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UNIVERSIDADE ESTADUAL DE SANTA CRUZ

COLEGIADO DE DIREITO
CURSO DE GRADUAÇÃO EM DIREITO

ANTÔNIO CARLOS DE SOUZA HYGINO NETO


DANIELA KELLY CARDIM VIANA
DANILO SANTOS SOUZA
GUILHERME VANCONCELOS SANTOS
ISAAC DO NASCIMENTO RAMOS
VANDERLEY SILVA SANTOS

TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE E TRANSTORNOS SEXUAIS

ILHÉUS-BA
2021
1. TRANSTORNOS DE PERSONALIDADE

Os transtornos de personalidade são um grupo de doenças psiquiátricas em que


a pessoa tem um padrão de pensamento e comportamento bastante rígido e mal
ajustado. Geralmente começam a tornar-se evidentes durante o final da adolescência
ou início da idade adulta.
Cerca de 10% da população geral e até metade dos pacientes psiquiátricos em
unidades hospitalares e ambulatoriais têm transtorno de personalidade, de acordo com
o Manual de Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM).

Eles são divididos em três grupos:

1.1 GRUPO A

Referente aos TP do tipo paranoide, esquizoide e esquizotípico, que


compartilham características identificadas em indivíduos excêntricos e esquisitos.
Marcado por haver grandes desconexões com a realidade. São traços em comum a
desconfiança, vontade de isolamento e dificuldade em adquirir afeto.

● Transtorno de personalidade esquizoide

O indivíduo é caracterizado por um padrão generalizado de distanciamento e


desinteresse geral pelos relacionamentos sociais.
Estima-se que cerca de 3% a 5% da população norte-americana geralmente têm
transtorno da personalidade esquizoide. Além disso, é ligeiramente mais encontrada no
sexo masculino. No entanto, pode ser mais comum nas pessoas com história familiar
de esquizofrenia.
Não há um tratamento 100% eficaz, mas abordagens cognitivo-
comportamentais que foquem a aquisição de habilidades sociais também podem ajudar
os pacientes a mudar

● Transtorno de personalidade paranoide

A pessoa é caracterizada por um padrão generalizado de desconfiança e


suspeita sobre as atitudes de terceiros com ela.
Uma vez que a pessoa suspeita que outras pessoas estão planejando explorá-la,
enganá-la ou prejudicá-la, ela está sempre atenta a possíveis insultos, ofensas ou ameaças.
Não há um tratamento eficaz, mas a terapia cognitivo-comportamental pode ser
tentada e medicamentos podem aliviar alguns sintomas.

1.2 GRUPO B

O segundo grupo, classificado por indivíduos dramáticos, emotivos e erráticos é


dividido entre:

● Transtorno da Personalidade Antissocial.

Possuem dificuldade em seguir normas prescritas pela sociedade como a ética,


moral e brincar com os sentimentos dos outros bem como lei como agredir, assediar,
roubar, dentre outras infrações ilegais; Tendência de falsidade; Desmotivação em fazer
planos para o futuro; Irritabilidade e agressividade frequente; Descaso com a própria
segurança e Ausência de remoço.
As características comuns em pessoas com transtornos antissociais é o
desrespeito com outras pessoas constantemente que surge na pré-adolescência e a
falsidade e manipulação são comuns na vida do antissocial. Para identificar de forma
concreta o transtorno o paciente deve ter mais de 18 anos e apresentar alguns sintomas
antes dos 18 anos. Suas decisões são tomadas na agitação do momento sem avaliar
as consequências para si e para os outro, dessa forma, não demonstra remorso diante
das consequências dos seus atos. A falta de empatia é um fator marcante na vida de
uma pessoa com transtorno antissocial.

Prevalência

De acordo com o “Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais” os


homens são mais propensos a desenvolver esse transtorno.

Desenvolvimento do transtorno antissocial

A manifestação da doença ocorre de forma gradual e com o avanço da idade


pode se tornar menos evidente. Neste caso, as manifestações mais intensas ocorrem
na juventude.

Fatores de Risco
Fatores hereditários, a tendência é que as mães que apresentam o transtorno
transmitam para o filho. Os homens são os maiores afetados com a doença, mas
famílias com entes que tenham a doença ambos os sexos são afetados da mesma
forma. Filhos adotados também têm risco de desenvolver o transtorno.
Outros transtornos como esquizofrenia e bipolar podem ser confundidos como
transtorno antissocial. O transtorno antissocial se diferencia do transtorno narcisista, o
antissocial pode não ser tão necessitado de admiração e inveja dos outros como os
narcisistas. O transtorno antissocial se assemelha com o transtorno da personalidade
histriônica se assemelham por serem a serem impulsivos, superficiais, incansáveis,
sedutores e manipuladores.
As pessoas com o transtorno antissocial têm reação mais exagerada do que as
pessoas com transtorno Borderline.

● Transtorno da Personalidade Borderline

É um transtorno que provoca confusões mentais em suas relações


interpessoais de autoimagem (caracterizadas por metas, valores e aspirações
vocacionais inconstantes) e afetiva. Um sentimento mais destacado é a
sensação de vazio e mau humor constante e pretensa a automutilação e de
suicídio, medo e desespero do abandono real ou imaginado, impulsividade em
alguma área seja com gastos ou sexo e mudanças repentina de planos ou ideia.
Uma das características das pessoas com transtorno de Borderline é a
autossabotagem seja em emprego ou relacionamento porque causam as brigas
em relacionamentos, uma vez que a pessoa com esse transtorno acaba
relacionamentos que poderiam ser duradouros e a forma que encontram são as
brigas sem motivos.
As pessoas com esse transtorno são propensas a cometer suicídio em
especial com aqueles indivíduos com históricos frequentes de crises
depressivas.

Prevalência
Cerca de 6% da população mundial apresenta esse transtorno de acordo
com DSM V e a doença é comum entre pessoas que apresentam outros
transtornos. De acordo com o DSM V 75 % desse transtorno são
manifestados em pacientes do sexo feminino.
Fatores de Risco

O primeiro fator que deve ser levado em consideração são os fatores


hereditários ou históricos de outros transtornos como o bipolar e depressivo.

Outras observações importantes

O transtorno de Borderline aparece em conjunto com outros como o


transtorno bipolar ou depressivo. E as crises ocorrem durante toda vida, mas
com períodos mais intensos. Com o transtorno de Borderline pode ser
confundido com outros transtornos, devem ser avaliados os sintomas de forma
detalhada buscando diferenciar para melhorar o tratamento e consequentemente
promover um bom resultado e a qualidade de vida ao paciente.

● Transtorno da Personalidade Histriônica

Transtorno da Personalidade Histriônica é uma emotividade excessiva e


busca por atenção, nestes casos, as pessoas buscam ser o centro das
atenções.

Sintomas

• Intolerância em não ser o centro das atenções


• Comportamento provocativo

• Mudanças repentina de humor

• Usar a aparência física para chamar a atenção

• Usar discurso eloquente para chamar atenção

• Vitimização

Prevalência

De acordo com a DSM V as mulheres são as maiores acometidas por este


transtorno, entretanto, a diferença entre homens e mulheres afetados não é
muito distante.
Apesar do transtorno histriônico ser confundido com o transtorno de
Borderline, e diferenciam pela característica autodestrutiva que o transtorno de
Borderline causa em seus acometidos. Os indivíduos antissocial e histriônico têm
sintomas semelhantes em relação à compulsividade, mas se diferenciam, pois,
enquanto o antissocial busca a manipulação para obter lucro, o histriônico
manipula para obter atenção.
Outra distinção importante é que o narcisista busca exageradamente
atenção para se sentir superior, enquanto o histriônico busca atenção para se
mostrarem como frágeis.

● Transtorno da Personalidade Narcisista

Transtorno da Personalidade Narcisista é uma concepção de


grandiosidade ou necessidade de elogios e se mostra como superior aos
demais.

Sintomas

• Concepção de grandiosidade
• Preocupação exagerada em satisfazer o ego
• Acredita que deve ser o centro das atenções
• Autoadmiração
• Sente que deve ser tratado de forma diferenciada
• Carece de empatia
• São sensíveis às críticas ou derrotas que podem deixar na pessoa com esse
transtorno um sentimento de humilhação e vazio

Prevalência

Apesar do transtorno narcisista acometer mais homens, existe uma


diferença insignificante em relação a mulheres acometidas.

Destaque importante:

O transtorno narcisista é confundido com transtorno Borderline e


antissocial, o que distingue este é o fato de o sentimento de grandiosidade e a
mínima existência de ações autodestrutivas. A personalidade antissocial e
narcisista comunga do ideal de ser determinados exploradores e carentes de
empatia.

1.3 GRUPO C

Neste grupo estão englobadas as personalidades evitativas, dependentes e obsessiva-


compulsivas, que correspondem aos indivíduos com perfil ansioso e medroso.

● Transtorno da Personalidade Evitativa

Transtorno da Personalidade Evitativa incorpora uma ideia de não


pertencer ou não se enquadrar em um contexto coletivo. Pessoas acometidas
com esse transtorno evitam trabalhos ou atividades em grupo.

Sintomas

• Medo de trabalhar em grupo e receber críticas


• Só se envolve com outra pessoa com a certeza de terá um bom tratamento
• Não expõe seu relacionamento
• Preocupação excessiva em receber críticas em público
• Evita eventos sociais
• Menospreza a própria capacidade
• Não gosta de assumir responsabilidades

Pessoas com o transtorno evitativo analisam de forma atenciosa o


comportamento dos que estão à sua volta para evitar qualquer situação de
humilhação que pode ser percebida e transforma numa situação onde seu
comportamento acaba sendo motivo de ironias. Baixa autoestima e a
hipersensibilidade à rejeição são fatores determinantes para o agravamento da
situação.
Outros transtornos estão ligados à disfunção evitativa como a ansiedade,
depressão e bipolar, em destaque o transtorno de ansiedade social chamado de
fobia social. As pessoas com o transtorno evitativo também manifestam o
transtorno de dependência, porque coloca sua confiança e dependência a
poucas pessoas que considera amiga.

Prevalência
De acordo com DSM V as crianças são sucessivas a desenvolver o
transtorno, evitativo, mas como é comum a timidez nesta idade é natural o
diagnóstico é feito quando adultos. Os adultos podem ter reversão do quadro,
mas são diagnosticados em ambos os sexos.

Observação importante

O transtorno evitativo pode ser confundido com outros como o de


dependência, ambos comungam do ideal de inadequação, mas o evitativo tenta
evitar uma situação constrangedora, em contrapartida o transtorno de
dependência é ter cuidado.

● Transtorno da Personalidade Dependente

Transtorno da Personalidade Dependente é uma necessidade de outra


pessoa que leva a um nível elevado de submissão.

Sintomas

• Dificuldade em tomar uma decisão sem auxilio de outra pessoa


• Prefiram que outras pessoas assumam suas responsabilidades
• Medo de discordar de outra pessoa com medo isolamento
• Insegurança em relação às próprias atitudes
• Faz o que for preciso para obter carinho
• Busca imediata por outro relacionamento assim que termina um termina o
antigo relacionamento
• Tem medo de ser abandonado

Prevalência

O nível de manifestação do transtorno varia com a faixa etária e tem uma


relação sociocultural. Tanto homens quanto mulheres podem manifestar o
transtorno, mas as mulheres são as maiores acometidas.

● Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva

Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva é um pensamento


perfeccionista, controle mental e tem como objetivo a eficiência.

Sintomas
• Detalhista
• Perfeccionista
• Dedicado
• Não elimina objetos usados
• Não gosta de entregar atividade para outras pessoas, só o faz tendo certeza
de que a pessoa fosse capaz.
• Pão duro

Prevalência

O Transtorno da Personalidade Obsessivo-compulsiva afeta toda a


população sem distinção, porém os homens apresentam duas vezes mais
sintomas do transtorno que as mulheres.

2. TRANSTORNOS SEXUAIS

A sexualidade é assunto de extrema relevância para toda a humanidade,


podendo ser tabu para uns e necessidade para muitos outros. Na visão da Declaração
Universal dos Direitos Humanos, o direito de se viver a sexualidade é tão fundamental
e universal quanto o direito à vida. Já a Organização Mundial da Saúde (OMS) afirma
que “A saúde sexual é um estado de completo bem-estar físico, emocional, mental
associado à sexualidade e não só à ausência de doença ou enfermidade”. Independente
dos variados conceitos, é inegável a notoriedade da sexualidade e das relações sexuais
do indivíduo enquanto ser biopsicossocial.
Dentre todo o vasto universo que abrange este tema, há grande atenção e
preocupação para determinadas áreas, assim, retrataremos duas delas a seguir.

2.1 Disfunções sexuais

Em primeiro lugar, cabe analisarmos os chamados Transtornos Sexuais.


Denominados como transtornos, ou disfunções, são basicamente alterações da função
sexual, causadoras de sofrimento e desconforto. É comum que estas alterações sejam
escondidas com muito conflito pela pessoa acometida, ocasionando solidão, ansiedade
e sintomas de depressão. Em sua maioria, o tratamento consiste em acompanhamento
psicológico e/ou psiquiátrico, além da utilização de medicamentos nos casos mais
complexos. Trataremos aqui dos transtornos sexuais mais comuns, entre o grupo
feminino e masculino.
● Desejo Sexual Hipoativo

O Desejo Sexual Hipoativo é um caso no qual há a diminuição ou ausência total


de desejo sexual. O indivíduo não manifesta interesse por atividades sexuais ou eróticas
preliminares e não sente desejo de iniciar a atividade sexual, podendo ocorrer o
evitamento do contacto físico íntimo. Atingindo homens e mulheres, é uma disfunção
bastante comum, podendo ser ocasionada por doenças crônicas, uso de álcool ou
tabagismo ou até mesmo alterações endocrinológicas, como amamentação e a
menopausa. Ademais, os fatores psicológicos são, na maioria dos casos, causadores,
ou agravantes, do Desejo Sexual Hipoativo, em indivíduos com depressão, ansiedade,
estresse, ou até mesmo a falta de comunicação com o parceiro sexual.

● Desejo Sexual Hiperativo (Ninfomania)

O termo “ninfomania” é, no quesito conceitual, utilizado apenas para as


mulheres. Já para os homens, o termo utilizado é satiríase. Este transtorno corresponde
ao excesso de apetite sexual, apresentando-se como uma verdadeira compulsão.
Ligado diretamente aos transtornos psiquiátricos, é erroneamente romantizado, dada a
fluidez das relações interpessoais modernas. O comportamento de compulsão sexual é
confundido com uma vida sexual ativa, o que é um erro, haja vista que o comportamento
ninfomaníaco é danoso ao portador do transtorno, tanto no âmbito psicológico quanto
social. O sentimento de vazio e não-saciedade gera diversas problemáticas no campo
psíquico, exigindo tratamento psicoterapêutico voltado para a terapia sexual.

● Perturbação do Orgasmo

A chamada Perturbação do Orgasmo é uma disfunção onde há a dificuldade ou


a incapacidade, de forma recorrente nas relações, de atingir o orgasmo, gerando
desconforto, sensação de insatisfação e incapacidade. As causas que contribuem para
este fenômeno disfuncional são semelhantes ao do transtorno anterior, ressaltando
novamente o peso das questões psicológicas acerca da sexualidade e no âmbito
pessoal, como baixa autoestima e insegurança, atrapalhando a regularidade da fase
orgástica na relação sexual. Por fim, ressalta-se a potencialidade desta disfunção no
público feminino, haja vista o machismo estrutural presente na sociedade, que permitiu
a objetificação da mulher, transformado a figura menina em um mero instrumento de
prazer para o homem. Assim, o prazer da mulher é colocado como menos importante
frente ao do homem durante a relação sexual. Este pensamento permeou o imaginário
coletivo social por muito tempo, gerando debates e revoluções sexuais nos tempos
hodiernos, para que haja reciprocidade de prazer durante o ato.

● Disfunção Eréctil

Por conseguinte, a Disfunção eréctil é bastante comum dentre o público


masculino, também ocasionando desconforto e insegurança. O fator principal é
associado a idade, tendo como principal grupo etário os idosos, entretanto, muitos
jovens podem desenvolver tal disfunção por conta de questões psicológicas.
Comumente denominado de impotência sexual, possui causas variadas dentro dos
fatores supramencionados, como baixa autoestima, ansiedade, depressão, uso de
álcool, medicamentados ou substancias químicas, falta de diálogo ou diálogo
conturbado com a (o) parceira (o). A tentativa resolução da disfunção eréctil é
semelhante às indicações citadas para os transtornos sexuais supracitados, sendo
fundamental não só a ida a um especialista, para se chegar a um diagnóstico adequado,
como o diálogo aberto com a pessoa com quem se relaciona.

● Disfunções Ejaculatórias

Por fim, na lista dos transtornos sexuais mais comuns, dentre as ocupantes do
topo encontra-se as disfunções ejaculatórias, podendo ser estas: precoce, retrograda,
astênica, retardada e a anejaculação. Focando nas mais recorrentes, a precoce, como
a própria denominação já indica, age de forma prematura, limitando a atuação sexual
regular. Com a rápida ejaculação, o ato sexual é demasiadamente limitado, impedindo
a devida reciprocidade de prazer, gerando o desconforto e a insegurança em seu
portador.
De forma oposta, encontra-se a ejaculação retardada, que também faz jus a sua
nomenclatura. Esta disfunção refere-se ao atraso ou inibição específica dos
mecanismos de ejaculação. É involuntariamente uma ejaculação muito tardia. As
causas assemelham-se as já citadas anteriormente, relacionando-se a questões físicas,
no tocante a utilização de álcool, cigarro e outras substâncias, além das psicológicas.
Um fato importante de ser mencionado é um drama moderno, no qual, o vício em
pornografia tem assolado a sociedade, potencializando a iminência destas disfunções.
A utilização de pornografia, associado ao excesso de masturbação tem se mostrado
nocivo à saúde física e mental, e agindo como forte aliado no desenvolvimento de
transtornos sexuais.

2.2 Parafilias

Parafilias são comportamentos ou impulsos sexuais anormais caracterizados por


intensas fantasias sexuais e desejos que continuam voltando. Os impulsos e
comportamentos podem envolver objetos, atividades ou situações incomuns que
geralmente não são considerados sexualmente estimulantes por outras pessoas
Os padrões não convencionais de excitação sexual só são considerados
patológicos quando o seguinte se aplica:

• São intensos e persistentes.

• Causam sofrimento significativo ou comprometimento do funcionamento social,


ocupacional ou de outras áreas importantes ou causam danos ou têm potencial
de machucar outros (p. ex., crianças, adultos que não consentem).

O padrão de excitação sexual perturbado geralmente está muito bem


desenvolvido antes da puberdade. Pelo menos 3 processos estão envolvidos:

• Ansiedade ou traumas emocionais precoces que interferem no desenvolvimento


psicossexual normal.

• O padrão normal de excitação é substituído por outro, algumas vezes por meio de
exposição precoce a experiências com carga sexual elevada, o que reforça a
experiência pessoal de prazer sexual.

• O padrão de excitação sexual muitas vezes adquire elementos simbólicos e


condicionados (p. ex., um fetiche simboliza o objeto de excitação, mas pode ter sido
escolhido porque o fetiche foi acidentalmente associado à curiosidade, ao desejo e
à excitação sexual).

O número de pessoas que sofrem de parafilia é difícil de avaliar por vários


motivos. Muitas pessoas com um desses transtornos sofrem em segredo ou em
silêncio por vergonha, e algumas se envolvem em comportamentos sexualmente
ofensivos e, portanto, se empenham em não relatar sua parafilia. Portanto, muitas
das estimativas sobre a prevalência de transtornos parafílicos vêm do número de
pessoas envolvidas com o sistema de justiça criminal devido à pedofilia. A maioria
dos indivíduos com este desvio sexual são homens (3% -5% da população
masculina), com apenas 1% -6% desses indivíduos sendo mulheres.

Exceto pelo masoquismo, que é 20 vezes mais comum em mulheres do que


em homens, as parafilias são diagnosticadas quase exclusivamente em homens.

De acordo com a referência padrão mais atual para transtornos mentais,


o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), existem vários
tipos diferentes de parafilias, mas a maioria é pouco comum ou rara. As mais comuns
são:

● Pedofilia

Pessoas com pedofilia têm fantasias, desejos ou comportamentos que envolvem


atividade sexual ilegal com uma criança ou crianças. As crianças envolvidas têm
geralmente 13 anos de idade ou menos. O comportamento inclui despir a criança, encorajá-
la a ver o agressor se masturbar, tocar ou acariciar os órgãos genitais da criança, além de
praticar atos sexuais.

Alguns pedófilos limitam sua atividade ao incesto, envolvendo apenas seus


próprios filhos ou parentes próximos. Outros vitimam outras crianças. Os pedófilos podem
usar a força ou ameaçar suas vítimas com o que acontecerá se eles revelarem o abuso.

● Voyeurismo

Voyeurismo é uma forma de parafilia, mas a maioria das pessoas com


interesses voyeurísticos não atende os critérios clínicos de transtorno parafílico, que
exigem que o comportamento, fantasias ou impulsos intensos da pessoa resultem em
sofrimento clinicamente significativo, ou prejuízo funcional ou prejudiquem outrem (o
que no voyeurismo significa a atuação de seus impulsos com uma pessoa que não
consente). A condição também deve estar presente por ≥ 6 meses.

● Exibicionismo

Exibicionismo envolve alguém expondo seus órgãos genitais a um estranho


desavisado. O indivíduo com esse problema, sente necessidade de surpreender, chocar ou
impressionar suas vítimas. A condição é geralmente limitada à exposição sem outros
avanços prejudiciais sendo feitos. O contato sexual real com a vítima é raro. No entanto, a
pessoa pode se masturbar enquanto se expõe ou enquanto fantasia sobre se expor.

● Fetichismo

Pessoas com fetiches têm impulsos sexuais associados a objetos não vivos. A
pessoa fica sexualmente excitada ao usar ou tocar o objeto. Por exemplo, o objeto de um
fetiche pode ser uma peça de roupa, como roupas íntimas, roupas de borracha, sapatos
femininos, roupas íntimas femininas ou lingerie. O fetiche pode substituir a atividade sexual
com um parceiro ou pode ser integrado à atividade sexual com um parceiro
voluntário. Quando o fetiche se torna o único objeto do desejo sexual, as relações sexuais
costumam ser evitadas.

Como a parafilia é tratada?

A maioria dos casos de parafilia é tratada com aconselhamento e terapia para


ajudar a pessoa a modificar seu comportamento. Os medicamentos podem ajudar a
diminuir a compulsividade associada à parafilia e reduzir o número de fantasias e
comportamentos sexuais desviantes. Em alguns casos, os hormônios são prescritos
para indivíduos que apresentam ocorrências frequentes de comportamento sexual
anormal ou perigoso. Muitos desses medicamentos atuam reduzindo o impulso
sexual do indivíduo.

Qual é o sucesso do tratamento para a parafilia?

Para ser mais eficaz, o tratamento da parafilia deve ser administrado em longo
prazo. A relutância em cumprir o tratamento pode dificultar o seu sucesso. É imperativo
que as pessoas com parafilias de natureza ilegal recebam ajuda profissional antes que
prejudiquem outras pessoas ou criem problemas jurídicos para si mesmas.

3. APLICAÇÃO DO DIREITO

3.1 Aplicação da norma pelo operador do Direito em casos de Parafilia


(Pedofilia)
Para o Manual de desordem Mental (DSM-IV/APA), a pedofilia é um transtorno
da sexualidade caracterizado pela formação de fantasias sexualmente excitantes e
intensas, impulsos sexuais ou comportamentos envolvendo atividades sexuais com
crianças pré-púberes, geralmente com 13 anos ou menos.

SITUAÇÃO EXEMPLO:

Conhecido como o maior caso de pedofilia de Londrina- PR

Acusado: Marcos Colli.


Profissão: Advogado e presidente do Partido verde – PV, em Londrina e
assessor na câmara de vereadores da cidade. Figura pública e influente na sociedade
civil.
Pena: 54 anos de prisão.
Materialidade: A polícia obteve acesso aos vídeos e fotos dos abusos cometidos
pelo acusado, além dos depoimentos das vítimas e familiares.
Em 2013 foi acusado de filmar e abusar de mais de 14 crianças da periferia de
Londrina, com idade entre 5 a 13 anos. O acusado ganhava a confiança dos
responsáveis pelas crianças a fim de obter pleno acesso aos menores. Para tanto,
aproveitava-se da situação de vulnerabilidade das famílias e oferecia ajuda financeira.

● Pedofilia à luz do D. Penal

Art. 217-A. Ter conjunção carnal ou praticar outro ato libidinoso com menor de 14
(catorze) anos:

Pena - reclusão, de 8 (oito) a 15 (quinze) anos.

§ 1º Incorre na mesma pena quem pratica as ações descritas no caput com alguém que,
por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a
prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência.

§ 2º (VETADO)

§ 3º Se da conduta resulta lesão corporal de natureza grave:

Pena - reclusão, de 10 (dez) a 20 (vinte) anos.

§ 4º Se da conduta resulta morte:


Pena - reclusão, de 12 (doze) a 30 (trinta)

A criminalização da conduta descrita no art. 217-A procura proteger a evolução


e o desenvolvimento normal da personalidade do menor, para que, na sua fase adulta,
possa decidir livremente, e sem traumas psicológicos, seu comportamento sexual.

● Pedofilia à luz do estatuto da criança e do adolescente - ECA

Com a edição da Lei nº 10.764/03 é que foi introduzido no ECA o art. 241,
abaixo referido:

Art. 241. Apresentar, produzir, vender, fornecer, divulgar ou publicar, por qualquer meio
de comunicação, inclusive rede mundial de computadores ou internet, fotografias ou
imagens com pornografia ou cenas de sexo explícito envolvendo criança ou
adolescente:

§1º Incorre na mesma pena quem:

I - agencia, autoriza, facilita ou, de qualquer modo, intermedeia a participação de criança


ou adolescente em produção referida neste artigo;

II - assegura os meios ou serviços para o armazenamento das fotografias, cenas ou


imagens produzidas na forma do caput deste artigo;

III - assegura, por qualquer meio, o acesso, na rede mundial de computadores ou


internet, das fotografias, cenas ou imagens produzidas na forma do caput deste artigo.

§2º A pena é de reclusão de 3 (três) a 8 (oito) anos:

I - se o agente comete o crime prevalecendo-se do exercício de cargo ou função;

II - se o agente comete o crime com o fim de obter para si ou para outrem vantagem
patrimonial.

● Quanto à inimputabilidade de acusado de pedofilia.

Assinalam Castro e Bulawski (2013, p. 18), o entendimento de Moraes (2002,


p. 25), o qual descreve que o pedófilo mantém o juízo e, portanto, deve ser punido.
Apesar de possuir um distúrbio, tem consciência do que faz, assim, não pode ser
considerado um incapaz no tribunal, como acontece com os esquizofrênicos e outros
portadores de distúrbios mentais, que, por não terem consciência de seus atos,
terminam com a pena aliviada.
De acordo com os números apresentados pela Polícia Federal – P.F, 80 a 90%
dos condenados por pedofilia tinham plena consciência da ilicitude do ato.
Nas palavras de Trindade (2007, p. 82), salientando que, a despeito de a
pedofilia estar elencada nos sistemas classificatórios vigentes (CID-10 e DSM-IV), tem
sido considerada uma entidade atípica. De acordo com o estudioso, seria ela melhor
descrita como uma desordem moral, não encerrando a condição plena de doença ou
perturbação mental como qualificativos restritos do sujeito-corpo.

4. REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

SKODOL, Andrew. Visão geral dos transtornos de personalidade. Manual MSD versão para
profissionais de saúde. Disponível em: https://www.msdmanuals.com/pt-
br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/transtornos-de-personalidade/vis%C3%A3o-
geral-dos-transtornos-de-personalidade?query=transtornos%20personalidade. Acesso em: 07
de nov. de 2021.

MANUAL DIAGNÓSTICO E ESTATÍSTICO DE TRANSTORNOS MENTAIS: DSM-5. 5°


EDIÇÃO. ed. São Paulo: Techbooks, ARTMED EDITORA LTDA, 2013. 976 p. v. 5° edição.

BROWN, George R. Visão geral dos transtornos parafílicos. [S. l.], 2019. Disponível em:
https://www.msdmanuals.com/pt-br/profissional/transtornos-psiqui%C3%A1tricos/sexualidade-
disforia-de-g%C3%AAnero-e-parafilias/vis%C3%A3o-geral-dos-transtornos-
paraf%C3%ADlicos. Acesso em: 5 nov. 2021.

MEIRELES, Gabriela. ASPECTOS PSICOLÓGICOS DAS DISFUNÇÕES SEXUAIS. Revista


Brasileira de Sexualidade Humana, [s. l.], 2019. Disponível em: https://repositorio.ul.pt/. Acesso
em: 5 nov. 2021.

ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DA SAÚDE. Classificação de Transtornos Mentais e de


Comportamento da CID-10. Descrições Clínicas e Diretrizes Diagnósticas. Porto Alegre:
Artmed, 1993.

BATISTA, Guilherme. Caso Marcos Colli é o pior crime de pedofilia da história de Londrina.
Redação Bonde, 2013. Disponível em: https://www.bonde.com.br/bondenews/policia/caso-
marcos-colli-e-o-pior-crime-de-pedofilia-da-historia-de-londrina-304828.html. Acesso em: 6 nov.
2021.

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