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De acordo com o DSM-5, os transtornos alimentares são caracterizados por uma perturbação
persistente na alimentação ou no comportamento relacionado à alimentação que resulta no
consumo ou na absorção alterada de alimentos e que compromete significativamente a saúde
física ou o funcionamento psicossocial.
A obesidade não está inclusa no DSM-5 como um transtorno mental. A obesidade (excesso de
gordura corporal) resulta do excesso prolongado de ingestão energética em relação ao gasto
energético.
Desta forma podemos entender os transtornos alimentares como doenças que são
caracterizadas por hábitos alimentares irregulares e sofrimento grave ou preocupação com o
peso ou a forma do corpo. Os distúrbios alimentares podem incluir ingestão inadequada ou
excessiva de alimentos, o que pode, em última instância, prejudicar o bem-estar de um
indivíduo. As formas mais comuns de transtornos alimentares incluem Anorexia Nervosa,
Bulimia Nervosa e Transtorno da Compulsão Alimentar e afetam tanto mulheres quanto
homens. Transtornos alimentares podem se desenvolver durante qualquer fase da vida, mas
geralmente aparecem durante a adolescência ou na idade adulta jovem.
Embora essas condições sejam tratáveis, os sintomas e consequências podem ser prejudiciais e
mortais se não forem abordados. Transtornos alimentares comumente coexistem com outras
condições, como transtornos de ansiedade, abuso de substâncias ou depressão.
As escolhas alimentares também são fatores que implicam no comportamento alimentar. Elas
são baseadas no quê, no como, com quem, onde, quando e outras condições
que determinam a seleção e o consumo de bebidas e alimentos, como aparência, cheiro, valor
nutricional, fatores psicológicos, socioculturais e socioeconômicos.
A conduta alimentar é motivada pelas sensações básicas de fome, sede e saciedade. Podemos
também nos deparar com outros 3 níveis de comportamento alimentar: fome, vontade
verdadeira e desejo de comer.
Aula 03 - transtornos alimentares descritos no DSM-5
A pica,
Transtorno de ruminação,
Anorexia nervosa,
Bulimia nervosa e
Pica
Em latim, pica é o nome de um pássaro muito comum em parte da Europa, um tipo de corvo
de 45 cm que, por ser extremamente voraz, come quase de tudo. Os sujeitos com essa
síndrome apresentam um comportamento parecido: eles ingerem itens que não são
considerados alimentos de verdade, como moedas, terra, argila, carvão, tecido. Além disso,
entram na descrição os casos de quem engole ingredientes sem nenhum preparo, como
farinhas e batatas cruas.
É normal que crianças pequenas levem à boca muitos desses objetos, pois estão explorando o
mundo à sua volta. A situação fica séria quando isso vira um hábito e perdura por três meses
ou mais.
Inclui episódios de regurgitação (ou “remastigação) repetidos que não podem ser explicados
por nenhuma condição médica. As principais complicações médicas podem ser desnutrição,
perda de peso, alterações do equilíbrio hidroeletrolítico, desidratação e morte. O tratamento
envolve o acompanhamento clínico das complicações e tratamento comportamental.
O sujeito regurgita um pouco do que comeu na última refeição e mastiga novamente. Parte
dos portadores cospe o conteúdo, enquanto outra parcela engole uma segunda vez. Esse
processo se repete praticamente todos os dias e não está relacionado a nenhuma outra
condição médica, como o refluxo gastresofágico.
Se comparado com o vômito provocado na bulimia, o volume de alimentos que volta à boca é
pequeno, o que permite disfarçar a ruminação por meio de tosses e outras táticas. Esse
quadro foi descrito em bebês, crianças, adolescentes e até adultos de 20 a 30 anos.
Além da saúde mental, o transtorno traz outras consequências ao organismo: a ida constante
de ácidos estomacais para o esôfago, a garganta e a cavidade bucal provoca úlceras, mau
hálito e cáries. Muitos sofrem uma perda de peso rápida e desenvolvem outros incômodos,
caso de náuseas, constipação ou diarreia.
A pessoa com transtorno alimentar restritivo evitativo come muito pouco e/ou evita comer
determinados alimentos. É possível que ela coma tão pouco que acaba perdendo uma
quantidade significativa de peso. Crianças com esse transtorno podem não crescer tanto
quanto esperado.
É possível que a pessoa com transtorno alimentar restritivo evitativo não coma, porque ela
perdeu o interesse em comer ou porque acredita que comer tem consequências prejudiciais. É
possível que ela evite determinados alimentos devido à sua cor, consistência ou odor.
Aula 06 – Anorexia nervosa
Quando um paciente possui anorexia, ele para de comer e não consegue ver que seu corpo,
aos poucos, está definhando com a falta de nutrição adequada. O indivíduo anoréxico pode
até mesmo deixar de sentir fome por completo.
Na anorexia, as costelas e os ossos das costas começam a ficar aparentes e a pessoa anoréxica
passa a desenvolver doenças e condições complementares, como a alopecia, que é a queda de
cabelo, causada pela falta de nutrientes no corpo.
Mesmo com uma aparência clara de magreza excessiva, esse transtorno alimentar é capaz de
fazer com que o indivíduo anoréxico se veja com sobrepeso e continue na busca pela magreza
ideal. Muitos médicos indicam que a anorexia é, acima de tudo, um distúrbio de imagem
corporal.
Além de não comer, a pessoa que tem anorexia pode acabar exagerando nos exercícios físicos
e no uso de medicamentos laxantes e diuréticos, sempre com a intenção de perder peso.
A anorexia nervosa tem três características essenciais: restrição persistente da ingesta calórica;
medo intenso de ganhar peso ou de engordar ou comportamento persistente que interfere no
ganho de peso; e perturbação na percepção do próprio peso ou da própria forma. O indivíduo
mantém um peso corporal abaixo daquele minimamente normal para idade, gênero, trajetória
do desenvolvimento e saúde física. O peso corporal dessas pessoas com frequência satisfaz
esse critério depois de uma perda ponderal significativa, porém, entre crianças e adolescentes,
pode haver insucesso em obter o ganho de peso esperado ou em manter uma trajetória de
desenvolvimento normal (enquanto cresce em altura) em vez de perda de peso.
Indivíduos com esse transtorno exibem geralmente medo intenso de ganhar peso ou de
engordar. Esse medo intenso de engordar não costuma ser aliviado pela perda de peso. Na
verdade, a preocupação acerca do peso pode aumentar até mesmo se o peso dimimuir.
Indivíduos mais jovens com anorexia nervosa, bem como alguns adultos, podem não
reconhecer ou perceber medo de ganhar peso.
Muitas vezes, a anorexia – ou outros distúrbios alimentares – surge quando se passa por
momentos conturbados, como separação, perda de emprego, perda de um parente, mudança
de cidade. Isso não quer dizer que sejam a causa da anorexia, mas, sim, que são facilitadores
do aparecimento do transtorno.
No início, os sintomas são pouco perceptíveis, pois o anoréxico finge estar se alimentando e
chega a usar roupas largas. Qualquer ganho de peso apavora e gera angústia. Assim como a
anorexia, a bulimia também é um transtorno que leva à obsessão pela magreza. Porém, nesses
casos, ela provoca refluxos. O anoréxico se recusa a comer, mas não por falta de apetite. Já
quem é acometido pela bulimia come, mas procura "se livrar" da comida, vomitando ou
tomando laxantes e diuréticos como uma forma de punição por não conseguir ficar sem
comer.
Quando o distúrbio atinge um estágio mais avançado, a pessoa, mesmo estando muito abaixo
do peso normal, com os ossos à mostra, ainda se acha gorda e quer emagrecer mais. Este tipo
de transtorno costuma estar ligado à depressão e também provoca reações no organismo e
nas funções fisiológicas, como interrupção do ciclo menstrual.
Geralmente, o paciente com anorexia não percebe o problema, pois acha ser normal querer
controlar a alimentação. E, apesar de amigos e familiares insistirem em dizer que está
magro(a) demais e que deve se alimentar melhor, o(a) paciente nega a informação e se
preocupa em como emagrecer ainda mais. Além disso, na maioria das vezes recusa-se a
procurar um especialista.
Acredita-se atualmente que exista uma patologia multifatorial, com hipóteses da influência
combinada da dinâmica familiar, do meio cultural e de aspectos da personalidade do indivíduo
como fatores concorrentes para a predisposição, instalação e manutenção dos distúrbios.
A influência do ambiente familiar sobre os transtornos alimentares é uma das dimensões mais
valorizadas desde que essas enfermidades foram descritas, sendo que fatores familiares
podem contribuir tanto para o desencadeamento como para a manutenção do transtorno.
O método mais utilizado para eliminar esse excesso costuma ser a indução do vômito. Mas
existem outras maneiras encontradas para fazer essa compensação.
Desde a primeira descrição da Bulimia Nervosa (BN) por Gerald Russell22 (1979), o
conhecimento deste quadro como entidade nosológica distinta tem avançado rapidamente,
graças à proliferação de grupos de pesquisa em vários países.
O vômito auto induzido é extremamente comum, sendo encontrado em até 95% dos
pacientes, provavelmente pelo seu efeito de redução imediata da ansiedade. É interessante
lembrar que o comportamento de forçar o vômito é muito antigo e pode ser encontrado
precocemente na história de diferentes povos da Antiguidade.
No antigo Egito, por exemplo, grande parte do papiro de Eber é dedicado ao estímulo
e às virtudes do ato de vomitar. Segundo Heródoto, os egípcios vomitavam e usavam
purgativos todo mês, por três dias consecutivos, julgando que "todas as doenças dos
homens são oriundas da comida".
O termo bulimia tem uma história muito antiga; deriva do grego "bous" (boi) e "limos" (fome),
designando assim um apetite tão grande que seria possível a um homem comer um boi, ou
quase.
A BN tem como sintoma principal o episódio de compulsão alimentar e costuma surgir no
decorrer de uma dieta para emagrecer. No início, pode se achar relacionado à fome, mas
posteriormente, quando o ciclo compulsão alimentar-purgação já está instalado, ocorre em
todo tipo de situação que gera sentimentos negativos (frustração, tristeza, ansiedade, tédio,
solidão). Inclui um aspecto comportamental objetivo que seria comer uma quantidade de
comida considerada exagerada se comparada ao que uma pessoa comeria em condições
normais; e um componente subjetivo que é a sensação de total falta de controle sobre o seu
próprio comportamento.
Estes episódios ocorrem às escondidas na grande maioria das vezes e são acompanhados de
sentimentos de intensa vergonha, culpa e desejos de autopunição. A quantidade de calorias
ingerida por episódio pode variar enormemente, muito embora em média oscile entre 2 mil e
5 mil calorias.
O vômito auto induzido ocorre na grande maioria dos casos, sendo portanto o principal
método compensatório utilizado. O efeito imediato provocado pelo vômito é o alívio do
desconforto físico secundário à hiperalimentação e principalmente a redução do medo de
ganhar peso. A sua frequência é variável, podendo ser de um até 10 ou mais episódios por dia,
nos casos mais graves. No começo, a paciente necessita de manobras para induzir o vômito,
como a introdução do dedo ou algum objeto na garganta. Algumas bulímicas mais graves, com
vários episódios de vômitos por dia, podem apresentar até ulcerações no dorso da mão pelo
uso da mesma para induzir a emese (ação de vomitar), o que se chama de sinal de Russell.
Com a evolução do transtorno, a paciente aprende a vomitar sem necessitar mais de
estimulação mecânica.
A bulimia nervosa é bem mais comum em indivíduos do sexo feminino do que nos do
masculino. Os últimos estão especialmente sub-representados nas amostras que buscam.
O risco de suicídio é alto na bulimia nervosa. A avaliação completa de indivíduos com esse
transtorno deverá incluir determinação de ideação e comportamentos suicidas, bem como
outros fatores de risco para suicídio, incluindo história de tentativas de suicídio.
Ao lado de anorexia e bulimia, a compulsão alimentar faz parte da tríade clássica dos
transtornos alimentares. Nela, a questão é o exagero mesmo: a pessoa devora uma
quantidade enorme de comida. Alguns chegam a ingerir de 4 mil a 15 mil calorias em poucos
minutos — a média recomendada para um adulto saudável são 2 mil calorias por dia.
Aqui, não acontece nenhuma tentativa para eliminar esses alimentos, como vômitos ou
remédios. Esses ataques súbitos de gulodice são motivados por dilemas emocionais, como
ansiedade e estresse.
O médico faz o diagnóstico com base no modo pelo qual a pessoa descreve seu
comportamento.
O tratamento visa ajudar a pessoa a controlar a compulsão alimentar e inclui terapia
cognitivo-comportamental, inibidores seletivos de recaptação da serotonina (ISRS, um
tipo de antidepressivo) e medicamentos estimulantes.
Via de regra, aproximadamente 3,5% das mulheres e 2% dos homens têm transtorno da
compulsão alimentar periódica. Mas o transtorno se torna mais comum com o aumento do
peso corporal. Em alguns programas de redução de peso, 30% das pessoas obesas ou mais têm
o transtorno.
O transtorno da compulsão alimentar periódica causa angústia à pessoa que o tem, sobretudo
se ela estiver tentando perder peso. Essas pessoas estão mais propensas a
ter depressão ou ansiedade em comparação àquelas que não apresentam o transtorno. Além
disso, as pessoas obesas com transtorno da compulsão alimentar periódica são mais propensas
a ter preocupação com a forma física, com o peso ou ambos, que as pessoas obesas que não
comem compulsivamente.
Aula 09 - Transtorno Dismórfico Corporal
De acordo com o DSM-5, os indivíduos com transtorno dismórfico corporal preocupam-se com
a percepção de um ou mais defeitos ou falhas em sua aparência física que não são observáveis
ou parecem leves para os outros; essa preocupação frequentemente causa ansiedade social e
esquiva. Se seus medos e a esquiva social são causados apenas por suas crenças sobre sua
aparência, um diagnóstico separado de transtorno de ansiedade social não se justifica.
A preocupação com a aparência não é mais bem explicada por preocupações com a gordura ou
o peso corporal em um indivíduo cujos sintomas satisfazem os critérios diagnósticos para um
transtorno alimentar.
A dismorfia muscular, uma forma de transtorno dismórfico corporal que ocorre quase
exclusivamente no sexo masculino, consiste na preocupação com a ideia de que o próprio
corpo é muito pequeno ou insuficientemente magro ou musculoso. Os indivíduos com essa
forma de transtorno, na verdade, têm uma aparência corporal normal ou são ainda mais
musculosos. Eles também podem ser preocupados com outras áreas do corpo, como a pele ou
o cabelo. A maioria (mas não todos) faz dieta, exercícios e/ou levanta pesos excessivamente,
às vezes causando danos ao corpo. Alguns usam esteroides anabolizantes perigosos e outras
substâncias para tentar deixar seu corpo maior e mais musculoso. O transtorno dismórfico
corporal por procuração é uma forma de transtorno dismórfico corporal em que os indivíduos
são preocupados com defeitos que eles percebem na aparência de outra pessoa.
Uma vez que a pessoa com transtorno dismórfico corporal sente-se constrangida por sua
aparência, é possível que ela evite aparecer em público incluindo faltar ao trabalho, à escola
ou não participar de atividades sociais. Algumas pessoas com sintomas graves só saem de casa
à noite e outras nunca saem. Assim, esse transtorno frequentemente dá origem ao isolamento
social. Em casos muito graves, o transtorno dismórfico corporal é incapacitante. A angústia e a
disfunção causadas pelo transtorno podem causar depressão, problemas com drogas e álcool,
internações hospitalares repetidas, comportamento suicida e suicídio.
Aproximadamente 80% das pessoas com transtorno dismórfico corporal apresentam ideação
suicida em algum momento e entre 25% e 30% cometem tentativa de suicídio.
Muitas pessoas com transtorno dismórfico corporal também têm outros transtornos de saúde
mental, tais como transtorno depressivo maior, transtorno por uso de substância, transtorno
de ansiedade social ou transtorno obsessivo-compulsivo.
Aula 10 – Vigorexia e Ortorexia
Vigorexia não é um transtorno alimentar clássico, mas, sim, uma dismorfia corporal que tem
uma ligação com as fobias, à obsessão aqui está na ideia de um corpo perfeito, com músculos
fortes e torneado. Diferentemente dos tipos sobre os quais já falamos, a vigorexia é mais
comum em homens jovens que se submetem a uma rotina exaustiva e exagerada de exercícios
físicos.
Em paralelo aos treinos na academia, muitos também criam neuras com a comida: só comem
frango com batata-doce ou acham que suplementos proteicos são suficientes para se
manterem de pé.
Vigorexia é o nome dado para o transtorno dismórfico muscular, um problema psicológico que
faz com que os pacientes se enxerguem fracos e sem músculos, quando são fortes e
musculosos.
A distorção da imagem que essas pessoas têm faz com que eles fiquem diversas horas na
academia ou praticando exercícios para chegar ao corpo que eles consideram ideal.
Este tipo de transtorno pode ser semelhante à anorexia, porque seus portadores contam com
imagens distorcidas daquelas que veem no espelho.
Conforme o tempo passa, o paciente começa a sentir cansaço, insônia, dores musculares,
queda no desempenho sexual, depressão e desinteresse por atividades que não estejam
relacionadas à prática de exercícios físicos.
Ortorexia como uma fixação pela saúde alimentar caracterizada por uma obsessão doentia
com o alimento biologicamente puro, acarretando restrições alimentares significativas. Trata-
se de indivíduos com escolhas alimentares acompanhadas de uma preocupação exagerada
com a qualidade dos alimentos, a pureza da dieta (livre de herbicidas, pesticidas e outras
substâncias artificiais) e o uso exclusivo de “alimentos politicamente corretos e saudáveis”.
O termo ortorexia nervosa foi criado por Steven Bratman, médico americano, e descreve o
comportamento ortoréxico é ingerir alimentos que contribuam para o bom funcionamento do
organismo e "libertem o corpo e a mente de impurezas" a fim de alcançarem um corpo
saudável e maior qualidade de vida. O autor também associou esse comportamento com o
desprezo pelos que não seguem os mesmos "padrões elevados" de alimentação, a obsessão, a
solidão, o evitar a prática social das refeições, a insatisfação com a própria condição e a
autoimposição para tentar esclarecer outros acerca dos alimentos "saudáveis".
Ortorexia, que ainda não é um transtorno alimentar reconhecido por toda a comunidade
científica, vem da junção dos termos gregos “orexis” (apetite) e “orthos” (correto). O que pega
aqui é a obsessão por alimentos saudáveis, puros e naturais. Pizza sexta à noite? Nem pensar!
Uma sobremesa no almoço de domingo? Pecado mortal.
O quadro, descrito há 22 anos pelo médico americano Steven Bratman, costuma aparecer em
mulheres de classes sociais mais abastadas, bem como em pessoas om traços de
perfeccionismo e que se cobram muito. A questão não está nas calorias de cada prato, mas,
sim, na pureza dos produtos.
O quadro pode gerar grande sofrimento emocional, pois o indivíduo geralmente se recusa a
comer algo que não foi preparado por ele mesmo, e também leva a um isolamento social, já
que muitos evitam refeições ou confraternizações e festas.
Aula 11 – Obesidade
A obesidade não está inclusa no DSM-5 como um transtorno mental. A obesidade (excesso de
gordura corporal) resulta do excesso prolongado de ingestão energética em relação ao gasto
energético. Uma gama de fatores genéticos, fisiológicos, comportamentais e ambientais que
variam entre os indivíduos contribui para o desenvolvimento da obesidade; dessa forma, ela
não é considerada um transtorno mental. Entretanto, existem associações robustas entre
obesidade e uma série de transtornos mentais (p. ex., transtorno de compulsão alimentar,
transtornos depressivo e bipolar, esquizofrenia).
O sexo feminino de uma maneira geral é muito vulnerável à aceitação das pressões sociais,
econômicas e culturais associadas aos padrões estéticos. A sociedade rejeita, discrimina e
reprova pessoas obesas. Perante esta situação muitas mulheres encontram-se insatisfeitas
com seu corpo. O medo da obesidade faz com que um número cada vez maior de mulheres
faça dieta, controle neuroticamente o peso corporal, exercite-se de maneira exaustiva e faça
uso de laxantes, diuréticos e drogas anorexígenas.
Nas sociedades afluentes, ao mesmo tempo em que observamos uma oferta abundante de
alimentos de alto teor energético e de rápido consumo, a vida cotidiana é cada vez mais
sedentária, tornando mais penosa a tarefa de manter o corpo magro. Modelos e atrizes de
sucesso, representantes dos padrões ideais de beleza feminina, são extremamente magras e
muitas vezes apresentam um corpo de pré-adolescente com formas pouco definidas.
Aula 13 – Como a TCC pode ajudar no tratamento
A TCC tornou-se aceita como uma das principais abordagens para o tratamento dos
transtornos alimentares. Mas mesmo amplamente utilizada atualmente, esse ainda é um
referencial relativamente novo, especialmente no Brasil.
Por fim, a terceira etapa se preocupa em manter as conquistas das fases anteriores e fazer um
plano de prevenção de recaídas, por meio de antecipação e preparação para o enfrentamento
de situações de estresse que anteriormente ativavam os padrões disfuncionais. Mas além do
seguimento adequado de um plano de tratamento, a TCC considera a qualidade da relação
terapêutica, ou seja, o vínculo entre paciente e terapeuta, como fundamental. Já em um
primeiro momento é importante deixar claro para o doente que há um interesse autêntico em
ajudá-lo, que não se vai enganá-lo e que os sintomas podem ser manejados.
Os terapeutas devem ser empáticos para que estabeleçam um bom vínculo com quem os
procura, para que consigam desenvolver objetivos e tarefas para casa. Enfatiza-se a
importância da demonstração de entendimento e empatia pelos sentimentos do paciente,
principalmente em relação ao terror deste de vir a perder o controle sobre seu peso. Aceitar as
crenças como genuínas para o doente também é fundamental para o bom relacionamento.
Ainda neste ponto, a TCC tem defendido a importância de estabelecer uma forte relação
colaborativa entre as duas partes, onde o profissional tem um papel ativo.
Entretanto, essa não é uma tarefa simples. A insatisfação com o vínculo é o motivo mais
frequente pelo abandono da relação e para uma não-conformidade.
Em relação ao papel da família no tratamento, a participação desta pode ajudar a criar uma
estrutura de colaboração em que os pais/cônjuges tornem o meio facilitador de mudanças.
Discutir a função que a enfermidade desempenha no sistema familiar colabora para as
mudanças no padrão de interação dos membros. Tanto na anorexia nervosa quanto na bulimia
nervosa, o objetivo terapêutico é de aumentar a capacidade de comunicação entre os
membros, corrigir suas percepções distorcidas, melhorar as estratégias de solução de conflitos
(o ensaio comportamental pode ajudar) e fazê-los estabelecer juntos novos limites com a
aceitação das diferenças individuais e busca da autonomia.
Todavia, em muitos casos a família é rígida e resistente a mudanças, com dificuldades para se
ajustar às demandas maturacionais de seus membros. Quando acontece de os familiares se
recusarem a participar do tratamento, o paciente deve aumentar seu entendimento desse
funcionamento grupal e modificar suas expectativas em relação ao mesmo, aprendendo a
funcionar de maneira mais independente.
Mas o tratamento dos transtornos alimentares não deve se dar somente através da TCC.
Nessas doenças a equipe interdisciplinar é fundamental devido à possível necessidade de
hospitalização, ganho urgente de peso, problemas físicos causados tanto pela restrição como
pelas orgias alimentares e purgações. Hoje se sabe que os melhores resultados são alcançados
através das equipes multiprofissionais. É ideal que participem desta equipe: educadores
físicos, enfermeiros, dentistas, médicos clínicos, nutricionistas, psicólogos, psiquiatras, entre
outros.
REFERENCIAIS BIBLIOGRÁFICOS
https://doi.org/10.1590/S1516-44462002000700002
https://www.scielo.br/j/rbp/a/P6XZkzr5nTjmdVBTYyJVZPD/?format=pdf&lang=pt
file:///C:/Users/sosof/Downloads/391-Texto%20do%20artigo-776-1-10-20120217.pdf
Instrumentos para a avaliação dos Instrumentos para a avaliação dos transtornos alimentares
transtornos alimentares Assessment instruments for eating Assessment instruments for eating
disorders disorders Silvia Freitasa , Clarice Gorensteinb e Jose C Appolinario
https://www.scielo.br/j/rbp/a/jM83yGvYYqVSg76VjMRsxMD/?format=pdf&lang=pt