap 12.11 e 1ª Ts 1.4-5); e,
 Fruto (Rm 5.4-5; Tg 1.4 e 2ª Ts 1.11-12).
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3. O PROPÓSITO DO CRESCIMENTO ESPIRITUAL


a. Perfeição e integridade (Tg 1.3 e Cl 1.28);
b. Santidade (Ef 1.4 e 1ª Ts 5.23);
c. Maturidade (Ef 4.13 e Cl 4.14-24);
d. Semelhança de Jesus (Rm 8.28-30; 2ª Co 3.18 e 1ª Jo 3.2);
e. Sermos santuário de Deus (Ef 2.20-22 e 2ª Co 3.16-17); e,
f. Alcançarmos a Glória de Jesus (2ª Ts 2.14 e 1ª Pe 5.10).

III. FUNDAMENTOS PARA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL


1. A AUTORIDADE COMO FUNDAMENTO PARA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL
(Mt 28.18-20; Ef 4.15 e Cl 2.19).

a. Líderes comissionados por Deus

O triste fato de líderes institucionais formados pelo sistema humano tem sido
uma das causas da falta de crescimento na igreja. Um homem chamado por
Deus para conduzir um povo precisa ser revestido de autoridade (Graça
ministerial e qualidades morais – Ef 4.11; 1ª Tm 3.1-7 e Tt 1.5-9).

b. Qualidades e princípios para a liderança


 Consciência de chamamento (Ex 35.30; Is 6.1-8 e Gl 1.15);
 Ter visão espiritual (Ex 25.8-9; Is 6.1-3; Gl 1.11-12 e Gl 2.2);
 Ser cheio do Espírito Santo;
 Ser habilitado pelo Espírito Santo (Ex 35.31-35 e Ex 36.1); e,
 Caráter apurado (1ª Tm 3.2-7; 1ª Tm 4.12-15; 2ª Tm 2.20-25; Tt 1.5-9; 1ª
Ts 2.3-6 e 2ª Co 4.2).
c. Autoridade como ponto de partida
 O crescimento e edificação da igreja dependem do papel da autoridade.
Jesus após sua ressurreição comissiona seus discípulos a pregar e ensinar,
tendo como fundamento a autoridade que recebera do Pai (Mt 28.18-20);
 Cristo como cabeça da igreja é a fonte de toda a autoridade e
crescimento espiritual (Jo 15.6; Cl 2.6-7; Cl 2.18-19 e Ef 4.15).

d. Autoridade espiritual
 Desde logo, precisamos compreender que a natureza do evangelho,
inclusive em sua proposta missionária, é trazer as pessoas para estarem
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debaixo da autoridade do Senhor Jesus Cristo (Mt 28.18-20 e 2ª Co 4.5-6);


 Este é o evangelho do Reino de Deus. Não obstante, é também o
evangelho da graça de Deus (Mt 10.5-8; At 8.4-12 e At 28.31); e,
 Autoridade espiritual na sua forma delegada, não tem fim em si mesma,
tem como objetivo conceder a vida eterna. No grego ζωή / Zoé, isto é,
qualidade de vida que Deus tem no que se refere à Sua natureza moral,
incorruptível para o mal e inclinada para a pratica do bem (Jo 17.1-4 e 2ª
Pe 1.3-4).
e. Natureza da autoridade espiritual
 Em termos absolutos emana de Deus Pai, e é exercida pela pessoa de
Jesus Cristo (Mt 28.18);
 Jesus Cristo recebeu toda autoridade nos céus e na terra por causa de:
- Sua humilhação (Fp 2.5-8); e,
- Sua morte, ressurreição e obediência (Fp 2.9-11; At 2.31-36; At 5.30-31 e
Ef 1.19-21).

f. A natureza da morte e ressurreição de Jesus Cristo


 Foi demonstrado poderosamente filho de Deus (Rm 1.4);
 Foi declarado Senhor do céu e da terra (Mt 28.18);
 Ele morreu e ressuscitou para ser Senhor dos mortos e vivos (Rm 14.9);
 Ele é o primogênito da nova criação, tendo sobre ela primazia (2ª Co 5.17
e Cl 1.15-20);
 Por esta proclamação é salvo todo aquele que crê (Rm 10.6-13 e 1ª Tm
3.16);
 Por sua morte, ressurreição e ascensão, Ele foi exaltado à destra do Pai,
para conceder a dádiva do Espírito Santo aos que n'Ele crescem (Jo 7.37-
39; At 2.31-33 e At 5.31-32); e,
 Desta forma Ele estabeleceu Sua igreja (Mt 16.18-21; Ef 4.7-16 e Ef 5.25-
27).

g. A posição da igreja face à exaltação de Jesus Cristo


 A igreja é o cumprimento e ao mesmo tempo, instrumento de
cumprimento de todo o propósito eterno de Deus na pessoa do Senhor
Jesus Cristo (1ª Pe 1.10-22; Cl 1.24-27; Ef 3.8-11;21 e 1ª Pe 2.9);
 A igreja e sua proclamação cumprem as expectativas escatológicas do
Velho Testamento (Jl 2.28-32 comparar com At 2.1-4; 14; 21). Os últimos
dias são também as primeiras coisas da nova criação (2ª Co 5.16-17);
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 Em sua expressão escatológica, a comunidade de Cristo, saindo do centro,


os apóstolos, se revela ao mundo como o povo do tempo final, o
verdadeiro Israel de Deus (Rm 9.6-8 e 1ª Pe 2.9). A igreja não é reino, mas
é sua manifestação e forma. Ela é um sinal do futuro que se irrompe no
presente (Hb 6.4-5);
 Ef 1.3, Jesus exaltado é a fonte de toda sorte de benção espiritual
desfrutada pela igreja ou disponível à ela: Santidade e pureza moral (Ef
1.4); Filiação (Ef 1.5); Redenção e perdão dos pecados (Ef 1.7); dádiva do
Espírito Santo (Ef 1.13). Sua existência na terra é uma proclamação em si
mesma do Senhorio de Jesus Cristo às nações; e,
 Ef 1.16-18, a oração de Paulo tem os seguintes objetivos:
- A igreja receba o espírito de sabedoria no pleno conhecimento do
Senhor Jesus Cristo (Ef 1.17);
- Receba revelação acerca da esperança de seu chamamento, qual a
riqueza da glória da sua herança nos santos (Ef 1.18); e,
- Experimente a suprema grandeza do poder que Deus exerceu em Cristo
(Ef 1.19); refletindo sobre a oração de Paulo, precisamos conhecer a
natureza da exaltação de Cristo e seu beneficio para a igreja. Jesus Cristo
está assentado à direita de Deus Pai, acima de todo principado potestade,
poder e domínio, e de todo nome que se possa referir não só no presente
século, mas também no vindouro (Ef 1.20-21 e Cl 1.16-17). A eficácia do
poder de Deus, exercida em Cristo, teve como resultado Sua ressurreição
e exaltação. Este mesmo poder Ele exerce antecipadamente em nós
quando sepultados na morte pelo batismo, somos ressuscitados e
assentados juntamente com Cristo nas regiões celestiais (Cl 2.12-15; Rm
6.4-6 e Ef 2.5-6).
h. A igreja como instrumento do propósito eterno de Deus
 Ef 1.10, diz que o propósito eterno de Deus é fazer convergir todas as
coisas no céu e na terra, em Cristo, na dispensação da plenitude dos
tempos. Temos aqui algo que é um processo. A plenitude dos tempos
teve inicio com a primeira vinda do Senhor Jesus Cristo, e se estende até
a consumação dos séculos (Gl 4.4 e Mt 28.18-20);
 Plenitude, πλήρωμα / Pleroma no grego, significa algo completo, pleno,
cheio. A palavra tempos no grego é καιρός / Kairós, diferente do que é o
tempo do homem, de onde temos cronologia. καιρός / Kairós fala do
cumprimento dos tempos de Deus, isto é, tempos de sua visitação, que
podem ser adiados se não houver responsividade humana (Is 48.16-19; Lc
19.41-44 e 2ª Pe 3.12).
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 At 3.18-21, diz que Deus cumpriu o que anunciara pelos profetas (vs18 o
sofrimento de Cristo). Deus enviou seu filho no cumprimento da
plenitude dos tempos. Israel perdeu esta visitação (Jo 1.11 e Lc 19.44).
Deus, entretanto preservou um remanescente fiel para cumprir seus
planos (Rm 11.5). Arrependei-vos, no grego μετάνοια / metanoia, uma
mudança de atitude e comportamento dentro do processo de atuação
divina, para que os pecados sejam cancelados. No grego, a palavra para
pecado é άμαρτία / hamartia, tem o sentido de errar o alvo. A atitude de
mudança significa duas coisas: Transformação em direção ao alvo e
Purificação contínua (Rm 12.1-2; Jo 1.5-9 e Pv 4.18). Os objetivos são
tempos (καιρός / kairós) de refrigério, para que o Senhor volte após
cumprir tudo o que foi dito pelos profetas desde a antiguidade (At 3.19-
21); e,
 Ef 1.20-23, Jesus como cabeça foi dado em beneficio da igreja, para
através dela, que é Sua plenitude, completar todas as coisas. A igreja é
despenseira, οικονομία /oikonoma no grego, dos bens espirituais de
Cristo (Ef 3.8-11 e 1ª Pe 2.9). Ela é o instrumento de Deus para reunir
tudo em Cristo na plenitude dos tempos.
i. Autoridades delegadas
Em termos relativos, e de natureza temporal temos as autoridades delegadas:
 Em razão de oficio:
- Na família: marido e esposa na ordem um em relação ao outro, e
conjuntamente em relação aos filhos (Ef 5.21; Ef 6.1 e 1ª Co 11.3);
- Na ordem de criação: as autoridades seculares constituídas (Rm 13.1-7;
Ef 6.5-8; 1ª Tm 6.1-2 e Tt 2.9-10);
- Na igreja: presbíteros e ou bispos e diáconos. Homens qualificados
moralmente e dotados espiritualmente (1ª Tm 3.1-13; Tt 1.5-9; At 20.28 e
1ª Pe 5.1-4); e,
 Em razão de ministério:
Todas as autoridades de oficio, pais, autoridades seculares, presbíteros,
diáconos, obreiros, cooperadores, devem exercer suas funções no Senhor,
como ministério. Existem, entretanto, a qual podemos chamar de graça
ministerial, conforme lemos em Ef 4.11, apóstolos, profetas, evangelistas,
pastores e mestres. Estes ministérios são compostos de homens dotados,
concedidos para aperfeiçoamento dos santos para desempenho de seus
ministérios, para a edificação do corpo de Cristo, até que todos
cheguemos à unidade da fé à estatura da plenitude de Cristo (Ef 4.12-13).
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 As autoridades delegadas não devem agir como dominadores do povo.


Ela deve ser exercida positivamente em beneficio do rebanho (1ª Pe 5.1-
3). Para que isto ocorra existem alguns princípios:
- No reino de Deus a autoridade deve ter um espírito de servo, ao
contrário da ordem natural (Mt 20.25-28), essenciais ao crescimento e
maturidade espiritual (Mt 28.18-20);
- A autoridade espiritual não se impõe, é reconhecida (Jo 6.66-69); e,
- Só pode ser exercida positivamente sobre aqueles que a reconhecem e
estão submissos (1ª Sm 8.1-7; 10; 24-28; 11.12-15 e Jo 6.66-71).
Encontramos um exemplo clássico em 1ª Sm 25, onde Abigail, esposa de
Nabal, evitou que Davi cometesse abuso de autoridade.
j. Responsabilidades da autoridade espiritual delegada

 Estar sob autoridade de quem o comissionou (Mt 28.18-20);


 Por sua casa em ordem (Gn 18.19 e 1ª Tm 3.4-5;12);
 Vida moral irrepreensível e aptidão para o ensino (1ªTm 3.2;10);
 Ter bom testemunho entre os não crentes (1ª Tm 3.7);
 Ser padrão para os fiéis (1ª Tm 4.11-12);
 Reconhecer a natureza de sua vocação e agir com integridade através de
mandamentos claros, ordenar, ensinar princípios e verdades reveladas,
corrigir, admoestar, advertir, exortar e punir; e,
 Discernir as condições daqueles que lhe estão sujeitos de caminhar nas
verdades ensinadas (Jo 16.12; Hb 5.11-14 e Hb 6.1-3).

l. Princípios para reconhecimento da autoridade espiritual delegada

 Quem a instituiu? Deus, o sistema humano, um espírito de divisão, a


necessidade de um povo?
 Como foi instituída? Com aval de Deus através do fruto de ministério ou
por conchavos, eleições ou instituições humanas?
 É reconhecida por outros homens de Deus?
 Qual é o testemunho, vida espiritual e natural da pessoa em posição de
autoridade? (Mt 7.20); e,
 A autoridade espiritual emana de Deus para cumprir o Seu propósito, não
de um grupo ou instituição humana. Ela é carismática, isto é, levantada
pelo Espírito Santo, caso contrário, trata-se de usurpação (3ª Jo 9-11).
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Os extremos e suas conseqüências:

- COMPLACÊNCIA PROPÓSITO - AUTORITARISMO


- LIBERTINAGEM DIMINUINDO ACRESCENTANDO - LEGALISMO
DE
- OMISSÃO A VERDADE A VERDADE - SUBSERVIÊNCIA
- REBELDIA DEUS - ATIVISMO

AUTORIDADE
OBEDIÊNCIA
SUBMISSÃO
COOPERAÇÃO

Existem níveis de autoridade e unção. Precisamos agir com humildade dentro


do limite de nossa experiência, maturidade, revelação e graça ministerial (Ef
4.7; Rm 12.3 e 1ª Co 12.27-31). A autoridade de ministério não exclui a
autoridade de oficio com o qual os irmãos podem estar envolvidos por
relacionamento comprometido (discipulado e pastoreamento). Neste sentido,
os ministérios extras locais devem se envolver com o presbitério local antes de
se envolver com a igreja (At 20.27-32). As autoridades de oficio da localidade
(presbíteros e diáconos) devem ser respeitadas, supridas e cobertas por
ministérios extras locais. Quando a autoridade de Deus é maculada, Ele
mesmo se encarrega do juízo (At 2.1-2 e At 20.25). Algumas questões
pertinentes ao reconhecimento da autoridade espiritual:
 Revelação pessoal: O Espírito Santo se revela através da pessoa com
o qual estamos envolvidos por relacionamento comprometido
trazendo edificação? (At 20.27-32);
 Aconselhamento e direção: Quais os efeitos positivos (Hb 13.7-17);
 Quebrantamento e tratamento do caráter: Temos experimentado
quebrantamentos? Nosso caráter tem sido exposto ao conhecimento
da palavra quanto a motivações de nossas ações? (Sl 51; Pv 16.1-2 e
Hb 4.12);
 Palavra viva: Quais são as experiências que temos tido a luz da
palavra ouvida? (Jo 6.63). Quando o Espírito e a palavra se unem em
nossa experiência, temos o testemunho do sangue (1ª Jo 1.5-8);
 Visão espiritual alargada: Nossa visão do propósito eterno de Deus,
seu plano, dimensão e estratégias tem sido ampliadas? (Ef 1.15-23 e
Cl 1.9-12); e,
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 Aceitar a estratégia a ser desenvolvida: Um dos problemas quanto à
submissão é cooperar com a estratégia. Precisamos, porém, estarmos
cônscios que Deus quando levanta alguém em posição de autoridade, lhe
revela também a estratégia para cumprir seu plano. Algumas questões,
todavia podem ser levantadas à título de elucidação:
- É bíblica? Aqui, nem sempre se refere ao ideal. Jesus e Paulo fizeram
coisas que não se encaixavam no ideal, porém, estavam dentro do
contexto prático da época (Mt 8.1-4 e At 21.17-26); e,
- Está no contexto histórico da revelação (Mt 10.5-8).

2. A OBEDIÊNCIA COMO FUNDAMENTO PARA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL

a. O mandamento de Jesus Cristo aos seus discípulos (Mt 28.20)


 A vida da comunidade primitiva (At 2.42): O crescimento como resultado
da obediência a Jesus como Senhor (Ef 4.15-16; Cl 2.19; Cl 2.6-7 e Fp
2.12-15) e a obediência às autoridades delegadas (Ef 4.11-13; 2ª Pe 1.22-
25; Rm 16.17-19; 2ª Co 16.15-16); e,
 Obediência por fé (Rm 1.5): Não se trata de legalismo (Fp 3.5-6; Rm 10.1-
3). Antes, o texto de Rm 1.5, se concentra na graça de Deus para uma
obediência por fé. O testemunho de Paulo entre os gentios como selo de
seu apostolado era a obediência decorrente da fé (Gl 3.1-5), a qual por
sua vez resulta em ação de amor (Gl 5.6; Tg 2.14-26). A obediência por fé
é ação da vontade humana capacitada pela graça de Deus (Gl 2.20; 1ª Co
15.10 e Fp 2.12-13). Ela se baseia na palavra de Deus que é viva e eficaz
(Jo 6.63; Hb 4.12), não na articulação humana (raciocínio pervertido 1ª
Tm 6.3-5; Cl 2.1-4). O homem foi criado para obedecer a Deus por escolha
motivada, racional, emocional e volitiva. A desobediência desencadeia
um processo mórbido que descaracteriza o homem criado à imagem e
semelhança de Deus. Cauteriza-lhe a mente e o predispõe mental,
emocional e volitivamente para a prática do mal (Rm 1.18-27; Ef 4.17-19 e
Tt 3.10-11).
b. Processo de operação da palavra de Deus no homem
 O Espírito Santo age através do espírito humano comunicando as
verdades, princípios e a visão de Deus no coração humano. A mente
recebe as impressões do coração através do intelecto que processa
através do pensamento, raciocínio e da imaginação. A imaginação produz
a imagem a ser projetada para as emoções e desta forma obtemos a
expectativa divina oriunda da fé;
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 As emoções, sede dos sentimentos (afetividade e desejo), obtêm resposta


antecipada da escolha (alegria, esperança jubilante, paz intima, etc.), que
por sua vez influencia a vontade; e,
 A vontade humana, por sua vez, sede da opção, escolha moral e decisão,
colocam em prática através da ação, concretizando e obtendo o conteúdo
da palavra, ordem, direção, princípios ou visão recebida.

c. Obstáculos à obediência por fé


 Valores, crenças e conceitos errados enraizados na mente e emoções
recebidas por tradições humanas, herança ou ensino que obscurecem o
entendimento. Exemplo: o tradicionalismo dos fariseus (Mt 15.1-3 e Cl
2.16-23);
 Instituições humanas como objeto da fé. Exemplo: o
denominacionalismo, institucionalismo, legalismo, etc. (Cl 2.8-16);
 O intelectualismo baseado na sabedoria humana. Exemplo: o
racionalismo cujas premissas são baseadas no império da razão e do
cientificismo (Cl 2.8 e 1ª Co 2.1-5); e,
 O misticismo, isto é, pressuposições de natureza sobrenatural
incorporada à fé, que não emana de Deus (Cl 2.18).

d. Estabelecendo as bases para a obediência por fé


 Renovação da mente (Rm 12.1-2);
 Estar ligado ao corpo (Ef 4.11-17 e Cl 2.19);
 Vida cheia do Espírito Santo (Ef 5.14-21);
 Reconhecer a autoridade (Ef 4.11-16; 5.22 e 6.1-4);
 Vigilância e oração (Jd 20 e Ef 6.10-18); e,
 Comunhão com Deus e uns com os outros (1ª Jo 1.1-9). Nossa eleição e
santificação são para a obediência e participação na comunhão do sangue
de Jesus Cristo (1ª Pe 1.2). É nesta obediência que nossas almas são
purificadas e somos habilitados para a vida em família (1ª Pe 1.22).

3. A SUBMISSÃO COMO FUNDAMENTO PARA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL


a. Ef 4.1-6: Descreve a natureza da unidade cristã
 Um só corpo, onde todos os cristãos estão sob um só cabeça (Ef 4.15 e Cl
2.19);
 Um só espírito, através do qual mediante Jesus Cristo temos acesso ao Pai
(Ef 2.18);
14 | Fundamentos Da Vida Cristã

 Uma só esperança, que diz respeito à nossa filiação e herança em Cristo


(Rm 8.16-17; Cl 1.27; 2ª Ts 2.14; Hb 2.9-10 e 1ª Pe 5.10);
 Um só Senhor, Jesus Cristo (Mt 28.18; At 2.36; At 5.31; Rm 10.9; 2ª Co 4.5
e Fp 2.11);
 Uma só fé (Ef 4.13; Fp 1.27 e João 3);
 Um só batismo (Mt 28.19; At 2.38; Rm 6.3-6; Cl 2.11-12 e 1ª Pe 3.21); e,
 Um só Deus e Pai revelado na pessoa de Jesus Cristo (Jo 1.18; Jo 14.6-13;
Hb 1.3).
b. Ef 4.7-16: Fala da ação funcional do corpo de Cristo, através do qual a unidade
se expressa

 A graça concedida à todos segundo a proporção do dom de Cristo


exaltado (Ef 4.7-10). Os ministérios (apóstolos, profetas, evangelistas e
pastores mestres), concedidos à igreja para aperfeiçoamento (do grego
καταρτισμόν / katartismón que significa consertar, curar, restaurar,
equipar como um todo, reto ordenamento) dos santos (Ef 4.11-12).
Objetivos:
- Os santos desempenham seu ministério, segundo a graça concedida
para edificação do corpo de Cristo (Ef 4.12);
- Todo o corpo alcançar a unidade da fé e o pleno conhecimento do filho
de Deus, a estatura da plenitude de Cristo (Ef 4.13);
- Entendimento claro e revelado da verdade (Ef 4.14); e,
- Cooperação de todo o corpo suprido pela obediência ao cabeça, para
crescimento e edificação em amor (Ef 4.15-16).
c. Conhecendo o contexto prático da submissão
“sujeitando-vos uns aos outros no temor de cristo” Ef 5.21
 Marido e mulher (Ef 5.22-32);
 Pais e filhos (Ef 6.1-4); e,
 Senhores e servos (Ef 6.5-9).
Nesta unidade seremos fortalecidos no Senhor e habilitados para a guerra
espiritual (Ef 6.10-20). “sujeita-vos à Deus e o diabo fugirá de vós” Tg 4.7.
d. Compreendendo a submissão
 A submissão não é:
- Um comportamento subserviente;
- Uma atitude passiva; e ou,
- Orientada pelo medo.
15 | Fundamentos do Crescimento Espiritual

 A submissão é:
- Uma disposição humilde e ativa de cooperar com Deus e Sua obra em
nós e através de nós.
- É um reconhecimento consciente da autoridade, bem como da verdade
revelada;
- Negar-se à si mesmo (Mt 16.24-25); e,
- Estar juntos no principio de aliança e compromisso (At 2.44; Fp 1.27; Fp
2.1-4; Rt 1.16-17 e Am 3.3).
e. Resultados práticos da submissão
 Dá espaço para a revelação de Deus (Gn 24);
 Traz cobertura espiritual e emocional (1ª Pe 3.1-6);
 Promove a mutualidade dentro da diversidade (Ef 4.7 e Rm 12.3-8); e,
 Recebe-se o conteúdo, a unção, a capacitação e estratégia para realizar a
obra de Deus. Uma pessoa insubmissa não coopera e assim fazendo, abre
brecha para espíritos divisores que induzem à rebelião (Mt 12.30).

3. O FUNDAMENTO DA COOPERAÇÃO PARA O CRESCIMENTO ESPIRITUAL

a. Este fundamento se dá pelo envolvimento do discípulo na obra


Em Ef 4.12, vemos os santos desempenhando seu ministério no corpo,
submissos ao cabeça e uns aos outros.
b. Cooperação e participação na estratégia (Ne 3 e 4)
 Na formação de ministérios maduros (Obreiros, diáconos, presbíteros,
etc.) A seqüência é:
- Estar junto com os discípulos (Mc 3.13-14);
- Delegar responsabilidades (1ª Tm 3.10 e Tt 3.5);
- Observar a fidelidade no pouco (Mt 25.21); e,
- Delegar autoridade (Mt 28.19). Nesta última fase, os discípulos
revestidos pelo ministério apostólico, foram comissionados a pregar e
ensinar, porque passaram pelos fundamentos essenciais ao crescimento e
maturidade espiritual (Mt 28.18-20).
16 | Fundamentos Da Vida Cristã

CONCLUSÃO

Para que os fundamentos sejam eficazes, se faz necessário depois de tudo o


que foi escrito:
1. Ter uma visão clara mediante revelação da natureza de igreja
a. Estando em Cristo como cabeça (Jo 15.1-6; Cl 2.6 e Fp 2.8);
b. Permanecer fiel pela obediência (Jo 15.14 e Cl 2.7); e,
c. Sujeitar-se ao corpo e aos ministérios estabelecidos pelo cabeça (Jo
15.12; Cl 2.10; Ef 4.11-12 e Ef 4.15-16).

2. Cooperar com o propósito de Deus


a. Participando da visão e alvos de igreja, de maneira comprometida (Jo
15.15; Cl 3.14-15 e 2ª Tm 2.1-13); e,
b. Aceitando a estratégia divina (Ef 4.7-16; Fp 1.27-30 e Hb 10.24-25).

“E o mesmo Deus de paz vos santifique em tudo, e o vosso espírito,


alma e corpo, sejam conservados íntegros e irrepreensíveis na vinda de nosso
Senhor Jesus Cristo. Fiel é o que vos chama, o qual também fala.”
1ª Ts 5.23
17 | Fundamentos do Crescimento Espiritual

QUESTÕES PARA ESTUDO:

1) Destacar o propósito de Deus em relação ao Crescimento Espiritual.

2) Quais são as três fases dos discípulos no relacionamento com Jesus?

3) O que é Crescimento Espiritual?

4) Quais são os princípios envolvidos no Crescimento Espiritual?

5) Dentro da autoridade espiritual quais são as qualidades e princípios para a


liderança?
18 | Fundamentos Da Vida Cristã

6) Qual é a natureza da autoridade espiritual?

7) Quais são as responsabilidades da autoridade espiritual delegada?

8) Descreva obediência por fé?

9) Quais os obstáculos para o obediência por fé?


19 | Fundamentos do Crescimento Espiritual

10) Qual é o contexto prático para a submissão?

11) Qual fundamento se dá pelo envolvimento do discípulo na obra?

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