Você está na página 1de 3

COMPULSÃO ALIMENTAR

Oque é?

A compulsão alimentar é um transtorno alimentar caracterizado por episódios recorrentes de


ingestão de grandes quantidades de alimentos em um curto período de tempo, mesmo sem fome.

Pessoas com esse transtorno muitas vezes comem mais rápido do que o normal, sentem perda de
controle durante a alimentação e podem continuar comendo mesmo quando não estão fisicamente
famintas ou já estão saciadas.

Segundo Rafael Marques Soares, nutricionista e pesquisador do Instituto de Pesquisa do Hospital


do Coração de São Paulo, o primeiro ponto a ser esclarecido é que a compulsão alimentar é um
sintoma que se manifesta como um comportamento de algumas doenças psiquiátricas, entre elas o
Transtorno da Compulsão Alimentar (TCA).

Hoje com as redes sociais vemos pessoas que postam foto de dois brigadeiros e falam: ‘nossa, tive
uma compulsão’. Ou que comeram duas fatias de pizza ou um pedaço a mais de bolo de aniversário.
A partir daí, outras pessoas começam a se questionar se estão tendo uma compulsão por fazerem
algo parecido. Por conta desses modismos dietéticos, por essa preocupação exagerada e até por
algum desserviço que as redes sociais prestam, é preciso diferenciar bem o que pode ou não ser
sintoma de doenças graves como, por exemplo, bulimia e TCA. Dissociar isso um pouco para que
as pessoas não fiquem desnecessariamente culpadas ou preocupadas por estarem comendo normal

Após os episódios, é comum sentir vergonha, nojo, angústia ou culpa.

O que causa a compulsão alimentar?

As causas da compulsão alimentar podem incluir dietas muito restritivas, comer por conforto
emocional, baixa autoestima e problemas emocionais mais graves.

O transtorno de compulsão alimentar afeta ambos os sexos de forma homogênea, acometendo 3,5%
das mulheres e 2% dos homens ao longo da vida. É o mais frequente de todos os TAs. E, em
pacientes com obesidade, há um aumento significativo de sua ocorrência, em comparação com a
população geral. Os índices podem chegar até 30% ou 50%, dependendo do grau de obesidade. Para
diagnosticar o TCA Os episódios desse transtorno devem ser recorrentes, isto é, devem se repetir
pelo menos uma vez por semana pelo período mínimo de três meses, segundo o DSM-5-TR. Outro
ponto: esses ECAs devem estar associados a um sofrimento marcante, em virtude da compulsão
alimentar. Também devem estar presentes três ou mais das seguintes características associadas à
perda de controle: (a) comer mais rapidamente que o normal; (b) comer até se sentir
desconfortavelmente cheio; (c) comer grandes porções na ausência de sensação física de fome; (d)
comer sozinho por vergonha do quanto está comendo (e) e/ou sentir-se desgostoso de si mesmo,
deprimido ou muito culpado em seguida. Atenção! No caso do TCA, não há métodos
compensatórios inadequados, que são característicos da bulimia nervosa.

Qual o limite entre a fome e a vontade de comer

Sentir fome, além de saudável, é fundamental. Afinal, é assim que nosso corpo obtém a energia
necessária para se manter em funcionamento. Acontece que esse ato tão natural pode, por alguma
razão, ficar desregulado.

Caracteristicas
Algumas características podem ajudar da detecção dos transtornos alimentares:
•Referência a exageros alimentares ou episódios recorrentes de compulsão alimentar, especialmente
quando angustiado;
•Expressar culpa ou vergonha da sua alimentação;
•Sensação de perda de controle;
•Comportamentos alimentares estranhos;
•Queixas de náusea ou plenitude gástrica mesmo quando come quantidades normais de alimento;
•Exercício excessivo ou manter-se ativo de forma excessiva;
•Uso de métodos compensatórios inadequados;
•Relato de consumo excessivo de alimentos sem ganho de peso compatível;
•Se pesar com muita frequência;
•Excessivo foco no peso e/ou aparência física;
•Esconder alimentos ou dividi-los em pequenas porções;
•Mastigar lentamente pequenas porções de comida;
•Evitar comer na presença de outras pessoas;
•Acreditar que os alimentos consumidos se transformam imediatamente em gordura corporal;
•Evitar grupos alimentares específicos (vegetarianismo, macrobiótica, sem lactose, sem glúten, sem
gordura, low carb, etc.);
•Necessidade de ir ao banheiro logo após se alimentar;

Ferramentas diagnosticas:

Questionário da SCOFF-BR:
1. Você provoca vômito quando você está se sentindo desconfortavelmente cheio?
2. Você se preocupa de ter perdido o controle do quanto você come?
3.Você perdeu recentemente mais de 5 quilos num período de 3 meses?
4. Você acredita estar gordo(a) apesar das outras pessoas dizerem que você está muito magro(a)?
5. Você diria que a comida domina a sua vida?

Tratamento

O tratamento geralmente envolve terapia, acompanhamento nutricional e, em alguns casos,


medicamentos.

É importante buscar ajuda profissional se você ou alguém que conhece está lidando com a
compulsão alimentar, pois ela pode levar a problemas de saúde adicionais, como diabetes e níveis
elevados de colesterol.
Por isso, é importante ficar atento aos sinais, principalmente se a situação descrita lá no comecinho
tem se tornado uma rotina na sua vida. Uma vez que pessoas com compulsão alimentar podem estar
lutando para lidar com a tristeza, a raiva, o estresse, a ansiedade e outros sentimentos e emoções.

As metas do tratamento dos TAs incluem regularização do padrão alimentar, suspensão das práticas
purgativas, restritivas e orientação nutricional, além do tratamento psicológico e psiquiátrico. O
tratamento deve ser feito por equipe multidisciplinar especializada, composta por psiquiatra,
terapeuta, nutricionista, assistente social, enfermeiro, cirurgião-dentista e psicólogo, sendo possível
o envolvimento de outros profissionais.
“Alimentar-se adequadamente e não ficar longos períodos sem comer ajuda a evitar os episódios de
compulsão alimentar. Para as nossas emoções precisamos buscar alternativas que não sejam a
comida. Então se você está triste, ansioso ou estressado, a sua necessidade pode ser preenchida ao
conversar com um amigo, com um familiar ou com um profissional”, ensina Maria de Fátima.
Outras atividades também podem ajudar a acabar com o transtorno. “A atividade física, a prática
esportiva, integrar-se a um grupo, ajudar pessoas em atividades voluntárias, tudo isso ajuda a lidar
melhor com as emoções. E como intervenção, a psicoterapia, especialmente a cognitivo-
comportamental é a mais estudada e efetiva; e alguns medicamentos podem ser utilizados para
auxiliar o tratamento”, finaliza a endocrinologista.

Compulsão Alimentar e o surgimento de novas doenças

Sim! Por envolver o consumo excessivo de alimentos e, na maioria das vezes, estamos falando
de ultraprocessados, a compulsão alimentar pode se configurar como fator de risco para o
surgimento de doenças como: obesidade, hipertensão, diabetes, doenças cardiovasculares e câncer.
Também pode estar associada à anorexia, bulimia, entre outros transtornos. Pode ainda indicar ou
levar ao agravamento de quadros depressivos, ansiosos, outros transtornos alimentares, abuso de
substâncias e problemas com a autoimagem corporal.
Quando o episódio se conclui a sensação de fracasso, de remorso, incapacidade e descontrole é
muito grande. E isso monta um ciclo muito ruim na vida desse indivíduo, que fica abalado
emocionalmente. Ele está com alguma questão da vida que o impulsiona a comer, e aí come porque
está ansioso. Quando termina o episódio, a ansiedade não diminuiu com o alimento. Agora ela está
aumentada. Como resolver isso? Comendo de novo. Então ele entra nesse ciclo: está ansioso porque
comeu muito ou comeu muito porque está ansioso”

Você também pode gostar