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BODERLINE

Personalidade e seus transtornos

Personalidade pode ser definido como um conjunto de traços emocionais e comportamentais que
caracterizam o indivíduo em sua vida cotidiana do dia a dia; em situações normais, estes traços são
relativamente estáveis e previsíveis. Um transtorno de personalidade representa uma variação desses
traços de caráter que vão além da faixa encontrada na maioria dos indivíduos.

Os transtornos de personalidade podem ser originados por fatores genéticos e ambientais.


Acontecem quando os chamados traços de personalidade, que são os padrões de pensamentos, ações e
formas de relacionamento de uma pessoa, se exacerbam de modo que se tornam pouco flexíveis ou
inflexíveis causando sofrimento psíquico e atrapalhando a forma como se relaciona com o mundo e com
outras pessoas.

De forma resumida, um transtorno de personalidade pode ser descrito como um jeito de ser, de sentir, se
perceber e se relacionar com os outros que foge do padrão considerado "normal" ou saudável. Ou seja,
causa sofrimento para a própria pessoa e/ou para os outros. Enquadrar um indivíduo em uma categoria
não é fácil --cada pessoa é um universo, com características próprias.

Os transtornos de personalidade costumam ser divididos em três principais grupos, ou espectros:


No grupo A estão os esquizoides, os esquizotípicos e os paranoides, muitas vezes taxados de "frios",
"esquisitões" ou "com mania de perseguição".

No grupo B estão os narcisistas, os histriônicos e os antissociais. Segundo essa classificação, o borderline


está no espectro B, de caráter emocional, dramático e errático. Reúne aqueles sujeitos que costumam ser
chamados de "complicados", "difíceis", "dramáticos" ou "imprevisíveis".

No grupo C estão os evitativos, os dependentes e os obsessivo-compulsivos (não confundir com o


transtorno psiquiátrico), também vistos como "medrosos ou ansiosos", "frágeis" ou "certinhos demais",
respectivamente.

Boderline
O termo Boderline que em inglês significa "fronteiriço", teve origem na psicanálise: esses pacientes não
podiam ser classificados como neuróticos (ansiosos e exagerados), nem como psicóticos (que enxergam a
realidade de forma distorcida), mas estariam em um estado intermediário entre esses dois espectros. O
primeiro autor a usar o termo foi o psicanalista norte-americano Adolph Stern, em 1938, que descreveu o
transtorno como um tipo de "hemorragia psíquica" diante das frustrações.

Pessoas com esse transtorno tendem a ter uma visão distorcida de si mesmos e de seus afetos. Como
consequência disso, vivem 'nas bordas' ou ' nos limites' da neurose (sentimentos mais relacionados à
ansiedade e obsessão) e da psicose (sintomas de distorção da realidade) .

Pode ocorrer uma perturbação da identidade, caracterizada por instabilidade acentuada e persistente da
imagem ou da percepção de si mesmo (Critério 3). Há mudanças súbitas e dramáticas na autoimagem,
caracterizadas por metas, valores e aspirações vocacionais inconstantes. Podem ocorrer mudanças súbitas
em opiniões e planos sobre carreira profissional, identidade sexual, valores e tipos de amigos. Esses
indivíduos podem repentinamente mudar de um papel de suplicantes necessitados de ajuda para o papel
de vingadores justos de maus-tratos passados. Embora costumem ter uma autoimagem baseada em serem
maus, indivíduos com esse transtorno podem por vezes apresentar sentimentos de que eles mesmos não
existem. Tais experiências ocorrem geralmente em situações nas quais o indivíduo sente falta de relações
significativas, de cuidado e de apoio.

Podem demonstrar um desempenho pior em situações não estruturadas de trabalho ou estudo.


O transtorno de personalidade Boderline ou também conhecido como transtorno de personalidade
limítrofe afeta em estimativa 6% da população brasileira, esse dado seria o equivalente a quase 13
milhões de pessoas que seriam afetadas pelo transtorno.
Uma alegria contagiante pode se transformar em tristeza profunda em um piscar de olhos porque alguém
"pisou na bola". O amor intenso vira ódio profundo, porque a atitude foi interpretada como traição; o
sentimento sai de controle e se traduz em gritos, palavrões e até socos. E, então, bate uma culpa enorme e
o medo de ser abandonado, como sempre.
Dá vontade de se cortar, de beber e até de morrer, porque a dor, o vazio e a raiva de si mesmo são
insuportáveis. As emoções e comportamentos exaltados podem dar uma ideia do que vive alguém
com transtorno de personalidade borderline (ou "limítrofe").

Reconhecido como um dos transtornos mais lesivos, leva a episódios de automutilação, abuso de
substâncias e agressões físicas.
De acordo com uma pesquisa da Associação Brasileira de Psiquiatria (ABP) dos pacientes diagnosticados
em nosso país, 10% deles acaba por cometer suicídio, o que remete a importância que a atenção a
esse transtorno merece.
Além da montanha-russa emocional e da dificuldade em controlar os impulsos, o borderline tende a
enxergar a si mesmo e aos outros na base do "tudo ou nada", o que torna as relações familiares,
amorosas, de amizade e até mesmo a com o médico ou terapeuta extremamente desgastantes.

Muitos comportamentos do Boderline lembram os de um jovem rebelde sem tolerância à frustração.


Mas, enquanto um adolescente problemático pode melhorar com o tempo ou depois de uma boa terapia, o
adulto com o transtorno parece alguém cujo lado afetivo não amadurece nunca.
Ainda que seja inteligente, talentoso e brilhante no que faz, reage como uma criança ao se relacionar
com os outros e com as próprias emoções --o que os psicanalistas chamam de "ego imaturo".
Em muitos casos, o transtorno fica camuflado entre outros, como o bipolar, a depressão e o uso abusivo
de álcool, remédios e drogas ilícitas.

Transtorno de personalidade emocionalmente instável. O termo Borderline, foi cunhado pelo


psicanalista Otto Kernherg, e indica três pontos comuns que conjugam vários transtornos de
personalidade: fracasso em alcançar auto identidade estável; capacidade de teste de realidade intacta,
porém com perdas transitórias; uso de mecanismos de defesa primitivos como negação, identificação
projetiva e fantasia onipotente.

Borderline: o transtorno que faz pessoas irem do "céu ao inferno" em horas


Uma alegria contagiante pode se transformar em tristeza profunda em um piscar de olhos porque alguém
"pisou na bola". O amor intenso vira ódio profundo, porque a atitude foi interpretada como traição; o
sentimento sai de controle e se traduz em gritos, palavrões e até socos. E, então, bate uma culpa enorme e
o medo de ser abandonado, como sempre. Dá vontade de se cortar, de beber e até de morrer, porque a dor,
o vazio e a raiva de si mesmo são insuportáveis. As emoções e comportamentos exaltados pode dar uma
ideia do que vive alguém com transtorno de personalidade borderline (ou "limítrofe").

A palavra Boderline significa aquele que está no limite, que está na fronteira ou limítrofe, àquele que é
incerto, essa definição se encaixa muito no padrão da pessoa que é acometida por esse transtorno e por
isso que assim foi nomeado.

O transtorno de personalidade Boderline ou síndrome de Boderline se caracteriza como um problema


psicológico em que a personalidade da pessoa se encontra manifestando alterações de humor
constantes, alterações de comportamento, manifestações de impulsividade, raiva, angústia,
insegurança, apresentando relações problemáticas com outras pessoas e medo de ficar sozinho ou de
se sentir negligenciado.

A forma como eles interage com alguém e até mesmo a imagem que tem dela pode mudar de modo
rápido, de um instante para o outro, eles são frequentemente descritos como imprevisíveis, isso acontece
por conta do pensamento maniqueísta, onde as coisas são sempre divididas em bem e mal, bom e ruim.

Pessoas com esses transtornos mais desenvolvidos podem alternar de um estado mais calmo e estável para
um estado de surto psicótico, assim como momentos de descontrole emocional e comportamental.

Três pontos comuns que conjugam vários transtornos de personalidade:


fracasso em alcançar auto identidade estável;
capacidade de teste de realidade intacta, porém com perdas transitórias;
uso de mecanismos de defesa primitivos como negação, identificação projetiva e fantasia perturbações em
várias funções psíquicas e possuem as seguintes características:

Como realizar o diagnóstico do transtorno de personalidade Boderline?

A quinta edição do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, o DSM-V, considera o


indivíduo com Boderline quando ele apresenta cinco ou mais dos seguintes fatores:
- Esforços desesperados para evitar abandono real ou imaginado;
- Um padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos caracterizado pela alternância entre
extremos de idealização e desvalorização;
- Perturbação da identidade: instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da percepção de si
mesmo;
- Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas (ex.: gastos, sexo, abuso de
substância, direção irresponsável, compulsão alimentar).
- Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento auto mutilante;
- Instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade de humor;
- Sentimentos crônicos de vazio;
- Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la;
- Ideação paranóide transitória associada a estresse ou sintomas dissociativos intensos.

Perturbações em várias funções psíquicas e possuem as seguintes características:


- Comportamentos autodestrutivos repetitivos;
- Medo crônico de abandono;
- Afetividade disfórica crônica;
- Distorções cognitivas;
- Impulsividade;
- Frágil adaptação social;
- Impulsividade, incluindo autoagressão e tentativas de suicídio
- Comportamentos autodestrutivos repetitivos

Podem ocorrer:
No comportamento: agressão, automutilação, comportamento antissocial, comportamento
autodestrutivo, comportamento compulsivo, comportamentos de risco, hostilidade, impulsividade,
irritabilidade, isolamento social ou falta de moderação

No humor: ansiedade, culpa, descontentamento geral, gama limitada de emoções, mudanças de humor,
perda de interesse ou prazer nas atividades, raiva, solidão ou tristeza

Sintomas psicológicos: auto-imagem distorcida, depressão, grandiosidade, medo, narcisismo ou paranóia


Também é comum: pensamentos suicidas ou transtorno dissociativo.

Qual é o prognóstico do paciente portador do transtorno de personalidade Boderline?


O prognóstico do transtorno de personalidade Boderline depende de muitos fatores, incluindo
instabilidade emocional, maior duração de internações prévias, disforia, história familiar de doença
mental, idade mais jovem no início do tratamento e agressividade dos pais, os quais pioram o prognóstico.

Qual é o tratamento adequado para o transtorno de personalidade Borderline?


Os tratamentos incluem psicoterapia ou, em alguns casos, medicamentos. A hospitalização ajudará se os
sintomas forem graves.
O tratamento do indivíduo com transtorno de personalidade é aplicado em duas situações gerais: para
aliviar o sofrimento subjetivo do paciente ou de seu grupo social.
Três tipos de tratamentos poderão ser abordados: as psicoterapias, a farmacoterapia e, caso seja
necessário, a institucionalização e a hospitalização que são indicados em alguns casos ou situações
emergenciais.
Todavia, como farmacoterapia, os estabilizadores de humor têm eficácia no controle da instabilidade
emocional, os ISRSs são efetivos para o controle da impulsividade e as alterações cognitivas e de
percepção sensorial serão tratadas com antipsicóticos.

Quais as causas do Boderline?


O que se sabe até agora que não há uma causa única e comum a todos os casos de borderline.
O que existe são algumas possibilidades baseadas em análises clínicas de vários casos ao redor do mundo
e de pesquisas feitas dentro deste tema.

Ambiente familiar e traumas na infância


Traumas durante a infância podem desencadear e ser a causa de doenças no futuro, sobretudo quando
acontecem durante o período conhecido como primeira infância que vai dos meses de gestação até os 6
anos de idade.
Desse modo, o ambiente de convívio da criança interfere muito nesse processo. Esse é o período em que
os pais e responsáveis estão mais perto e são a principal fonte de influência e aprendizado da criança.
Qualquer alteração muito grande nessa dinâmica ou experiências traumáticas nessa etapa da vida
interferem diretamente nesse processo, como negligência parental, divórcio e separação, perda de um dos
pais ou outros cuidadores, sofrer abuso físico, abuso sexual, abuso verbal e psicológico.

Alterações no cérebro
Algumas alterações cerebrais podem estar ligadas ao desenvolvimento dessa doença; problemas nas
funções que regulam as emoções e comportamentos no cérebro, uma vez visto que essas partes são
menores nos cérebros de quem possui o transtorno de Boderline.
Não se sabe ao certo se são essas alterações cerebrais que iniciam o desenvolvimento da doença ou se
acontecem justamente por conta de as pessoas desenvolverem o Boderline, o fato é que essas alterações
existem nos portadores da doença e podem de fato ser uma das causas.
Estudos têm demonstrado que pacientes com pais com o transtorno Boderline possuem mais chances de
desenvolverem o transtorno de personalidade, assim como outras pessoas podem ter uma predisposição
genética ao desenvolvimento da doença sem causa aparente.
Ainda não foram encontrados nenhum gene ou genes que possuam relação com o desenvolvimento do
Boderline.
Porém com estudos clínicos tem se visto que pessoas com parentes próximos que já tiveram a doença,
possuem muitas mais chances de desenvolvê-la.

Como identificar o transtorno Boderline?


As pessoas que sofrem de Boderline costumam ser bastante instáveis e impulsivas, dessa forma essas
alterações interferem nas relações e relacionamentos.
Isso acontece quando essas pessoas demonstram uma desorganização emocional, com grande
impulsividade.
Tendem a fazer o que “dá na telha”, como costumam dizer.
Em seus relacionamentos costumam ser bastante energéticos e interessados, porém também podem perder
o interesse após um tempo se achar que não é correspondido ou que não recebe a devida atenção, ter um
relacionamento com essas pessoas pode ser difícil devido a imprevisibilidade e instabilidade de humor,
que pode alternar com bastante frequência.

O que já o diferencia do transtorno bipolar com quem é muito confundido, porém no transtorno bipolar as
alterações de humor não são tão frequentes e não é tão súbita a mudança.
Aqueles que possuem o transtorno de Boderline costumam se empenhar e serem determinados em não
serem abandonados, geralmente possuem uma autoimagem que muda conforme seu humor, com isso sua
autoestima varia bastante.
Em momentos de estresse os portadores do transtorno de borderline apresentam pensamentos paranóicos,
que podem gerar sintomas dissociativos e comprometer a consciência da pessoa temporariamente.
Por conta das diversas alternâncias de humor e dos outros sintomas citados acima, é possível que se
manifestem também sinais de automutilação, auto sabotagem em sua vida pessoal, profissional e
interpessoal; assim como tentativas de tirar a própria vida e se não for identificado e tratado pode chegar a
cometer o suicídio.
Esses são alguns sinais que podem ajudar a reconhecer alguém com Boderline.
É importante que, em caso de suspeita, se leve a pessoa até um médico psiquiatra e um psicólogo, para
que averigue a situação e informem como proceder.

Quais os tipos de transtorno de Boderline?


Ainda não existe uma classificação única sobre os tipos de transtorno de borderline.
Com não há uma classificação oficial e diversos autores tentaram classificar de acordo com suas teorias,
aqui vamos falar das mais conhecidas.

Boderline Convencional
Também chamado pela autora de Boderline de funcionamento baixo, pessoas com esse tipo de transtorno
possuem uma tendência autodestrutiva, possuindo uma maior incidência de comportamentos suicidas e de
automutilação.
Frequentemente são internados ou hospitalizados por conta de seus comportamentos, pois procuram
aliviar sua dor emocional descarregando em si mesmos.
Também costumam tomar decisões precipitadas, colocando em risco seu futuro pessoal e profissional por
conta de suas escolhas.

Boderline invisível
Também chamado de Borderline de funcionamento alto, pois permite que a pessoa realize suas funções
normalmente, como trabalhar e estudar, muitas vezes a pessoa nem sabe que o possui, justamente por não
ter sintomas muito visíveis.
Pessoas com esse tipo de transtorno Boderline possuem um comportamento autodestrutivo menos
característico, porém ao contrário do Boderline convencional ele não desconta suas frustrações e sua dor
emocional em si mesmo e sim nos outros.
Frequentemente cometendo abusos e insultos verbais, comportamento de raiva extrema podendo incluir
agressividade e violência física.
Esse tipo de comportamento costuma acontecer com amigos próximos e/ou familiares na grande maioria
das vezes, esses tipos de casos demoram mais e são mais difíceis de serem diagnosticados.

Boderline impulsivo
A classificação de Theodor Millon também é uma das mais conhecidas. Dentre os tipos classificados por
ele, falaremos de Boderline impulsivo, petulante e autodestrutivo.
Segundo o autor, o portador do transtorno de Boderline poderia manifestar comportamentos baseado em
nenhuma ou várias dessas características.
Os do tipo impulsivo compartilham características em comum com os portadores do transtorno de
personalidade histriônica e do transtorno de personalidade antissocial.
De forma que tendem a ser muitos sedutores, vaidosos, caprichosos, energéticos e impulsivos, podem
apresentar indecisão nas horas em que precisam escolher e se focam em coisas superficiais, possuem
também um grande potencial suicida e não suportam a perda e o abandono, tornando se mais sombrios e
facilmente irritáveis.

Boderline petulante
Agora falaremos sobre o tipo Boderline petulante que, segundo a classificação de Millon, são conhecidos
por serem mais pessimistas e negativistas, guardam rancor com mais facilidade que os outros tipos,
costumam ter comportamento de se desafiar e desafiar aos outros, pois é bastante inquieto e impaciente.
Manifesta comportamento passivo-agressivo, que se caracteriza por uma oposição interna entre o que lhe
é passado e o que sente e formas de negações indiretas, de modo que o levam a procrastinação,
vitimização, esquecimentos frequentes, atrasos, justificação excessiva dentre vários outros.

Boderline autodestrutivo
Esse tipo de Borderline é principalmente caracterizada por sua raiva direcionada a si mesmo como forma
de punição, costuma ser uma pessoa mais introvertida tendo características depressivas e masoquistas
como pontos centrais.
Casos de automutilação são comuns dentro dessa classificação, assim sendo potencialmente suicidas, sua
tensão interna está quase sempre elevada e reclama com certa frequência, porém se conforma rapidamente
e não realiza nenhuma ação que contribua para mudança.

É comum?
Instáveis e intensos, caracterizados pela alternância entre extremos de idealização e desvalorização:
é o típico "tudo ou nada", "amo ou odeio". O outro tem que ser perfeito e se errar, passa a ser depreciado.
Assim, ao desmarcar uma consulta, o "melhor psiquiatra do mundo" se transforma em "lixo" e a mãe, que
foi sempre um porto seguro, deixa de ser procurada, porque não atendeu a um capricho, só para citar
alguns exemplos. Também é comum o "border" ficar íntimo rapidamente de alguém, alimentar um monte
de expectativas e, logo depois, cair em frustração.

Perturbação da identidade ou instabilidade acentuada e persistente da autoimagem ou da


percepção de si mesmo: a interpretação dos atos dos outros modela a imagem que o borderline constrói
para si. "Ele não quis transar, porque devo ser feia"; "Tenho 'dedo podre' para relacionamentos"; "As
pessoas se afastam de mim porque eu sou mau"... É frequente a pessoa se sentir um estrangeiro sem lugar
no mundo. E a saída pode ser virar camaleão para tentar se adaptar a alguém ou à turma idealizada
naquele momento: o borderline pode trocar de crenças, valores, carreira e até visual em curtos espaços de
tempo.

Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autodestrutivas: para aplacar as sensações
de vazio ou de rejeição, é comum recorrer a comportamentos que trazem alívio imediato. Eles podem se
traduzir em compras compulsivas, abuso de álcool ou drogas, comportamentos sexuais de risco, direção
perigosa, compulsão alimentar ou dietas restritivas demais. Os próprios relacionamentos (ou a sensação
de ser amado e aceito que eles proporcionam) podem ser um vício, aliás.

Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento auto mutilante:


uma maneira de extravasar esse turbilhão emocional é se machucar, cortar, furar ou queimar o próprio
corpo. Ameaças de suicídio são frequentes e podem até ser feitas da boca para fora, mas o sofrimento, às
vezes, é tanto que a ideia de acabar com a própria vida é concretizada, com o objetivo de "parar de
sentir". Ao contrário das pessoas que planejam a própria morte e até deixam bilhete, é mais provável que
no borderline a decisão seja tomada de impulso.

Instabilidade afetiva devida a uma acentuada reatividade do humor: em português claro, o borderline é
como uma montanha-russa e a pessoa pode ir do céu ao inferno em algumas horas. Momentos de prazer
e alegria podem dar lugar a sintomas depressivos ou ansiosos num mesmo dia. E a paixão intensa
pode virar indiferença ou desprezo em uma semana.

Sentimentos crônicos de vazio: é comum estar sempre em busca de "algo diferente" para fazer na
tentativa de aliviar o tédio e isso pode ser perigoso. O vazio existencial também pode ser manifestado
como desinteresse ou falta de propósito e não é incomum a pessoa largar cursos, empregos e
relacionamentos.

Raiva intensa e inapropriada ou dificuldade em controlá-la: a pessoa se irrita com muita facilidade,
com reações desproporcionais ao estímulo, por isso é bem comum se envolver em agressões físicas com o
parceiro amoroso, a mãe, o filho ou até um desconhecido. Depois, em geral, vem a culpa esmagadora, que
só reforça a autoimagem negativa.
Ideação paranoide ou sintomas dissociativos transitórios: em situações de estresse intenso, pode
acontecer de a pessoa achar que é alvo de conspirações (paranoia), ou então sair de si, perdendo contato
com a realidade (distúrbio dissociativo). Mas esses sintomas são transitórios, diferente do observado em
transtornos como a esquizofrenia, por exemplo.

Como é feito o diagnóstico?


Não existem exames de sangue ou de imagem que permitam o diagnóstico. O indivíduo deve ser avaliado
por um profissional de saúde mental qualificado, que irá analisar seu histórico e sintomas. É importante
saber diferenciar o borderline de outras condições, como transtornos mentais, efeitos de drogas ou mesmo
problemas de identidade, comuns na adolescência. Nos pacientes mais jovens, a recomendação é que o
diagnóstico só seja fechado após um ano com sintomas estáveis.

Comorbidades: duas condições ao mesmo tempo


Transtornos de personalidade são diferentes de transtornos mentais (como depressão, ansiedade,
transtorno bipolar, psicose etc), embora seja difícil para leigos e desafiante até para especialistas fazer
essa distinção, já que sobreposições ou comorbidades (existência de duas ou mais condições ao mesmo
tempo) são muito frequentes. Não é raro que o borderline desenvolva transtorno bipolar, depressão,
transtornos alimentares (em especial a bulimia), estresse pós-traumático, déficit de
atenção/hiperatividade e transtorno por abuso de substâncias, entre outros.

Borderline ou transtorno bipolar?


Esses dois transtornos podem se sobrepor, mas não é raro que um seja confundido com o outro. Os
sintomas do bipolar costumam aparecer em fases: o paciente tem um episódio de depressão grave ou de
mania (marcado por euforia, sentimentos de grandeza e comportamentos impulsivos). Há até o chamado
"estado misto", mas cada episódio costuma durar algumas semanas.

Já no borderline, as oscilações de humor são muito mais rápidas, como estados flutuantes. Se o
bipolar pode ter alguns períodos de relativa estabilidade, no borderline as questões relativas à autoimagem
e aos relacionamentos, bem as outras características, estão sempre presentes. É importante que o
psiquiatra saiba distinguir os transtornos, pois os antidepressivos, que ajudam a aliviar os sintomas do
borderline, podem deflagrar um episódio grave de mania no bipolar, de consequências desastrosas.

Causas do borderline
Assim como ocorre com outros transtornos de personalidade, não existe uma causa única para o
borderline. Os especialistas falam mais em fatores de risco, ou seja, condições que aumentam a
vulnerabilidade, mas nem sempre são determinantes para o surgimento do quadro. São eles:

Familiar: o transtorno é cerca de cinco vezes mais comum em parentes biológicos de primeiro grau de
pessoas que sofrem com o transtorno. Também existe um risco familiar conhecido para abuso de
substâncias e outras doenças mentais
Fisiológico: certas alterações cerebrais estão associadas a falhas no controle dos impulsos e alterações de
humor
Ambiental: abuso físico ou sexual, negligência, conflitos e morte prematura de parentes próximos são
comuns quando se analisa a infância de indivíduos com transtornos de personalidade. O uso de
substâncias, como álcool e drogas, pode exacerbar os sintomas em quem já tem traços fora da média.
Lesões cerebrais também podem aumentar a predisposição.
Jovens adultos sofrem mais.
Pessoas com esse transtorno são verdadeiros vulcões prontos a explodir a qualquer momento. Elas
apresentam alterações súbitas e expressivas de humor e as relações interpessoais são intensas e instáveis,
sendo muito difícil o convívio próximo com elas.

Reconhecido com o um dos transtornos mais lesivos, leva a episódios de automutilação, abuso de
substâncias e agressões físicas. Cerca de 10% dos pacientes cometem suicídio.

O termo foi usado pela primeira vez em 1884 e passou por diversos conceitos ao longo dos anos.
Originalmente, designava um grupo de pacientes que vivia no limite da sanidade, ou seja, na fronteira
(borderline, em inglês) entre a neurose e a psicose. Foi só na década de 1980 que o diagnóstico da doença
se tornou mais preciso.

A situação é complicada para as pessoas próximas, porque uma só palavra mal colocada, pode levar do
amor ao ódio em instantes. Além disso, uma situação inesperada sem relevância ou uma leve frustração
pode levar o paciente a um acesso de raiva.

Além de medo de situações de abandono e perda, o paciente com transtorno de personalidade borderline
também não sabe lidar com o êxito. É comum que eles abandonem ou destruam alvos e metas justamente
quando a perspectiva de consegui-las é real e próxima.

O paciente borderline sofre os períodos de instabilidade mais intensos no início da vida adulta. Há
situações de crise, ou maior descontrole, que podem até resultar em internações porque o paciente coloca
sua própria vida ou a dos outros em risco. Por volta dos 40 ou 50 anos, a maioria dos "borders" melhora
bastante, probabilidade que aumenta se o paciente se engaja no tratamento.

Tratamento
Se uma pessoa com transtorno bipolar está num episódio de depressão ou de hipomania (alteração de
humor), ela vai voltar ao estado normal com o tratamento adequado. Já em um transtorno de
personalidade, os sintomas estão mais arraigados, digamos assim.
A personalidade envolve não só aspectos herdados, mas também aprendidos, por isso a melhora é
possível, ainda que seja difícil de acreditar no início. Se a psicoterapia é importante para ajudar o bipolar
a identificar uma virada e evitar perdas, no transtorno de personalidade ela é o carro-chefe do tratamento.
Medicamentos ajudam a aliviar os sintomas depressivos, a agressividade e o perfeccionismo exagerado, e
são ainda mais importantes quando existe um transtorno mental associado. Os fármacos mais utilizados
são os antidepressivos (flluoxetina, escitalopram, venlafaxina etc), os estabilizadores de humor (lítio,
lamotrigina, ácido valproico etc), os antipsicóticos (olanzapina, risperidona, quietiapina etc) e, em
situações pontuais, sedativos ou remédios para dormir (clonazepan, diazepan, alprazolan etc). Esses
últimos costumam ser até solicitados pelos pacientes, mas devem ser evitados ao máximo, porque podem
afrouxar o controle dos impulsos, assim como o álcool, além de causarem dependência.

Nas crises, o paciente deve contar com uma equipe multidisciplinar, montada de acordo com cada caso e
eventuais comorbidades. Ela pode incluir, além do terapeuta individual e/ou do psiquiatra, profissionais
como acompanhante terapêutico, enfermeiro e até nutricionista.

Tipos de terapia recomendadas para o tratamento de borderline


Conheça algumas terapias que trazem resultados para esse tipo de transtorno, segundo os especialistas
consultados e a literatura científica:

Terapia focada em transferência: é um tipo de terapia psicodinâmica (de inspiração psicanalítica, que
leva em conta a existência do inconsciente). Paciente e terapeuta conversam sobre tudo: acontecimentos
recentes, antigos, a infância, os sonhos, tudo é assunto para estimular a fala e a reflexão. A automutilação
é entendida como uma forma de usar o corpo para comunicar o sofrimento, por isso nomear os
sentimentos é importante. Identificar os comportamentos destrutivos como uma forma de autoboicote é
outro objetivo. O ideal é que as sessões ocorram duas ou três vezes por semana. Um modelo adaptado
desse tipo de terapia é adotado em instituições como o Instituto de Psiquiatria do Hospital das Clínicas da
Faculdade de Medicina da USP para pacientes borderline.

Terapia cognitivo-comportamental: a ideia é tomar consciência das sensações e padrões de


pensamentos que estão por trás de comportamentos destrutivos, além de desenvolver estratégias para
evitá-los. A terapia é mais prática, e envolve até lições de casa, com preenchimento de diários e treino de
habilidades. De acordo com os especialistas, pode ser útil para o controle de certas comorbidades comuns
entre os pacientes borderline, como transtornos alimentares ou uso de drogas.

Terapia comportamental dialética: desenvolvida especificamente para pacientes internados por


automutilação ou suicídio, nos anos de 1980, hoje é considerado o tratamento para borderline que reúne
melhores evidências científicas, segundo a Associação Americana de Psiquiatria e o grupo de revisões
Cochrane. Inclui terapia individual (focada nos comportamentos autodestrutivos), acompanhamento por
telefone e aulas em grupo para treino de habilidades, como atenção plena, regulação de emoções,
tolerância ao estresse e assertividade nas relações (como dizer "não" sem ofender, por exemplo). O termo
filosófico se refere, entre outros aspectos, à consciência de que, ao ser orientado para mudar, o paciente
reage com a força dialética oposta, de querer ser aceito como é. A criadora da terapia, a americana Marsha
Linehan, partiu do princípio, de inspiração zen, de que é preciso observar e aceitar, para, então, mudar.
Ainda há poucos profissionais com a formação no Brasil, mas o número está em expansão.

Terapia familiar ou de casal: o foco principal é resolver conflitos no relacionamento que podem agravar
os sintomas do borderline, melhorar a comunicação e ajudar os parentes ou o parceiro (a) a compreender
melhor o transtorno, para melhorar o suporte ao paciente.

Auto boicote
Embora este não seja um critério diagnóstico, é comum o borderline sabotar a si próprio. Por exemplo, ele
abandona a faculdade a poucos meses de se formar, termina o namoro que parecia ter finalmente
emplacado, e, claro, abandona o tratamento que podia dar certo.
O próprio rótulo de borderline pode ser usado como um limitador. Os casos mais graves envolvem
medicação pesada, pelo menos nas fases mais críticas, e os efeitos colaterais são outra razão para fugir do
psiquiatra.

Fazer o paciente se engajar no tratamento é um dos maiores desafios dos profissionais de saúde que
tratam o borderline, uma vez que a culpa pelo sofrimento é atribuída aos outros. É comum o psiquiatra ou
psicólogo ter de ir atrás ou pedir ajuda dos familiares para entender o que gerou o problema e tratá-lo
durante as consultas ou sessões. Isso quando o próprio profissional não acaba desistindo, porque o
paciente falta sem avisar ou é extremamente agressivo.

Borderline tem cura?


Ainda que o tratamento faça a diferença, não dá para dizer que o transtorno borderline vai desaparecer da
vida do paciente, como uma infecção resistente que finalmente é controlada com o antibiótico certo. Se
isso acontecer, é provável que o indivíduo não era borderline.
Os especialistas preferem falar em "pequenas curas que se somam": as relações ficam mais estáveis, a
tolerância à frustração aumenta, a capacidade de reflexão se expande e controlar certos impulsos torna-se
possível. A vida fica produtiva e satisfatória.

Como ajudar alguém com o transtorno?


Incentivar a pessoa a buscar ajuda nem sempre é fácil e, muitas vezes, a família precisa levar o borderline
às sessões e participar da terapia, para saber administrar os conflitos. É importante que os familiares e
amigos saibam que o tratamento funciona, ainda que leve tempo. E o apoio deles é fundamental durante o
processo. Ao sair da crise, estabelecer um trabalho ou atividade também colaboram para a socialização e
autoestima do borderline.

O que fazer em uma crise de borderline?


Algumas crises podem ser contornadas em casa, com remédios e atendimento extra por parte do
terapeuta, quando já existe um profissional ou equipe que cuida do borderline. Ter o telefone ou e-mail
dessas pessoas é fundamental para saber o que fazer em uma emergência. Já se o paciente não está em
tratamento, deve ser levado ao pronto-socorro ou a um ambulatório de psiquiatria. Se houver risco de vida
ao paciente ou a outras pessoas, a internação pode ser necessária. Manter a calma e já ter um roteiro
discutido com a equipe ajuda muito nesses casos.

Como você pode ajudar uma pessoa com o transtorno de borderline?


Acredite, lidar com uma pessoa com transtorno de Borderline é uma tarefa complicada e que requer certa
paciência e determinação, pois como disse anteriormente os portadores desse transtorno alternam muito
de humor apegam e se desapegam muito facilmente.
Uma das principais características de quem é Borderline é o medo do abandono e da rejeição, então se
você demonstrar que está presente e que se importar com a pessoa, isso pode ajudar com que ela não se
sinta sozinha.
Sempre que a pessoa fizer algo passível de reconhecimento ou de elogio, é importante que se elogie para
que ele se sinta compreendido e amado, tendo cuidado também nas palavras enquanto se comunica, já que
a autoimagem deles é frequentemente distorcida.
Assim como tomar cuidado redobrado para não acusar ou irritar a pessoa desnecessariamente, pois isso
pode desencadear um episódio de agressividade.
O essencial também é você se colocar no lugar dele, exercitando sua empatia, entendendo que se estivesse
na situação dele talvez agisse da mesma forma.

Medicamentos
Os remédios usados para tratar os pacientes com Borderline geralmente focam em sintomas isolados.
Entre os medicamentos mais utilizados, estão:
Antidepressivos: para comorbidades como a depressão
Estabilizadores de humor: para problemas interpessoais e de raiva
Antipsicóticos: para impulsividade.

Objetivos do tratamento
No início, o tratamento pode aliviar alguns sintomas, principalmente aqueles que mais perturbam os
pacientes. Porém, ao pensar no desenvolvimento da personalidade, o tratamento deverá ser de médio a
longo prazo.
O objetivo é ir além dos sintomas, buscando o desenvolvimento duradouro das capacidades psíquicas do
paciente.
Os tratamentos, especialmente a psicoterapia, também podem ser breves, com duração de 20 sessões ou
de longo prazo, de dois a três anos. Pesquisas atuais têm apontado que tratamentos de longo prazo
produzem resultados mais duradouros no decorrer da vida.

Conclusão

O transtorno de Boderline ainda necessita de mais estudo e compreensão, pois vem crescendo bastante
com o tempo e assim como suas causas ainda são incertas.
Porém o pouco de informação que se tem não é tão difundido assim, dessa maneira quanto mais se
conhece mais informada e preparada as pessoas estariam para combater e para que os familiares e amigos
possam saber como eles podem ajudar.
No Brasil acontecem cerca de 2 milhões de casos de transtorno de personalidade Boderline, o indicado
em caso de suspeita é procurar um médico clínico ou um psiquiatra para que ele possa realizar o
diagnóstico.
Após o diagnóstico é preciso prosseguir para tratamentos adequados, os mais indicados são as
psicoterapias e o uso de medicamentos caso sejam necessários, em alguns casos são recomendados
hospitalizações, no caso de sintomas graves, surtos e tentativas de suicídio.

O risco de automutilação e de tentativas de suicídio é real em casos de Boderline, os sintomas podem


levar a depressão ou a ansiedade, assim como outros transtornos de personalidade, portanto é
importantíssimo que o tema seja mais divulgado e as dúvidas sejam esclarecidas.

Fontes: Fernanda Sassi (médica coordenadora do ensino e assistência do ambulatório integrado de


transtornos de personalidade e do impulso do Ipq - HC/FMUSP) Erlei

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