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CLÍNICA
Introdução
A busca por um corpo que a sociedade julga ser perfeito é algo cada vez
mais recorrente entre as pessoas, com isso a busca pela magreza e o desen-
volvimento de transtornos alimentares, vem crescendo dia após dia. Um
comportamento saudável em relação à alimentação é o reconhecimento
de que um certo grau de preocupação com a dieta, a saúde e o peso,
seja uma atitude normal. Entretanto, nos transtornos alimentares ocorre
alteração grave do padrão alimentar associada a problemas fisiológicos.
Neste capítulo, você irá estudar sobre esse assunto, além de analisar
os fatores relacionados com a etiologia dos transtornos alimentares, asso-
ciando a influência dos aspectos da alimentação na busca pela magreza.
Além disso, irá conhecer os aspectos relacionados com a anorexia e a
bulimia, definindo suas características, riscos, complicações e tratamento.
412 Magreza, anorexia e bulimia
Magreza
Sabemos que a aparência do corpo causa grande influência em nossas vidas.
Ela integra a forma como nos apresentamos e determina a maneira como nos
relacionamos, as oportunidades que temos socialmente, as reações e atitudes
dos outros em relação a nós, impactando nossa vida afetiva e profissional.
Entretanto, nossa aparência não influencia apenas na forma como os outros
nos veem: ela também influencia na concepção que temos sobre a nossa ima-
gem. Essa concepção é que exerce a maior influência, condicionando muitos
aspectos que vamos vivenciar.
Todos os dias, recebemos estímulos externos sobre a representação da
imagem corporal dita “ideal” na sociedade. Programas de televisão, outdoors,
revistas, filmes e jornais estabelecem um padrão de magreza como sinônimo
de felicidade, amor e, em última análise, sucesso. Já na infância, construímos
imagens do que é um corpo “aceitável” ou “inaceitável”, e esses estímulos
estão em toda parte. A gordura corporal é uma das características mais sujeitas
à rejeição e à zombaria, mesmo na idade escolar.
O valor numérico do peso corporal influencia o valor social. O peso corporal
é considerado, por muitas pessoas, o mais importante entre os atributos que
compõem a atratividade – em parte porque somos capazes de controlar, em
alguma medida, o nosso peso. A idealização da magreza e a depreciação da
gordura afetam mais as mulheres do que os homens. Para muitas mulheres,
especialmente as jovens, corresponder a esse padrão de beleza significa ter
autocontrole, competência e atratividade sexual. A insatisfação com o corpo
é frequentemente considerada um precursor essencial no desencadeamento do
TA. Como resposta a essa pressão social, ocorre a adoção de atitudes extremas,
na busca patológica pelo controle ou pela perda de peso.
Considerando as múltiplas influências da alimentação e o bombardeio
da mídia sobre o corpo ideal, não surpreende que algumas pessoas evoluam
das respostas típicas à fome e à saciedade para comportamentos obsessivos
que visam perder peso e, em última instância, para um transtorno alimentar
declarado. Além disso, a pressão social em relação à magreza exposta pela
mídia pode criar um ambiente psicológico favorável ao desenvolvimento
desses quadros, principalmente quando o indivíduo apresenta outros fatores
de risco ou vulnerabilidades, como baixa autoestima, perfeccionismo, traços
obsessivo-compulsivos, entre outros.
414 Magreza, anorexia e bulimia
Fatores socioculturais
Fatores familiares
Fatores individuais
Genética
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416 Magreza, anorexia e bulimia
Anorexia
A anorexia inicia com um quadro mental de risco e evolui para uma doença
física potencialmente fatal. O primeiro relato de caso publicado foi em 1689,
que descreveu pela primeira vez o transtorno e menciona que os pacientes se
julgam gordos e têm pavor da obesidade e do ganho de peso.
Embora a restrição alimentação faça parte da doença, o problema se origina
principalmente em um conflito psicológico. A anorexia chega a matar cerca
de 10% das pessoas que sofrem dessa doença, seja por suicídio, problemas
cardíacos ou infecções. Apenas aproximadamente um quarto dos pacientes
com anorexia se recuperam dentro de seis anos; os demais vivem com a
doença ou evoluem para outro transtorno alimentar. Já se sabe que, quanto
maior for o tempo de ocorrência do transtorno, menores são as chances de
uma completa recuperação.
O início da anorexia pode começar com uma simples tentativa de perder
peso. O culto à magreza e o estresse de manter certo peso para parecer atraente
ou competente para uma função também pode causar transtorno alimentar.
Além disso, as mudanças físicas relacionadas com a puberdade, o estresse
do término da infância ou a vivência de trauma são exemplos de fatores
desencadeantes de hábitos alimentares extremos.
Por ser uma condição altamente prevalente em jovens, muitas vezes ocorre
um atraso em seu diagnóstico, pois a perda de peso fica subestimada. A
ingestão de uma quantidade insuficiente de calorias durante o período de
crescimento pode acarretar baixa estatura. Se a anorexia se instala antes da
puberdade, a maturidade sexual e a menstruação também podem demorar
mais para acontecer.
Dietas hipocalóricas e restritivas são o mais importante fator preditivo de
transtorno alimentar. Uma vez iniciada a dieta radical, a anorexia pode ser
iniciada – e, quando é observada, tende a progredir. Em alguns casos, a ano-
rexia pode levar à prática da compulsão alimentar, com ingestão de enormes
quantidades de comida em pouco tempo, seguida de vômitos forçados. Além
dos vômitos, a pessoa pode usar outros meios para se livrar da comida, como
laxantes, diuréticos e enemas. Portanto, ela pode se manter em um estado
de semi-inanição permanente ou alternar períodos em que passa fome com
períodos de compulsão alimentar e mecanismos de compensação.
Conheça o perfil típico da pessoa que sofre de anorexia nervosa:
Terapia nutricional
A primeira meta da terapia nutricional é ganhar a confiança e a cooperação da
pessoa, com o objetivo básico de aumentar a ingestão de alimentos. O ideal
é que o ganho de peso seja suficiente para trazer a taxa metabólica ao nível
normal e reverter o máximo possível de sinais físicos da doença.
A ingestão de alimentos é planejada inicialmente para diminuir ou deter
a perda de peso. Em seguida, o foco passa a ser a recuperação de hábitos
alimentares adequados. Depois de vencida essa etapa, pode-se esperar um
lento ganho de peso, em torno de 1 kg a 1,5 kg por semana. A nutrição enteral
(por sonda) ou parenteral (intravenosa) só deve ser usada se for necessário
Magreza, anorexia e bulimia 421
https://goo.gl/o942VT
Bulimia
A bulimia é um transtorno alimentar que se caracteriza por episódios de com-
pulsão alimentar, seguidos de vários métodos compensatórios de eliminação do
alimento. Trata-se de um transtorno mais comum em adultos jovens. Em geral,
as pessoas suscetíveis costumam ter fatores genéticos e hábitos de vida que as
predispõem ao excesso de peso, e muitas já tentaram dietas emagrecedoras na
adolescência. É uma doença que acomete mais indivíduos do sexo feminino;
ainda, as mulheres que sofrem de bulimia geralmente têm o peso normal ou
um pouco acima do normal. Elas também costumam ser sexualmente ativas,
o que não ocorre com os pacientes que sofrem de anorexia.
O pensamento do indivíduo que sofre de bulimia é constantemente rela-
cionado com a alimentação; entretanto, ao contrário da pessoa anoréxica, que
se afasta do alimento quando enfrenta problemas, a pessoa bulímica se volta
para o alimento em situações de crise. Outro diferencial está relacionado ao
enfrentamento: ao contrário da anorexia, as pessoas com bulimia reconhecem
que o seu comportamento é anormal. Esse transtorno envolve sentimentos
Magreza, anorexia e bulimia 423
Tratamento psicológico
O objetivo primário da psicoterapia é melhorar a autoaceitação do paciente
e ajudá-lo a se preocupar menos com o seu peso corporal. Além disso, a
psicoterapia contribui para corrigir os pensamentos do tipo “tudo ou nada”,
típicos das pessoas bulímicas.
Pessoas que sofrem de bulimia nervosa precisam reconhecer que têm um
transtorno grave, que pode acarretar severas complicações médicas, caso
não seja tratado. As recaídas são frequentes, por isso o tratamento acontece
em longo prazo. Pessoas que sofrem desse transtorno necessitam de ajuda
profissional, porque podem ficar muito deprimidas e apresentar alto risco
de suicídio. Cerca de 50% das pessoas que sofrem de bulimia nervosa se
recuperam totalmente; muitas outras continuam a lutar com o problema, em
graus variados, pelo resto da vida. A dificuldade de tratamento reforça a
importância da prevenção.
Magreza, anorexia e bulimia 427
Neste link (FRANCISCO, 2017), você encontra uma pesquisa que discute sobre a bulimia
e o desenvolvimento de depressão. Disponível em:
https://goo.gl/HuKTfy
Leituras recomendadas
CORDÁS, T. A.; KACHANI, A. T. Nutrição em psiquiatria. Porto Alegre: Artmed, 2010.
NUNES, M. A. et al. Transtornos alimentares e obesidade. 2. ed. Porto Alegre: Artmed, 2006.
WARDLAW, G. M.; SMITH, A. M. Nutrição contemporânea. 8. ed. Porto Alegre: AMGH,
2013.
Gabaritos 429
Gabaritos
https://goo.gl/NtS4rt
Encerra aqui o trecho do livro disponibilizado para
esta Unidade de Aprendizagem. Na Biblioteca Virtual
da Instituição, você encontra a obra na íntegra.
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