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Neste tipo a perda de peso é conseguida pelo fato da pessoa limitar suas opções alimentares
através de dietas, jejuns ou exercícios excessivos, consumindo o mínimo possível de calorias.
Durante o episódio atual, esses pacientes não desenvolveram compulsões periódicas ou
purgações.
O tipo compulsão periódica/purgativo se desenvolve em até 50% das pessoas com Anorexia
Nervosa. Os indivíduos do tipo compulsão periódica/purgativo tendem a ter famílias nas quais
alguns membros são obesos, e elas próprias tem histórias de maior peso corporal antes do
transtorno que as pessoas restritas, é quando o paciente se envolve regularmente em
compulsões de comer seguidas de purgações durante o episódio atual de Anorexia. A maioria
dos pacientes com Anorexia Nervosa que comem compulsivamente também fazem purgações
mediante vômitos auto- induzidos ou uso indevido de laxantes, diuréticos ou enemas.
Algumas pessoas com Anorexia Nervosa são do tipo purgativo, porém sem compulsão
periódica, ou seja, fazem purgações regularmente mesmo após o consumo de pequenas
quantidades de alimentos. Aparentemente, a maior parte dos pacientes com o tipo compulsão
periódica/purgativo dedica-se a esses comportamentos pelo menos uma vez por semana.
Cada um dos dois tipos parece ter características históricas e clínicas distintas. Compartilha
muitas das características dos que tem bulimia nervosa, mas não Anorexia Nervosa.
Comparados os dois grupos, os pacientes com Anorexia Nervosa, tipo restrito são menos
graves e tem melhor prognóstico que aqueles com o tipo compulsão periódica/purgativo.
Ambos os tipos podem ter sintomas de transtorno depressivo e interesse sexual diminuído,
mas os indivíduos que tem Anorexia Nervosa com o tipo
compulsão periódica/purgativo estão mais propensos a ter outros problemas como o de
controle dos impulsos, abuso de álcool ou outras drogas, e exibirem maior instabilidade do
humor.
Tratamento
Uma das primeiras dificuldades é a que diz respeito à aderir o paciente ao tratamento, pois a
negação da doença é muitas vezes parte integrante do quadro. As pacientes com anorexia
nervosa em geral desconfiam dos médicos, os quais elas percebem como inimigos e
interessados apenas em realimentá-las, em fazê-las perder a vontade de controlar seus pesos.
O tratamento tem que começar rápido, com muita firmeza, sem deixar absolutamente
nenhuma alternativa para o paciente, de modo que fiquei claro para ela que não pode vomitar
e que tem que ganhar peso.
O objetivo do tratamento é a recuperação do estado nutricional do paciente debilitado pelo
estado de semi-inonição.
O modelo de tratamento com uma equipe multiprofissional é o melhor aceito atualmente. O
ideal é que a equipe de tratamento inclua um clínico, um nutricionista, um psicoterapeuta
individual, um psicoterapeuta de grupo familiar e um psicofarmacologista.
Durante todo o processo de recuperação, o nutricionista deve relacionar aspectos psicológicos
e nutricionais dos transtornos alimentares, visando estabelecer padrões nutricionais
adequados. A mudança em atitudes alimentares é uma medida importante do resultado geral
nestes pacientes. Para isso, é fundamental criar um vínculo terapêutico como o paciente e
colocar-se como aliado no tratamento, oferecendo ajuda, apoio e orientação. No entanto, o
nutricionista não pode esquecer que a terapia para os transtornos alimentares é um processo
integrado, no qual ele e a equipe trabalham juntos para modificar os comportamentos
relacionados ao peso e à alimentação do paciente.
Cabe ao nutricionista, como provedor de informação sobre alimentos, nutrição e saúde,
identificar o problema e informar outros profissionais da área de saúde e o poder público
sobre o perigo das dietas de emagrecimento e uso inadequado de produtos dietéticos e
orientar a população a manter padrões saudáveis de peso e métodos adequados para
estabilização de peso.
É importante orientar a família. A reeducação nutricional deve ser oferecida juntamente com a
terapia, cautelosamente. O nutricionista pode auxiliar a diminuir suas frustrações no horário
das refeições, por aliviar a família da responsabilidade de monitorar o consumo alimentar ou
mudar hábitos alimentares do paciente.
É muito importante, embora geralmente as pacientes só vão ao terapeuta para que a família
as deixe em paz. Esse é um dos motivos pelos quais a psicoterapia não se aprofunda, fica
arrastada, e parece que é castigo semanal para a paciente. A forma de psicoterapia mais eficaz
é a Cognitiva- Comportamental, que encoraja a adoção de atitudes mais sadias por parte da
paciente, que é recompensada com elogios e diminuição de sua mobilidade. A psicoterapia
individual é indicada visando a modificação do comportamento, das crenças e dos esquemas
falhos de pensamento.
É difícil tratar a anoréxica com psicoterapia, pois as jovens, falam muito pouco, e há uma
recusa de falar de si próprias. Há psicoterapias adequadas, e só assim, aliando-se aos
antidepressivos convencionais poderá ser melhorado um terço.
A psicofarmacoterapia é indispensável e, normalmente, se faz às custas de antidepressivos,
notadamente com tricíclicos que tenham como efeito colateral também o estímulo do apetite
e o ganho do peso, como é o caso da maprotilina, amitriptilina ou clomipramina. Havendo
necessidade de sedação (quase sempre há), recomenda-se que seja feita com neurolépticos e,
preferentemente, com aqueles que também aumentam o apetite, como é o caso da
levomepromazina.
Embora seja muito pouco aceita pela família (pela paciente nem se fala), uma internação
hospitalar no início de um tratamento proporciona os melhores resultados.
Mesmo após a melhora é bom ter em mente que as recaídas são freqüentes. No caso da
internação, a taxa de recidiva imediata é superior a 25%. Portanto o acompanhamento destas
pacientes deve-se fazer por anos.
Quando “curado” a paciente deve ser capaz de separar comportamentos relacionados com
alimento e com o peso, de sentimentos e questões psicológicas; normalizar seu consumo
alimentar; manter um peso adequado e ser capaz de lidar com o alimento em situações
sociais.
O papel da família
Na maioria das vezes, porém, a família demora a perceber a evolução dos distúrbios
alimentares, provavelmente pelo desconhecimento das síndromes, despreparo médico em
diagnosticar as mesmas e escassez de serviços que oferecem tratamento especializado. O
sentimento de culpa e vergonha aliados a idéia de que este não seja um problema médico,
também adiam o diagnóstico.
O papel da família tem um grande peso na cura. A família também precisa de auxilio, devendo
os médicos muito bem preparados sobre a síndrome, explicar o porquê da recusa de
alimentos, que poderá ser para chamar-lhes atenção ou uma mera afirmação pessoal. Eles
deverão tentar compreender a situação e lutar em conjunto contra a doença, criando um
ambiente agradável perto dela.
A família também deverá ter um apoio com psicólogos e nutricionistas, porque a família
deverá ser totalmente reestruturada, tendo também novos hábitos como: reunir a família em
volta da mesa para o almoço e para o jantar.
O apoio psicológico ajudará a família a se preparar para uma luta diária que deverá durar até
mesmo anos, geralmente a família sofre porque não consegue ajudar e sobrecarrega o
indivíduo porque ele não quer ser ajudado.
Por mais que os pais e médicos achem que estão controlando a situação, as anoréxicas são
sempre mais espertas... pelo menos no começo...
Curso e Prognóstico
Conclusão
Vou contar uma parte do meu caso, digo uma parte porque existem muitos detalhes que terão
que ficar de fora, e espero poder ajudar quem está passando por isso, é difícil, eu ainda não
estou curada, mas vale a pena!
Quando era pequena, até uns 12 anos, eu era muito magra, muito mesmo, comia e não
engordava. Com 13 comecei a comer mais, porque achava que eu nunca iria engordar, eu nem
sabia o que era isso. Foi na mesma época em que eu cresci e o meu corpo começou a se
desenvolver. Acabei confundindo formas com gordura, não era mais um palito, mas nem
cheguei perto de ser gorda.
Passei um tempo assim, sem fazer dieta, comendo muita "porcaria", e sem o meu peso mudar
muito. Só que eu sempre achei lindo o corpo de modelo, reto feito uma tábua, corpo de
anoréxica, como dizem, mas eu ainda não sabia como era essa doença.
Em Outubro de 99, com 15 anos, resolvi perder peso pela primeira vez, mas não queria que
acontecesse comigo o famoso efeito sanfona (emagrece- engorda), e decidi nunca mais comer
o que comia.
Não contei pra ninguém o que pretendia, porque sabia que iriam dizer: "Pra que, você não
precisa!". Mentira, eu pensava, eu tô uma baleia!!! Cortei tudo que podia cortar, só almoçava,
muito pouco, e jantava um pão integral com uma folha de alface, quando jantava, o que
resultava em menos de 500 calorias por dia.
Não fazia exercícios porque nunca gostei de fazer, queria passar o dia normalmente, só queria
ver quanto tempo eu aguentava ficar sem comer. Eu me sentia muito bem quando ia dormir e
sentia meu estômago vazio, era uma vitória, mais um dia tinha se passado.
Em dois meses perdi 6 quilos, e já estava muito fraca, sendo que antes já estava com peso
normal. Sentia dores no corpo, minhas mãos e unhas ficaram roxas, tinha os olhos fundos,
estava completamente enfraquecida.
Tive sorte, pois a minha mãe logo percebeu o problema e me levou a vários médicos, desde
esse dia passei a freqüentá-los. A doença foi diagnosticada e eu comecei um tratamento com
um grupo de médicas, uma nutricionista, uma psicóloga e uma clínica geral.
No começo eu dava gargalhada quando diziam que eu estava doente, achava que elas estavam
loucas, e em uma semana eu seria dispensada. Com o tempo entendi que não era assim.
Aos poucos foram incluídos os alimentos no meu esquema alimentar, para que eu aumentasse
de 500 a 800g por semana. Perdi mais 3 quilos antes de começar a repor peso. Foi difícil, tenho
que comer tudo, era vigiada 24 horas pela minha mãe, ela me servia, cuidava de mim como um
bebê. Era assim que eu estava. Me irritava, chorava, esperneava, mas ela não dava bola e eu
me sentia incompreendida, estava sendo envenenada pela minha família.
Mas desde o começo vi que não podia enganar a minha família, nem minha médica, deixando
de comer ou fazendo exercícios, que são proibidos, por isso nunca os fiz. Chorava muito, todos
os dias, me sentia sozinha lutando contra todos, e ainda tendo que esconder das minha
amigas, porque aquilo não parecia ser real.
Apesar de não querer comer, queria cozinhar, fazer banquetes, doces, "engordar os outros
também". Via programas de receitas, colecionava livros de comida, decorei as calorias de tudo,
não pensava em outra coisa. Só me dei conta de como estava o meu corpo quando vi uma foto
no meu aniversário, em novembro, que eu estava parecendo morta, sem exageros! Imagino o
que os outros achavam de mim!
Bom, agora aumentei 3 quilos, com custo, e ainda faltam alguns. Mas já tenho alguma
liberdade, faço algumas refeições sozinha, e atividades normais, se não for exercício, claro!
Mas mesmo assim, ainda hoje eu penso que quando eu estiver "livre" vou fazer tudo de novo,
vou ficar um palito, mas bem longe daqui, onde ninguém possa me impedir. Acho que só assim
posso ser como quero. É bobagem, mas...
Bibliografia
Cordás, T.A. coord. Fome de cão: quando o medo de ficar gordo vira doença: anorexia, bulimia
e obesidade. São Paulo, Maltesse, 1994
Cordás T.A. ; Cabelo, Alícia; Anorexia e Bulimia: O que são? Como ajudar? Porto Alegre, Artes
Médicas, 1998
http://www.brasilescola.com/psicologia/anorexia2.htm