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Orientado por; Prof. Me. José Araujo de Oliveira Silva ORCID - 0000-0003-2734-
3030
RESUMO
Os transtornos alimentares são doenças que afetam não só a mente como o estilo de vida
da pessoa. Se caracterizam por comportamentos anormais de alimentação e de percepção
corporal.
Dentre os transtornos mais prevalentes estão: anorexia nervosa (AN), bulimia nervosa
(BN) e transtorno de compulsão alimentar periódica (TCAP).
Existem fatores de risco para o desenvolvimento de transtornos e esses fatores podem ser
multifatoriais como: baixa autoestima, ansiedade, instabilidade afetiva, histórico familiar,
histórico de vida, hereditariedade, além de outros fatores socioculturais.
Outro fator que interfere hoje em dia principalmente nesses tipos de transtornos
alimentares, são as mídias sociais.
A mídia passa uma ideia de que o emagrecimento está diretamente ligado a experiências
positivas na vida da mulher, ou seja, se ela está magra, as experiências da vida dela serão
positivas, se não, serão negativas.
O papel do nutricionista nesses casos é analisar o caso num todo. Identificar um padrão
alimentar e tentar modificá-lo da melhor forma possível com a ajuda de outros
profissionais. Orientar o paciente e até a família para que exista uma rede de apoio.
As autoras se dividiram e cada uma ficou responsável por 1 capítulo, além disso;
A Maria Júlia ficou responsável pela formatação das referências bibliográficas e a
formatação de algumas ilustrações, a Letícia ficou responsável pela elaboração do resumo
e formatação de algumas ilustrações e a Isabella ficou responsável pela formatação geral
do artigo.
O artigo é oriundo de um Trabalho de conclusão de curso (TCC) para formação em
nutrição na universidade Anhembi Morumbi em 2023 O artigo não foi submetido à
plataforma Preprints.
Artigo de revisão narrativa na área de nutrição, possui 3 ilustrações e um total de x
palavras
INTRODUÇÃO
Os transtornos alimentares (TA) são doenças psiquiátricas caracterizadas por alterações
no comportamento alimentar e na percepção corporal, afetando principalmente mulheres
adultas. Essas doenças apresentam um impacto significativo na vida das pessoas
afetadas, tanto em termos físicos quanto psicológicos. A prevalência dos TA vem
aumentando nas últimas décadas, tornando-se um sério problema de saúde pública em
todo o mundo. [1]
As mulheres adultas são especialmente vulneráveis aos TA, pois enfrentam uma pressão
social constante para manterem um corpo magro e atraente. Muitas mulheres
experimentam mudanças hormonais e corporais significativas durante a idade adulta, o
que pode aumentar o risco de desenvolver TA. [4]
OBJETIVOS
MÉTODOS
Foi realizada uma revisão narrativa de pesquisa por meio de buscas bibliográficas nas
bases de dados eletrônicos PubMed, Scielo e Scholar Google, publicados entre os anos
2003 a 2022, nos idiomas português, inglês e espanhol. Os descritores utilizados foram:
“transtornos alimentares”, “mulheres adultas”,”mídias sociais”, “transtornos alimentares",
“eating disorders", " adult women", “social media”, “transtornos alimentares”, “mujeres
adultas”, “redes sociales”, “transtornos alimentares”. Os critérios de inclusão foram artigos
com o tema relacionado às palavras descritoras e os critérios de exclusão são artigos que
são relacionados a homens, crianças ou adolescentes e fogem da temática principal.
De acordo com o National Institute of Mental Health [8] um dos transtornos alimentares
mais prevalentes é o transtorno da compulsão periódica (TCP); ele é definido por casos
periódicos de compulsão alimentar nos quais a pessoa sente culpa ao comer e um forte
descontrole ao se alimentar, porém diferente da bulimia nervosa, não é seguido de atos
purgatórios, logo pessoas com TCP normalmente estão obesas ou acima do peso ideal.
se reflete em comportamentos como furto, atividade sexual intensa, uso abusivo de drogas
e álcool, automutilação ou tentativas de suicídio. Estudos afirmam que pessoas bulímicas
tendem a vir de famílias desorganizadas ou desestruturadas. [9]
Figura 1. Hudson JI, et al. The prevalence and correlates of eating disorders in the
National Comorbidity Survey Replication. 2007. Biol Psychiatry. [12]
São considerados fatores de risco: sexo feminino; baixa autoestima; traços obsessivos
e/ou perfeccionistas, impulsividade e instabilidade afetiva; dificuldade em se expressar;
transtornos psiquiátricos como depressão, transtornos da ansiedade ou dependência de
alguma substância; tendência à obesidade; abuso sexual; hereditariedade; histórico
familiar de TA; padrões de interação familiar como rigidez, impulsividade e evitação de
conflitos ou desorganização e falta de cuidados; além dos fatores socioculturais como o
ideal cultural da magreza. [13]
Esses transtornos podem ser desencadeados por conflitos familiares, no qual são um traço
comum em muitos casos, além disso, a pressão da família sobre um peso corporal
também é um fator importante, como envolvimento exagerado, rigidez, superproteção e
negação são características comuns. Outro fator que pode desencadear transtornos
alimentares, são os problemas de controle que são significativos no desenvolvimento da
anorexia, por exemplo. O isolamento social também é uma questão comum nos indivíduos
anoréxicos, ficam decepcionados com o fato de se relacionarem com pessoas,
permanecendo isolados socialmente, muitas vezes, em razão de suas famílias
problemáticas. Por isso, concentram-se na comida, em comer e no peso, em vez de
buscar se relacionar com outras pessoas.[9]
O final do século 20 e início do século 21 são marcados pelo culto ao corpo. Hoje, a busca
pelo “corpo perfeito” acabou se tornando obsessiva, o que acaba se tornando um estilo de
vida para muitas pessoas, especialmente para mulheres da classe média. [14]
A evolução dos padrões estéticos demonstra, a partir dos anos 60 (com auge na
atualidade), a construção de uma imagem feminina desleixada, se transformou em
manequins e modelos, que vêm assumindo medidas cada vez menores. A busca pelo
corpo perfeito já começou a ser percebida no começo dos anos 80. Foi feito um estudo em
que desde o ano de 1959 ao ano de 1978, foi constatada uma mudança gradual no padrão
estético. Os autores do estudo viram uma transição das formas corporais curvilíneas para
um modelo corporal mais magro e sem formas definidas.[4]
Um fator muito presente dos dias atuais, são as redes sociais, elas desempenham um
papel significativo com as mulheres adultas sendo expostas a conteúdos relacionados a
dietas restritivas, culto ao corpo e comparações sociais, o que pode aumentar a
insatisfação corporal e a preocupação com o peso. Além disso, as redes sociais podem
servir como um espaço para validação e reforço de comportamentos alimentares
desordenados, causando a elas uma visão negativa de si mesmas, baseada
principalmente na aparência física e no peso corporal, o que contribui para a manutenção
do transtorno e dificulta a recuperação. [21]
complexo B. Essas deficiências podem ter impactos negativos na saúde geral, causando
fraqueza, fadiga, comprometimento imunológico e problemas de pele. [22]
Os fatores físicos que podem causar nas mulheres são as complicações cardíacas, como
hipotensão (pressão arterial baixa), bradicardia (ritmo cardíaco lento) e arritmias cardíacas.
A desnutrição e a perda de massa muscular podem colocar uma pressão adicional sobre o
coração, aumentando o risco de danos ao músculo cardíaco e insuficiência cardíaca. Além
disso, os distúrbios menstruais, como a amenorreia (ausência de menstruação) ou
oligomenorreia (menstruações irregulares). A falta de nutrientes e a desregulação
hormonal podem afetar o ciclo menstrual, resultando em problemas de fertilidade e
complicações reprodutivas. [23]
Alguns casos os problemas gastrointestinais, muitas vezes causados pela bulimia nervosa,
devido aos episódios de compulsão alimentar seguidos de comportamentos
compensatórios, como vômitos autoinduzidos. Esses problemas podem incluir inflamação
do esôfago, ruptura do esôfago, úlceras estomacais, refluxo gastroesofágico e pancreatite.
[22]
Figura 2. Hudson JI, et al. The prevalence and correlates of eating disorders in the
National Comorbidity Survey Replication. 2007. Biol Psychiatry. [12]
A atualidade vem sendo notada por passar uma imagem idealizada de perfeição do corpo
humano, com padrões já definidos. A supervalorização do corpo feminino não é algo
recente, porém o que se percebe é uma mudança no padrão de beleza atual. A mídia se
relaciona com a indústria de beleza de tal modo que, acabam propagando e atendendo às
regras estabelecidas pelo mercado capitalista e parâmetros criados para um corpo
considerado bonito, que atualmente é atribuído à imagem magra e jovial. E está ligado ao
sucesso, à liberdade, ao bem-estar e à felicidade, e se torna um ponto determinante para
aceitação e inserção social das mulheres. [24]
A ideia de que a mulher precisa ter um corpo perfeito foi imposto pela sociedade e é muito
incentivada pelas mídias sociais. A indústria da beleza está se perdendo a ideia de que, ao
acontecer uma mudança corporal, também acontecerão mudanças emocionais e
alterações em experiências já vividas, o corpo para a mulher possui um enorme peso e
está ligado a experiências emocionais. Atualmente existe uma validação que foi criada
pela sociedade, em que a crença de que o emagrecimento está ligado diretamente ao
bem-estar social e emocional. Perante a sociedade isso se torna realidade, tendo em vista
um padrão de beleza magra, de que a beleza nos traz felicidade, logo as mídias sociais se
tornam um fator de risco para o desenvolvimento de TAs. [25]
O conceito de beleza vem mudando diariamente ao longo do tempo. Hoje em dia com as
mídias sociais, vemos uma outra realidade. Hábitos e práticas alimentares são baseados
de acordo com determinações socioculturais. [26]
A mídia age de forma profunda sobre o modo como a sociedade pensa e se comporta.
Podemos ver que a insatisfação das adolescentes com sua imagem é provavelmente
desenvolvida pelo corpo idealizado e perfeito que a sociedade cria e que é disseminado
pela mídia. Porém o ideal de magreza e corpo escultural muitas vezes proposto é uma
impossibilidade biológica para grande parte das pessoas, e isso tem levado cada vez mais
à insatisfação corporal. É nesse âmbito em que, na tentativa de conseguir um corpo
considerado atraente e culturalmente aceito, os TAs se acabam se desenvolvendo. [27]
Algumas pessoas com Bulimia não têm um diagnóstico, pois é algo mais difícil de se
suspeitar. As pessoas que sofrem de bulimia têm um padrão alimentar discreto,
escondendo seus hábitos alimentares fora do normal. Dessa forma, a maioria dos
diagnósticos de bulimia são relatados pelo próprio paciente, sendo assim, as estimativas
de acontecimento provavelmente são mais altas do que a realidade. [29]
Qu
adro 1 - Catalina Camas Cabrera - Médica Psiquiatra - Revistas USP. 2006. [40]
É importante que o profissional da nutrição faça com que a dieta seja adequada para cada
organismo , ajudando em absorver, digerir ou tolerar determinados tipos de alimentos que
o corpo não aceita, promover o aumento da capacidade do organismo de metabolizar cada
um desses nutrientes, eliminar o estado de deficiência, voltado para a nutrição do
indivíduo; estimular ou ajudar com o repouso de determinado órgão do corpo humano que
esteja sobrecarregado, como o intestino, o estômago ou o esôfago, pela dieta com
alimentos que não prejudiquem os órgãos. [33]
Uma ferramenta muito utilizada nessa área de TA pelos nutricionistas é a literatura sobre
Educação Alimentar e Nutricional e a Técnica Cognitivo-comportamental, elas apresentam
um resultado eficiente. [39]
CONCLUSÃO
Diante disso conclui-se que transtornos alimentares são uma doença psiquiátrica grave, e
que as mulheres são um grupo de risco por terem mais suscetibilidade. Para o tratamento
é necessária uma equipe multidisciplinar que esteja alinhada. O nutricionista possui um
papel importante quando tratamos a respeito do tratamento, a sua abordagem precisa ser
muito cuidadosa e focando sempre em melhorar os hábitos da sua paciente. Logo
concluímos que existem diversos fatores que impactam diretamente mulheres
diagnosticadas com transtornos alimentares, dentre eles o apoio e núcleo familiar, pois
muitas vezes os transtornos também podem ser desencadeados por conflitos familiares, a
pressão estética também, outro fator é o impacto direto que os transtornos alimentares têm
na vida das pessoas, elas podem desencadear outros transtornos psiquiátricos além de se
isolarem da sociedade entre outros
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