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Avaliação e intervenção em adultos

CARACTERIZAÇÃO DA DEPRESSÃO
Humor e Emoções:
 Falta de esperança
 Desencorajamento
 Perda de interesse e prazer nas atividades e pessoas
 Sentimentos de vazio interior
 Apatia
 Disforia
 Irritabilidade
 Por vezes, incapacidade de expressão da tristeza

Funcionamento cognitivo:

 Pensamento lentificado
 Cognições negativas (sobre si, o mundo e o futuro)
 Ruminações (de desvalorização, perda, culpa, ruína, morte e suicídio)
 Interpretação de eventos quotidianos e triviais como prova dos defeitos pessoais
e autorresponsabilização exagerada pelos mesmos (“sou um fracasso”; “nada do
que eu faço sai bem”, “só me acontece a mim”).
 Pensamentos auto-depreciativos por estar doente e pelo fracasso no
cumprimento das responsabilidades (“sou um fardo para os outros”).

Funcionamento físico, motor e comportamental:

 Fácies deprimida
 Lentificação ou agitação psicomotora
 Diminuição do rendimento pessoal ou “sobre-esforço” para manter o nível
prévio
 Afastamento das atividades habituais e dificuldade para iniciar novas
 Isolamento social
 Tentativas de suicídio

Funcionamento somático e vegetativo:

 Alterações do sono (hipersónia, reduzido nº de horas de sono, insónia inicial,


intermédia e/ou terminal)
 Perda ou aumento do apetite
 Diminuição ou aumento do peso (sem estar a fazer dieta)
 Astenia (fraqueza orgânica), Cansaço, Fadiga
 Diminuição da libido
 Dores corporais
Etiologia e Manutenção
Multifatorial:
o Biológicos (e.g., alteração dos neurotransmissores)
o História pessoal (e.g., perda/negligência, acontecimentos de vida negativos;
abuso físico)
o Cognitivos (e.g., baixo autoconceito, baixa autoestima, elevado criticismo e
comportamento punitivo para consigo e com os outros)
o Ambientais: (e.g., situações indutoras de stress)
o Interpessoais: (e.g., apoio social pobre, relações interpessoais disfuncionais)
o Comportamentais (e.g., défices de autocontrolo, de
auto-recompensa/gratificação, etc.)

o Processos de memória induzidos e mantidos pelo humor depressivo (Natale &


Antas, 1982; Beck, 1979):
a) Diminuição:
da acessibilidade a memórias positivas sobre o Eu e sobre experiências
de vida; da capacidade de memorização de informação positiva
autorreferencial.
b) Aumento:
das memórias negativas sobre o EU; da recordação de falsas
autodescrições negativas.

Terapia Cognitivo-Comportamental (CC)


Nível de processamento cognitivo
 Consciência – nível mais alto da cognição (estado de atenção; decisões tomadas
racionalmente)
 Pensamentos automáticos negativos – cognições que passam rapidamente pela
nossa cabeça (préconsciente).
 Alta frequência em deprimidos (desesperança, baixa autoestima, fracasso).
 Esquemas – crenças nucleares que agem como matrizes ou regras subjacentes ao
processamento de informações (inconscientes).
 Duradouros, habitualmente com início na infância/ adolescência
 Esquemas adaptativos: “sou digno de amor; “sou capaz”.
 Esquemas mal-adaptativos/disfuncionais: “tenho de ser perfeito para ser aceite”;
“sou um falhado”.
 Forte influência na autoestima e no comportamento.
 A maioria são causados por experiências negativas repetidas regularmente na
infância e adolescência.
 Nem todos estão associados a traumas ou a maus-tratos na infância. São produto
dos ensinamentos, modelo dos pais, atividades educativas, experiência com
pares, experiências de sucesso/fracasso, etc.
MODELO EXPLICATIVO – FORMAÇÃO E MANUTENÇÃO DOS ESQUEMAS

DESENVOLVIMENTO E MANUTENÇÃO DA DEPRESSÃO


1) Esquemas depressogénicos:
 Abandono/Instabilidade: perceção de que os outros com quem se poderia
relacionar são instáveis e indignos de confiança (“vão abandonar-me por
uma pessoa melhor”);
 Defeito/Vergonha: sentimento de que é mau, falhado, indesejado, inferior
ou inválido em aspetos importantes, ou de não merecer o amor de outras
pessoas quando está em contato com elas.
 Fracasso: crença de que fracassou, de que fracassará inevitavelmente ou
de que é inadequado em relação aos outros em conquistas (e.g., escola,
trabalho, etc.).

Esquemas depressogénicos predisponente/vulnerabilidade São


ativados por AV(acontecimento de vida) específicos, relacionados com o
conteúdo do esquema.

2) Tríade Cognitiva:
 PANs sobre si mesmo, o mundo e o futuro, resultante de erros cognitivos
(“sou um inútil”, “nada do que faço resulta”, “jamais melhorarei”) –
(tríade cognitiva é a atitude negativa face a si, aos outros e ao futuro –
consequentemente as distorções cognitivas/erros sistemáticos levam aos
sintomas)
2.1 VISÃO NEGATIVA DE SI: inadequação, incapacidade,
incompetência, inferioridade e/ ou falta de atributos físicos, mentais ou
morais.
 Subestima-se e avalia-se como destituído de capacidades para
atingir os seus objetivos e bem-estar, criticandose e acusando-se
por isso
2.2 VISÃO NEGATIVA DO MUNDO: atribui às experiências um
sentido de depreciação, frustração, fracasso ou perda
 Experiências positivas são minimizadas e os fracassos
sobrevalorizados. Visão do mundo em que lhe são colocados
obstáculos insuportáveis na prossecução dos seus objetivos de
vida.

2.3 VISÃO NEGATIVA DO FUTURO: projeção futura das suas


dificuldades atuais.
 geralmente leva à ideação suicida e a tentativas reais

3) Erros Cognitivos:
 São automáticos e involuntários.
 Ao atuarem de modo sistemático, preservam os conceitos negativistas
(mesmo que existam evidências em contrário).

Círculo vicioso de autoconfirmação e autoperpetuação dos esquemas.

 Erros lógicos mais frequentes em deprimidos:


 Inferência Arbitrária – chega-se a uma conclusão a partir de
evidências contraditórias ou na ausência de evidências.
e.g., deprimido com dificuldade em executar a 1ª tarefa no
emprego pode pensar: “Jamais serei capaz de desempenhar
as minhas funções”.
 Sobre-generalização: chega-se a uma conclusão sobre um
acontecimento isolado e, então, a conclusão é estendida de
maneira ilógica a amplas áreas do funcionamento.
e.g., “uma vez que falhei nesta situação isto significa que
sou incompetente em todas as áreas da minha vida”.
 Magnificação e Minimização: a relevância de um atributo, evento
ou sensação é exagerada ou minimizada.
e.g., “ter boas notas não significa que eu seja inteligente
ou capaz”.
 Personalização: atribuição pessoal inapropriada de
acontecimentos externos.
e.g., “o M. não aceitou ir hoje comigo ao cinema, a culpa
só pode ser minha”.
 Abstração seletiva: abstrair um detalhe do seu contexto,
ignorando as suas características mais importantes.
e.g., apenas 1 amigo se esquece de ligar no aniversário –
“já ninguém se importa comigo”.
 Pensamento dicotómico: avaliação dos dados da experiência em
termos de categorias mutuamente exclusivas.
“ou consigo tirar 19-20 valores no teste ou sou um
fracasso”.

Manutenção da Depressão
1) Factores Cognitivos
2) Aspectos do Meio (família, amigos, chefia, etc.).

INTERVENÇÃO
 Objetivo geral: alívio completo dos sintomas (remissão) - treino de
competências e resolução de problemas atuais.
 associado a um melhor funcionamento e menor probabilidade de recaída.
 Frequência e duração ideal da TCC (Sacco & Beck, 1995): 16 a 20 sessões
durante 3-4 meses.
 2 sessões/semana durante as primeiras 2/3 semanas (moderada a grave); Follow-
up – 3 a 4 sessões (3 a 6 meses) – NICE (2009);
 Sessão média: 45-50m
Princípios básicos:
 Ativa (colaboração clínico-doente);
 Diretiva (problemas atuais, foco no aqui e agora);
 Educativa (ensino do modelo, natureza do problema, processo
terapêutico, recaída);
 Estruturada (sessões previamente estabelecidas);
 Prazo limitado (16-20 sessões);
 Uso de TPC;
 Uso de técnicas CC.
 Importa: Construir uma relação de confiança.
 Explorar as opções de tratamento com otimismo e esperança.
 Estar ciente de que o estigma e a discriminação podem estar associados
ao diagnóstico de depressão.
 Garantir que a confidencialidade, privacidade e dignidade são
respeitadas.
 Fornecer informação apropriada ao nível de entendimento do cliente
sobre a natureza da depressão e os tratamentos disponíveis.
 Evitar linguagem clínica sem uma explicação adequada.
Colaboração
1. Qualidades interpessoais (empática, colaborativa, rapport, cordial,
autêntica, sem juízos de valor, atitude segura e profissional);
2. Determinação conjunta dos objetivos;
3. Feedback regular;
4. Empirismo colaborativo – exige alto grau de colaboração.
Questionamento socrático:
o clínico faz questões que estimulem a curiosidade e o desejo de inquirir;
‘descoberta guiada’; ‘cientista da sua própria vida’.
Foco voltado para o problema:
ajuda a estimular planos de ação para combater sintomas como o
evitamento, procrastinação, etc.

AVALIAÇÃO
1. Anamnese completa
Guião para a entrevista de avaliação CC (Gonçalves, 1993).
2. Avaliação do estado mental
Secções: 1) aspeto, atitude, atividade, 2) humor e emoções, 3) discurso e
linguagem, 4) conteúdo, processo do pensamento e perceção, 5)
cognição, 6) insight e juízo crítico.
3. Avaliação dos Sintomas e Diagnóstico
3.1 Beck Depression Inventory/Inventário de Depressão de Beck (BDI)
Desenvolvido para avaliar a presença e a gravidade da
sintomatologia depressiva.
Instrumento mais utilizado e extensivamente estudado, cuja
utilidade está bem documentada nas numerosas investigações
publicadas (Shafer, 2006).
Útil para:
1) identificar a presença e a severidade dos sintomas depressivos,
2) definir prioridades e planificar o uso de técnicas e programas de intervenção
médico-farmacológica ou psicológica,
3) mensurar a eficácia da intervenção ao longo do tempo,
4) reavaliação da sintomatologia no acompanhamento dos indivíduos após a
intervenção (follow-up) [OliveiraBrochado et al., 2014].
 BDI Fast Screen for Medical Patients (BDI-FS)/ BDI Primary Care (BDI-
PC) ou BDI Short Form (BDI-SF) (Beck et al.,2000).
 Contém apenas 7 itens cognitivo-afetivos do BDI-II.
 Versão reduzida que avalia a sintomatologia depressiva em
indivíduos com problemas de dependência de substâncias e
problemas biomédicos.
 Dimensões avaliadas: inventário de autorrelato com 21 itens que
mede sintomas cognitivos, afetivos e somáticos da depressão.
 Solicita que descrevam o modo como se têm sentido nas ‘últimas
2 semanas’, incluindo o dia da administração do inventário.
 População-alvo: adultos e adolescentes com mais de 13 anos,
podendo ser administrado em populações clínicas e não clínicas.
 História: foi desenvolvido com o propósito de avaliar e registar a
gravidade da depressão em populações psiquiátricas, de modo a
possibilitar o estudo da evolução das alterações na sintomatologia
e a análise do resultado de um dado tratamento num período de
várias semanas.
 Foi desenvolvido como um instrumento para avaliar o estado e
não o traço depressivo.
 A pontuação no BDI-II não autoriza a formulação de um
diagnóstico formal conclusivo (Beck et al., 1961).
 Os itens do BDI-II encontram-se refletidos nos critérios de
diagnóstico da depressão major descritos no DSM-IVTR.
 Tristeza, Pessimismo, Fracassos Passados, Perda do Prazer,
Sentimentos de Culpa, Sentimentos de Punição,
AutoDepreciação, Auto-Criticismo, Pensamentos ou Desejos
Suicidas, Choro, Agitação, Perda de Interesse, Indecisão,
Sentimentos de Inutilidade, Perda da Energia, Alterações no
Padrão do Sono, Irritabilidade, Alterações no Apetite,
Dificuldades de Concentração, Cansaço ou Fadiga e Perda de
Interesse Sexual.
Procedimentos de aplicação e correção:
 5-10m de preenchimento. Pode ser administrado individualmente ou
em grupo, por escrito ou oralmente (Beck et al., 1996).
 O modo de resposta tem o formato de Guttman – várias frases e
destas o sujeito terá que escolher a que melhor descreve a forma
como se tem sentido.
 Os resultados variam de 0 (baixo) a 3 (alto), refletindo este valor a
gravidade (0= ausência do sintoma, 1= sintomas ligeiros, 2= sintomas
moderados, 3= sintomas graves).

Cotação:
 itens 16 e 18= 0, 1, 1, 2, 2, 3, 3 (escala de 7 pontos);
 restantes itens = 0, 1, 2, 3 (escala de 4 pontos).
Normas:
 Beck et al., 1996: 0 a 13= sintomatologia depressiva mínima; 14-19=
ligeira; 20-28 moderada; >29 grave ou severa.
 Vaz Serra, & Pio Abreu, 1973: 0-9= ausência de depressão; 10-20=
depressão leve; 10-17= disforia; 17-20= estados depressivos leves,
20-30= depressão moderada; >30= depressão severa.

 Solução de 2 factores em doentes psiquiátricos (Martins; Coelho,


Ramos & Barros, 2000):
1)Somático-Afetivo e 2) Cognitivo
Ponto de corte= 13 pontos (amostra não clínica)
 Solução de 3 factores em mulheres no período perinatal (Bos et al.,
2009):
Gravidez: Cognitivo-Afetivo; Ansiedade e Fadiga
Pós-Parto: Cognitivo-Afetivo; Somático-Ansiedade e Culpa

 Postpartum Depression Screening Scale/Escala de Rastreio da Depressão


Pós-Parto/DPP (PDSS; Beck, & Gable, 2000; Pereira et al., 2009, 2011)

 Avalia a presença e gravidade dos sintomas de DPP.


 Escala de autorresposta, composta por 35 afirmações/itens (escala de
1/discordo muito a 5/concordo muito) que descrevem o modo como a
mulher possa estar a sentir-se depois do nascimento do bebé.
 Pontuação total: 35 a 175 pontos – informa sobre a gravidade geral da
sintomatologia da DPP e indica se a mulher precisa ou não de ser
encaminhada para avaliação diagnóstica adicional.
 Inclui itens que focam diretamente o contexto da maternidade ‘tenho
dificuldades em adormecer mesmo quando o meu bebé está a dormir’
e abarca um conjunto de sintomas para além dos depressivos.
 BDI-II inclui muitos itens fisiológicos considerados normais no
período perinatal (e.g., fadiga, perturbações de sono) – falsos
positivos.
 Pontuações baixas indicam poucos ou nenhuns sintomas – sugerindo
ajustamento normal ao período pós-parto.
 Avalia 7 dimensões: PERT Sono/Distúrbios Alimentares;
Ansiedade/Insegurança; Labilidade emocional; Confusão mental;
Perda do self; Culpa/Vergonha; Pensamentos Suicidas.
Escala de Rastreio da Depressão Pós-Parto – versão adaptada para a
gravidez. Versão portuguesa destina-se a mulheres no período perinatal.

 Hospital Anxiety and Depression Scale – HADS/Escala de Ansiedade e


Depressão Hospitalar (Snaith, & Zigmond, 1994; versão portuguesa de Pais-
Ribeiro et al., 2007 – livre acesso)
 Contexto hospitalar; também é válida em cuidados de saúde
primários e na comunidade. Igualmente útil na psiquiatria geral e
psicologia clínica.
 Criada para reconhecer componentes emocionais na doença física –
rastreio de ansiedade e depressão.
 Itens que não são afetados por doença física concorrente como perda
de apetite e perturbação de sono (que podem ser sintomas quer de
doença física, quer de perturbação emocional).
 Versão portuguesa - Amostra com Doença (1) com cancro, epilepsia,
enfarte, diabetes tipo 2, doença coronária, obesidade mórbida, apneia
de sono, distrofia miotónica VS 2) Amostra Sem Doença e 3)
Amostra com Depressão.

 Integra duas subescalas:


 7 itens – Depressão (0 a 21); 7 itens – Ansiedade (0 a 21).
 Escala de 4 pontos (0 a 3); 2-5m de preenchimento.
 Pontos de corte:
 manual da HADS: 0-7 – normal; 8-10 – leve; 11-14 –
moderado; 15-21 – grave. estudo português: >11 – caso
provável para depressão e para ansiedade

 Escalas de Ansiedade, Depressão e Stress – EADS-21 (Pais-Ribeiro, & Leal,


2004 – livre acesso).
 21 itens; 7 itens por subescala, escala de 4 pontos de gravidade (“não
se aplicou nada a mim”, aplicou-se a mim a maior parte das vezes”).
 Aplicar a indivíduos com >17 anos
 Sem amostra clínica; sem pontos de corte.
 Depressão: disforia, desânimo, desvalorização da vida, auto-
depreciação, falta de interesse ou de envolvimento, anedonia e
inércia.
 Ansiedade: excitação do sistema autónomo, efeitos músculo
esqueléticos, ansiedade situacional e experiências subjetivas de
ansiedade.
 Stress: dificuldades em relaxar, excitação nervosa, facilmente
agitado/chateado, irritável/reação exagerada e impaciência.

 IACLIDE – Inventário de Avaliação Clínica da Depressão


 Inventário de autoavaliação para medir a intensidade dos quadros
clínicos depressivos.
 Contém questões que não costumam ser referidas noutras escalas e
que estão presentes nestas entidades clínicas (e.g., dependência que
cria em relação a terceiros, queixas em excesso, etc.).
 Instrumento de autoavaliação com 23 questões relacionadas com
alterações biológicas, cognitivas, interpessoais e de desempenho de
tarefa, que significam a relação que o indivíduo deprimido estabelece
com:
o corpo (sintomas biológicos), consigo próprio (sintomas
cognitivos), com os outros (sintomas interpessoais) e com o
trabalho (sintomas de desempenho na tarefa).
 Cotação: 0, 1, 2, 3, 4 (5 questões).
 Ponto de corte leve e moderada= 34; Ponto de corte entre moderada e
grave= 53 (segundo normas da CID-10). Pontos de corte: 28:
depressão leve; 45 depressão moderada; 58: depressão grave.
 Fatores: Desempenho de Tarefas; Personalidade Obsessiva;
Constelação Suicida; Personalidade Apelativa e Transtorno de Sono.

 SCL-90-R Simptom Checklist (Derogatis, 1994; Galhardo, Castilho, & Pinto


Gouveia)
 Avalia os sintomas num intervalo de 1 semana.
 Nove padrões de sintomas: Somatização; Obsessivocompulsivo;
Sensibilidade interpessoal; Depressão; Ansiedade; Hostilidade;
Ansiedade fóbica; Ideação paranóide e Psicoticismo.
 Três índices gerais: Severidade, Distress e Total de sintomas
positivos.

 Brief Symptom Inventory (BSI)/Inventário de Sintomas Psicopatológicos


(Derogatis 1982; Canavarro, 1999, 2007)
 Forma breve do SCL-90.
 Inventário de autorresposta com 53 itens; resposta do tipo Likert (0 a
4).
 Fornece informação sobre o tipo de sintomatologia que
preponderantemente perturba mais o indivíduo.
 Avalia sintomas psicopatológicos em termos de 9 dimensões:
Somatização; Obsessões-compulsões; Sensibilidade interpessoal;
Depressão; Ansiedade; Hostilidade; Ansiedade Fóbica; Ideação
Paranóide e Psicoticismo.
 Três índices gerais: Severidade, Distress e Total de sintomas
positivos.

 BSI-18 - Brief Symptom Inventory/BSI-18 - Inventário de Sintomas


Psicopatológicos 18 (Derogatis, 2000; Canavarro, Nazaré, & Pereira, 2009)
 Versão breve do BSI (53 itens) e do SCL-90-R (90 itens).
 Rastreio do mal-estar (distress) psicológico.
 18 itens, resposta tipo Likert de 4 pontos (0=nada; 4=extremamente).
 Aplicável à população geral e clínica, com qualquer tipo de
patologia.
 Destina-se a indivíduos com 18> anos.
 Pode ser aplicado através de autorrelato ou apoiado pelo
entrevistador.
 Avalia 3 dimensões: Ansiedade, Depressão e Somatização
(instrumento de despiste para perturbações psiquiátricas mais
comuns).
 Somatório dos 18 itens= Índice de Gravidade Geral (IGG).
 Pontuações mais elevadas correspondem a sintomatologia
psicopatológica mais intensa.
 Do ponto de vista clínico – é possível igualmente uma análise
qualitativa (tipo de sintomatologia que perturba preponderantemente
o indivíduo).

 SCID II: Entrevista Clínica Estruturada para Distúrbios de Personalidade do


DSM-IV (versão portuguesa de Pinto Gouveia, Matos, Rijo, Castilho &
Salvador, 1999)
 avalia 10 distúrbios de personalidade, entre os quais o Distúrbio de
Personalidade Depressivo.

4.) Avaliação dos Défices e Excessos Cognitivos

4.1. Descrição de situações associadas às emoções e cognições/PAN

QUESTÃO: “descreva uma situação em que se sente triste ou deprimido”.


4.2. Avaliação dos PAN e Erros cognitivos subjacentes,
crenças/suposições condicionais
Ex.: “faço tudo mal”, “a minha vida nunca mais vai melhorar”, “se não passar
neste exame, então sou um fracassado”, “se estou deprimido, então ficarei
sempre assim”.

Para avaliar usamos auto-monitorização A-B-C e podemos, também, usar o exercício:


“Complete a afirmação: Sinto-me triste e deprimido quando penso...”.
5) Avaliação dos Esquemas
5.1. Instrumento: Escala de Atitudes Disfuncionais (DAS - Forma A; Weissman,
1979; Pinto Gouveia et al., 1987)
 Avalia 7 tipos de atitudes depressogénicas:
“Omnipotência, Aprovação pelos outros e Perfeccionismo”, “Imperativos
absolutistas do tipo Devo e Tenho Que”, “Dependência/independência da
aprovação dos outros”, “Cognições mal-adaptativas indiferenciadas”,
“Realização no trabalho e perfeccionismo”, “Confronto adaptativo” e
“Autonomia Pessoal”.

5.2. Instrumento: Questionário de Esquemas de Young /Young Schema


Questionnaire – Standardized items 3rd Version – YSQ-S3 (Young, 2005, Pinto-
Gouveia, Rijo & Salvador, não publicado).
 Rijo, D. (2017). Questionário de Esquemas de Young (YSQ-S3). In M.M.
Gonçalves, M.R. Simões, & L.S. Almeida (ccord.). Psicologia Clínica e da
Saúde. Instrumentos de Avaliação. Lisboa: Pactor.
 avalia 18 esquemas precoces mal-adaptativos associados a psicopatologia severa
(patologia da personalidade).
 Aplicável a adultos, podendo ser usado em indivíduos com 16> anos.

6) Avaliação Comportamental
 Estratégias evitamento/fuga a situações aversivas
 Baixo nível de atividade/comportamento
 Perda de atividades gratificantes
 Afastamento dos outros
 Auto-gratificações inadequadas ou em défice
 Estratégias de resolução de problemas inadequadas e/ou pobres; Estratégias de
coping
 Vaz Serra, A. (1988). Um estudo sobre coping: o Inventário de Resolução de
Problemas. Psiquiatria Clínica, 301-316.

Outras dimensões que importa avaliar:


 “Cronicidade e complexidade (história de tratamentos),
 Otimismo em relação ao sucesso da terapia (expectativas),
 Aceitação da responsabilidade pela mudança (papel que julga ter),
 Compatibilidade com a linha CC (e.g., disponibilidade para TPC – componente
essencial da TCC),
 Capacidade de aceder a PAN e identificar as emoções que os acompanham,
 Capacidade de envolver-se numa aliança terapêutica,
 Capacidade de manter e trabalhar dentro de um foco orientado para o problema”
(Wright, Basco, &Thase (2000, p.47).
7) Avaliação Interpessoal:
 Conflitos frequentes (de que forma esta pessoa se relaciona com as pessoas do
seu dia à dia)
 Défice de contactos sociais; dificuldades sociais
 Suporte social disponível

8) Avaliação do Risco de Suicídio (passado e presente)


 Ideação suicida
 Existência de planos para cometer suicídio
 Comportamentos para suicidas

Ideação quando a pessoa pensa


Comportamento suicidário é quando tenta
Para suicida é uma tentativa apelativa, como uma chamada de atenção

9) Medicação

CONCEPTUALIZAÇÃO DE CASO INDIVIDUALIZADA

Técnicas/Métodos

Estruturação e Psicoeducação:
 Estabelecimento de metas/estabelecimento de agenda, avaliação dos sintomas,
ponte entre sessões, e feedback;
 Tarefas (TPC);
 Experiências de ensino nas sessões, breves explicações, caderno de terapia;
¡ Leituras;
 TCC via computador.

Reestruturação Cognitiva:
 Identificação de PA
Reconhecimento das mudanças de humor, psicoeducação, descoberta
guiada (técnica mais usada), imagens mentais, roleplay (técnica menos usada,
pode baralhar os limites da relação terapêutica), inventários para PA/registo.

Modificação de PA
 Questionamento socrático, registo de mudança de pensamento, gerar alternativas
racionais.

Identificação de erros cognitivos


 Exame das evidências

Métodos comportamentais:
 Para romper padrões de evitamento ou desesperança, enfrentar gradualmente as
situações temidas, desenvolver capacidades de enfrentamento e reduzir emoções
dolorosas ou excitação autonómica.
 Ativação comportamental, Programação de Atividades, Avaliação das
Atividades, Planear tarefas graduais, Solução de problemas.

Desenvolvimento de capacidades de TCC para evitar a recaída

A) Socialização para o tratamento


 Racional da terapia cognitiva.
 Discutir as reações do cliente a este modelo.
 Importância do trabalho de casa para a autoajuda.
 Racional sobre o modelo da depressão (análise funcional).
B) Estabelecer objetivos
 Operacionalização dos objetivos a atingir a curto, médio prazo (ex.:
minimização do humor depressivo e ansioso, autoestima, conflitos
interpessoais, estratégias de solução problemas, etc.).
 Cada sessão deve começar com a revisão das vivências desde a última
sessão e a discussão das tarefas de casa. O terapeuta pode perguntar o
que o doente quer trabalhar naquela sessão, dando tópicos (lista curta) -
ordem e tempo são flexíveis. Resumo no fim da sessão.
C) Ativação Comportamental
 Plano semanal de atividades a desenvolver e horário do dia da semana
em que serão concretizadas.
 AUTO-MONITORIZAÇÃO DAS ACTIVIDADES
D) Terapia centra-se no conteúdo e padrão dos pensamentos
 Identificação e auto-monitorização dos PAN, 1º na consulta, depois
como TPC – também permitir identificar esquemas.

Registo 3 colunas:

 Debate dos PAN, encontrando interpretações alternativas

Registo 4 colunas:

 Identificação dos erros cognitivos e aprendizagem de formas mais


adaptativas de avaliar a realidade

Registo 6 colunas:

Exercício:
 Desenhe 3 colunas numa folha e escreva em cada uma delas “situação”, “PA” e
“emoções”.
 Relembre uma situação recente que tenha mexido com as suas emoções, como
ansiedade, raiva, tristeza, tensão física ou alegria.
 Tente voltar a essa situação e refira quais foram os PA que ocorreram.
 Perceção adequada da realidade da situação?
 Erros no raciocínio ou distorções cognitivas?
 Erros cognitivos – equívocos característicos na lógica dos PA e outras
cognições.
 Muito mais frequentes em deprimidos VS controlos.

E) Reestruturação de crenças erróneas/ esquemas (crenças básicas/esquemas


inferidos que predispõem o sujeito à depressão e crenças condicionais)
Previne a ocorrência de depressões futuras

Técnicas cognitivas para questionar as crenças do doente:


1) Técnica semântica: “Como se pode definir Sem Valor? “o que é 100%, 50% ou
0% de Sem valor? “posso identificar aspetos de mim totalmente Sem Valor?
2) Pensamentos são diferentes de factos
3) Interpretações alternativas aos seus PAN/ crenças/esquemas
4) Verificar a validade/lógica (“Quando alguém não gosta de si perde o seu valor
ou vice-versa?”, “Se existirem pessoas que gostam de si e outras que não gostam
considera ser ou não alguém com valor?”) e utilidade dos PAN/crenças
disfuncionais;
5) Custo-benefício dos PAN/crenças (“quais os custos e benefícios de pensar
assim?”, “Quais os custos e benefícios de me preocupar menos sobre se os
outros gostam ou não de mim?)
6) Argumentos contra e a favor/examinar evidências (a melhor contra-
argumentação é aquela que o próprio doente faz ou a que faz em cooperação
com o terapeuta)
“Será que isto que penso é verdade?”, “Que provas tenho de que este
pensamento é verdadeiro?”, “Existem explicações alternativas para este
pensamento?”
7) Atribuições causais/Predições negativas
Atribuições internas (assumem culpa excessiva pelos eventos negativos;
implicações a longo prazo e situações negativas vistas como imutáveis e
improváveis de melhorar no futuro) – importa reverter este tipo tendencioso
de processamento cognitivo.

Técnicas comportamentais:
Identificação objetivos: curto e longo-termo
Listagem de comportamentos gratificantes: passados e futuros
Atividades de prazer e mestria: registos
Autoavaliação de comportamentos positivos
Auto-recompensa/reforço: associado a comportamentos adequados
Estratégias de distração: comportamentos que visam diminuir ruminações e excessivo
autofoco.
Treino de competências sociais (e.g., treino de assertividade - aumento de
comportamentos de assertividade e reforçadores para com os outros)
Treino de resolução problemas
Fatores:
Precipitante – fator que espoleta o problema, o mais próximo do início do problema
(perda de emprego)
Manutenção – todos os fatores que no presente contribuem para que o problema se
mantenha (isolamento social)
Risco ou vulnerabilidade – fatores temperamentais, fatores ambientais, fatores genéticos
Protetores – todos os recursos positivos que a pessoa apresenta

Caso pratico (J. de 42 anos)


Divorciado – fator de vulnerabilidade
Trabalha – fator protetor
Acompanhamento psicológico – ter insight
Termino do namoro – fator precipitante
Isolamento social – fator manutenção
Pouca energia, falta de interesse por atividades habituais, dormir mal à noite, tendência
em ficar na cama de manha, dificuldades em concentrar-se – sintomas de depressão
Valor ao seu relacionamento com a filha e orgulho no seu trabalho – fator protetor
Relacionamento problemático com o pai (vinculação insegura) – fator vulnerabilidade
O seu pai sofreu de depressão durante anos – história de vulnerabilidade de depressão
familiar
O seu pai era um homem negativo, irritado e excessivamente critico – fator de risco
Amigo P. (funcionou como uma base) – fator protetor
Tendência para a comparação social – fator de vulnerabilidade
Bom rendimento escolar, equipa de atletismo – fator protetor
Nunca esteve satisfeito com o seu desempenho – revelador da sua autocritica
Ser licenciado e trabalho estável – fator protetor

Consumo de substâncias
(falta por o pp)

Fobia social

PERTURBAÇÃO DE ANSIEDADE SOCIAL

Sintomas da ansiedade
Somáticos:
 tremor, rubor, sudação e tensão muscular;
 taquicardia, perda de fôlego;
 urgência de micção, dores abdominais.
[acreditam erroneamente que estes sintomas são de grande visibilidade para os outros,
sendo interpretados como um sinal de insegurança ou timidez]

Comportamentais:
 desempenho social pobre, evitamento social;
 evitamento do contacto ocular, silêncios longos, tom de voz baixo;
 ingestão de substâncias, sensação de paralisia/ congelamento.
Cognitivos:
 quando confrontados com a situação social receada o pensamento é dominado
por temas (PAN) de:
a) fracasso; falta de competência para causar uma impressão positiva;
preocupações com a aparência; preocupações com uma possível
avaliação negativa

atenção auto-focada aumento de consciência de si próprio


(Amplifica a perceção da sua ansiedade e desconforto e diminui a
atenção disponível para os estímulos exteriores relacionados com a situação)

b) enviesamentos negativos acerca do desempenho.


c) expectativas negativas sobre as consequências sociais de futuras
interações.
d) imagens negativas e distorcidas de si mesmos, a partir de uma
perspetiva de observador.

MODELOS COMPORTAMENTAIS E COGNITIVOS


Ansiedade social como uma resposta condicionada – condicionamento
traumático (basta que uma pessoa fale em publico e as coias não correrem bem, para
que a mesma se sinta humilhada, o que se torna tão intenso para o próprio que acaba por
levar a este condicionamento traumático)

Modelo cognitivo de Beck e Emery


O aspeto nuclear no desenvolvimento e manutenção da fobia social é o medo de revelar
as suas inadequações sociais aos outros – relacionada com a existência de um auto-
esquema de ineficácia e incompetência para lidar com as situações sociais.
Modelo cognitivo – comportamental de Heimberg e Barlow
Este modelo embora tenha pontos de contacto com o de Beck, Emery e Greenberg,
acentua a importância da atenção autofocada no aumento da ansiedade e desempenho
social ineficaz dos fóbicos sociais.
Quando confrontado com uma situação social o fóbico desenvolve um conjunto de
expectativas negativas acerca da possibilidade de ficar ansioso e da perceção dessa
ansiedade pelos outros, que o levam a avaliar a situação como ameaçadora e o
conduzem a auto-focar a atenção.
Essa atenção auto-focada intensifica os sintomas de ansiedade e desvia a atenção da
tarefa social, conduzindo a um desempenho social menos eficaz e, posteriormente, ao
evitamento de situações sociais do mesmo tipo.
Modelo cognitivo de Clark e Wells
O aspeto nuclear da Fobia Social é o “desejo intenso de transmitir aos outros uma
impressão favorável de si mesmo, acompanhado de uma grande insegurança acerca da
sua incapacidade de o conseguir” (Gouveia, 2000, p.129).
Os fóbicos sociais desenvolvem um conjunto de suposições acerca de si mesmos e das
situações sociais que os levam a interpretar as situações sociais como ameaçadoras e
perigosas.
= resultado da interação de experiências prévias com predisposições comportamentais
inatas.
Acreditam que ao entrar numa situação social correm o risco de se comportarem de
forma inapta ou inaceitável e que este comportamento terá consequências muito
negativas.  diminuição do estatuto social, do valor pessoal, rejeição
Como resultado destas crenças, as situações sociais são vistas como perigosas e ativam
um ‘programa de ansiedade’  alterações cognitivas, afetivas, somáticas e
comportamentais

‘Programa de ansiedade’ é composto por 3 componentes:


1) sintomas somáticos e cognitivos de ansiedade – ativados pela percepção de
perigo (tremer, corar, ‘vazio mental’, dificuldades de concentração)
o Podem ser interpretados como fonte de perigo – círculo vicioso –
manutenção e aumento da ansiedade!
2) Atenção auto-focada (atenção e monitorização detalhada de si mesmo)
o Intensifica os sintomas somáticos e cognitivos, interfere no
processamento dos estímulos da situação social – processa
deficientemente os sinais da comunicação emitidos pelo outro, assumem
que os outros os veem de acordo com a informação interoceptiva (a partir
do que sente e pensa durante o período em que está auto-focado). 
Manutenção das crenças negativas!
3) comportamentos de segurança (tendem a utilizar um conjunto de
comportamentos através dos quais procuram diminuir a sua vivência de ameaça
e o risco de serem avaliados negativamente).
o e.g., tentar não atrair a atenção, controlar cuidadosamente o que vão
dizer, falar o menos possível, evitar o contacto visual, esconder as mãos
para não mostrar o tremor.

Ansiedade antecipatória e Processamento póssituação


 Tentam antever em detalhe o que poderá acontecer na situação receada.
 Ficam ansiosos e os seus pensamentos são dominados por memórias dos
seus fracassos em situações anteriores, imagens negativas de si mesmos
na situações e pensamentos automáticos de fracasso.
 Se muito intensa pode levar ao evitamento!
 OU processamento auto-focado – impede identificação de sinais de
aceitação tranquilizadores – funcionamento social pouco eficaz -
manutenção da fobia social!
 Autópsia da situação – revêm em detalhe tudo aquilo que aconteceu
durante a interação – aumenta sentimento de humilhação e inadequação
social.

Suposições e auto-esquemas na fobia social


 Suposições disfuncionais acerca de si mesmos – crenças básicas e incondicionais
acerca de si mesmos (autoesquemas), crenças condicionadas em relação à
avaliação social, e padrões e expectativas excessivamente elevados para o
funcionamento social.

AVALIAÇÃO
1. Entrevista Clínica
o Entrevistas semiestruturadas
o Anxiety Disorders Interview Schedule (ADIS); Structured Clinical
Interview for DSM (SCID)

2. Instrumentos de de autorresposta
o Escala de Ansiedade e Evitamento em Situações de Desempenho e
Interação Social (EAESDIS; Pinto Gouveia, Cunha, & Salvador, 1997)
o Escala de Comportamentos de Segurança na Ansiedade Social (ECSAS;
Pinto Gouveia, Cunh,a & Salvador, 1997).
o Escala de Pensamentos Automáticos na Ansiedade Social (EPAAS;
Pinto Gouveia, Cunha & Salvador, 1997).
o Escala de Incapacitação de Sheehan na Ansiedade Social (traduzida e
adaptada por Pinto Gouveia, Cunha, & Salvador, 1997)

3. Medidas de Avaliação do Comportamento Motor


o Observação e medição sistemática do comportamento expresso - auto-
monitorização (auto-registos).
o observação direta (role-play - representação de cenários reais)
o [frequência e duração dos contactos sociais, número e tipo de interações
sociais, autoavaliação do nível de ansiedade e do desempenho social,
sintomas fisiológicos, comportamentos de segurança utilizados,
pensamentos, autofoco.]
o Estímulos e situações que provocam ansiedade; Eficácia obtida com
determinados procedimentos de intervenção; manutenção e generalização
das competências aprendidas.

4. Medidas de avaliação cognitiva (autoverbalizações/diálogo interno, crenças


irracionais, esquemas, locus de controlo, expectativas)
5. Grau de interferência e limitações causadas pela perturbação na vida do cliente

6. Padrões de ansiedade social na vida familiar, social, conjugal e


escolar/profissional

7. Acontecimentos que precederam o início da perturbação

8. História desenvolvimental de timidez e de inibição comportamental

9. Exames médicos para despiste de causas orgânicas (ex.: parkinsonismo, excesso


de estimulantes, cafeína, drogas, álcool)

PROTOCOLO TERAPÊUTICO
1. Socialização com o modelo cognitivo e construção de um modelo específico da
ansiedade social do cliente
 (PANs, sintomas fisiológicos e cognitivos de ansiedade, comportamentos de
segurança (fator de manutenção das dificuldades – questionamento adequado e
role-play), conteúdos relativos ao processamento do eu como objeto social –
atenção autofocada)
 Obtido um modelo de trabalho, as fases seguintes implicam a manipulação dos
elementos de manutenção propostos pelo modelo.
 Deve tentar-se que o cliente verifique que:
1) a evidência com que suporta a crença nos PANs é gerada a partir de informação
interoceptiva e não a partir de dados objetivos;
2) os comportamentos de segurança, ao contrário do que o cliente acredita, não só
não o protegem como ainda contribuem para aumentar a atenção auto-focada,
exacerbar os sintomas e diminuir a qualidade do seu desempenho social.

 Debate das Evidências das crenças dos PANs (geradas a partir do que se sente e
pensa) +
 Debate sobre: comportamentos de segurança aumentarem o autofoco e os
sintomas e diminuírem a qualidade de desempenho.
 Programação de situações em que os deixará de utilizar.
 Estratégias Paradoxais:
 permite desconfirmar os receios de avaliação negativa.
 e.g., cliente que esconde o seu tremor - deve tremer
voluntariamente e observar a reação dos outros; deixar cair um
copo de propósito e ter a noção da atenção que os outros prestam.
 Mudança do foco de atenção
 O cliente passa a focar a atenção não em si, mas em aspetos exteriores
dos outros (e.g., cor dos olhos, como estão vestidos) e avalia as reações
dos outros  aumenta o processamento do feedback interpessoal
desconfirma a expectativa de avaliação negativa pelos outros

 Reatribuição das autoavaliações negativas e reestruturação dos pensamentos


acerca das avaliações e reações negativas dos outros
 Identificação e modificação dos PANs – usar registos; usar técnicas cognitivas
que demos em aulas anteriores!
 Identificação e correção dos erros cognitivos
 ERROS COGNITIVOS MAIS FREQUENTES:
 Leitura de Pensamento: “ele está a pensar que eu sou inseguro”;
Personalização: “fiz algo que o chateou e agora evita falar comigo”;
Catastrofização: “se me pedirem a minha opinião, ficarei corado”
 Obtenção de PRA
 Eliminação do processamento antecipatório
 Debate das desvantagens:
 Ansiedade antecipatória; Atenção auto-focada; planeamento de
comportamentos de segurança;
 Origina regras rígidas de como se deve comportar; Mantém as
dificuldades ao não permitir o acesso a informação desconfirmatória.
 Terminar com a autópsia
 Debate das desvantagens: mantém a perceção negativa do seu
desempenho.
 Modificação do auto-esquema e das suposições disfuncionais
 Desafio de crenças + experiências desconfirmatórias.

Caso clínico Joana

Motivo do acompanhamento:
- Depressão (6 meses)

Fator de risco:
- É mulher (fator de risco para sintomatologia depressiva)
- Temperamental - desconforto severo e incapacitante em situações sociais.
- Traço temperamental de inibição social
- História pessoa de fobia social precoce
- Desempregada
- Inibição comportamental na infância
Protetor:
-Ser casada
-Grau de escolaridade
- Profissionalmente competente

Fato de manutenção:
- Evitamento social
- Processamento antecipatório da situação (erros cognitivos que a fazem não procurar
emprego – a forma como ela pensa é um fator de manutenção)
- Auto-esquemas de fracasso/incompetência
- Comportamento de segurança (usar o marido como muleta psicológica – ele por ajuda-
la, ajuda a que o problema se mantenha)
- Juízo critico afetado

São as dificuldades sociais que a levam à sintomatologia depressiva

Instrumentos:
Escala de ansiedade que vimos na aula (para avaliar a ansiedade social)
IACLIDE – Inventário de Avaliação Clínica da Depressão (para avaliar a depressão)

Proposta de intervenção:
Psicoeducação com ela e com o marido (reconhecer o processo e o ciclo vicioso dos
seus pensamentos)
Exposição gradual mediatizada
PERTURBAÇÃO DA PERSONALIDADE BORDERLINE

Na perturbação de personalidade estado-limite, também referenciada como perturbação


borderline, que pertence ao grupo B, os indivíduos têm um padrão constante de
instabilidade nos relacionamentos interpessoais, na autoimagem, nos afetos e no
controlo de impulsos, que se encontram no inicio da idade adulta, em diversos
contextos. Alguns indivíduos desenvolvem sintomas de tipo psicótico, como
alucinações, durante um período de stresse. O padrão mais comum, no que diz respeito
à sua evolução, é de instabilidade crónica no início da idade adulta, com episódios
graves de descontrolo da afetividade e impulsos. Na terceira e na quarta década de vida,
a maioria dos indivíduos obtém uma maior estabilidade nos relacionamentos e no
funcionamento vocacional.

Borderline – padrão de instabilidade no relacionamento interpessoal, autoimagem, afeto


e impulsividade marcados
Segundo o DSM-5, modelo categorial, os critérios para esta perturbação são os
seguintes:
A. Padrão global de instabilidade no relacionamento interpessoal, na
autoimagem e nos afetos, e impulsividade acentuada, que surge no inicio da
vida adulta e está presente em vários contextos, conforme indicado por cinco
(ou mais) dos seguintes:
1. Esforços frenéticos para evitar abandono, real ou imaginado (não incluir
comportamento suicida ou de automutilação, descrito no critério 5).
2. Um padrão de relações interpessoais instáveis e intensas, caracterizado
entre extremos de idealização e desvalorização.
3. Perturbação da identidade: autoimagem ou sentimento de si próprio
marcados e persistentemente instáveis.
4. Impulsividade em pelo menos duas áreas potencialmente autolesivas (ex:
gastos, sexo, abuso de substâncias, condução imprudente, ingestão
alimentar compulsiva) (não incluir comportamento suicida ou
automutilante, descrito no critério 5).
5. Comportamentos, gestos ou ameaças recorrentes de suicídio ou
comportamento automutilante,
6. Instabilidade afetiva, devido a uma acentuada reatividade de humor (ex:
episódios intensos de disforia, irritabilidade ou ansiedade, geralmente
com duração de poucas horas e apenas raramente mais do que alguns
dias).
7. Sentimento crónico de vazio
8. Raiva intensa e inapropriada ou dificuldades em controlá-la (ex:
episódios frequentes de temperamento, raiva constante, lutas físicas
recorrentes)
9. Ideação paranoite transitória reativa ao stresse ou sintomas dissociativos
graves.
PAPEL DA FAMÍLIA NA DISFUNÇÃO PSICOLÓGICA
 Família: unidade primária de socialização – fundamental ao desenvolvimento
primário.
 Numa definição rígida envolve indivíduos unidos por casamento, sangue ou
adoção. Numa definição menos rígida refere-se a indivíduos que vivem juntos
durante uma fase importante das suas vidas e que estão ligados entre si por uma
relação biológica, social ou psicológica.
 Ambiente partilhado – com uma cultura comum!
 DOENÇA MENTAL: refere-se a disfunção mental em termos do funcionamento
comportamental, interpessoal, emocional, cognitivo e psicofisiológico.
¡ PATOLOGIA FAMILIAR: implica várias situações de risco (e.g., padrões de
comunicação ou relações familiares disfuncionais, etc.) que têm impacto na
saúde mental.
 Através da família obtemos suporte (e.g., emocional, financeiro) e estamos
capazes de lidar com os problemas, desenvolvendo estilos de coping adaptativos.
 Mas a família pode também contribuir significativamente para a doença mental.
O papel da família é considerado um fator causal no desenvolvimento de doença
mental.
 O trabalho clínico e a investigação sobre as famílias começou na década de 40
com Meyer e Sullivan.
 As doenças mentais desenvolvem-se como resultado de patologia familiar ou de
relações interpessoais ou estilos de comunicação disfuncionais. A partir do
momento em que um membro da família é afetado, tal afeta todos os membros.
 Assim, o papel da família nas doenças mentais foi classificado em 3 categorias: ¡
1. papel causal
2.papel de manutenção
3.papel terapêutico.
Estima-se que 1 em cada 4 famílias tenham um membro com
problemas mentais ou comportamentais.

Relações de vinculação disfuncionais:


Rejeição: negligência física, negação de amor e afeto, falta de interesse nas atividades
da criança e falta de respeito pelos direitos e sentimentos das crianças; tratamento
abusivo ou cruel.
 Contribui para sentimentos de inferioridade, baixa autoestima,
insegurança, sentimentos de inadequação, atrasos no
desenvolvimento intelectual e na autoconsciência,
agressividade aumentada, solidão e incapacidade de dar e de
receber amor
Superproteção – manter a criança constantemente debaixo de olho, não dar espaço para
a exploração, protegê-la de todos os riscos hipotéticos, vesti-la ou medica-la mais do
que é necessário, pais que tomam as decisões em seu benefício versus em benefício da
criança..
 Contribui para que se tornem ansiosos e receosos/medos
excessivos, submissos, dependentes, com hostilidade
reprimida, com embotamento intelectual.
Permissividade ou indulgência – atendem a todas as vontades/caprichos da criança,
desculpam comportamentos intoleráveis ou inapropriados, falhando em ensinar padrões
ajustados de comportamento.
 Contribui para pessoas mimadas, egoístas e exigentes. Está
SIG relacionado com comportamento antissocial, agressivo ou
desafiante.
Padrões/exigências irrealistas – exigem da criança padrões de desempenho irrealistas
que geram sensação de fracasso independentemente do esforço ou as exigências são
irrealisticamente baixas considerando as capacidades das crianças.
 Contribui para níveis de desempenho mais baixos e baixa
autoestima
Disciplina inconstante – dificulta o estabelecimento de um guia/valores de
comportamento. Muito associado a problemas de delinquência e comportamento
criminal futuro.
Modelos parentais indesejáveis (e.g., pai emocionalmente instável ou adito a drogas,
comportamento neurótico por parte da mãe) – razão importante de doença mental,
delinquência, crime e outras formas de comportamento mal-adaptativo.

Estrutura familiar mal-adaptativa:


 Família inadequada – incapacidade de lidar com problemas do dia-a-dia. Falta
de recursos físicos e psicológicos para atingir as exigências.
 Família perturbada – pais que lutam para manter o seu próprio equilíbrio e que
não conseguem dar à criança o amor e a orientação necessária; inclusão das
crianças em conflitos dos pais.
 Família antissocial – pais que funcionam como modelos negativos, que
encorajam a mentira, a desonestidade, etc.
 Famílias interrompidas – famílias incompletas como resultado de mortes,
divórcios, separações ou outras condições.
 Famílias discordantes – em que expressam sentimentos de frustração e
desilusão, rezingando e fazendo por aborrecer a outra pessoa.

Fatores familiares que contribuem para a etiologia de várias perturbações mentais:


 Privação do afeto, por separação ou perda;
 Vinculação insegura ou desorganizada;
 Violência, abuso sexual = fatores de risco robustos para desenvolver PERT
mental ao longo da vida.
 6 variáveis que refletem adversidade familiar crónica e que estão ligadas SIG a
PERT mentais no futuro:
 Doença mental grave;
 Baixo estatuto socioeconómico;
 Famílias numerosas;
 Criminalidade parental;
 Doença psiquiátrica materna;
 Institucionalização na infância.
Importa por isso:
 Capacitar as famílias para a resolução de problemas;
 Educar as famílias para as doenças;
 Ajudar as famílias a melhorar os seus padrões de comunicação;
 Expandir ou aumentar a rede de suporte familiar.

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