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Psicopatologia II

Profª Mª Mara Lívia de Araújo


Personalidade

Construída ao longo do
tempo, levando em
conta os fatores
constitucionais inatos
da criança e os que
serão adquiridos pela
influência do meio
ambiente exterior,
principalmente a
influência dos pais.
DSM-V

 Transtornos de personalidade é
 Um padrão persistente de experiência interna e
comportamento que se desvia acentuadamente das
expectativas da cultura do indivíduo
 É difuso e inflexível
 Começa na adolescência ou no início da fase adulta
 É estável ao longo do tempo
 Leva a sofrimento ou prejuízo
 Diferente dos outros transtornos, os relacionados à
personalidade são crônicos, não surgem e desaparecem;
originam-se na adolescência e continuam na fase adulta.

O grupo A é o da singularidade ou
excentricidade
paranoide, esquizóide e
esquizotípica.


O grupo B é o das pessoas que se
mostram dramáticas, emotivas ou
imprevisíveis
antissocial, borderline, histriônica e
narcisista.

O grupo C é o da ansiedade e do
medo
esquiva, dependente e obsessivo-
compulsivo.
 Comprometem pelo menos duas das seguintes áreas:

Cognição

Controle
Afetividade de
impulsos

Relacionamentos
interpessoais
Transtornos de personalidade:
curso e desenvolvimento
 Crianças e
Transtorno personalidade
antissocial e borderline adolescentes
• Casos raros
• Traços que aparecem
na infância geralmente
sofrem mudanças na
vida adulta
• Qual transtorno de
personalidade NÃO pode
ser diagnosticado antes
dos 18 anos?

Menos evidentes ou desaparecem


com o envelhecimento

Transtornos da
personalidade singular
ou excêntrica

Grupo A
Paranoide
• Padrão de desconfiança e de suspeita tamanhas que as
motivações dos outros são interpretadas como

malévolas. Ciúmes.

Esquizoide
• Padrão de distanciamento das relações sociais e uma
faixa restrita de expressão emocional. Indiferentes à
aprovação ou à crítica.

Esquizotípica
• Padrão de desconforto agudo nas relações íntimas,
distorções cognitivas ou perceptivas (rituais mágicos) e
excentricidades do comportamento. Sentem que são
diferentes e que não se enturmam.

Dramáticos,
emotivos ou
imprevisíveis

Grupo B
Antissocial
• Padrão de desrespeito e violação dos direitos dos outros. Fracasso em
ajustar-se as normas sociais. Falsidade. Irritabilidade e agressividade.
Ausência de remorso. Irresponsabilidade. Inadimplência.

Borderline 
• Padrão de instabilidade nas relações interpessoais, na autoimagem e nos
afetos, com impulsividade acentuada. Esforços desesperados para evitar
abandono real ou imaginado. Impulsividade (sexo, compras, substâncias,
alimentação). Gestos ou ameaças suicidas, auto-mutilantes. Raiva, vazio.

Histriônica
• Padrão de emocionalidade e busca de atenção em excesso. Desconforto
quanto não é o centro das atenções. Comportamento sexualmente sedutor
ou provocativo. Autodramatização, teatralidade e expressão exagerada.

Narcisista
. Padrão de grandiosidade, necessidade de admiração e falta de empatia.
Acredita ser “especial”. Superestimam suas capacidades e exageram suas
conquistas. Desvalorização da contribuição do outro.

Ansiosos ou
amedrontados

Grupo C
Evitativa
• Padrão de inibição social, sentimentos de inadequação e
hipersensibilidade a avaliação negativa (medo de crítica,
desaprovação ou rejeição). Se vê como alguém sem atrativos,
inadequado socialmente ou inferior. “Pé atrás”. Forte desejo de
vinculação social.


Dependente
• Padrão de comportamento submisso e apegado relacionado a uma
necessidade excessiva de ser cuidado. Necessidade de conselhos.
Dificuldade de manifestar desacordo. Falta de autoconfiança
(dificuldade de iniciar projetos) . Desconfortável e desamparado
quando sozinho.

Obsessivo-Compulsiva
• Padrão de preocupação com ordem, perfeccionismo e controle mental
e interpessoal. Detalhes x objetivo da atividade. Dificuldade em
concluir tarefas. Trabalho x lazer (férias). Inflexível questões éticas,
morais, valores. Acumulação de objetos. Trabalho em grupo –
dificuldade. Dinheiro é visto como algo que precisa ser guardado para
eventos futuros – cautela. Rigidez e teimosia.
Transtorno da personalidade
Paranoide

 As pessoas com transtorno da personalidade paranoide
são excessivamente desconfiadas e não crêem nos
outros. Elas supõem que as pessoas estão dispostas a
prejudicá-las ou enganá-las, por isso não confiam em
terceiros.
 A característica que define os portadores deste
transtorno é a: desconfiança recorrente e injustificada
(APA, 2000)
Critérios diagnósticos


 A- Desconfiança e suspeitas recorrentes em relação a
outras pessoas de tal modo que as ações delas são
interpretadas como malévolas; principiam no início
da idade adulta e estão presentes em uma variedade
de contextos, conforme indicado por quatro (ou
mais) dos critérios:

 1. Suspeita, sem fundamento suficiente, de estar sendo


explorado, prejudicado ou enganado.
 2. Preocupa-se com dúvidas infundadas a respeito da
lealdade ou confiabilidade de amigos e colegas.

 3. Reluta em confiar nos outros por receio sem fundamento
de que alguma informação seja usada de modo a prejudicá-lo.
 4. Interpreta significados ocultos ou ameaças em comentários
ou eventos positivos.
 5. Fica ressentido, guarda rancor. Não perdoa insultos,
injúrias ou ofensas.
 6. Percebe ataques a seu caráter ou à sua reputação que não
são visíveis para outros; reage rapidamente de modo irritado
ou para contra-atacar.
 7. Tem suspeitas recorrentes, sem fundamento, a respeito da
fidelidade do cônjuge ou do parceiro sexual.
Tratamento

 Estabelecer aliança terapêutica plena de significados
entre paciente e terapeuta;
 Desenvolvimento de sensação de confiança;
 Despertar o senso-crítico de realidade;
Transtorno da personalidade
esquizóide

 Os portadores desse transtorno demonstram um padrão de
desinteresse pelos relacionamentos sociais e um espectro de
emoções muito limitado em situações interpessoais (Philips e
Gunderson, 2000). Elas parecem distantes, frias e indiferentes
em relação aos outros.

 A timidez na infância é considerada precursora do transtorno


de personalidade esquizóide posterior.

 Pesquisas sobre a dopamina neuroquímica indicam que as


pessoas com menor densidade de receptores de dopamina
tiveram resultados mais elevados em uma medida de
distanciamento (Farde, Gustavsson e Jonsson, 1997)
Critérios diagnósticos

 A – Padrão recorrente de desinteresse por
relacionamentos sociais e uma faixa restrita de
expressão emocional em situações interpessoais;
principia no começo da idade adulta e está presente
em uma variedade de contextos, conforme indicado
por quatro (ou mais) dos seguintes critérios:
 1. Não deseja relacionamentos íntimos nem encontra
prazer neles, também em relação a fazer parte de uma
família.
 2. Quase sempre escolhe atividades solitárias.

 3. Mostra pouco ou nenhum interesse em ter
experiências sexuais com outra pessoa.
 4. Tem prazer em poucas atividades, ou mesmo em
nenhuma.
 5. Não possui amigos íntimos ou confidentes que não
sejam parentes de primeiro grau.
 6. Aparenta indiferença a elogios ou críticas de
outras pessoas.
 7. Demonstra frieza emocional, distanciamento ou
afetividade reduzida.
Tratamento

 Ressaltar o valor dos relacionamentos sociais;
 Ensinar o portador a ter empatia;
Transtorno da personalidade
esquizotípica

 As pessoas diagnosticadas como portadoras do
transtorno da personalidade esquizotípica, muitas vezes
são consideradas esquisitas ou estranhas, por causa do
medo que têm de se relacionar com outras pessoas, da
maneira como pensam e se comportam e até a forma
como se vestem.

 Têm ideias de referência, ou seja, pensam que eventos


insignificantes estão diretamente relacionados a elas.

 Possuem crenças estranhas ou desenvolvem pensamento


mágico.

 É importante levar em consideração os aspectos
culturais que o sujeito vivencia.
 Estudos sobre família, gêmeos e adoção indicam
maior prevalência do transtorno da personalidade
esquizotípica entre os parentes de pessoas com
esquizofrenia que não possuem esse transtorno
(Dahl, 1993, Torgersen et al., 1993).
 Algumas pesquisas mostram que a exposição da
gestante à gripe pode aumentar a chance de que esse
transtorno ocorra em seu filho (Venables, 1996).

 A avaliação cognitiva de pessoas com esse transtorno
da personalidade estão sendo confirmadas no
aspecto empírico. Por exemplo, a avaliação cognitiva
de pessoas com esse transtorno aponta para
decréscimos reduzidos a moderados da capacidade
de desempenho delas em testes que envolvem
memória e aprendizado, isso indica alguma lesão no
hemisfério esquerdo do cérebro (Voglmaier et al,
2000)
Critérios diagnósticos


 A – Padrão global de déficit social e interpessoal marcado
por desconforto agudo e capacidade reduzida para
relacionamentos próximos, bem como por distorções
cognitivas ou perceptivas e excentricidades de
comportamento; principia no início da idade adulta e está
presente em uma variedade de contextos, conforme
indicado por cinco (ou mais) dos seguintes critérios:
 1. Ideias de referência (excluindo delírios de referência)
 2. Crenças estranhas ou pensamento mágico que
influenciam o comportamento e são incoerentes com
normas subculturais

 3. Experiências perceptivas incomuns, incluindo ilusões
somáticas.
 4. Pensamento e discurso estranhos.
 5. Desconfiança ou ideação paranoide.
 6. Afetividade inadequada ou reprimida.
 7. Comportamento ou aparência estranha, excêntrica ou
peculiar.
 8. Inexistência de amigos íntimos ou confidentes, exceto
parentes em primeiro grau.
 9. Ansiedade social excessiva que não diminui com a
familiaridade e tende a estar associada a receios paranoides
em vez de julgamentos negativos a respeito de si mesmo.
Tratamento

 Inclui alguns dos tratamentos médicos e psicológicos
para a depressão (Goldeberg et al., 1987; Stone, 2001);
 Ensinar aptidões sociais;
 Tratamento medicamentoso similar ao utilizado com
esquizofrênicos – haloperidol.
Transtorno da personalidade
antissocial

 Costumam ter longo histórico de violação dos direitos
das demais pessoas (Widiger e Corbitt, 1995).
 Muitas vezes são considerados violentos porque
conseguem o que desejam, indiferentes às preocupações
dos outros.
 Mentir e enganar parece ser um traço adquirido.
 Não demonstram remorso ou preocupação a respeito
dos efeitos dos seus atos.
 O abuso de substâncias é comum.
Critérios diagnósticos


 A – Padrão global de desrespeito e violação dos
direitos dos demais que ocorre desde os 15 anos,
conforme indicado por três (ou mais) dos seguintes
critérios:
 1. Incapacidade para seguir as normas sociais relativas
ao comportamento de acordo com a lei indicada pela
repetição de atos que motivam detenção.
 2. Falsidade indicada por repetir mentiras.
 3. Impulsividade ou fracasso para planejar o futuro.
 4. Irritabilidade e agressividade indicadas por retidas
lutas ou agressões físicas.

 5. Desprezo imprudente pela própria segurança e
pela alheia.
 6. Irresponsabilidade
 7. Ausência de remorso.
 B – A pessoa tem no mínimo 18 anos.
 C – Há indícios de transtorno da conduta que surge
antes dos 15 anos.
 D – A ocorrência do comportamento anti-social não
se manifesta durante a existência da esquizofrenia ou
de episódio maníaco.
Tratamento

 Orientações de pais durante o desenvolvimento
infantil a partir da percepção de conduta anti-social;
 Incentivar práticas que beneficiem a sociedade;
 Enfatizar o bom comportamento e treinamento de
aptidões sociais.
Transtorno da personalidade
borderline

 A pessoa possui vida tumultuada, o humor e os
relacionamentos são instáveis; possuem no geral,
uma auto-imagem muito ruim. Muitas vezes sentem-
se vazios e correm o risco de se matar.
 Frequentemente demonstram comportamento
suicida e/ou de automutilação.
 São extremados, vão da raiva à depressão grave em
pouco tempo.
Critérios diagnósticos


 1. Iniciativas exageradas para evitar o abandono real
ou imaginário.
 2. Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis
e intensos caracterizados por alternância entre
extremos de idealização e desvalorização.
 3. Perturbação do senso de identidade.
 4. Impulsividade em pelo menos duas áreas
potencialmente prejudiciais.
 5. Comportamento suicida recorrente; gestos,
ameaças ou comportamento de automutilação.

 Instabilidade afetiva devido à reatividade marcante
do humor.
 Sensação crônica de vazio.
 Raiva inapropriada e intensa ou dificuldade de
controlá-la.
 Ideação paranóide passageira e relacionada ao
estresse ou a sintomas dissociativos graves.
Tratamento

 Terapia do comportamento dialético (TCD) –
envolve auxiliar as pessoas a lidar com os estressores
que parecem provocar o comportamento suicida.
Transtorno de personalidade
histriônica

 Tendem a ser exageradas;
 Muitas vezes, parecem estar interpretando um papel.
 São propensas a expressar suas emoções de modo
exagerado.
 Egocêntricas
Critérios diagnósticos


 1. Sente-se desconfortável em situações nas quais não é o
centro das atenções.
 2. Muitas vezes, a interação com outros é caracterizada
por comportamento sexualmente sedutor ou provocador.
 3. Mudanças rápidas e superficialidade das emoções.
 4. Usa a aparência física para chamar a atenção sobre si.
 5. Possui um estilo de expressão verbal excessivamente
baseado em impressões e com poucos detalhes.

 6. Demonstra dramaticidade, teatralidade e
expressão exagerada das emoções.
 7. É sugestionável, influencia-se facilmente por
outras pessoas ou circunstâncias.
 8. Considera os relacionamentos mais íntimos do que
realmente são.
Tratamento

 Alguns terapeutas tentaram alterar o
comportamento de busca por atenção.
 As pessoas com esse transtorno precisam saber como
os ganhos em curto prazo originários desse estilo de
interação resultam em custos em longo prazo e
precisam ser orientadas para adotar formas mais
apropriadas para negociar seus desejos e
necessidades.
Transtorno da personalidade
narcisista

 Elas consideram diferentes das demais e acreditam que
merecem tratamento especial.
 Sensações exageradas e fantasias de grandeza.
Transtorno da personalidade de
esquiva

 As pessoas são extremamente sensíveis às opiniões
alheias; como conseqüência, evitam a maior parte dos
relacionamentos.
 A auto-estima extremamente baixa, juntamente como o
medo de rejeição, faz com que tenham poucas amizades
e sejam muito dependentes daqueles com as quais se
sentem à vontade.
Critérios diagnósticos


 1. Evita atividades ocupacionais que envolvam contato
interpessoal significativo por medo de crítica,
desaprovação ou rejeição.
 2. Não está disposto a envolver-se com pessoas a não
ser que tenha que ser apreciado.
 3. Demonstra prudência por receio de passar vergonha
ou de ser ridicularizado.
 4. Preocupa-se em ser criticado ou rejeitado nas
situações sociais.
 5. É inibido nas novas situações interpessoais por
causa do sentimento de inadequação.

 6. Considera-se socialmente inepto, sem atração
pessoal ou inferior aos demais.
 7. Reluta de modo incomum em assumir riscos
pessoais ou participar de alguma nova atividade
porque podem lhe causar constrangimento.
Tratamento

 Técnicas de intervenção comportamental para a
ansiedade e para os problemas de aptidão social.
Transtorno da personalidade
dependente

 Se apóiam em outras pessoas para tomar decisões, tanto
corriqueiras como importantes, o que resulta em um
medo irracional de abandono.
 Submissos, tímidos e passivos.
 Sensível a críticas e necessidade de confiança renovada.
Critérios diagnósticos


 1. Dificuldade em tomar decisões do cotidiano sem uma
quantidade excessiva de conselhos e reasseguramento de
outras pessoas.
 2. Necessidade de que os outros assumam a
responsabilidade pelas principais áreas de sua vida.
 3. Dificuldade em expressar discordância de outros por
medo de perder suporte ou aprovação.
 4. Dificuldade em iniciar projetos ou fazer coisas por conta
própria.
 5. Vai a extremos para obter carinho e apoio de outros, a
ponto de se oferecer para fazer coisas desagradáveis .

 6. Sente desconforto ou desamparo quanto está só por
causa dos temores exagerados de ser incapaz de
cuidar de si próprio.
 7. Busca com urgência outro relacionamento como
fonte de carinho e amparo quando um relacionamento
estreito é rompido.
 8. Preocupação irrealista com medo de ser
abandonado para cuidar de si próprio.
Tratamento

 Uma das metas da terapia - tornar a pessoa mais
independente e responsável.
 Cuidado – na relação terapêutica, criar
possibilidades para que o sujeito não se torne
excessivamente dependente do terapeuta.
Transtorno de personalidade
obsessivo-compulsiva

 São caracterizados pela exigência de que as coisas sejam
feitas “do modo certo”. Embora muitos lhe invejem a
persistência e dedicação, a preocupação com detalhes os
impede de completar uma tarefa.
Critérios diagnósticos


 1. Preocupação tão intensa com detalhes, regras, listas, ordem,
organização ou horários, que o principal aspecto da atividade
é perdido.
 2. Perfeccionismo que interfere na realização das tarefas
 3. É extremamente dedicado ao trabalho e à produtividade.
 4. É muito consciencioso, escrupuloso e inflexível a respeito da
moralidade, ética ou valores.
 5. É incapaz de livrar-se de objetos usados ou sem valor,
mesmo quando não possuem importância sentimental.
 6. Reluta em delegar tarefas ou em trabalhar com outras
pessoas, a não ser que elas se submetam ao modo exato como
faz as coisas.

 7. Adota um estilo de gastos restritos para si e para os
outros; o dinheiro é encarado como algo a ser
acumulado como reserva para catástrofes futuras.
 8. Demonstra rigidez e teimosia.
Tratamento

 A terapia combate os receios que parecem estar na base
da necessidade pela ordem.
 Os terapeutas ajudam a pessoa a relaxar ou usar técnicas
de distração para redirecionar os pensamentos
compulsivos.

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