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SAÚDE MENTAL E TRANSTORNOS ALIMENTARES

Christielli Silva Bauer Bazani


João Vitor Barreto de Souza
Sayuri Suto Silva
Talita Dal Pino Gomes

Tutora: Jéssica Kruschewsky

1. INTRODUÇÃO

As representações sociais, além dos discursos sociais estimulados pela mídia e


pela sociedade, são consideradas um dos principais fatores diretos para que indivíduos
desenvolvam respectivamente transtornos alimentares, visto que, segundo estudos
científicos as pessoas cada vez mais tem buscado o culto ao corpo esbelto e sem
gorduras, que por sua vez, tem impulsionado na maioria das vezes o adoecimento
mental e alimentar (SAMUEL; POLLI, 2020).
Dentre os principais grupos suscetíveis a esses fatores, boa parte adolescentes,
dos quais, podem perpetuar até a sua fase adulta. Nessa fase adolescente, em sua
maioria os indivíduos estão se buscando, como por exemplo, buscando sua
autossuficiência e, além disso, sua independência, de modo que, procuram suas próprias
tomadas de decisões, principalmente no que diz respeito à autoimagem e sua
alimentação (BITTAR; SOARES, 2020).
Dessa forma, essa respectiva fase é provida de estabelecimento de valores dos
quais serão guias de comportamento para toda a sua vida, visto que, as construções de
relações sociais e sua identidade pessoal estão em constituição. Logo, nesse período
também decorre o progresso de regulação das suas emoções, que por sua vez, essas
alterações são na maioria das vezes direcionadas através dos critérios de formulações
de grupos de amigos e modelos sociais que contribuem para se inserir dentro dos
padrões, além das expectativas sociais (COPETTI; QUIROGA, 2018).
Desse modo, a imaturidade dessa fase adolescente é um dos fatores principais
agravantes, dos quais, a baixa autoestima como também os distúrbios de autoimagem
influenciam o desenvolvimento de comportamentos alimentares desordenados, além de
depressão, transtornos de ansiedade, e em casos considerados extremamente
agravantes, o comportamento do tio suicida (ALBUQUERQUE, 2021).
Logo, os transtornos alimentares causam mudanças comportamentais, sobretudo
alimentares, com isso indivíduos demonstram elevadamente preocupações acerca do
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Tutora Jéssica Kruschewsky.
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seu peso e a forma do seu corpo. Esse transtorno, é um dos principais tipos de
transtornos mentais que possuem altas taxas de óbitos, inclusive em adolescentes, que
por sua vez, compreende em um tratamento delicado com altos custos, assim como em
longo prazo, com uma equipe profissional multe especializada (DUNKER et al., 2021).
Nessa perspectiva, a prevalência mundial de indivíduos com transtornos
alimentares, sobretudo adolescentes e jovens é alta em países desenvolvidos e em
desenvolvimento, visto que, tem se observado cada vez mais um crescimento
significativo. Assim, cerca de 20% de portadores de transtornos alimentares encontram
algum tipo de tratamento adequado ao seu quadro, que tem como principal objetivo a
diminuição da insatisfação do corpo, além da redução de hábitos de se realizar dietas e
utilização de metodologias que sejam não adequadas para o controle de peso corporal
(DUNKER et al., 2021).
Diante disso, o principal objetivo do presente estudo é discutir por meio de uma
revisão de literatura o impacto dos transtornos alimentares na saúde mental.

2. FUNDAMENTAÇÃO TEÓRICA

Os transtornos alimentares (TA) são doenças psiquiátricas multifatoriais


caracterizadas por profundas inadequações no padrão, consumo e atitudes alimentares,
acarretando prejuízos clínicos, emocionais e/ou sociais. Os principais tipos de TA são:
anorexia nervosa e bulimia nervosa, porém além desses, há o transtorno de compulsão
alimentar periódica, obesidade, vigorexia, síndrome de gourmet, pica e transtorno
alimentar noturno (COPETTI; QUIROGA, 2018). Representam o terceiro transtorno
mental crônico mais comum entre adolescentes do sexo feminino, e embora os efeitos
fisiológicos e médicos sejam bem caracterizados, o seu impacto psicológico ainda é
pouco compreendido (TIRICO; STEFANO; BLAY, 2010).
No que se refere à anorexia, essa é composta por distúrbio emocional e alimentar
caracterizado por recusa em manter um peso corporal em harmonia com a altura, que é,
em geral, no mínimo 15% abaixo do esperado para determinada estatura, além do
intenso medo de ganhar peso e engordar. Foi descrita pela primeira vez em 1667, como
sendo uma doença que leva à inanição, com excessiva perda de peso e com grande
desgaste físico e psicológico. Esse distúrbio ocorre mais comumente em jovens,
principalmente na adolescência, e está relacionado com o ideal estético. Diante de o
comportamento alimentar restritivo, esse transtorno cursa para desnutrição e alterações

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endócrina, sendo a amenorreia uma das características (AGUILHARES; SANTIAGO,


2017).
Em contrapartida, a bulimia nervosa, tem seu inicio, frequentemente no final da
adolescência, sendo mais comum em mulheres jovens, o qual é caracterizado por
períodos de compulsão alimentar, seguida de purgação por diversos meios, como
vômitos provocados, utilização de laxativos e diuréticos, dentre outros medicamentos,
além de exercícios vigorosos. Neste distúrbio, os indivíduos podem estar estróficos ou
com sobrepeso, no entanto, a autoavaliação de peso e forma corporal é indevida
(CARVALHO; OLIVEIRA; CAMBUÍ, 2022).
Segundo Borges e colaboradores (2006, p.341):
O início do quadro clínico ocorre frequentemente a partir da elaboração de uma
dieta, em que o paciente inicia a restrição de grupos alimentares, eliminando
aqueles que julgam mais calóricos. Essa restrição alimentar aumenta
progressivamente, com diminuição do número de refeições, podendo evoluir
drasticamente, até o jejum. O paciente tem como meta emagrecer, cada vez
mais, desejando a todo custo ficar cada vez mais magro.

Comumente, esses quadros ocorrem depois de alguma vivência que ocasione no


individuo uma experiência ruim e que seja estressante de alguma forma, a exemplo da
sua relação com o peso corporal, sua forma física, vivencia do luto ou alguma perda
significativa. Desta forma, é notório que esse indivíduo passa por esse processo de
forma gradativa e severa, estando exclusivamente em função de dietas, atividades
físicas, apresentando assim, uma perda de peso contínua (BALOTTIN et al., 2017).
Os Transtornos Alimentares podem apresentar origens multifatoriais, constituídas
por tendências socioculturais, genéticas, além da vulnerabilidade psicológica.
De acordo com Morgan; Vecchiatti e Negrão (2002, p.18):
[...] entre os fatores predisponentes, destacam-se a história de transtorno
alimentar e (ou) transtorno do humor na família, os padrões de interação
presentes no ambiente familiar, o contexto sociocultural, caracterizado pela
extrema valorização do corpo magro, disfunções no metabolismo das
monoaminas centrais e traços de personalidade.

Desta forma, o conceito de saúde mental é bem mais amplo do que a simples
ausência de transtornos mentais, envolvendo níveis de qualidade de vida cognitiva ou
emocional (HERPERTZ-DAHLMANN et al., 2015). Tais transtornos geram sofrimento e
distúrbios de insatisfação ou distorção da imagem corporal, o que acaba impactando
decisivamente na saúde mental, além de uma grande carga sobre a qualidade de vida
(LUZ et al., 2018).
Segundo o estudo de Vos et al., (2018), a gravidade dos TA pode ser explicada
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com base nos sintomas psicopatológicos e a ignorância do bem-estar. Visto que, a saúde
mental é mais do que a ausência de doença mental, mas sim, está atrelada a presença
do bem-estar, sendo esse composto por três segmentos, o bem-estar emocional,
psicológico e social.
O sofrimento familiar e pessoal é uma das razões significativas que podem causar
transtornos alimentares e psicológicos, de modo, que a anorexia e a bulimia nervosa são
um dos principais transtornos que acometem indivíduos. De acordo com estudos de
pacientes com anorexia nervosa e bulimia nervosa, aborda-se que cerca de 1/3 dos
pacientes que possuem esses transtornos por equivalente mais que 20 anos, tornam-se
transtornos crônicos, tendo especificamente uma média de cerca de aproximadamente
10 anos no que diz respeito à anorexia nervosa (DOBRESCU et al., 2020).
Logo, atualmente refuta-se a percepção do indivíduo no processo de doença e
tratamento, dos quais, tem sido considerada de suma importância na tomada de
decisões psiquiátricas, visto que, a análise subjetiva no que diz respeito à qualidade de
vida do paciente requer cuidados específicos. Assim, esta avaliação deve consistir em
uma análise adequada e especializada para que melhore a saúde do paciente,
principalmente no que diz respeito aos impactos que esses transtornos geram nas
diversas áreas de vida do paciente, que por sua vez, causam comprometimento no
pensamento, na comunicação e até mesmo no senso crítico (TIRICO; STEFANO; BLAY,
2010).

3. METODOLOGIA

Visando atingir o objetivo proposto pelo estudo foi realizada uma revisão narrativa
com abordagem qualitativa exploratória. Para a concretização do estudo, foram
realizadas buscas por meio da Scientific Electronic Library Online (Scielo), Pubmed,
Literatura LatinoAmericana e do Caribe em Ciências da Saúde (LILACS), Biblioteca
Virtual em Saúde (BVS) e periódicos capes. Foram utilizados os termos: Transtornos
alimentares e saúde mental.
Neste sentido, foram adotados os seguintes critérios de inclusão: estudos que
abordassem a temática, serem disponíveis de forma gratuita e na íntegra, podendo ser
na língua portuguesa, inglesa ou espanhola, em contrapartida, foram excluídos aqueles
estudos que fugiam do tema. Não houve delimitação para o recorte temporal dos
estudos.

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4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os estudos que analisam a qualidade de vida de pessoas com transtornos


alimentares demonstram que estes indivíduos apresentam de forma significativa altos
escores de prejuízos da qualidade de vida desses pacientes, especialmente a saúde
mental quando comparados com a qualidade de vida de indivíduos sem transtornos
alimentares. Logo, quanto maior a gravidade dos sintomas alimentares maior será seu
prejuízo mental, dos quais, evidencia-se que as pessoas com transtornos alimentares
demonstram qualidade de vida bem mais prejudicada do que transtornos afetivos ou até
mesmo de ansiedade (GONÇALVES; KAPCZINSKI, 2008).
Já estudos com indivíduos com anorexia e bulimia nervosa evidencia-se que estes
estão veementemente mais relacionados a maiores prejuízos no que diz respeito ao
social e ao emocional, quando comparados aos prejuízos físicos. Dessa forma, quando
presente comorbidades, sobretudo psiquiátricas, com sintomas de depressão, ansiedade,
diminuição na predisposição a mudanças e até mesmo a gravidade no quadro alimentar
do indivíduo, são principais interferentes que são respectivamente não favoráveis e
resulta-se em níveis diminutos na qualidade de vida (SILVA, 2017).
Sendo assim, os transtornos alimentares demonstram maiores prejuízos em
relação ao emocional do que o físico do indivíduo, visto que, estudos relatam que o
aspecto social é um dos mais afetados, considerando que os respectivos aspectos
psiquiátricos e clínicos e o envolvimento da família são fundamentais para o decorrer do
tratamento, além do planejamento clínico adequado (TIRICO; STEFANO; BLAY, 2010).

CONCLUSÃO

Diante do presente estudo, conclui-se que a busca do corpo ideal tem ocasionado
cada vez mais transtornos alimentares e afetado a saúde mental dos indivíduos,
sobretudo, jovens e adolescentes. Os principais transtornos alimentares estão voltados à
bulimia e anorexia nervosa, visto que, as relações sociais, midiáticas e familiares são
uma das principais causas que propiciam que esses transtornos sejam gerados, dos
quais, associam-se com a depressão, ansiedade, e comportamento suicida.
Portanto, políticas públicas devem ser inseridas cada vez mais para o tratamento
de indivíduos com este transtorno, já que além de possuir característica de ser um
tratamento de alto custo, em sua maioria o paciente não consegue procurar auxílio por
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conta própria. Este tratamento deve ser realizado através de uma equipe especializada e
multiprofissional, para que se desenvolva uma melhor garantia de qualidade de vida ao
paciente.

REFERÊNCIAS

AGUILHARES, Viviane Pereira; SANTIAGO, Emiliane Silva. Anorexia nervosa:


compreender o comportamento para tratar. In: 1ª Jornada Regional de Saúde Mental
Teles Pires Produzindo conhecimento para que ninguém fique só". 2017.

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