Você está na página 1de 18

1

| ARTIGO DE REVISÃO NARRATIVA

O Impacto dos Transtornos Alimentares em Mulheres Adultas

The impact of eating disorders on adult womens

Isabella Almeida FREITAS¹ ORCID - 0009-0005-3501-8942

Letícia Fernandes MASSARI, ORCID - 0009-0005-6592-9763

Maria Julia Grubba GOUVEIA¹ ORCID - 0009-0007-9699-1310

Orientado por; Prof. Me. José Araujo de Oliveira Silva ORCID - 0000-0003-2734-
3030

RESUMO

Os transtornos alimentares são doenças que afetam não só a mente como o estilo de vida
da pessoa. Se caracterizam por comportamentos anormais de alimentação e de percepção
corporal.

Dentre os transtornos mais prevalentes estão: anorexia nervosa (AN), bulimia nervosa
(BN) e transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP).

As mulheres são mais propensas a desenvolver os transtornos alimentares, principalmente


pela pressão social para manter o “corpo perfeito”, que por muitos da sociedade são
classificados como magros.

Existem fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos e esses fatores podem ser
multifatoriais como: baixa autoestima, ansiedade, instabilidade afetiva, histórico familiar,
histórico de vida, hereditariedade, além de outros fatores socioculturais.

Outro fator que interfere hoje em dia principalmente nesses tipos de transtornos
alimentares, são as mídias sociais.

A mídia passa uma ideia de que o emagrecimento está diretamente ligado a experiências
positivas na vida da mulher, ou seja, se ela está magra, as experiências da vida dela serão
positivas, se não, serão negativas.

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


2

As consequências dos transtornos alimentares podem afetar significativamente a vida da


pessoa. Podem levar ao isolamento social e dificuldades nos relacionamentos afetivos. Já
as consequências físicas podem levar a desnutrição e outras deficiências nutricionais.

Outro fator físico são as complicações cardíacas e gastrointestinais.

O papel do nutricionista nesses casos é analisar o caso num todo. Identificar um padrão
alimentar e tentar modificá-lo da melhor forma possível com a ajuda de outros
profissionais. Orientar o paciente e até a família para que exista uma rede de apoio.

Universidade Anhembi Morumbi, graduação em nutrição.04546-001 São Paulo, SP, Brasil,


correspondente: I.A. FREITAS. e-mail - isabellaalmeidafreitas@gmail.com

As autoras se dividiram e cada uma ficou responsável por 1 capítulo, além disso;
A Maria Júlia ficou responsável pela formatação das referências bibliográficas e a
formatação de algumas ilustrações, a Letícia ficou responsável pela elaboração do resumo
e formatação de algumas ilustrações e a Isabella ficou responsável pela formatação geral
do artigo.
O artigo é oriundo de um Trabalho de conclusão de curso (TCC) para formação em
nutrição na universidade Anhembi Morumbi em 2023 O artigo não foi submetido à
plataforma Preprints.
Artigo de revisão narrativa na área de nutrição, possui 3 ilustrações e um total de x
palavras
INTRODUÇÃO
Os transtornos alimentares (TA) são doenças psiquiátricas caracterizadas por alterações
no comportamento alimentar e na percepção corporal, afetando principalmente mulheres
adultas. Essas doenças apresentam um impacto significativo na vida das pessoas
afetadas, tanto em termos físicos quanto psicológicos. A prevalência dos TA vem
aumentando nas últimas décadas, tornando-se um sério problema de saúde pública em
todo o mundo. [1]

Os transtornos alimentares podem ser classificados em três principais tipos: anorexia


nervosa (AN), bulimia nervosa (BN) e transtorno da compulsão alimentar periódica (TCAP).
A AN é definida pela restrição alimentar intensa, levando a um peso corporal abaixo do
normal. A BN é marcada por episódios recorrentes de ingestão compulsiva de alimentos,
seguido de comportamentos compensatórios, como vômitos ou uso de laxantes. Já o

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


3

TCAP é caracterizado por episódios recorrentes de ingestão compulsiva de alimentos, sem


comportamentos compensatórios. [2]

Os transtornos alimentares são mais prevalentes em mulheres do que em homens, e isso


pode ser atribuído a uma combinação de fatores biológicos, psicológicos e socioculturais.
Pressões sociais relacionadas à imagem corporal idealizada, normas de beleza irrealistas
e expectativas implacáveis de magreza têm contribuído para a perpetuação desses
transtornos entre as mulheres adultas. [3]

As mulheres adultas são especialmente vulneráveis aos TA, pois enfrentam uma pressão
social constante para manterem um corpo magro e atraente. Muitas mulheres
experimentam mudanças hormonais e corporais significativas durante a idade adulta, o
que pode aumentar o risco de desenvolver TA. [4]

Além disso, é fundamental compreender que os transtornos alimentares vão além da


preocupação com a aparência física. Eles representam um desequilíbrio profundo na
relação da mulher com a alimentação, causando danos emocionais, físicos e sociais
significativos. Portanto, é indiscutível que seja abordado de maneira compassiva e
holística, com a finalidade de promover a cura, o autocuidado e a reconstrução da
identidade saudável. [5]

O objetivo deste trabalho é analisar o impacto dos transtornos alimentares em mulheres


adultas, abordando as consequências físicas e psicológicas dessas doenças, bem como
as possibilidades de tratamento. A compreensão do impacto dos transtornos alimentares
em mulheres adultas é de fundamental importância para a elaboração de políticas públicas
de saúde, além de contribuir para a prevenção e tratamento dessa doença.

Diante da complexidade clínica dos transtornos alimentares, o tratamento requer uma


equipe interdisciplinar composta, no mínimo, por médico psiquiatra, psicólogo e
nutricionista, podendo também demais profissionais como psicólogos, enfermeiros e
outros contribuir para o tratamento dessa patologia.[6]

Em concordância a essa orientação, a American Dietetic Association afirma ao


nutricionista, na equipe multiprofissional, a orientação e educação nutricional devendo
esta ser integrada ao tratamento dos transtornos alimentares. [7]

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


4

OBJETIVOS

Associar fatores que impactam mulheres adultas diagnosticada com transtornos


alimentares

MÉTODOS

Foi realizada uma revisão narrativa de pesquisa por meio de buscas bibliográficas nas
bases de dados eletrônicos PubMed, Scielo e Scholar Google, publicados entre os anos
2003 a 2022, nos idiomas português, inglês e espanhol. Os descritores utilizados foram:
“transtornos alimentares”, “mulheres adultas”,”mídias sociais”, “transtornos alimentares",
“eating disorders", " adult women", “social media”, “transtornos alimentares”, “mujeres
adultas”, “redes sociales”, “transtornos alimentares”. Os critérios de inclusão foram artigos
com o tema relacionado às palavras descritoras e os critérios de exclusão são artigos que
são relacionados a homens, crianças ou adolescentes e fogem da temática principal.

TRANSTORNOS ALIMENTARES MAIS PREVALENTES EM MULHERES ADULTAS

De acordo com o National Institute of Mental Health [8] um dos transtornos alimentares
mais prevalentes é o transtorno da compulsão periódica (TCP); ele é definido por casos
periódicos de compulsão alimentar nos quais a pessoa sente culpa ao comer e um forte
descontrole ao se alimentar, porém diferente da bulimia nervosa, não é seguido de atos
purgatórios, logo pessoas com TCP normalmente estão obesas ou acima do peso ideal.

A bulimia (BN) é um transtorno alimentar caracterizado por episódios de compulsão em


tempo rápido e com grandes quantidades de um alimento, seguido por vários métodos
compensatórios de eliminação do alimento por conta do medo de engordar. É um
transtorno muito comum em adultos, sendo de 1% a 4% das mulheres jovens. [6]

O pensamento do indivíduo que sofre de bulimia está constantemente relacionado com a


alimentação, entretanto, ao contrário da pessoa anoréxica, que se afasta do alimento
quando enfrenta problemas, a pessoa bulímica volta a procurar o alimento em situações de
crise. As pessoas com bulimia reconhecem que o seu comportamento é anormal. Esse
transtorno envolve sentimento de culpa e arrependimento, e é frequente que esses
indivíduos tenham baixa autoestima e sofram de depressão – a qual chega a acometer
mais de 50% dos pacientes, elas se sentem frustradas, envergonhadas e sem controle
sobre a sua vida. A principal característica de indivíduos bulímicos é a impulsividade, que

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


5

se reflete em comportamentos como furto, atividade sexual intensa, uso abusivo de drogas
e álcool, automutilação ou tentativas de suicídio. Estudos afirmam que pessoas bulímicas
tendem a vir de famílias desorganizadas ou desestruturadas. [9]

Depois de um episódio bulímico, as pessoas geralmente se sentem culpadas e deprimidas,


é algo importante de se ressaltar que eles não se orgulham de seu comportamento. Em
geral, as pessoas vulneráveis que já tentaram alguma dieta restritiva principalmente na
adolescência, se frustram, pois, além de apresentar fatores genéticos que favorecem o
excesso de peso, possuem hábitos de vida não favoráveis. [10]

A anorexia nervosa (AN) é definida por uma diminuição acentuada e consecutiva da


ingestão de alimentos resultando em uma queda de peso corporal inadequada para a
idade, sexo e saúde física da pessoa. Ela se inicia por uma busca anormal pela magreza
extrema, associado a distorção de imagem corporal e a preocupação incessante de ganhar
peso. Muitas mulheres com anorexia se consideram acima do peso, mesmo estando em
baixo peso, passando fome ou gravemente desnutridas. [11]

Os transtornos alimentares são mais comuns em mulheres do que em homens, e a


prevalência desses transtornos tem aumentado nas últimas décadas. Estima-se que cerca
de 1% a 5% da população feminina sofra de anorexia nervosa, bulimia nervosa ou
transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP), e esses números podem ser ainda
maiores quando considerados os casos não diagnosticados. A busca por um corpo que a
sociedade conceitua ser perfeito é algo cada vez mais recorrente entre as pessoas e, com
isso, a busca pela magreza e o desenvolvimento de transtornos alimentares vêm
crescendo todos os dias. Nos transtornos alimentares, ocorre alteração grave do padrão
alimentar relacionada a problemas fisiológicos. [4]

Sabemos que os transtornos alimentares estão presentes em pessoas de ambos os sexos,


porém, apresentam maior prevalência nas mulheres, levando a quadros importantes e
graves de desnutrição, cansaço, problemas psicológicos e cognitivos. As causas desses
transtornos devem ser investigadas para que se alcance um adequado padrão nutricional.
[9]

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


6

Figura 1. Hudson JI, et al. The prevalence and correlates of eating disorders in the
National Comorbidity Survey Replication. 2007. Biol Psychiatry. [12]

FATORES DE RISCO PARA TRANSTORNOS ALIMENTARES EM MULHERES


ADULTAS

Os transtornos alimentares são de causa multifatorial, são determinados por diversos de


fatores biológicos, genéticos, psicológicos, socioculturais e familiares que interagem entre
si para produzir e perpetuar doenças. [1]

São considerados fatores de risco: sexo feminino; baixa autoestima; traços obsessivos
e/ou perfeccionistas, impulsividade e instabilidade afetiva; dificuldade em se expressar;
transtornos psiquiátricos como depressão, transtornos da ansiedade ou dependência de
alguma substância; tendência à obesidade; abuso sexual; hereditariedade; histórico
familiar de TA; padrões de interação familiar como rigidez, impulsividade e evitação de
conflitos ou desorganização e falta de cuidados; além dos fatores socioculturais como o
ideal cultural da magreza. [13]

Esses transtornos podem ser desencadeados por conflitos familiares, no qual são um traço
comum em muitos casos, além disso, a pressão da família sobre um peso corporal
também é um fator importante, como envolvimento exagerado, rigidez, superproteção e
negação são características comuns. Outro fator que pode desencadear transtornos
alimentares, são os problemas de controle que são significativos no desenvolvimento da

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


7

anorexia, por exemplo. O isolamento social também é uma questão comum nos indivíduos
anoréxicos, ficam decepcionados com o fato de se relacionarem com pessoas,
permanecendo isolados socialmente, muitas vezes, em razão de suas famílias
problemáticas. Por isso, concentram-se na comida, em comer e no peso, em vez de
buscar se relacionar com outras pessoas.[9]

O final do século 20 e início do século 21 são marcados pelo culto ao corpo. Hoje, a busca
pelo “corpo perfeito” acabou se tornando obsessiva, o que acaba se tornando um estilo de
vida para muitas pessoas, especialmente para mulheres da classe média. [14]

A evolução dos padrões estéticos demonstra, a partir dos anos 60 (com auge na
atualidade), a construção de uma imagem feminina desleixada, se transformou em
manequins e modelos, que vêm assumindo medidas cada vez menores. A busca pelo
corpo perfeito já começou a ser percebida no começo dos anos 80. Foi feito um estudo em
que desde o ano de 1959 ao ano de 1978, foi constatada uma mudança gradual no padrão
estético. Os autores do estudo viram uma transição das formas corporais curvilíneas para
um modelo corporal mais magro e sem formas definidas.[4]

Assim, o ser humano é impulsionado, de diversas formas, a consolidar, no próprio corpo, a


ideia de corpo ideal da cultura na qual está inserido. A sociedade, principalmente as
mulheres, acabam sendo mais vulneráveis aos ideais de padrão de beleza criados, e são
automaticamente pressionadas para essa representação por punições como: críticas,
desprezo, deboche e gratificações como: dinheiro, poder, admiração. As consequências de
todos esses fatos são tão poderosas e influentes, que o indivíduo perde o contato interno e
perde a conexão com seu corpo real. [15]

CONSEQUÊNCIAS FÍSICAS E PSICOLÓGICAS DOS TRANSTORNOS ALIMENTARES


EM MULHERES ADULTAS.

A sociedade contemporânea continua a ser influenciada por esses padrões de beleza


irreais e normas corporais idealizadas, sendo uma exposição das mulheres a imagens
retocadas e mensagens que promovem a magreza como um ideal de beleza, o que pode
levar a uma intensificação das preocupações com o peso, forma corporal e aparência. Isso
contribui para a insatisfação corporal e aumenta o risco de desenvolvimento de transtornos
alimentares. [16]

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


8

Os transtornos alimentares têm raízes profundas no contexto psicológico. Alguns estudos


mostram que mulheres com transtornos alimentares têm uma alta prevalência de sintomas
de depressão e ansiedade. A pressão social relacionada à imagem corporal, a insatisfação
com a aparência física e a intensa preocupação com o peso e a forma corporal podem
contribuir para o desenvolvimento desses transtornos de saúde mental. Além de questões
como baixa autoestima, perfeccionismo e traumas passados podem desempenhar um
papel significativo no desenvolvimento e na manutenção desses distúrbios.[17]

Os altos níveis de ansiedade e depressão em mulheres adultas causam a preocupação


constante com a alimentação, peso e forma corporal, juntamente com os sentimentos de
inadequação e autocrítica, contribuem para o desenvolvimento desses transtornos de
saúde mental. [18]

Muitas vezes apresentam traços de perfeccionismo e altos níveis de autoexigência. Elas


estabelecem padrões inatingíveis para si mesmas, relacionados ao peso, forma corporal e
alimentação, o que contribui para a manutenção do transtorno. [19]

As mulheres com transtornos alimentares frequentemente sofrem com a baixa autoestima


e uma percepção distorcida de sua própria aparência física. Elas tendem a superestimar o
peso corporal e a insatisfação com a imagem corporal. [20]

Esses fatores podem levar ao isolamento social e dificuldades nos relacionamentos


interpessoais. Elas podem evitar eventos sociais que envolvem alimentação, sentir-se
incompreendidas pelos outros ou experimentar dificuldades em manter relacionamentos
íntimos. [2]

Um fator muito presente dos dias atuais, são as redes sociais, elas desempenham um
papel significativo com as mulheres adultas sendo expostas a conteúdos relacionados a
dietas restritivas, culto ao corpo e comparações sociais, o que pode aumentar a
insatisfação corporal e a preocupação com o peso. Além disso, as redes sociais podem
servir como um espaço para validação e reforço de comportamentos alimentares
desordenados, causando a elas uma visão negativa de si mesmas, baseada
principalmente na aparência física e no peso corporal, o que contribui para a manutenção
do transtorno e dificulta a recuperação. [21]

Já as consequências físicas envolvem desnutrição e deficiências nutricionais, por conta de


restrição alimentar severa, comum na anorexia nervosa, que pode levar à desnutrição e
deficiências de vitaminas e minerais essenciais, como ferro, zinco, cálcio e vitaminas do

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


9

complexo B. Essas deficiências podem ter impactos negativos na saúde geral, causando
fraqueza, fadiga, comprometimento imunológico e problemas de pele. [22]

Os fatores físicos que podem causar nas mulheres são as complicações cardíacas, como
hipotensão (pressão arterial baixa), bradicardia (ritmo cardíaco lento) e arritmias cardíacas.
A desnutrição e a perda de massa muscular podem colocar uma pressão adicional sobre o
coração, aumentando o risco de danos ao músculo cardíaco e insuficiência cardíaca. Além
disso, os distúrbios menstruais, como a amenorreia (ausência de menstruação) ou
oligomenorreia (menstruações irregulares). A falta de nutrientes e a desregulação
hormonal podem afetar o ciclo menstrual, resultando em problemas de fertilidade e
complicações reprodutivas. [23]

Alguns casos os problemas gastrointestinais, muitas vezes causados pela bulimia nervosa,
devido aos episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos
compensatórios, como vômitos autoinduzidos. Esses problemas podem incluir inflamação
do esôfago, ruptura do esôfago, úlceras estomacais, refluxo gastroesofágico e pancreatite.
[22]

Figura 2. Hudson JI, et al. The prevalence and correlates of eating disorders in the
National Comorbidity Survey Replication. 2007. Biol Psychiatry. [12]

A INFLUÊNCIA DAS MÍDIAS SOCIAIS NA IMAGEM CORPORAL E NOS


TRANSTORNOS ALIMENTARES EM MULHERES ADULTAS.

A atualidade vem sendo notada por passar uma imagem idealizada de perfeição do corpo
humano, com padrões já definidos. A supervalorização do corpo feminino não é algo

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


10

recente, porém o que se percebe é uma mudança no padrão de beleza atual. A mídia se
relaciona com a indústria de beleza de tal modo que, acabam propagando e atendendo às
regras estabelecidas pelo mercado capitalista e parâmetros criados para um corpo
considerado bonito, que atualmente é atribuído à imagem magra e jovial. E está ligado ao
sucesso, à liberdade, ao bem-estar e à felicidade, e se torna um ponto determinante para
aceitação e inserção social das mulheres. [24]

A ideia de que a mulher precisa ter um corpo perfeito foi imposto pela sociedade e é muito
incentivada pelas mídias sociais. A indústria da beleza está se perdendo a ideia de que, ao
acontecer uma mudança corporal, também acontecerão mudanças emocionais e
alterações em experiências já vividas, o corpo para a mulher possui um enorme peso e
está ligado a experiências emocionais. Atualmente existe uma validação que foi criada
pela sociedade, em que a crença de que o emagrecimento está ligado diretamente ao
bem-estar social e emocional. Perante a sociedade isso se torna realidade, tendo em vista
um padrão de beleza magra, de que a beleza nos traz felicidade, logo as mídias sociais se
tornam um fator de risco para o desenvolvimento de TAs. [25]

O conceito de beleza vem mudando diariamente ao longo do tempo. Hoje em dia com as
mídias sociais, vemos uma outra realidade. Hábitos e práticas alimentares são baseados
de acordo com determinações socioculturais. [26]

A mídia age de forma profunda sobre o modo como a sociedade pensa e se comporta.
Podemos ver que a insatisfação das adolescentes com sua imagem é provavelmente
desenvolvida pelo corpo idealizado e perfeito que a sociedade cria e que é disseminado
pela mídia. Porém o ideal de magreza e corpo escultural muitas vezes proposto é uma
impossibilidade biológica para grande parte das pessoas, e isso tem levado cada vez mais
à insatisfação corporal. É nesse âmbito em que, na tentativa de conseguir um corpo
considerado atraente e culturalmente aceito, os TAs se acabam se desenvolvendo. [27]

A mídia, a serviço da indústria da beleza, participa ativamente deste processo, divulgando


e atendendo as leis do mercado capitalista e os parâmetros criados para um corpo
considerado “perfeito”, que atualmente é atribuído à imagem magra, jovem e fina. O que
acaba sendo constantemente vinculado ao sucesso, à liberdade, ao bem-estar e à
felicidade, e se torna um ponto determinante para aceitação e inserção social da mulher.
[24]

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


11

TRATAMENTO DE TRANSTORNOS ALIMENTARES EM MULHERES ADULTAS

O tratamento requer uma equipe multidisciplinar, formada por médicos experientes,


nutricionistas, psicólogos e outros profissionais de saúde, os quais deverão trabalhar em
conjunto. Em alguns casos extremos é necessário o encaminhamento do paciente para
uma clínica de transtornos alimentares ligada a um centro médico. O tratamento começa
em regime ambulatorial e podem ser necessárias três a cinco consultas por semana.[28]

Algumas pessoas com Bulimia não têm um diagnóstico, pois é algo mais difícil de se
suspeitar. As pessoas que sofrem de bulimia têm um padrão alimentar discreto,
escondendo seus hábitos alimentares fora do normal. Dessa forma, a maioria dos
diagnósticos de bulimia são relatados pelo próprio paciente, sendo assim, as estimativas
de acontecimento provavelmente são mais altas do que a realidade. [29]

A American Dietetic Association [30] estabeleceu diretrizes básicas para o tratamento


nutricional dos transtornos alimentares, sendo a fase inicial baseada em educação
nutricional e uma fase seguinte baseada em aconselhamento para mudar comportamentos
e atitudes alimentares.

Em caso de uso excessivo de laxantes, vômitos repetidos, uso de drogas e depressão,


principalmente se houver sinais de danos físicos, pode ser necessária a hospitalização. [8]

O nutricionista tem um papel importantíssimo no diagnóstico de transtornos alimentares,


pois através da avaliação nutricional poderá ser identificado comportamentos e sintomas
relacionados a essas doenças, possibilitando assim, um diagnóstico mais preciso. [31]

O tratamento nutricional deve promover hábitos alimentares saudáveis, a cessação de


comportamentos inadequados como consumo excessivo de alimentos ou restrição radical
e a melhora na relação do paciente com o alimento que ele consome e o corpo dele. O
tratamento de anorexia nervosa tem como objetivo restabelecer o peso, normalizar o
padrão alimentar, corrigir a percepção de peso e saciedade além de corrigir quaisquer
sequelas biológicas provocadas pelo transtorno, o ganho de peso deve ser realizado de
forma gradual, as deficiências de vitaminas e 10 minerais são mais raras nesta patologia.
Já na bulimia nervosa o tratamento o objetivo é cessar as compulsões, minimizar as

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


12

restrições quanto a alimentação, regularizar com padrão a alimentação e corrigir


deficiências nutricionais. [32]

Qu
adro 1 - Catalina Camas Cabrera - Médica Psiquiatra - Revistas USP. 2006. [40]

O PAPEL DO NUTRICIONISTA NO TRATAMENTO DE TRANSTORNOS


ALIMENTARES

É importante que o profissional da nutrição faça com que a dieta seja adequada para cada
organismo , ajudando em absorver, digerir ou tolerar determinados tipos de alimentos que
o corpo não aceita, promover o aumento da capacidade do organismo de metabolizar cada
um desses nutrientes, eliminar o estado de deficiência, voltado para a nutrição do
indivíduo; estimular ou ajudar com o repouso de determinado órgão do corpo humano que
esteja sobrecarregado, como o intestino, o estômago ou o esôfago, pela dieta com
alimentos que não prejudiquem os órgãos. [33]

O tratamento nutricional deve promover hábitos alimentares saudáveis, a cessação de


comportamentos inadequados como consumo excessivo de alimentos ou restrição radical
e a melhora na relação do paciente com o alimento que ele consome e o corpo dele. O
tratamento de anorexia nervosa tem como objetivo restabelecer o peso, normalizar o

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


13

padrão alimentar, corrigir a percepção de peso e saciedade além de corrigir quaisquer


sequelas biológicas provocadas pelo transtorno, o ganho de peso deve ser realizado de
forma gradual, as deficiências de vitaminas e minerais são mais raras nesta patologia. Já
na bulimia nervosa o tratamento o objetivo é cessar as compulsões, minimizar as
restrições quanto a alimentação, regularizar com padrão a alimentação e corrigir
deficiências nutricionais. [32]

Além disso, na conduta profissional, é importante educar familiares e pacientes a adotarem


rotinas alimentares mais saudáveis, que estejam propensos ao estilo de vida da família,
com qualidade de vida e saúde, além do exercício físico que é necessário. [34]

O nutricionista precisa estar alerta ao comportamento alimentar do paciente. Na anamnese


ser observador para que o diagnóstico seja preciso de acordo com as informações. Deve
ser orientado de forma adequada para o paciente, sobre a importância da nutrição e os
efeitos fisiológicos do corpo que esse TA pode causar. O paciente precisa sentir-se seguro
com o nutricionista, a ponto de permitir intervenções e alterações na relação
paciente/alimento, para que esse indivíduo alcance a autonomia de interagir de forma
consciente e saudável, conquistando os benefícios que os alimentos produzem em seu
organismo. [35]

Um dos papéis do nutricionista, com seu conhecimento sobre os alimentos e necessidades


nutricionais é identificar um padrão adequado para o paciente que garanta um estilo de
vida saudável e pleno. [36]

O nutricionista em uma consulta é capaz de observar o comportamento, rotina, apetite,


inseguranças e crenças, com isso, em conjunto com sua equipe, criar uma rotina saudável
e uma relação leve entre o paciente e a comida, sem problemas para um futuro distúrbio
alimentar. [37]

Para o tratamento de TAs (Transtornos Alimentares) os nutricionistas enfrentam um longo


e estressante caminho para o tratamento de seu paciente, pode conta de uma complexa
dinâmica, além de precisar envolver outros profissionais da saúde. [38]

Uma ferramenta muito utilizada nessa área de TA pelos nutricionistas é a literatura sobre
Educação Alimentar e Nutricional e a Técnica Cognitivo-comportamental, elas apresentam
um resultado eficiente. [39]

CONCLUSÃO

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


14

Diante disso conclui-se que transtornos alimentares são uma doença psiquiátrica grave, e
que as mulheres são um grupo de risco por terem mais suscetibilidade. Para o tratamento
é necessária uma equipe multidisciplinar que esteja alinhada. O nutricionista possui um
papel importante quando tratamos a respeito do tratamento, a sua abordagem precisa ser
muito cuidadosa e focando sempre em melhorar os hábitos da sua paciente. Logo
concluímos que existem diversos fatores que impactam diretamente mulheres
diagnosticadas com transtornos alimentares, dentre eles o apoio e núcleo familiar, pois
muitas vezes os transtornos também podem ser desencadeados por conflitos familiares, a
pressão estética também, outro fator é o impacto direto que os transtornos alimentares têm
na vida das pessoas, elas podem desencadear outros transtornos psiquiátricos além de se
isolarem da sociedade entre outros

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1. Borges NJ, et al. Transtornos Medicina do Esporte. Niterói,
alimentares - quadro clínico. 2003. Vol. 9. Num 6. p. 348- 356.
Revista Medicina, Ribeirão Preto,
5. Herrin M,Taylor, Francis.
2006. v. 39, n. 3, p. 340-348.
Nutrition counseling in the

2. Keel PK, Forney KJ. treatment of eating disorders.

Psychosocial risk factors for New York, 2003.

eating disorders. International


Journal of Eating Disorders. 6. Yager J, Andersen A, Devlin M,

2013. Egger H, Herzog D, Mitchell J, et


al. Practice guidelines for the
treatment of patients with
3. Pinzon V, Nogueira FC.
eating disorders. Second edition.
Epidemiologia, curso e
In: American Psychiatric
evolução dos transtornos
Association practice guidelines for
alimentares. Revista Psiquiatria
treatment of psychiatric disorders:
Clínica. 2004. 31 (4); 158-160.
compendium 2000. 1st edition.
4. Oliveira FP, Bosi MLM, Vigário Washington (DC): American
PS, Vieira RS. Comportamento Psychiatric Association; 2000.
Alimentar e Imagem Corporal
em Atletas. Revista Brasileira de

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


15

7. Ozier AD, Henry BW. Position of 13. MORGAN et al., 2002 Borges et
the American Dietetic al, 2006. Transtornos
Association: nutrition Alimentares: uma revisão dos
intervention in the treatment of aspectos etiológicos e das
eating disorders. American principais complicações
Dietetic Association. 2011. J Am clínicas.
Diet Assoc.111:1236-41.

14. Castilho, et al. Transtornos


8. Gordon JA. A Milestone in
Alimentares: O Papel Dos
Mapping the Brain. U.S.
Aspectos Culturais No Mundo
Department of Health and Human
Contemporâneo .2001.
Services, National Institutes of
Health, National Institute of Mental
15. Carreteiro TC. Tempo e
Health. 6 de outubro, 2021.
contemporaneidade. Psicologia
em Revista, Belo Horizonte, 2005.
9. ALVARENGA MS, DUNKER KLL,
v. 11, n. 17, p. 62-76, jun.
PHILIPPI ST. Transtornos
Alimentares e Nutrição – da
16. Perloff RM. Social Media Effects
prevenção ao tratamento. São
on Young Women’s Body Image
Paulo: Manole, 2019.
Concerns: Theoretical
Perspectives and an Agenda for
10. Busse SR. Anorexia, Bulimia e
Research. Feminist Forum
Obesidade. São Paulo: Manole,
Review Article. 2014.
2003.

11. James E, Mitchell MD, Carol B,


17. Fairburn CG, Cooper Z, Doll HA,
Peterson PD. Anorexia Nervosa.
Welch SL. Risk factors for
The New England Journal of
anorexia nervosa: Three
Medicine, 2020.
integrated case-control
12. Hudson JI, Hiripi E, Pope HG Jr, comparisons. Archives of
Kessler RC. The prevalence and General Psychiatry. 1999.
correlates of eating disorders in
18. Nardi, Beyer H, Melere C. O
the National Comorbidity
papel da terapia cognitivo-
Survey Replication. 2007. Biol
comportamental na anorexia
Psychiatry. Feb 1;61(3):348-58.
nervosa. Rev. bras. ter. comport.

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


16

cogn. [online]. 2014, vol.16, n.1, meta-analysis of 36 studies.


pp. 55-66. ISSN 1517-5545. PubMed, 2011.

19. Bardone CAM, Sturm K, Lawson 24. Gonçalves, Martínez VO, Parra J.

MA, Robinson DP, Smith R, Tylka Imagem corporal de

TL, et al. The Interpersonal adolescentes: um estudo sobre

Model of Loss of Control as relações de gênero e

Eating: Examining the influência da mídia.

Mediating Roles of Self‐esteem, Comunicação & Informação,

Negative Affect, and Depressive Goiânia, GO, 2014. v. 17, n.2, p.

Symptoms. International Journal 136-156, jul./dez.

of Eating Disorders.2010. 25. Vale AMO, Elias LR.


Transtornos alimentares: uma
20. Keel PK, Dorer DJF, Jackson S,
perspectiva analítico-
Herzog, DB. Postremission
comportamental. Eating
predictors of relapse in women
disorders: a behavioral analysis
with eating disorders. The
perspective. Rev. bras. ter.
American Journal of Psychiatry.
comport. cogn. São Paulo, 2011.
2005.
vol.13 no.1.
21. Fardouly J, Diedrichs PC,
26. Serra GMA. Saúde e nutrição na
Vartanian LR , Halliwell E. Social
adolescência: O discurso sobre
comparisons on social media:
dietas na Revista Capricho.
the impact of Facebook on
Dissertação de Mestrado não
young women's body image
publicada. Escola Nacional de
concerns and mood. PubMed.
Saúde Pública. Fundação
2015.
Oswaldo Cruz. Rio de Janeiro, RJ.

22. Mehler PS, Krantz M. Anorexia 2001.

Nervosa Medical Issues. Journal 27. Ludewig AM, Rech RR, Halpern
of Women's Health. 2003. 331- R, Zanol F, Frata B, et al.
340. Prevalência de sintomas para

23. Arcelus J, Mitchell AJ, Wales transtornos alimentares em

J,Nielsen S. Mortality rates in escolares de 11 a 15 anos da

patients with anorexia nervosa rede municipal de ensino da

and other eating disorders. A cidade de Nova Petrópolis, RS.

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


17

Revista da AMRIGS, 2017. 61(1),


33. Tirapegui, Mendes J, Rebello R.
35-39.
Nutrição, Metabolismo e
28. Cordioli AV, et al. Manual Suplementação na Atividade
diagnóstico e estatístico de Física. São Paulo, 2012.
transtornos mentais: DSM-5. 5.
ed. Porto Alegre, Artmed, 2014. 34. Naves A, Paschoal V. Tratado de

29. Frances A, First MB, Pincus HA. Nutrição Esportiva Funcional -

American Psychiatric Association 1ªED.2014.

DSM-IV. 1995.
35. Galisa, Santiago S, et al.
30. American Dietetic Association Educação Alimentar e Nutricional:
(ADA). Position of the American da teoria à prática. 1ª edição. Vila
Dietetic Association: nutritional Mariana, SP: Roca, 2014.
intervention in the treatment of
36. Lima RAR. Relação entre Mídias
anorexia nervosa, bulimia
Sociais e Transtornos de
nervosa, and eating disorders
Autoimagem em Mulheres. TCC
not otherwise specified
(Trabalho de Conclusão do Curso
(EDNOS). J Am Diet Assoc.
de Nutrição) - Centro Universitário
2001.101(7): 810-19.
de Brasília, Brasília. 2019.

31. Grupo de Obesidade e 37. Leite RPP, Diniz TM, Aoyama EA.
Transtornos Alimentares (GOTA), O Papel da Nutrição
Instituto de Psiquiatria (IPUB), Comportamental no Tratamento
Universidade Federal do Rio de dos Transtornos Alimentares e
Janeiro (UFRJ), Rio de Janeiro, na Distorção da Imagem.
RJ. Revista brasileira interdisciplinar
de saúde.2020. 2(4), 65-69.
32. Dunker, Lenz CI. Formas de
apresentação do sofrimento
psíquico: alguns tipos clínicos
no Brasil contemporâneo . Rev.
Mal-Estar e Subj. [online]. 2004,
vol.4, n.1, pp. 94-111. ISSN 1518-
6148.

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023


18

38. Kachani AT. Checagem do tratamento dos transtornos


Corpo em Transtornos alimentares. Brazilian Journal of
Alimentares: relação entre Health Review. 2020. 3(4), p.
comportamentos e cognições. 10611-10620.
Tese (Doutorado) - Curso de
Ciências, Faculdade de Medicina, 40. Cabrera CC. Médica Psiquiatra -

Universidade de São Paulo, São Revistas USP. 2006.

Paulo. 2012.

39. Farias CTS, Rosa RH. A


educação alimentar e
nutricional como estratégia no

Rev. de Nutrição, PUC Campinas, 22(1):31-41, jan./julh., 2023

Você também pode gostar