Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
CARACTERIZAÇÃO DA DEPRESSÃO
Humor e Emoções:
Falta de esperança
Desencorajamento
Perda de interesse e prazer nas atividades e pessoas
Sentimentos de vazio interior
Apatia
Disforia
Irritabilidade
Por vezes, incapacidade de expressão da tristeza
Funcionamento cognitivo:
Pensamento lentificado
Cognições negativas (sobre si, o mundo e o futuro)
Ruminações (de desvalorização, perda, culpa, ruína, morte e suicídio)
Interpretação de eventos quotidianos e triviais como prova dos defeitos pessoais
e autorresponsabilização exagerada pelos mesmos (“sou um fracasso”; “nada do
que eu faço sai bem”, “só me acontece a mim”).
Pensamentos auto-depreciativos por estar doente e pelo fracasso no
cumprimento das responsabilidades (“sou um fardo para os outros”).
Fácies deprimida
Lentificação ou agitação psicomotora
Diminuição do rendimento pessoal ou “sobre-esforço” para manter o nível
prévio
Afastamento das atividades habituais e dificuldade para iniciar novas
Isolamento social
Tentativas de suicídio
2) Tríade Cognitiva:
PANs sobre si mesmo, o mundo e o futuro, resultante de erros cognitivos
(“sou um inútil”, “nada do que faço resulta”, “jamais melhorarei”) –
(tríade cognitiva é a atitude negativa face a si, aos outros e ao futuro –
consequentemente as distorções cognitivas/erros sistemáticos levam aos
sintomas)
2.1 VISÃO NEGATIVA DE SI: inadequação, incapacidade,
incompetência, inferioridade e/ ou falta de atributos físicos, mentais ou
morais.
Subestima-se e avalia-se como destituído de capacidades para
atingir os seus objetivos e bem-estar, criticandose e acusando-se
por isso
2.2 VISÃO NEGATIVA DO MUNDO: atribui às experiências um
sentido de depreciação, frustração, fracasso ou perda
Experiências positivas são minimizadas e os fracassos
sobrevalorizados. Visão do mundo em que lhe são colocados
obstáculos insuportáveis na prossecução dos seus objetivos de
vida.
3) Erros Cognitivos:
São automáticos e involuntários.
Ao atuarem de modo sistemático, preservam os conceitos negativistas
(mesmo que existam evidências em contrário).
Manutenção da Depressão
1) Factores Cognitivos
2) Aspectos do Meio (família, amigos, chefia, etc.).
INTERVENÇÃO
Objetivo geral: alívio completo dos sintomas (remissão) - treino de
competências e resolução de problemas atuais.
associado a um melhor funcionamento e menor probabilidade de recaída.
Frequência e duração ideal da TCC (Sacco & Beck, 1995): 16 a 20 sessões
durante 3-4 meses.
2 sessões/semana durante as primeiras 2/3 semanas (moderada a grave); Follow-
up – 3 a 4 sessões (3 a 6 meses) – NICE (2009);
Sessão média: 45-50m
Princípios básicos:
Ativa (colaboração clínico-doente);
Diretiva (problemas atuais, foco no aqui e agora);
Educativa (ensino do modelo, natureza do problema, processo
terapêutico, recaída);
Estruturada (sessões previamente estabelecidas);
Prazo limitado (16-20 sessões);
Uso de TPC;
Uso de técnicas CC.
Importa: Construir uma relação de confiança.
Explorar as opções de tratamento com otimismo e esperança.
Estar ciente de que o estigma e a discriminação podem estar associados
ao diagnóstico de depressão.
Garantir que a confidencialidade, privacidade e dignidade são
respeitadas.
Fornecer informação apropriada ao nível de entendimento do cliente
sobre a natureza da depressão e os tratamentos disponíveis.
Evitar linguagem clínica sem uma explicação adequada.
Colaboração
1. Qualidades interpessoais (empática, colaborativa, rapport, cordial,
autêntica, sem juízos de valor, atitude segura e profissional);
2. Determinação conjunta dos objetivos;
3. Feedback regular;
4. Empirismo colaborativo – exige alto grau de colaboração.
Questionamento socrático:
o clínico faz questões que estimulem a curiosidade e o desejo de inquirir;
‘descoberta guiada’; ‘cientista da sua própria vida’.
Foco voltado para o problema:
ajuda a estimular planos de ação para combater sintomas como o
evitamento, procrastinação, etc.
AVALIAÇÃO
1. Anamnese completa
Guião para a entrevista de avaliação CC (Gonçalves, 1993).
2. Avaliação do estado mental
Secções: 1) aspeto, atitude, atividade, 2) humor e emoções, 3) discurso e
linguagem, 4) conteúdo, processo do pensamento e perceção, 5)
cognição, 6) insight e juízo crítico.
3. Avaliação dos Sintomas e Diagnóstico
3.1 Beck Depression Inventory/Inventário de Depressão de Beck (BDI)
Desenvolvido para avaliar a presença e a gravidade da
sintomatologia depressiva.
Instrumento mais utilizado e extensivamente estudado, cuja
utilidade está bem documentada nas numerosas investigações
publicadas (Shafer, 2006).
Útil para:
1) identificar a presença e a severidade dos sintomas depressivos,
2) definir prioridades e planificar o uso de técnicas e programas de intervenção
médico-farmacológica ou psicológica,
3) mensurar a eficácia da intervenção ao longo do tempo,
4) reavaliação da sintomatologia no acompanhamento dos indivíduos após a
intervenção (follow-up) [OliveiraBrochado et al., 2014].
BDI Fast Screen for Medical Patients (BDI-FS)/ BDI Primary Care (BDI-
PC) ou BDI Short Form (BDI-SF) (Beck et al.,2000).
Contém apenas 7 itens cognitivo-afetivos do BDI-II.
Versão reduzida que avalia a sintomatologia depressiva em
indivíduos com problemas de dependência de substâncias e
problemas biomédicos.
Dimensões avaliadas: inventário de autorrelato com 21 itens que
mede sintomas cognitivos, afetivos e somáticos da depressão.
Solicita que descrevam o modo como se têm sentido nas ‘últimas
2 semanas’, incluindo o dia da administração do inventário.
População-alvo: adultos e adolescentes com mais de 13 anos,
podendo ser administrado em populações clínicas e não clínicas.
História: foi desenvolvido com o propósito de avaliar e registar a
gravidade da depressão em populações psiquiátricas, de modo a
possibilitar o estudo da evolução das alterações na sintomatologia
e a análise do resultado de um dado tratamento num período de
várias semanas.
Foi desenvolvido como um instrumento para avaliar o estado e
não o traço depressivo.
A pontuação no BDI-II não autoriza a formulação de um
diagnóstico formal conclusivo (Beck et al., 1961).
Os itens do BDI-II encontram-se refletidos nos critérios de
diagnóstico da depressão major descritos no DSM-IVTR.
Tristeza, Pessimismo, Fracassos Passados, Perda do Prazer,
Sentimentos de Culpa, Sentimentos de Punição,
AutoDepreciação, Auto-Criticismo, Pensamentos ou Desejos
Suicidas, Choro, Agitação, Perda de Interesse, Indecisão,
Sentimentos de Inutilidade, Perda da Energia, Alterações no
Padrão do Sono, Irritabilidade, Alterações no Apetite,
Dificuldades de Concentração, Cansaço ou Fadiga e Perda de
Interesse Sexual.
Procedimentos de aplicação e correção:
5-10m de preenchimento. Pode ser administrado individualmente ou
em grupo, por escrito ou oralmente (Beck et al., 1996).
O modo de resposta tem o formato de Guttman – várias frases e
destas o sujeito terá que escolher a que melhor descreve a forma
como se tem sentido.
Os resultados variam de 0 (baixo) a 3 (alto), refletindo este valor a
gravidade (0= ausência do sintoma, 1= sintomas ligeiros, 2= sintomas
moderados, 3= sintomas graves).
Cotação:
itens 16 e 18= 0, 1, 1, 2, 2, 3, 3 (escala de 7 pontos);
restantes itens = 0, 1, 2, 3 (escala de 4 pontos).
Normas:
Beck et al., 1996: 0 a 13= sintomatologia depressiva mínima; 14-19=
ligeira; 20-28 moderada; >29 grave ou severa.
Vaz Serra, & Pio Abreu, 1973: 0-9= ausência de depressão; 10-20=
depressão leve; 10-17= disforia; 17-20= estados depressivos leves,
20-30= depressão moderada; >30= depressão severa.
6) Avaliação Comportamental
Estratégias evitamento/fuga a situações aversivas
Baixo nível de atividade/comportamento
Perda de atividades gratificantes
Afastamento dos outros
Auto-gratificações inadequadas ou em défice
Estratégias de resolução de problemas inadequadas e/ou pobres; Estratégias de
coping
Vaz Serra, A. (1988). Um estudo sobre coping: o Inventário de Resolução de
Problemas. Psiquiatria Clínica, 301-316.
9) Medicação
Técnicas/Métodos
Estruturação e Psicoeducação:
Estabelecimento de metas/estabelecimento de agenda, avaliação dos sintomas,
ponte entre sessões, e feedback;
Tarefas (TPC);
Experiências de ensino nas sessões, breves explicações, caderno de terapia;
¡ Leituras;
TCC via computador.
Reestruturação Cognitiva:
Identificação de PA
Reconhecimento das mudanças de humor, psicoeducação, descoberta
guiada (técnica mais usada), imagens mentais, roleplay (técnica menos usada,
pode baralhar os limites da relação terapêutica), inventários para PA/registo.
Modificação de PA
Questionamento socrático, registo de mudança de pensamento, gerar alternativas
racionais.
Métodos comportamentais:
Para romper padrões de evitamento ou desesperança, enfrentar gradualmente as
situações temidas, desenvolver capacidades de enfrentamento e reduzir emoções
dolorosas ou excitação autonómica.
Ativação comportamental, Programação de Atividades, Avaliação das
Atividades, Planear tarefas graduais, Solução de problemas.
Registo 3 colunas:
Registo 4 colunas:
Registo 6 colunas:
Exercício:
Desenhe 3 colunas numa folha e escreva em cada uma delas “situação”, “PA” e
“emoções”.
Relembre uma situação recente que tenha mexido com as suas emoções, como
ansiedade, raiva, tristeza, tensão física ou alegria.
Tente voltar a essa situação e refira quais foram os PA que ocorreram.
Perceção adequada da realidade da situação?
Erros no raciocínio ou distorções cognitivas?
Erros cognitivos – equívocos característicos na lógica dos PA e outras
cognições.
Muito mais frequentes em deprimidos VS controlos.
Técnicas comportamentais:
Identificação objetivos: curto e longo-termo
Listagem de comportamentos gratificantes: passados e futuros
Atividades de prazer e mestria: registos
Autoavaliação de comportamentos positivos
Auto-recompensa/reforço: associado a comportamentos adequados
Estratégias de distração: comportamentos que visam diminuir ruminações e excessivo
autofoco.
Treino de competências sociais (e.g., treino de assertividade - aumento de
comportamentos de assertividade e reforçadores para com os outros)
Treino de resolução problemas
Fatores:
Precipitante – fator que espoleta o problema, o mais próximo do início do problema
(perda de emprego)
Manutenção – todos os fatores que no presente contribuem para que o problema se
mantenha (isolamento social)
Risco ou vulnerabilidade – fatores temperamentais, fatores ambientais, fatores genéticos
Protetores – todos os recursos positivos que a pessoa apresenta
Consumo de substâncias
(falta por o pp)
Fobia social
Sintomas da ansiedade
Somáticos:
tremor, rubor, sudação e tensão muscular;
taquicardia, perda de fôlego;
urgência de micção, dores abdominais.
[acreditam erroneamente que estes sintomas são de grande visibilidade para os outros,
sendo interpretados como um sinal de insegurança ou timidez]
Comportamentais:
desempenho social pobre, evitamento social;
evitamento do contacto ocular, silêncios longos, tom de voz baixo;
ingestão de substâncias, sensação de paralisia/ congelamento.
Cognitivos:
quando confrontados com a situação social receada o pensamento é dominado
por temas (PAN) de:
a) fracasso; falta de competência para causar uma impressão positiva;
preocupações com a aparência; preocupações com uma possível
avaliação negativa
AVALIAÇÃO
1. Entrevista Clínica
o Entrevistas semiestruturadas
o Anxiety Disorders Interview Schedule (ADIS); Structured Clinical
Interview for DSM (SCID)
2. Instrumentos de de autorresposta
o Escala de Ansiedade e Evitamento em Situações de Desempenho e
Interação Social (EAESDIS; Pinto Gouveia, Cunha, & Salvador, 1997)
o Escala de Comportamentos de Segurança na Ansiedade Social (ECSAS;
Pinto Gouveia, Cunh,a & Salvador, 1997).
o Escala de Pensamentos Automáticos na Ansiedade Social (EPAAS;
Pinto Gouveia, Cunha & Salvador, 1997).
o Escala de Incapacitação de Sheehan na Ansiedade Social (traduzida e
adaptada por Pinto Gouveia, Cunha, & Salvador, 1997)
PROTOCOLO TERAPÊUTICO
1. Socialização com o modelo cognitivo e construção de um modelo específico da
ansiedade social do cliente
(PANs, sintomas fisiológicos e cognitivos de ansiedade, comportamentos de
segurança (fator de manutenção das dificuldades – questionamento adequado e
role-play), conteúdos relativos ao processamento do eu como objeto social –
atenção autofocada)
Obtido um modelo de trabalho, as fases seguintes implicam a manipulação dos
elementos de manutenção propostos pelo modelo.
Deve tentar-se que o cliente verifique que:
1) a evidência com que suporta a crença nos PANs é gerada a partir de informação
interoceptiva e não a partir de dados objetivos;
2) os comportamentos de segurança, ao contrário do que o cliente acredita, não só
não o protegem como ainda contribuem para aumentar a atenção auto-focada,
exacerbar os sintomas e diminuir a qualidade do seu desempenho social.
Debate das Evidências das crenças dos PANs (geradas a partir do que se sente e
pensa) +
Debate sobre: comportamentos de segurança aumentarem o autofoco e os
sintomas e diminuírem a qualidade de desempenho.
Programação de situações em que os deixará de utilizar.
Estratégias Paradoxais:
permite desconfirmar os receios de avaliação negativa.
e.g., cliente que esconde o seu tremor - deve tremer
voluntariamente e observar a reação dos outros; deixar cair um
copo de propósito e ter a noção da atenção que os outros prestam.
Mudança do foco de atenção
O cliente passa a focar a atenção não em si, mas em aspetos exteriores
dos outros (e.g., cor dos olhos, como estão vestidos) e avalia as reações
dos outros aumenta o processamento do feedback interpessoal
desconfirma a expectativa de avaliação negativa pelos outros
Motivo do acompanhamento:
- Depressão (6 meses)
Fator de risco:
- É mulher (fator de risco para sintomatologia depressiva)
- Temperamental - desconforto severo e incapacitante em situações sociais.
- Traço temperamental de inibição social
- História pessoa de fobia social precoce
- Desempregada
- Inibição comportamental na infância
Protetor:
-Ser casada
-Grau de escolaridade
- Profissionalmente competente
Fato de manutenção:
- Evitamento social
- Processamento antecipatório da situação (erros cognitivos que a fazem não procurar
emprego – a forma como ela pensa é um fator de manutenção)
- Auto-esquemas de fracasso/incompetência
- Comportamento de segurança (usar o marido como muleta psicológica – ele por ajuda-
la, ajuda a que o problema se mantenha)
- Juízo critico afetado
Instrumentos:
Escala de ansiedade que vimos na aula (para avaliar a ansiedade social)
IACLIDE – Inventário de Avaliação Clínica da Depressão (para avaliar a depressão)
Proposta de intervenção:
Psicoeducação com ela e com o marido (reconhecer o processo e o ciclo vicioso dos
seus pensamentos)
Exposição gradual mediatizada
PERTURBAÇÃO DA PERSONALIDADE BORDERLINE