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Revisão Textual:
Prof. Me. Luciano Vieira Francisco
Educação Alimentar e Nutricional
para Gestantes, Adultos e Idosos
• Introdução;
• Promoção da Adesão ao Tratamento;
• Terapia Cognitivo Comportamental (TCC);
• Aconselhamento Nutricional da Gestante;
• Aconselhamento Nutricional de Indivíduos Adultos
e Abordagem Educacional em Ambiente Empresarial;
• Aconselhamento Nutricional de Idosos;
• Comunicação com o Idoso;
• Abordagem Educacional em
Instituições de Longa Permanência (Ilpi).
OBJETIVOS DE APRENDIZADO
• Conhecer componentes relacionados à adesão ao tratamento e de que forma a terapia cog-
nitivo-comportamental pode auxiliar nesse processo;
• Discutir sobre as particularidades do processo de aconselhamento nutricional de gestantes,
adultos e idosos, considerando o ambiente alimentar (familiar e institucional) e as peculia-
ridades de cada fase da vida.
UNIDADE Educação Alimentar e Nutricional
para Gestantes, Adultos e Idosos
Introdução
Nesta Unidade abordaremos de que forma a terapia cognitivo-comportamental pode
auxiliar no processo de adesão ao tratamento, além de tratar das particularidades do
processo de aconselhamento a partir da idade adulta, com as implicações envolvidas
nessa fase da vida e no envelhecimento.
E para nortear nossa trajetória, reflita: como o nutricionista pode instrumentalizar seu trabalho e
o público atendido para que essas pessoas, mesmo com muitos hábitos já sedimentados, sejam
capazes de implementar mudanças em seu estilo de vida, rumo a uma melhor qualidade de vida?
A adesão ao tratamento pode ser definida como uma situação em que o comporta-
mento do paciente corresponde às orientações dadas pelos profissionais de saúde; ou
ainda, como participação ativa e de colaboração voluntária do paciente em comporta-
mento aceito por mútuo acordo, a fim de produzir um resultado terapêutico ou preven-
tivo desejado (ESTRELA et al., 2017).
Entre os fatores que contribuem para a falta de adesão podem ser citados (REZENDE,
2014):
• Dificuldade do indivíduo em identificar os erros alimentares: inconscientemen-
te, consome-se quantidade maior do que o necessário;
• Efeitos rápidos: quando a pessoa se propõe a seguir uma dieta, há expectativa de
obter efeitos rápidos; caso contrário, desiste-se;
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• Baixa autoestima: o indivíduo tem comportamentos que podem estar atrelados à
baixa autoestima, o que o leva a comer para compensar o lado emocional;
• Preconceito: o paciente tem preconceito quanto ao atendimento nutricional, resiste
às orientações, julga que sofrerá privações alimentares e não relata sua realidade para
que possa ser ajudado;
• Autojulgamento: o indivíduo consegue se tratar por determinado tempo e abandona
o tratamento quando faz algo que considere errado, por ter receio de ser repreendido
pelo profissional;
• Dietas restritivas: as pessoas fazem dietas que não condizem com suas prefe-
rências, seus horários e sua situação econômica, o que cria um bloqueio para as
demais tentativas.
É difícil traçar o perfil do paciente não aderente, porém, fatores pessoais dos indi-
víduos também incidem negativamente sobre a adesão, como falta de motivação para
modificação de estilo de vida, falta de conhecimento acerca da doença, tanto dos cui-
dadores quanto dos próprios pacientes, baixa autoestima ou depressão, ausência de
apoio familiar, problemas pessoais, elevado número de doenças associadas, ausência
de sintomas, estresse, representações negativas em relação à doença e ao tratamento,
bem como a passividade do paciente em relação aos profissionais de saúde e à escolha
do regime terapêutico.
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Figura 1
Fonte: Adaptada de Getty Images
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Considerando que a TCC é uma combinação entre os dois tipos de terapias apre-
sentadas, baseia-se na associação de dois princípios centrais: nossas cognições têm
uma influência controladora sobre nossas emoções e comportamentos; e o modo
como agimos ou nos comportamos pode afetar profundamente nossos padrões
de pensamento e nossas emoções. Portanto, as mudanças acontecem à medida que
ocorrem alterações nos modos disfuncionais de pensamento.
Como as técnicas da TCC são diversas, para maior aprofundamento leia os seguintes artigos:
• Terapia cognitivo-comportamental da obesidade: uma revisão da literatura.
Disponível em: https://bit.ly/3sBMrch
• Transtornos alimentares e as contribuições da terapia cognitivo-comportamen-
tal para o tratamento. Disponível em: https://bit.ly/3m5viFo
Portanto, os pontos principais para uma gestação saudável são o ganho de peso
adequado, a prática de atividade física e o consumo alimentar variado, elementos deter-
minantes para a qualidade de vida da mãe e do feto. O êxito desses ajustes resulta em
adequado desenvolvimento e crescimento fetal e no bom estado nutricional materno
antes e durante a gestação.
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Figura 2
Fonte: Getty Images
Leia o artigo intitulado “Quando tem como comer, a gente come”: fontes de informa-
ções sobre alimentação na gestação e as escolhas alimentares.
Disponível em: https://bit.ly/3u7fCnT
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Conscientização
Realize um dia alimentar habitual detalhado durante a consulta e, a partir das quan-
tidades relatadas, correlacione as porções consumidas com as porções expressas na
pirâmide alimentar. Assim, pode-se construir a própria pirâmide habitual da pacien-
Métodos te. A partir dessa construção, será possível abordar vários tópicos e promover ajus-
tes alimentares de maneira didática para a gestante ao longo de várias consultas.
Não é recomendado trabalhar a linguagem de porções, mas sim desenvolver no-
ções de proporcionalidade no consumo alimentar diário.
Rótulo
Objetivo da Discutir o rótulo de alimentos, abordando temas que normalmente suscitam
dúvidas entre as gestantes, como o uso de edulcorantes, quantidade de sódio e
atividade como escolher o melhor alimento nas diversas situações do dia a dia.
Solicite à gestante que traga alguns rótulos dos alimentos mais consumidos
habitualmente por ela e, durante a consulta, aborde aspectos importantes com
Métodos
relação às propriedades nutricionais daqueles e outros alimentos, tais como
consumi-los e em qual frequência.
Refeição fora de casa
Objetivo da Elucidar quais são as melhores escolhas a serem feitas nas refeições fora de
atividade casa, adequando-as ao momento fisiológico da paciente.
Liste, junto à gestante, quais são os restaurantes em que normalmente faz suas
grandes refeições (self-service, à la carte, churrascaria, comida japonesa) e os
Métodos
lanches intermediários. A partir daí, buscarão as melhores opções para uma
alimentação saudável fora de casa.
Fonte: Adaptada de RHEIN, cp. 14, 2014
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Figura 3
Fonte: Getty Images
Figura 4
Fonte: Adaptada de Getty Images
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Um bom programa de qualidade de vida exige um planejamento rigoroso das ações,
iniciando com o diagnóstico social, físico e das condições atuais de saúde dos trabalha-
dores para ser o norteador das ações. Questões relacionadas à alimentação podem e
devem estar na pauta, pois cuidar do estado nutricional dos seus funcionários é funda-
mental, possibilitando condições para a construção de uma sociedade satisfeita e dinâ-
mica, que progrida incessantemente (MARTINEZ, 2013).
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Figura 5
Fonte: Getty Images
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A ação educacional pode ser aplicada de maneira individualizada, em grupo ou por
meio de visita domiciliar. Fazem parte do atendimento e da EAN individualizada as ava-
liações física, dietética, antropométrica e bioquímica, que subsidiarão o adequado plane-
jamento da dieta. Como estratégias de EAN temos palestras, dinâmicas, jogos, a leitura
de textos e questionários de avaliação de aprendizagem, entre outros métodos aplicados
tanto aos idosos diretamente quanto aos seus familiares e/ou cuidadores.
Figura 6
Fonte: Getty Images
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• Falar de frente para ele, sem cobrir a boca e sem virar ou se afastar enquanto conversa;
• Aguardar a resposta de uma pergunta para depois realizar a próxima, uma vez que
o idoso pode precisar de um tempo maior para responder;
• Não demonstrar pressa ou impaciência com o idoso;
• Não o interromper enquanto fala, deixando que complete seu pensamento.
Leia o artigo intitulado “Educação em saúde como estratégia para promoção da saúde
dos idosos: uma revisão integrativa”. Disponível em: https://bit.ly/3w8Z8gO
Uma técnica interessante para esta faixa etária é a oficina de memória, facilitan-
do o processo de autoconhecimento e de construção de novos pensamentos. Nessas
oficinas utiliza-se o método da história oral, composto por narrativas pessoais e/ou
coletivas de trajetórias construídas com sofrimentos, perdas, sonhos, sucessos e alegrias
que compõem a vida. A história oral trata de subjetividade, memória, discurso e
diálogo, sendo uma técnica que se adapta a indivíduos de qualquer faixa etária, mas é
especialmente rica quando utilizada com idosos, estando totalmente relacionada
aos processos que ocorrem no resgate de suas lembranças. Isso possibilita novas
compreensões do passado, auxiliando na promoção do adequado processo de ensino-
-aprendizagem (TCHAKMAKIAN; FRANGELLA, 2014).
Abordagem Educacional em
Instituições de Longa Permanência (Ilpi)
Embora o envelhecimento seja algo natural e inevitável, o processo em si causa ne-
gatividade na maior parte dos casos, especialmente diante de situações abrangendo a
falta de cuidado, em especificidade aos idosos institucionalizados e idosos em moradia
residencial (Scudlarek; Almeida, 2019).
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O processo de institucionalização pode gerar grande estresse ao idoso, fazendo com
que as mudanças provenientes do envelhecimento sejam agravadas e, até mesmo, deixe
de se alimentar ou coma muito pouco, ficando mais fragilizado, repercutindo de maneira
negativa na saúde alimentar do idoso. Vale dizer que muito do que poderia melhorar em
diversas Ilpi se deve ao número insuficiente de profissionais para o cuidado direto com
os idosos, recursos financeiros insuficientes e estruturas precárias, dificultando oferecer
um acolhimento satisfatório (CARDOSO; OLCHIK; TEIXEIRA, 2016).
Figura 7
Fonte: Getty Images
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Figura 8
Fonte: Getty Images
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Tabela 3 – Descrição das atividades desenvolvidas por uma equipe multiprofissional
(Enfermagem, Farmácia, Fisioterapia, Psicologia e Nutrição) em uma Ilpi
Atividade* Objetivo Público-alvo
Primeiro momento:
entrevista com os profis-
Investigação das alterações na
sionais da Ilpi que ficam no
Entrevista ingestão alimentar, no peso,
cuidado direto dos idosos.
(2 encontros). na mobilidade, no estado
Segundo momento:
psicológico e clínico.
entrevista com os idosos so-
bre sua percepção nutricional.
Entrega do diagnóstico
nutricional, reunião com Ouvir o feedback da instituição e
Profissionais da Ilpi e idosos.
a equipe e seção de beleza elevar a autoestima dos idosos.
com os idosos.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Vídeos
Canal do Instituto Nutrição Comportamental
https://bit.ly/3m5BPzJ
Leitura
Perspectivas atuais da terapia cognitivo-comportamental no tratamento dos transtornos alimentares:
uma revisão sistemática
https://bit.ly/39ssjlg
Caderno de atenção básica: envelhecimento e saúde da pessoa idosa
https://bit.ly/2PFluWD
Idosos em instituições de longa permanência: desenvolvimento, condições de vida e saúde
https://bit.ly/39uzVUt
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Referências
ALVARENGA, M. Fundamentos teóricos sobre análise e mudança de comportamento.
In: ________. et al. Nutrição comportamental. São Paulo: Manole, 2015. p. 1-22.
Bush, H. E. et al. Eat for life: a work site feasibility study of a novel mindfulness-based
intuitive eating intervention. Am. J. Health Promot., n. 28, p. 380-388, 2014. Disponí-
vel em: <https://www.researchgate.net/publication/255910404_Eat_for_Life_A_Work_
Site_Feasibility_Study_of_a_Novel_Mindfulness-Based_Intuitive_Eating_Intervention>.
Acesso em: 09/01/2021.
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MOREIRA, L. N. et al. “Quando tem como comer, a gente come”: fontes de in-
formações sobre alimentação na gestação e as escolhas alimentares. Physis, Rio de
Janeiro, v. 28, n. 3, p. e280321, 2018. Disponível em: <http://www.scielo.br/scielo.
php?script=sci_arttext&pid=S0103-73312018000300616&lng=en&nrm=iso>. Acesso
em: 08/01/2021.
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TIMERMAN, F. et al. Nutrição comportamental no atendimento a empresas. In:
ALVARENGA, M. et al. Nutrição comportamental. São Paulo: Manole, 2015. p. 1-22.
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