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PATOLOGIA BORDERLINE

 Identidade difusa, construída com base no imaginário, sem identificação com um modelo, não se
questiona a si próprio, dificuldade em aprender com experiências anteriores.
 Padrão de relacionamentos interpessoais instáveis e intensos esforços para evitar o abandono real
ou imaginado
 Ameaça de suicídio ou comportamentos auto-lesivos (CAL)
 Sentimentos crónicos de vazio
 Raiva e dificuldade no controlo da mesma
 Ideação paranoide transitória
 Falta de integração do conceito de self, sente-se vazio e o outro tem de o preencher. Não se
conhece por dentro, por aquilo que sente que é, mas por aquilo que os outros lhe dizem que é.
 O mundo interior é invadido pelo mau, que domina o bom, o que faz eclodir a raiva e o sentimento
de vazio. Para se defender desta ambivalência que provoca sofrimento, instala-se uma relação al-
ternante de personalidade com demonstrações de efusão passional seguida de raiva. As ondas
positivas e negativas sucedem-se, tendo nos seus intervalos momentos de apatia (anulação afetiva,
aborrecimento, tédio) e redução do investimento na realidade externa.
 Existência de confusão entre perceção e fantasia, realidade exterior e interior. Assim recorre à
identificação projetiva, mas dado não conseguir suficiente estabilidade, coesão, domínio e aceita-
ção do seu mundo interno tenta projetar-se no outro.
 Conflito intrapsíquico não resolvido iniciado pela dificuldade de separação do objeto primário, ou
seja, dependência com a figura materna e/ou representantes simbólicos, por carência sistemática,
abandonos drásticos e frequentes o que impede o desprendimento evolutivo e favorece o laço
simbiótico. São mães e pais que gratificam a dependência, estimulando, valorizando e premiando o
comportamento de aproximação e apego sendo sistematicamente reprovados, reprimidos e
diminuídos os desejos, impulsos e comportamentos autónomos da criança. Filhos como espécie de
adorno dos pais e só valorizados enquanto tal, quando e como desempenha essa função.
Frequentemente à excessiva simbiose com a mãe, soma-se a carência paterna, por ausência ou
indisponibilidade afetiva o que reforça a simbiose.
 História de problemas emocionais e padrões de hábitos problemáticos na infância (enurese tardia,
por exemplo).
 Falta constitucional de autonomia primaria, baixa tolerância à ansiedade, importante
desenvolvimento dos impulsos agressivos e vivencias de uma realidade excessivamente frustrante
 Existem 3 critérios estruturais, correspondentes à organização intrapsíquica, que permitem o
diagnostico psicodinâmico da organização de personalidade borderline: a difusão da identidade, o
predomínio de defesas baseadas na dissociação e a conservação da prova de realidade.
 Personalidade com clivagem de ou toda boa/toda ma, tudo ou nada, não consegue viver com/sem
 Problemática de identidade de género e de realização
 Lutas, conflitos, sentimento que os outros não dão tudo
 Aguardam um motivo ou uma contrariedade para demonstrar que o outro não se importa com ele,
sensação de abandono
 Não realizam as tarefas desenvolvimentais típicas dessa etapa, especialmente a consolidação de um
senso de identidade do ego, a afirmação da identidade sexual, o afrouxamento dos laços com as
figuras parentais e a superação da regência pelo superego infantil
 Apresentar dificuldades na capacidade de mentalização (reconhecimento do estado mental do
outro e do seu próprio estado mental)

Narcisismo – idealização e desvalorização intensa simultâneas em relação ao analista, e a outras pessoas
importantes na vida.

Excessiva hipersensibilidade – reação exagerada a leves críticas ou rejeição, tão grosseira que sugere para-
noia, mas sem delírios claros.

Reação terapêutica negativa – certas interpretações do analista, visando ajudar, são vivenciadas como de-
sencorajadoras ou manifestações de falta de amor e aceitação. Pode haver depressão ou crises de raiva; às
vezes, gestos suicidas.

Tratamento
Confirmação da identidade própria, auto valorização, prioridade ao bem estar
Afirmação da diferenciação, intenção, vontade, desejo, escolhas, etc.

Desencadeadores:
Experiências traumáticas
Neglicências
Abusos
Violências das mais diversas ordens
Contexto familiar instável e caótico
Ansiedade de separação
Negação de autonomia dos filhos e um modelo de comunicação baseado em atuações (em detrimento das
palavras)

Fatores predisponentes:
Interações afetivas patológicas (diádicas, narcísicas, superprotetoras e/ou negligentes)
Vínculo afetivo e o estilo de vinculação – especialmente a insegura, ansiosa ou ambivalente
Perceção de uma relativa falta de cuidado e proteção da figura materna
Falta de integração do superego, com tendências antissociais
Predomínio do processo primário
Condensação de conflitos edipianos e pré-edipianos

DSM-IV

Afeto

 Faminto de afeto, com envolvimento afetivo vacilante.


 Sexualidade caótica, muitas vezes com frigidez e promiscuidade combinadas.
 Comportamento inadequado e não adaptativo.
 Poucos recursos de empatia em relação a outras pessoas.
 Identificações narcisistas com os outros, com tendência de adotar as qualidades da outra pessoa
como meio de manter a ligação e o amor.
 Vazio interno, que procura remediar apegando-se a grupos sociais ou religiosos, sucessivamente,
não importando se concorda com os seus princípios ou valores.
 Demonstração de ressentimento, que aparece de modo indomável, violento e duradouro, provo-
cando desejo de vingança, retraimento e rutura relacional, tendencialmente definitiva. A represen-
tação do outro ou do que lhe está a causar dor apaga-se quase desaparece e dai o sentimento de
vazio, desertificação do mundo interior.
 Vida pontuada por grandes entusiamos, que cedo são abandonados dado que a correspondência
do ideal desejado não corresponde à realidade. Procura de um amor incondicional, sempre
desejado e nunca obtido.
 Relacionamentos caóticos e insatisfatórios que nunca se aprofundam ou duram. Padrão de relacio-
namentos interpessoais instáveis e intensos, caracterizado pela alternância entre extremos de idea-
lização e desvalorização.
 Desamparo/ desesperança/impotência/culpa crônicas
 Ansiedade crônica
 Sentimento de solidão/tédio/vazio crônicos agarrando-se a satisfações pontuais, negando a reali-
dade interior de insatisfação afetiva.
 Ansiedade de separação muito intensa, dado que se liga ao outro mais por necessidade do que por
afeto, propriamente dito.
 Instabilidade afetiva devido a uma acentuada reatividade do humor (pex., episódios de intensa dis-
foria, irritabilidade ou ansiedade geralmente durando algumas horas, raramente por alguns dias).
 Raiva inadequada e intensa ou dificuldade em controlar a raiva (pex., demonstrações frequentes de
irritação, lutas corporais recorrentes).
 Sentimento de inferioridade, alguns apresentam melancolia, outros, uma personalidade infantil.

Cognição

 Pensamento estranho/experiências preceptivas inusitadas, com experiências paranoides não deli-


rantes e quase-psicóticas
 Pensamento é um esforço e não um prazer.
 Capacidade de funcionar e o prazer normalmente ausentes, ou seja, não investe na tarefa, mas
apenas na sua finalidade.
 Rigidez psíquica e corporal, estado de tensão postural facilmente visível a um observador casual.

Padrões de Atos Impulsivos

 Abuso/dependência de substâncias
 Desvios sexuais
 Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente prejudiciais à própria pessoa (p. ex.,
gastos financeiros, sexo, abuso de substâncias, direção imprudente, comer compulsivo).
 Recorrência de comportamento, gestos ou ameaças suicidas ou de comportamento auto mutilante.
 Baixa tolerância à frustração e fraco controlo dos impulsos, o que acentua a tendência da passagem
do pensamento ao ato.
 Mascara a tendência agressiva por passividade, com um leve ar de amabilidade, que se converte
facilmente no mal.

Relacionamentos Interpessoais
 Intolerância à solidão, à frustração e impaciência
 Contra dependência e conflitos sérios com relação à ajuda ou cuidado
 Relacionamentos tempestuosos
 Dependência/masoquismo
 Desvalorização/manipulação/sadismo
 Exigências/direitos
 Regressões no tratamento
 Problemas de contratransferência/relações “especiais” de tratamento
 Incapaz de tolerar rotina e regularidade.
 Tende a quebrar muitas regras de convenção social.
 Continuamente atrasado para compromissos e pouco confiável para pagamentos.
 Leva uma vida caótica, na qual sempre há algo horrível a acontecer
 Inclinação em não reconhecer as próprias respostas emocionais, pensamentos, crenças e
comportamentos. Expectativas e padrões elevados e irreais, pode desenvolver vergonha intensa,
ódio se si mesmo e culpa.
 Tendência de inibir ou controlar excessivamente as respostas emocionais, especialmente as
associadas ao luto ou a perdas, incluindo tristeza, raiva, culpa, vergonha, ansiedade e pânico.
 Estilo passivo de resolução de problemas interpessoais, não se dedica ativamente para resolver os
problemas da sua vida, juntamente com tentativas ativas de solicitar que outras pessoas resolvam o
seu problema.

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