A paciente de 19 anos tentou suicídio após desavença no trabalho e dor no peito. Ela relata histórico de automutilação, abuso sexual e depressão desde os 13 anos. Apresenta sintomas de instabilidade emocional, relacionamentos e identidade que sugerem diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline.
A paciente de 19 anos tentou suicídio após desavença no trabalho e dor no peito. Ela relata histórico de automutilação, abuso sexual e depressão desde os 13 anos. Apresenta sintomas de instabilidade emocional, relacionamentos e identidade que sugerem diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline.
A paciente de 19 anos tentou suicídio após desavença no trabalho e dor no peito. Ela relata histórico de automutilação, abuso sexual e depressão desde os 13 anos. Apresenta sintomas de instabilidade emocional, relacionamentos e identidade que sugerem diagnóstico de Transtorno de Personalidade Borderline.
Paciente G.A.S.A., 19 anos, solteira, trabalha em creche, procedente de
Indaiatuba, faz faculdade de pedagogia, mora com 2 amigas (uma acompanhava no momento da internação), pais moram em Indaiatuba, tem dois irmãos mais novos, faz autoescola atualmente, gosta de cozinhar (atualmente não cozinha por falta de tempo), já teve 02 namorados, histórico familiar: mãe com depressão.
Foi internada por tentativa de suicídio ontem à noite, tomou 20
comprimidos de Passiflora, e cortou-se em punho esquerdo com lâmina de barbear. Paciente refere que aos 13 anos de idade iniciou um quadro de autolesão com cortes em punhos para aliviar ansiedade e depressão (SIC). Aos 14 anos, refere abuso sexual por parte de sua avó, indo então para São Paulo. A partir desses acontecimentos refere que iniciou quadro de “Depressão Profunda”. Fez acompanhamento não regular no CAPS a partir de então. Aos 16 anos, a primeira tentativa concreta de suicídio ao tomar medicações. Refere melhora parcial após episódio descrito com piora aos 18 anos (voltou a se cortar). Além disso, refere episódio de soco em janela (corte profundo em punho direito) e crises de ansiedade/tristeza recorrentes. Há 08 meses parou de fazer uso de Sertralina 50mg 1-0-0 e Ansitec por conta própria, pois havia recebido alta da psicóloga. Há 02 meses percebe piora em seu quadro, chorando com mais facilidade e mais ansiosa. Há 07 dias refere desconforto/dor em tórax e além disso, desavença com colega de trabalho, fatores que refere como desencadeantes para a crise atual. Análise de paciente: Paciente em poltrona de sala de medicação, acompanhada do pai e da mãe, tranquila, refere que apesar do desconforto da última noite, não apresenta queixas. Aparentemente menos ansiosa que ontem. Colaborativa e com insight mais desenvolvido.
EEM: Paciente com vestes e higiene adequadas, acompanha de sua
amiga, desperta, colaborativa, normotenaz e normovigil, sem alterações de sensopercepção, humor hipotímico e afeto congruente, pensamento sem alteração de forma ou fluxo, insight pobre, mantém ideação suicida, nega arrependimento. QUAL SERIA O DIAGNÓSTICO? Transtorno de Personalidade Borderline
Indivíduos com transtorno da personalidade borderline encontram-
se no limiar entre neurose e psicose e têm por característica afeto, humor, comportamento, relações objetais e autoimagem extraordinariamente instáveis. O transtorno também foi chamado de esquizofrenia ambulatorial, personalidade “como se” (expressão cunhada por Helene Deutsch), esquizofrenia pseudoneurótica (descrita por Paul Hoch e Phillip Politan) e transtorno de caráter psicótico (descrito por John Frosch). Não há estudos definitivos sobre prevalência, mas acredita-se que o transtorno da personalidade borderline esteja presente em 1 a 2% da população e seja duas vezes mais comum em mulheres do que em homens. Um aumento de prevalência do transtorno depressivo maior, de transtornos por uso de álcool e de abuso de substância é encontrado em parentes em primeiro grau de indivíduos com transtorno da personalidade borderline. De acordo como DSM-5, o diagnóstico de transtorno da personalidade borderline pode ser estabelecido no início da idade adulta quando o paciente exibe pelo menos cinco dos critérios listados: 1. Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado. (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.) 2. Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização. 3. Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si mesmo. 4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (p. ex., gastos, sexo, abuso de substância, direção irresponsável, compulsão alimentar). (Nota: Não incluir comportamento suicida ou de automutilação coberto pelo Critério 5.) 5. Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento automutilante. 6. Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade de humor (p. ex., disforia episódica, irritabilidade ou ansiedade intensa com duração geralmente de poucas horas e apenas raramente de mais de alguns dias). 7. Sentimentos crônicos de vazio. 8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la (p. ex., mostras frequentes de irritação, raiva constante, brigas físicas recorrentes). 9. Ideação paranoide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos. Conduta:
• Mantém internação em leito de enfermaria;
• Prescreve Topiramato 21mg 1-0-0; • Sertralina 50mg 1-0-0; • Acompanhante 24 horas como profilaxia para evasão/suicídio; • Encaminhar ao CAPS na alta;