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NUTRIÇÃO

CLÍNICA

Bianca Duarte Beck


Magreza, anorexia
e bulimia
Objetivos de aprendizagem
Ao final deste texto, você deve apresentar os seguintes aprendizados:

 Analisar os fatores relacionados com a etiologia dos transtornos


alimentares.
 Reconhecer os aspectos relacionados com a anorexia.
 Definir características, riscos, complicações e tratamento de anorexia
e bulimia.

Introdução
A busca por um corpo que a sociedade julga ser perfeito é algo cada vez
mais recorrente entre as pessoas, com isso a busca pela magreza e o desen-
volvimento de transtornos alimentares, vem crescendo dia após dia. Um
comportamento saudável em relação à alimentação é o reconhecimento
de que um certo grau de preocupação com a dieta, a saúde e o peso,
seja uma atitude normal. Entretanto, nos transtornos alimentares ocorre
alteração grave do padrão alimentar associada a problemas fisiológicos.
Neste capítulo, você irá estudar sobre esse assunto, além de analisar
os fatores relacionados com a etiologia dos transtornos alimentares, asso-
ciando a influência dos aspectos da alimentação na busca pela magreza.
Além disso, irá conhecer os aspectos relacionados com a anorexia e a
bulimia, definindo suas características, riscos, complicações e tratamento.
412 Magreza, anorexia e bulimia

Transtornos alimentares e a magreza

Aspectos alimentares: transtornos de consumo, padrão


e comportamento alimentar
O ato de se alimentar é um comportamento totalmente instintivo nos animais.
Para homem, porém, comer é uma atividade composta por fatores psicológicos,
sociais e culturais. Na história da alimentação, vemos as práticas alimentares
associadas a significados. Ao se alimentar, o homem estabelece crenças reli-
giosas, cria vínculos e laços familiares, expressa hostilidade, afeto, prestígio
ou valores de uma classe social.
Dessa forma, os estudos que buscam compreender a etiologia dos transtor-
nos alimentares não se restringem a tentar detectar um único fator patogênico
ou simplesmente identificar fatores de risco: trata-se de buscar a compreensão
de como vários fatores interagem no desenvolvimento dos transtornos alimen-
tares, analisando o indivíduo em particular.
Na avaliação dos aspectos da alimentação de indivíduos, você deve conhecer
os termos utilizados:

 Consumo alimentar: representa o conceito que avalia a ingestão de


alimentos e é definido em termos de energia e micro e macronutrientes.
 Padrão alimentar: representa a estrutura da alimentação, seus horá-
rios, tipos de refeição e regularidade. Pode também ser denominado
de estrutura alimentar.
 Comportamento alimentar: envolve todas as formas de convívio com
o alimento. Trata-se de um conjunto de ações realizadas em relação ao
alimento, que têm início com o momento da decisão, a disponibilidade,
o modo de preparo, os utensílios usados, as preferências e aversões.

Nos transtornos alimentares (TA), o consumo, a estrutura e as atitudes


alimentares estão comprometidos. Os indivíduos de desenvolvem TA esta-
belecem um padrão irregular e não saudável, com o consumo inadequado de
energia e nutrientes. Em geral, essa condição ocorre pelo estabelecimento de
uma relação complicada com o alimento e a alimentação.
Magreza, anorexia e bulimia 413

Magreza
Sabemos que a aparência do corpo causa grande influência em nossas vidas.
Ela integra a forma como nos apresentamos e determina a maneira como nos
relacionamos, as oportunidades que temos socialmente, as reações e atitudes
dos outros em relação a nós, impactando nossa vida afetiva e profissional.
Entretanto, nossa aparência não influencia apenas na forma como os outros
nos veem: ela também influencia na concepção que temos sobre a nossa ima-
gem. Essa concepção é que exerce a maior influência, condicionando muitos
aspectos que vamos vivenciar.
Todos os dias, recebemos estímulos externos sobre a representação da
imagem corporal dita “ideal” na sociedade. Programas de televisão, outdoors,
revistas, filmes e jornais estabelecem um padrão de magreza como sinônimo
de felicidade, amor e, em última análise, sucesso. Já na infância, construímos
imagens do que é um corpo “aceitável” ou “inaceitável”, e esses estímulos
estão em toda parte. A gordura corporal é uma das características mais sujeitas
à rejeição e à zombaria, mesmo na idade escolar.
O valor numérico do peso corporal influencia o valor social. O peso corporal
é considerado, por muitas pessoas, o mais importante entre os atributos que
compõem a atratividade – em parte porque somos capazes de controlar, em
alguma medida, o nosso peso. A idealização da magreza e a depreciação da
gordura afetam mais as mulheres do que os homens. Para muitas mulheres,
especialmente as jovens, corresponder a esse padrão de beleza significa ter
autocontrole, competência e atratividade sexual. A insatisfação com o corpo
é frequentemente considerada um precursor essencial no desencadeamento do
TA. Como resposta a essa pressão social, ocorre a adoção de atitudes extremas,
na busca patológica pelo controle ou pela perda de peso.
Considerando as múltiplas influências da alimentação e o bombardeio
da mídia sobre o corpo ideal, não surpreende que algumas pessoas evoluam
das respostas típicas à fome e à saciedade para comportamentos obsessivos
que visam perder peso e, em última instância, para um transtorno alimentar
declarado. Além disso, a pressão social em relação à magreza exposta pela
mídia pode criar um ambiente psicológico favorável ao desenvolvimento
desses quadros, principalmente quando o indivíduo apresenta outros fatores
de risco ou vulnerabilidades, como baixa autoestima, perfeccionismo, traços
obsessivo-compulsivos, entre outros.
414 Magreza, anorexia e bulimia

Fatores associados com a etiologia dos transtornos


alimentares

Fatores socioculturais

A influência dos fatores socioculturais na epidemiologia, no desenvolvimento e


na etiologia dos transtornos alimentares tem sido pesquisada desde o início dos
anos 1980. A supervalorização do corpo feminino e a idealização da magreza,
na cultura ocidental e oriental, reforçam os aspectos psicopatológicos centrais
dos TA. Entretanto, vivemos um paradoxo: há nítido contraste entre a excessiva
valorização da magreza e das dietas restritivas e a ampla disponibilidade de
comidas calóricas, baratas e palatáveis.

Fatores familiares

Assim como a mídia, a influência da família e de amigos também é conside-


rada um fator importante, tanto no desencadeamento como na perpetuação
dos sintomas alimentares. A opinião da família, especialmente a da mãe,
é significativa na formação da opinião dos filhos em relação à aparência,
ao peso e à forma do corpo. Pacientes com TA com frequência relatam um
ambiente familiar extremamente crítico. Mães de pacientes afetados muitas
vezes apresentam intensa preocupação com o corpo, são críticas em relação
à aparência e não raro também sofrem de TA ou tiveram alguns sintomas
alimentares durante a vida.

Fatores individuais

Há muitos fatores específicos do indivíduo e podem contribuir para o de-


senvolvimento dos TA. Alguns deles são características centrais do próprio
indivíduo, como os traços de personalidade e os déficits na autoestima, en-
quanto outros envolvem experiências pessoais e parecem estar localizados
entre o ambiente e o indivíduo. As experiências interpessoais que têm sido
frequentemente relacionadas ao desenvolvimento dos TA incluem abuso
sexual, trauma e recebimento de constantes comentários depreciativos na
infância. Além disso, transtornos do humor, transtornos de ansiedade, trans-
torno obsessivo-compulsivo na infância e a presença de traços perfeccionistas
de personalidade também atuam como fatores de vulnerabilidade importante
para o desenvolvimento de TA.
Magreza, anorexia e bulimia 415

Genética

Os transtornos alimentares são doenças complexas, isto é, o padrão de herança


genética é o resultado da interação de múltiplos genes com o meio ambiente.
Logo, a vulnerabilidade genética pode não ser o suficiente para causar a doença.
O resultado do acúmulo de vários genes de pequeno efeito e sua interação com
fatores ambientais adversos aumentam o risco da doença naquelas pessoas
que carregam a carga genética e a influência ambiental. Entretanto, o estudo
sobre o conceito de vulnerabilidade genética encontra sua aplicação prática na
compreensão da patofisiologia da doença, podendo ser útil no desenvolvimento
de novas formas de tratamento.

Alterações neurobiológicas e estudos de neuroimagem

As alterações nos neurotransmissores, neuropeptídeos e no sistema neuroendó-


crino encontradas em pacientes com TA são frequentemente reversíveis, com a
remissão dos sintomas e a recuperação do peso. Essa observação torna difícil
diferenciar as alterações que são efeito da desnutrição e do comportamento
alimentar perturbado daquelas que podem estar causando esses quadros – ou
seja, estado-relacionado ou traço-relacionado.

Fatores precipitantes e perpetuadores do quadro

A adoção de dieta para perda de peso é o fator precipitante mais frequente no


desenvolvimento desses quadros. Entretanto, apenas uma pequena parcela
dos indivíduos que fazem dieta desenvolve TA, sendo necessário que ocorra a
interação de outros fatores de risco para o desencadeamento de todo o processo.

No link a seguir (AINETT; COSTA; SÁ, 2017), você encon-


tra um artigo no qual foram verificados a prevalência
de insatisfação com a imagem corporal e os fatores
associados em estudantes de Nutrição. Disponível em:

https://goo.gl/muAiZZ
416 Magreza, anorexia e bulimia

Anorexia
A anorexia inicia com um quadro mental de risco e evolui para uma doença
física potencialmente fatal. O primeiro relato de caso publicado foi em 1689,
que descreveu pela primeira vez o transtorno e menciona que os pacientes se
julgam gordos e têm pavor da obesidade e do ganho de peso.
Embora a restrição alimentação faça parte da doença, o problema se origina
principalmente em um conflito psicológico. A anorexia chega a matar cerca
de 10% das pessoas que sofrem dessa doença, seja por suicídio, problemas
cardíacos ou infecções. Apenas aproximadamente um quarto dos pacientes
com anorexia se recuperam dentro de seis anos; os demais vivem com a
doença ou evoluem para outro transtorno alimentar. Já se sabe que, quanto
maior for o tempo de ocorrência do transtorno, menores são as chances de
uma completa recuperação.
O início da anorexia pode começar com uma simples tentativa de perder
peso. O culto à magreza e o estresse de manter certo peso para parecer atraente
ou competente para uma função também pode causar transtorno alimentar.
Além disso, as mudanças físicas relacionadas com a puberdade, o estresse
do término da infância ou a vivência de trauma são exemplos de fatores
desencadeantes de hábitos alimentares extremos.
Por ser uma condição altamente prevalente em jovens, muitas vezes ocorre
um atraso em seu diagnóstico, pois a perda de peso fica subestimada. A
ingestão de uma quantidade insuficiente de calorias durante o período de
crescimento pode acarretar baixa estatura. Se a anorexia se instala antes da
puberdade, a maturidade sexual e a menstruação também podem demorar
mais para acontecer.
Dietas hipocalóricas e restritivas são o mais importante fator preditivo de
transtorno alimentar. Uma vez iniciada a dieta radical, a anorexia pode ser
iniciada – e, quando é observada, tende a progredir. Em alguns casos, a ano-
rexia pode levar à prática da compulsão alimentar, com ingestão de enormes
quantidades de comida em pouco tempo, seguida de vômitos forçados. Além
dos vômitos, a pessoa pode usar outros meios para se livrar da comida, como
laxantes, diuréticos e enemas. Portanto, ela pode se manter em um estado
de semi-inanição permanente ou alternar períodos em que passa fome com
períodos de compulsão alimentar e mecanismos de compensação.
Conheça o perfil típico da pessoa que sofre de anorexia nervosa:

 Recusa alimentar: o paciente anoréxico se recusa a comer a quantidade


suficiente de alimento para manter seu peso na faixa aceitável. A recusa
Magreza, anorexia e bulimia 417

alimentar é a característica principal da doença, associada ou não com


outras práticas, como compulsão e vômitos.
 Conflitos familiares: um traço comum a muitos casos são os conflitos
familiares, geralmente associados à figura materna e a um pai ausente,
do ponto de vista afetivo. As expectativas muito elevadas da família em
relação ao peso corporal também são um fator importante. Envolvimento
exagerado, rigidez, superproteção e negação são as interações diárias
típicas dessas famílias.
 Necessidade de controle: problemas de controle são decisivos no de-
senvolvimento da anorexia. O transtorno alimentar permite que a pessoa
anoréxica assuma o controle de sua alimentação quando, em outros
aspectos, ela é impotente. Nas pessoas com anorexia, a autoestima está
quase inteiramente ligada ao autocontrole.
 Abuso sexual: algumas crianças que sofreram abuso sexual evoluem
para anorexia, na crença de que, se conseguirem dominar seu apetite
por comida, relações sexuais e contato humano, terão controle e serão
competentes para eliminar quaisquer sentimentos de vergonha. Além
disso, a restrição alimentar interrompe o desenvolvimento e bloqueia os
impulsos sexuais, podendo ser uma estratégia de prevenção de futura
vitimização e sentimento de culpa.
 Isolamento social: muitas vezes, as pessoas anoréxicas se sentem
desesperançosas quanto aos relacionamentos humanos, permanecendo
isoladas socialmente, em razão de suas famílias disfuncionais. Assim,
concentram-se na comida, em comer e no peso, em vez de buscarem
se relacionar com outras pessoas.

Sinais de alerta precoces


No desenvolvimento da anorexia, é importante observar os sinais de alerta:

 Dieta: no início do desenvolvimento da doença, a dieta se torna o foco


da vida do indivíduo. Esse começo pode levar a grandes alterações da
autoimagem e dos hábitos alimentares, como reduzir porções, excluir
alimentos e grupos alimentares, espalhar a comida no prato.
 Satisfação ao observar os outros se alimentando: o indivíduo anoré-
xico às vezes prepara uma grande refeição, apenas para ficar olhando
outras pessoas comerem, mas ele próprio se recusa a comer qualquer
coisa.
418 Magreza, anorexia e bulimia

 Atividade física compulsiva: anoréxicos também costumam fazer


exercícios físicos compulsivamente, até que estes se tornem obsessivos
e automáticos. Além disso, os exercícios podem compor as atividades
diárias, ou a pessoa escolhe momentos e locais estranhos para se exer-
citar, por exemplo, fazer flexões enquanto escova os dentes.
 Lista de alimentos proibidos: à medida que o transtorno se agrava, a
variedade de alimentos consumidos vai se restringindo, e os alimentos
começam a ser classificados em permitidos e proibidos.
 Negação da fome: o indivíduo pode estar com fome, mas nega que
esteja, acreditando que terá sucesso na vida simplesmente se mantendo
bem magro. O processo se torna uma questão de força de vontade.
 Irritabilidade e isolamento: pessoas que sofrem de anorexia se tornam
irritadas e hostis e, consequentemente, começam a se afastar da família
e dos amigos.
 Crença de racionalidade: pessoas anoréxicas se veem como racio-
nais e veem os outros como irracionais. Elas também tendem a ser
excessivamente críticas, tanto em relação a elas mesmas, quanto em
relação aos outros.
 Distúrbios de sono e depressão: à medida que o estresse aumenta,
surgem distúrbios do sono e depressão.
 Alterações metabólicas e fisiológicas: muitos dos problemas físicos
e psicológicos associados à anorexia nervosa decorrem da ingestão
calórica insuficiente, além das deficiências de nutrientes, como tiamina
e vitamina B6.
 Ciclo menstrual alterado: na mulher, esse conjunto de problemas,
somado à redução cada vez mais acentuada do peso corporal e das
reservas de gordura, interrompe os ciclos menstruais.
 Dieta extremamente hipocalórica: com a evolução da doença, o in-
divíduo anoréxico passa a comer uma quantidade mínima de alimento;
não são raros os casos em que a ingestão diária é de 300 a 600 kcal.
Em lugar dos alimentos, a pessoa chega a consumir até 20 latas de
refrigerante diet e masca chicletes sem açúcar o dia inteiro.

Efeitos físicos da anorexia nervosa


Mesmo com a sua etiologia relacionada aos aspectos psicológicos, a anorexia
causa efeitos físicos profundos e preocupantes. Em geral, o desenvolvimento
da anorexia modifica a aparência e a composição corporal do indivíduo, re-
presentando uma magreza extrema. Um dos indicadores clínicos da anorexia
Magreza, anorexia e bulimia 419

nervosa é o peso corporal abaixo de 85% do esperado. O IMC é um indicador


mais confiável do grau de desnutrição; geralmente, um IMC de 17,5 ou menos
indica um caso grave. Em crianças abaixo dos 18 anos, o peso adequado deve
ser obtido a partir das curvas de crescimento.
A desnutrição grave causa perturbações em vários sistemas corporais, já
que força o organismo a conservar ao máximo suas reservas de energia. Essa
tentativa de conservar as reservas de energia é a causa da maioria dos efeitos
físicos da doença. Por isso, muitas complicações podem ser revertidas com o
retorno ao peso saudável, desde que o dano não tenha sido demasiadamente
prolongado.
Os efeitos previsíveis da deficiência nutricional causada pela semi-inanição
e as respectivas respostas hormonais são os seguintes:

 Queda da temperatura corporal e intolerância ao frio, por perda da


camada de gordura de isolamento;
 Diminuição da taxa metabólica, pela queda da síntese de hormônios
da tireoide;
 Queda da frequência cardíaca, à medida que o metabolismo se torna
mais lento, levando a fadiga prematura, desmaios e sono;
 Outras alterações da função cardíaca, inclusive perda de tecido do
coração e arritmia cardíaca;
 Anemia por carência de ferro, que agrava a fraqueza;
 Pele fria, descamada, seca e áspera, que pode apresentar equimoses
devido à perda da camada protetora de gordura existente sob a pele;
 Queda da contagem de leucócitos, aumentando o risco de infecção – essa
é uma das causas de morte de pessoas que sofrem de anorexia nervosa;
 Sensação anormal de plenitude ou distensão abdominal, que pode se
prolongar por várias horas após a alimentação;
 Queda de cabelos;
 Aparecimento de lanugem – pelos finos sobre o corpo, que servem
para reter o ar e compensar parcialmente a perda de calor decorrente
da diminuição do tecido adiposo;
 Constipação causada pela deterioração do trato gastrintestinal e pelo
uso abusivo de laxantes;
 Baixo nível de potássio no sangue, agravado pela perda de potássio nos
vômitos e como consequência do uso de certos tipos de diuréticos – isso
aumenta o risco de distúrbios do ritmo cardíaco, que também são uma
causa de morte de pessoas anoréxicas;
420 Magreza, anorexia e bulimia

 Falha de ciclos menstruais, em decorrência do baixo peso corporal, da


diminuição da gordura corporal e do estresse causado pela doença – as
alterações hormonais associadas causam perda de massa óssea e maior
risco de osteoporose no futuro;
 Alterações do funcionamento dos neurotransmissores cerebrais, levando
à depressão;
 Possível perda de dentes, decorrente da erosão do esmalte pelo ácido
do estômago, nos casos de vômitos frequentes;
 Rupturas musculares e fraturas de estresse, nos atletas, decorrentes da
perda de massa muscular e óssea.

Tratamento da anorexia nervosa


O tratamento requer uma equipe multidisciplinar, formada por médicos expe-
rientes, nutricionistas, psicólogos e outros profissionais de saúde, que deverão
trabalhar em conjunto. No cenário ideal, esse paciente é encaminhado para
uma clínica de transtornos alimentares ligada a um centro médico. Em geral,
o tratamento começa em regime ambulatorial; podem ser necessárias três a
cinco consultas por semana.
Também pode ser indicada a internação em hospital-dia (permanência de 6
a 12 horas), assim como a hospitalização propriamente dita. A hospitalização
é necessária para pessoas cujo peso cai abaixo de 75% do esperado, ou que
apresentam problemas médicos agudos, transtornos psicológicos graves ou
risco de suicídio. Depois de ganhar a confiança e a cooperação do paciente
anoréxico, a equipe procura trabalhar em conjunto para restaurar o senso de
equilíbrio, de propósito e de perspectivas futuras da vida.

Terapia nutricional
A primeira meta da terapia nutricional é ganhar a confiança e a cooperação da
pessoa, com o objetivo básico de aumentar a ingestão de alimentos. O ideal
é que o ganho de peso seja suficiente para trazer a taxa metabólica ao nível
normal e reverter o máximo possível de sinais físicos da doença.
A ingestão de alimentos é planejada inicialmente para diminuir ou deter
a perda de peso. Em seguida, o foco passa a ser a recuperação de hábitos
alimentares adequados. Depois de vencida essa etapa, pode-se esperar um
lento ganho de peso, em torno de 1 kg a 1,5 kg por semana. A nutrição enteral
(por sonda) ou parenteral (intravenosa) só deve ser usada se for necessário
Magreza, anorexia e bulimia 421

realimentar a pessoa imediatamente. Essas técnicas podem assustar o paciente


e levá-lo a perder confiança na equipe médica.
As pessoas que sofrem de anorexia nervosa precisam de muito apoio durante
o processo de realimentação, já que costumam experimentar efeitos descon-
fortáveis, com os quais não estão acostumadas, como sensação de estômago
cheio e aumento da temperatura e da gordura do corpo. O processo é assustador
para elas, porque esses efeitos podem simbolizar a perda do controle.
Além disso, as rápidas mudanças nos níveis sanguíneos de eletrólitos e
minerais associadas à realimentação podem ser perigosas – especialmente as
variações de potássio, fósforo e magnésio. Por isso, é fundamental monitorar
os níveis desses elementos no sangue durante o processo de incorporação de
mais alimentos à dieta.
O profissional nutricionista da equipe não só ajuda a pessoa que sofre de
anorexia nervosa a alcançar e manter o estado nutricional adequado, mas
também fornece informações corretas sobre os nutrientes ao longo de todo o
período de tratamento, incentiva uma atitude saudável quanto à alimentação
e ajuda o anoréxico a aprender a se alimentar, em resposta aos estímulos
naturais de fome e saciedade.
Em seguida, o foco deve passar a ser a identificação de escolhas alimentares
adequadas e saudáveis, que promovam o ganho de peso, a fim de alcançar
e manter a meta de peso definida clinicamente. É aconselhável adicionar à
alimentação um suplemento vitamínico-mineral, além de cálcio.
O excesso de atividade física dificulta o ganho de peso e, por isso, a equipe
profissional deve orientar a pessoa anoréxica para que modere a sua atividade
física. Em muitos centros de tratamento, a pessoa fica em repouso relativo no
leito, nas primeiras fases da recuperação, para que possa ganhar peso.
A chave para a solução do problema é buscar ajuda profissional. Pessoas
anoréxicas podem estar à beira da inanição e do suicídio; além disso, cos-
tumam ser muito inteligentes e resistem ao tratamento. Algumas disfarçam
o emagrecimento usando várias camadas de roupas, colocando moedas nos
bolsos ou nas roupas íntimas e bebendo muita água.

Terapia de cunho psicológico


Uma vez atacados os problemas físicos da anorexia nervosa, o tratamento deve
se voltar para os problemas emocionais de base, que levaram à radicalização
da dieta e aos demais sintomas da doença. Para se curar, a pessoa anoréxica
precisa rejeitar a sensação de realização que ela associa à magreza e começar
a se aceitar com um peso corporal saudável. Se os terapeutas conseguirem
422 Magreza, anorexia e bulimia

descobrir o motivo do transtorno, poderão desenvolver estratégias de resolução


de conflitos que ajudem a restaurar o peso normal e os hábitos alimentares
saudáveis. Também pode ser útil educar o paciente quanto às consequências
médicas da semi-inanição.
Um aspecto fundamental do tratamento psicológico é mostrar à pessoa
como ela pode retomar o controle de outros aspectos de sua vida e lidar com
situações difíceis. À medida que a alimentação entra na rotina normal, é
possível dar mais atenção a outras atividades, até então negligenciadas.

Saiba mais sobre o assunto neste artigo (SANTOS,


2016), que discute a influência do relacionamento
familiar sobre o desenvolvimento da anorexia. Dis-
ponível em:

https://goo.gl/o942VT

Bulimia
A bulimia é um transtorno alimentar que se caracteriza por episódios de com-
pulsão alimentar, seguidos de vários métodos compensatórios de eliminação do
alimento. Trata-se de um transtorno mais comum em adultos jovens. Em geral,
as pessoas suscetíveis costumam ter fatores genéticos e hábitos de vida que as
predispõem ao excesso de peso, e muitas já tentaram dietas emagrecedoras na
adolescência. É uma doença que acomete mais indivíduos do sexo feminino;
ainda, as mulheres que sofrem de bulimia geralmente têm o peso normal ou
um pouco acima do normal. Elas também costumam ser sexualmente ativas,
o que não ocorre com os pacientes que sofrem de anorexia.
O pensamento do indivíduo que sofre de bulimia é constantemente rela-
cionado com a alimentação; entretanto, ao contrário da pessoa anoréxica, que
se afasta do alimento quando enfrenta problemas, a pessoa bulímica se volta
para o alimento em situações de crise. Outro diferencial está relacionado ao
enfrentamento: ao contrário da anorexia, as pessoas com bulimia reconhecem
que o seu comportamento é anormal. Esse transtorno envolve sentimentos
Magreza, anorexia e bulimia 423

de culpa e arrependimento, e é frequente que esses indivíduos tenham baixa


autoestima e sofram de depressão – a depressão chega a acometer mais de
50% dos pacientes. À distância, elas parecem pessoas sem nenhum tipo de
transtorno; porém, no íntimo, sentem-se frustradas, envergonhadas e sem
controle sobre a sua vida.
Outra característica de indivíduos bulímicos é a impulsividade, que se
reflete em comportamentos como furto, atividade sexual intensa, uso abusivo
de drogas e álcool, automutilação ou tentativas de suicídio. Essa impulsividade
presente na bulimia está ligada à incapacidade de controle das respostas
impulsivas e do desejo. Alguns estudos demonstraram que pessoas bulímicas
tendem a vir de famílias desorganizadas ou desestruturadas.

Comportamento típico na bulimia


Ao contrário da anorexia, a identificação dos indivíduos bulímicos não é
visualmente evidente. Muitas pessoas com comportamento bulímico nem
chegam a ter um diagnóstico; os critérios de diagnóstico especificam que a
pessoa precisa se alimentar compulsivamente e eliminar a comida pelo menos
duas vezes por semana, durante três meses. Entretanto, as pessoas que sofrem
de bulimia têm um padrão alimentar secreto, escondendo os seus hábitos
alimentares anormais. Dessa forma, a maioria dos diagnósticos de bulimia
se baseia em relatos do próprio paciente; logo, as estimativas de incidência
provavelmente são mais baixas do que a realidade.
Veja as características de episódios de compulsão alimentar:

 Ingestão de uma quantidade anormal de alimento de uma só vez;


 Sinais de falta de controle de seu próprio comportamento;
 Episódios de compulsão alternados com tentativas de limitar rigidamente
a ingestão de alimentos;
 Sentimento de culpa ou descumprimento de regras;
 Ciclos de compulsão alimentar – vômitos, com repetições diárias, se-
manais ou em intervalos mais longos;
 Escolha de um momento específico – a maioria dos episódios de com-
pulsão alimentar ocorre à noite, quando é menos provável que sejam
interrompidos por outras pessoas, e em geral duram de 30 minutos a
2 horas;
 Estresse, tédio, solidão ou depressão como fator desencadeante do
episódio;
424 Magreza, anorexia e bulimia

 Surto que ocorre após um período de dieta rigorosa, podendo estar


ligado a uma intensa sensação de fome;
 Episódios compulsivos que, uma vez iniciados, são incontroláveis – o
indivíduo não consegue parar de comer;
 Perda do controle, perda da capacidade de apreciar ou mesmo sentir o
paladar da comida (é isso que diferencia um simples excesso alimentar
da compulsão);
 Consumo de alimentos como bolos, biscoitos, sorvetes e outros alimentos
supérfluos e ricos em carboidratos, durante os episódios bulímicos,
porque podem ser vomitados com relativa facilidade e conforto;
 Ingestão de 3.000 kcal ou mais em um único episódio de compulsão
alimentar;

É importante ressaltar que pessoas que sofrem de bulimia nervosa não


se orgulham de seu comportamento. Depois de um episódio de compulsão
alimentar, geralmente se sentem culpadas e deprimidas. Com o tempo, passam
a ter baixa autoestima, sentem-se desesperadas e ficam presas em um círculo
vicioso de obsessão.

Métodos compensatórios após a compulsão


Após os eventos de compulsão alimentar, surgem a exacerbação do sentimento
de culpa e o medo de engordar. Então se iniciam os métodos compensatórios:
a pessoa provoca o vômito ou usa outros meios de eliminação, na esperança de
não ganhar peso. Entretanto, mesmo com os vômitos, de 33 a 75% das calorias
ingeridas ainda são absorvidas, causando um ganho de peso inevitável. Com o
uso de laxantes ou enemas, cerca de 90% das calorias são absorvidas, porque
eles atuam no intestino grosso – e a maior parte dos nutrientes é absorvida
anteriormente.
Outro fator observado nesses indivíduos é a utilização do exercício físico
como método compensatório. O exercício é considerado excessivo quando
praticado em condições ou horários inadequados, ou quando a pessoa não
interrompe a atividade, apesar de ter sofrido lesões ou outras complicações
médicas.
Inicialmente, os pacientes bulímicos costumam induzir o vômito colocando
os dedos bem fundo na garganta. Os reflexos fisiológicos desses estímulos
levam o paciente a criarem marcas e cicatrizes ao redor das juntas dos dedos,
sendo esse um sinal característico da doença. Com a evolução do quadro, o
Magreza, anorexia e bulimia 425

indivíduo bulímico pode desenvolver a capacidade de vomitar apenas con-


traindo os músculos abdominais.

Problemas de saúde decorrentes da bulimia nervosa


Os vômitos autoinduzidos são um método fisicamente destrutivo de eliminar
os alimentos ingeridos. De fato, a maioria dos problemas de saúde associados
à bulimia nervosa é decorrente dos vômitos:

 A exposição repetida dos dentes ao conteúdo ácido do vômito causa


desmineralização, tornando-os doloridos e sensíveis a alimentos quentes,
frios e ácidos. Às vezes, o dentista é o primeiro a perceber os sinais
de bulimia nervosa.
 O potássio sanguíneo pode cair significativamente, com a repetição dos
vômitos ou com o uso de certos diuréticos. A queda do potássio pode
causar distúrbios do ritmo cardíaco e até morte súbita.
 As glândulas salivares podem ficar inchadas, por conta de infecções e
irritação pelos vômitos persistentes.
 Em alguns casos, surgem úlceras no estômago, sangramento e rupturas
no esôfago.
 O uso frequente de laxantes pode causar constipação.
 Em geral, a bulimia nervosa é um transtorno potencialmente incapa-
citante, que pode levar à morte, em geral por suicídio, queda do nível
de potássio no sangue ou infecção grave.

Tratamento nutricional da bulimia nervosa


O tratamento da bulimia nervosa – assim como o da anorexia nervosa – requer
uma equipe multidisciplinar experiente. Bulímicos têm menor probabilidade
do que anoréxicos de iniciar o tratamento em estado de desnutrição; entre-
tanto, se a pessoa bulímica apresentar uma perda de peso significativa, esta
deve ser tratada antes dos problemas psicológicos. Em caso de uso excessivo
de laxantes, vômitos repetidos, uso de drogas e depressão, especialmente se
houver sinais evidentes de danos físicos, pode ser necessária a hospitalização.
O aconselhamento nutricional tem dois objetivos principais: corrigir falsas
concepções sobre a alimentação e restabelecer hábitos alimentares regulares.
A meta primária do tratamento é desenvolver um padrão alimentar normal.
Para que essa meta seja alcançada, alguns especialistas incentivam o paciente
a elaborar cardápios e manter um diário da sua alimentação. Nele devem ser
426 Magreza, anorexia e bulimia

registrados a ingestão de alimentos, os momentos em que sentiram fome,


fatores ambientais que precipitaram os episódios de compulsão alimentar, bem
como os pensamentos e sentimentos que acompanham os ciclos de compulsão
alimentar–vômitos. O diário não só representa um meio de monitorar com
exatidão a ingestão de alimentos, mas também ajuda a identificar situações
que, aparentemente, desencadeiam os episódios de compulsão alimentar.
Com a efetividade dessa meta inicial, os episódios de compulsão tendem
a diminuir. O ideal é que essas pessoas não adotem regras dietéticas radicais
quanto à escolha de alimentos saudáveis, pois essa é apenas outra faceta das
atitudes obsessivas típicas da bulimia. Em vez disso, incentiva-se uma ati-
tude madura quanto à nutrição, ou seja, consumir regularmente quantidades
moderadas de vários tipos de alimentos, procurando equilibrar os diversos
grupos alimentares, a fim de vencer o problema.
Além disso, deve-se realizar aconselhamento nutricional, trabalho com
a imagem corporal, educação nutricional e planejamento alimentar. Dessa
forma, o profissional auxilia o paciente na realização de refeições estruturadas
e planejadas, conduzindo mudanças alimentares, de forma a minimizar a
restrição alimentar autoimposta, reduzindo ou eliminando, assim, os episódios
de compulsão alimentar e purgação.

Tratamento psicológico
O objetivo primário da psicoterapia é melhorar a autoaceitação do paciente
e ajudá-lo a se preocupar menos com o seu peso corporal. Além disso, a
psicoterapia contribui para corrigir os pensamentos do tipo “tudo ou nada”,
típicos das pessoas bulímicas.
Pessoas que sofrem de bulimia nervosa precisam reconhecer que têm um
transtorno grave, que pode acarretar severas complicações médicas, caso
não seja tratado. As recaídas são frequentes, por isso o tratamento acontece
em longo prazo. Pessoas que sofrem desse transtorno necessitam de ajuda
profissional, porque podem ficar muito deprimidas e apresentar alto risco
de suicídio. Cerca de 50% das pessoas que sofrem de bulimia nervosa se
recuperam totalmente; muitas outras continuam a lutar com o problema, em
graus variados, pelo resto da vida. A dificuldade de tratamento reforça a
importância da prevenção.
Magreza, anorexia e bulimia 427

Neste link (FRANCISCO, 2017), você encontra uma pesquisa que discute sobre a bulimia
e o desenvolvimento de depressão. Disponível em:

https://goo.gl/HuKTfy

1. Assinale a alternativa que associa e) satisfação com a


o termo consumo, padrão ou imagem corporal.
comportamento alimentar 3. Qual o principal risco que envolve
com a sua relação correta. os vômitos na bulimia?
a) Consumo alimentar: representa a) Constipação.
a estrutura da alimentação. b) Alterações na arcada dentária.
b) Padrão alimentar: representa c) Queda do nível sanguíneo
a ingestão de alimentos. de potássio.
c) Consumo alimentar: representa d) Dores abdominais.
a ingestão de alimentos. e) Depressão.
d) Comportamento alimentar: 4. A anorexia é um transtorno
representa a estrutura mais frequente em:
da alimentação. a) idosos.
e) Comportamento b) crianças.
alimentar: representa a c) homens.
ingestão de alimentos. d) mulheres de meia idade.
2. Assinale a alternativa que apresenta e) adolescentes do sexo feminino.
uma característica da anorexia: 5. O profissional de saúde que
a) presença de hiperatividade. costuma estar envolvido na
b) episódios de compulsão identificação da bulimia é o:
alimentar. a) fisioterapeuta.
c) negação psicológica do apetite. b) educador físico.
d) consumo de alimentos c) dentista.
hipercalóricos. d) fonoaudiólogo.
e) assistente social.
428 Magreza, anorexia e bulimia

AINETT, W. S. O.; COSTA, V. V. L.; SÁ, N. N. B. Fatores associados à insatisfação com a


imagem corporal em estudantes de nutrição. Revista Brasileira de Obesidade, Nutrição
e Emagrecimento, v. 11, n. 62, 2017. Disponível em: <http://www.rbone.com.br/index.
php/rbone/article/view/487>. Acesso em: 30 jan. 2018.
FRANCISCO, R. M. H. Bulimia nervosa e depressão. 2017. Dissertação (Mestrado)–Fa-
culdade de Medicina, Universidade do Porto, Porto, 2017. Disponível em: <https://
repositorio-aberto.up.pt/bitstream/10216/105012/2/197821.pdf>. Acesso em: 30
jan. 2018.
SANTOS, F. O papel da família sobre a anorexia nervosa: breve discussão teórica.
Clínica e Cultura, v. 5, n. 2, p. 11-20, 2016. Disponível em: <https://seer.ufs.br/index.
php/clinicaecultura/article/view/5559/5989>. Acesso em: 30 jan. 2018.

Leituras recomendadas
CORDÁS, T. A.; KACHANI, A. T. Nutrição em psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2010.
NUNES, M. A. et al. Transtornos alimentares e obesidade. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
WARDLAW, G. M.; SMITH, A. M. Nutrição contemporânea. 8. ed. Porto Alegre: AMGH,
2013.
Gabaritos 429

Gabaritos

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