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Dificuldades de Aprendizagem e Necessidades Especiais Educativas

Avaliação

o Teste – 25 ou 26 de Março
o Trabalho– 21 de Maio

Introdução

o Apresentação de conceitos gerais e respetivas alterações ao longo do tempo

25/02

Estivemos a ver as principais diferenças entre o conceito DA (dificuldade de aprendizagem),


um conceito muito utilizado e muitas vezes utilizado de forma abusiva, ou seja, muitas vezes
utilizasse o termo DA quando na verdade não são DA. E também um outro termo, NEE
(necessidades educativas especiais). Estes conceitos são muito difíceis de definir e de diferenciar, os
autores têm alguma dificuldade a chegar a um consenso. De uma forma muito geral, do ponto de
vista histórico tem havido mudanças bastante acentuadas nestes dois conceitos.

De uma forma geral o conceito NEE está mais centrado nas medidas, enquanto que DA tende a
estar mais centrado nas caraterísticas do individuo. Por outro, existem autores que distinguem estes
dois conceitos referindo que as NEE tendem a ser problemas graves (que se mantem ao longo do
tempo), enquanto que as DA tendem a ser problemas mais superficiais, isto é, tendem a ser
pontuais, portanto, a sua resolução tende a ser muito mais simples. Alguém que apresente NEE,
necessita de apoios e medidas para aprender e sem elas não consegue aprender. Enquanto que no
caso da DA, muitas vezes essas medidas não são necessárias ou então são medidas que não passam
pelo contexto escolar, passam apenas por um contexto de intervenção psicológica. Imaginem, por
exemplo, alguém que esta a vivenciar um processo de luto, isso pode repercutisse no seu processo
de aprendizagem, mas … (não se percebe).

Vimos também na DA, tem sempre que haver potencial de aprendizagem. Isto significa que não
é possível falarmos de DA, sem que a pessoa tem um desenvolvimento cognitivo na média ou
acima da média. O que não acontece na NEE, porque podemos ter alguém que apresentem
limitações ao nível cognitivo (ex.: deficiência mental – síndrome de down, uma das caraterísticas
presentes é a limitação cognitiva).
Também abordamos de uma forma geral, aquilo que distingue EE (educação especial) e EI
(educação inclusiva) é o foco da abordagem. Enquanto a EE, segundo os autores, tende a focar a
diferença. Ou seja, tende a dar enfase à diferença do sujeito e aquilo que a pessoa necessita para
ultrapassar essa diferença. Por normas as medidas de EE são mais profundas, que introduzem
alterações mais significativas ao nível do processo de aprendizagem. Por exemplo, um jovem que é
invisual precisa de aprender através de outra linguagem ou alguém com deficiência motora, requer
uma adaptação das estruturas do próprio edifícios. São medidas mais evidentes. Enquanto a EI, o
foco está em criar condições para que todos possam ser tratados de forma igual, mesmo com a sua
diferença. Por isso é que na EI se recorre à EE, às situações na EI que requer que sejam tomadas
medidas mais concretas e com profissionais preparados para estas situações especificas.

Diferenciação Histórica de Conceitos

É importante que consigamos perceber a diferença entre alguns conceitos e palavras que
normalmente usamos de uma forma indiscriminada.

A palavra mais abrangente é o problema (“ter um problema no processo de aprendizagem”),


esse problema se é uma dificuldade, aquilo que os autores dizem é que podemos usar como
sinónimos de “dificuldade” expressões como disparidade, discrepância, desordem, desarmonia e
disfunção. Todos estes conceitos, embora não sendo iguais, correspondem a dificuldades. São
palavras que indiciam que determinada pessoa sofre de uma desordem, disfunção ou disparidade
tem potencial para aprender, mas por qualquer razão não esta a conseguir mostrar esse potencial,
por várias razões. Por exemplo o conceito disfunção, disfunção cerebral, é um conceito que está
associado a alguém que por exemplo, teve um acidente de viação e teve que ficar acamado durante
bastante tempo e portanto, para voltar andar vai precisar de um acompanhamento especifico. Essa
pessoa não perdeu a capacidade de andar, mas deixou de conseguir andar por vários motivos, porém
irá conseguir andar. Por isso é que se diz disfunção e não outros termos que são mais graves do
ponto de vista do problema e da intervenção. No caso da desordem, por exemplo poderá ser alguém
que tem os processos desenvolvidos dentro daquilo que é expectável, no entanto eles estão
desorganizados. É necessário ajudar a pessoa, a saber como utilizar cada um desses processos. São
palavras que indicam problemas, ao nível da aprendizagem mais superficiais e que tendem a ser
pontuais.

Contrariamente, as palavras “incapacidade” e “deficiência” são palavras/conceitos que por


norma estão associados a problemas graves. E problemas, que na maior parte das situações se
mantém de forma permanente ou então mantém-se durante um tempo bastante considerável.

Muitas vezes, nos ouvimos no senso comum “és um deficiente”, com o intuito de dizer que o
outro é maluco, ou não sabe nada. A deficiência é sempre entendida como uma coisa negativa. Há
mais informação sobre a EI no moodle. Num desses documentos que está no moodle
encontramos um autor que apresenta a sua visão e de outros autores, no sentido de substituir a
palavra “deficiência” por NEE. Pois consideram que falar de NEE é menos gravoso que falar de
deficiência.

A professora partilha que não entende dessa forma. Afirma que tudo depende da maneira como
nós percebemos o que é uma deficiência. Uma deficiência é uma limitação acentuada. No entanto, a
professora diz que compreende esta palavra estando conotada de forma negativa pode criar algumas
dificuldades de aceitação e integração na sociedade. No entanto, na literatura aparece muito, como
sinónimos incapacidade e deficiência. São temas que se referem sobretudo a problemas ao nível da
aprendizagem …
Vamos falar sobres os 3 períodos que apresentei de uma forma muito breve na aula anterior.

Se quisermos delimitar alguns períodos em termos de história, sintetizar a história das DA e


NEE, temos 3 períodos:

Um período que vai até 2008, é um período em que o conceito de DA e NEE são conceitos
distintos, mas tanto no caso de uma criança/jovem apresentam DA ou NEE tem direito a medidas
que a protejam, no caso do contexto educativo. E por isso é que essas medidas estavam descritas no
decreto-lei 319/91. Portanto, quando devidamente confirmadas as dificuldades de DA e NEE eram
pedidas às escolas para serem implementadas apoios especializados conforme a severidade do caso,
porque no caso das DA vimos que as medidas podiam ser inexistentes e no caso das NEE não. Até
2008 havia uma grande segregação. Este decreto de lei já tentava efetivamente a inclusão, no
entanto…a professora conta que começou a trabalhar em 1991 e recorda-se perfeitamente quando
este decreto-lei começou a ser implementado. Nesta altura, por exemplo, se uma criança ou jovem
com NEE (síndrome de down, autismo, etc) por qualquer razão tivesse que mudar de instituição
(questões de residência ou até porque a própria escola tinha até ao 9ºano), havia muitas crianças e
jovens que não eram admitidas nas escolas. E isto é uma questão muito revoltante.

Em 2008 surge uma outra fase, que dura 10 anos. De 2008 até 2018. Surge então um novo
decreto-lei, decreto-lei 3/2008. Com este decreto-lei há uma nova visão do individuo, sendo uma
lufada de ar fresco pois permitiu fazer um enquadramento das NEE de outra forma. Mas na teoria,
porque na prática continuamos a verificar muitas dificuldades no terreno dos profissionais de
integrarem e incluírem as crianças e jovens com NEE. A professora recorda-se que nesta fase os
psicólogos e professores de EE… no caso da psicologia, se um psicólogo fizesse avaliação (por
exemplo) de um jovem com síndrome de down, teria que fazer um relatório seguindo uma
classificação internacional de funcionalidade (é um manual, do género de DSM-V só que neste caso
associado à aprendizagem) …era muito complicado. Houve de facto uma evolução, o decreto-lei
3/2008 foi muito importante, sobretudo do ponto de vista teórico tentou desmontar a ideia da
deficiência como sendo um estigma.

O decreto-lei que vamos aprofundar nas aulas, será o decreto-lei 54/2018. Efetivamente, ainda
acrescenta uma alteração mais acentuada. Neste momento tendemos a não falar em EE mas sim em
EI, embora como foi dito à pouco a EI pode também requerer a EE e deixamos de falar em NEE e
Necessidades Educativas (NE), pois a palavra “especial” transporta-nos para a diferença, quando
aquilo queremos é focar naquilo que é necessário fazer para que todos tenhamos as mesmas
oportunidades. Estas alterações são muito grandes, como vão puder ver ao longo da disciplina,
vamos aprofundar este decreto e as medidas. É uma forma de ver as pessoas com problemas na
aprendizagem pela positiva, ou seja, o que este decreto-lei diz é que todos nós em qualquer
momento da nossa vida podemos ter uma dificuldade na aprendizagem. E portanto, todos nós
podemos necessitar de medidas a qualquer momento. Quando voltar ao decreto-lei 54/2018 vamos
voltar ao modelo multinível, de psicologia da educação.

Uma primeira fase de Exclusão Total, em que do ponto de vista histórico situa-se até ao
renascimento. Exclusão significa prender pessoas diferentes, queimar pessoas diferentes, colocar
fora do alcance da vista pessoas diferentes…foi uma fase muito cruel, muitas vezes isto é retratado
em filmes, as pessoas eram escondidas…alias vocês têm um caso que é abordado no 1ºano de
psicologia, um filho de um rei que foi rejeitado por ser ilegítimo e foi mantido numa jaula…andava
como um lobo…houve muitas situações ao longo da história ligadas a exclusão. Entendia-se muitas
vezes que eram figuras ligadas ao diabo, engano da natureza, questiona-se o que teria feito
determinada família para ter alguém tão diferente. Existem também exemplos mais recentes, que
mostram a forma desumana como as pessoas eram tratadas. A igreja teve aqui, também um papel
terrível na questão da exclusão.

Segundo período, período da Segregação. Os autores colocam este período até ao inicio do séc.:XIX
. Estamos a falar do ponto de vista teórico, porque se calhar estas 4 fases ainda existem na
atualidade. A segregação é identificar pessoas com problemas, mas coloca-las à parte.
Proporcionar-lhes o apoio que necessitam, desde que estejam à parte. Por esse motivo é que foram
criadas escolas especiais e escolas regulares. Esta é uma designação que alguns professores
utilizam. Segregar significa que, frequentava uma escola regular quem não tivesse problemas e
quem tivesse teria que ira para uma escola, um espaço especial.

A terceira fase vai até a década de 70 e diz respeito a fazer a Integração. Isto significa que se tentou
usar medidas, no sentido de, mesmo estando segregados fossem integrados na sociedade e nos
grupos. Nesta altura encontramos praticas em crianças e jovens que eram retirados das escolas e iam
para as escolas/espaços especiais, no entanto, faziam algumas atividades com os colegas ditos
“normais” (a professora não gosta desta expressão).

A inclusão e EI, está mais presente a partir da década de 90. No entanto, no nosso país, depois da
década de 90, ainda encontramos muitas situações caraterísticas dos períodos anteriores e que
mostram que ainda há muito a fazer nesta EI. Não faltaram exemplos, que a EI está em primeiro
lugar na nossa cabeça. Se nós segregarmos a diferença, não podemos ser inclusivos.

Se quisermos diferenciar alguns conceitos de forma mais aprofundada, podemos diz por
exemplo…esta definição é uma de várias e encontram-na num dos artigos que esta no moodle e a
sua respetiva explicação.

Educação inclusiva “é um processo em que se amplia à participação de todos os estudantes


nos estabelecimentos de ensino regular. Isto quer dizer que a escola é para todos, e se alguns
precisam de medidas para aprender, então vamos dar. Mas todos têm de estar no mesmo
estabelecimento, têm de ter as mesmas oportunidades. “Trata-se de uma reestruturação da cultura,
da prática e das políticas vivenciadas nas escolas de modo que estas respondam à diversidade de
alunos.” Portanto, quando falamos em educação inclusiva não falamos apenas de pessoas com NE,
falamos também de diferenças ao nível cultural. Por isso é que dei o exemplo na aula anterior da
etnia cigana ou de alguém de outro país. “É uma abordagem humanística que percebe o sujeito e
suas singularidades tendo como objetivos o crescimento, a satisfação pessoal e a inserção social
de todos.” É uma visão totalmente humanista da pessoa, todos têm direito a aprender, se uns
precisam de determinado apoio para isso acontecer, então vamos facultar esse apoio. E reparem,
esses apoios são flexíveis, como vamos ver nos casos práticos, alguém que precisa de apoio agora,
pode deixar de ter daqui a um mês. E outra pessoa que não tinha pode passar a ter. Isto mostra que o
contexto para além de ser diversificado é também bastante flexível.

Como vimos a inclusão não é igual a


integração, no entanto são dois processos que se relacionam. E também como já vos disse a tendência
atual é substituir a palavra “deficiência” por “NEE”.

Um E caiu. Tendo em contas as datas de há pouco, até 2008 o termo utilizado era “deficiência”,
depois passou a ser “NEE” com o novo decreto-lei3/2008 até 2018. E em 2018 cai o E e passamos a
falar só em NE. Cai o “especial”, todos somos especiais. Em qualquer fase da nossa vida temos uma
caraterística especial.
Há pouco falava-vos da mudança de abordagem. E isto é muito importante. Esta mudança tem
a ver com o modelo teórico. Portanto, o modelo médico está associado ao foco no problema, na
diferença.

O que é que o médico deteta? A doença. O que é que o psicólogo deteta tendo por base o
modelo médico? A patologia. Enquanto que o modelo psicossocial é um modelo precisamente ao
contrário, o técnico esta centrado nas caraterísticas do individuo, ele quer conhecer o individuo, como
é que ele é, como é que foi o seu desenvolvimento, que recursos é que tem, quais as suas potencias,
que contextos é que esta inserido  Modelo Biopsicossocial. Claro que não vamos esquecer os
problemas. Vamos conhecê-los e depois ajudar a pessoa com os seus problemas. Ajudar a ultrapassar
os problemas, implica o potencial do individuo, implica as caraterísticas. O modelo biopsicossocial
esta presente na fase a partir de 2008, mas de 2008 a 2018 teve muita dificuldade em ser
implementada, houve muitas resistências. E atualmente com o novo decreto-lei é mais fácil, embora
ainda haja muitas praticas que seguem modelo médico (foco no problema, diferença, segregação…
em colocar à parte). Enquanto que no modelo médico o foco é atribuir causas ao individuo, enquanto
que no modelo biopsicossocial o foco esta naquilo que é necessário, não interesse o que causou, mas
sim o que a pessoa precisa naquele momento. Quando nos focamos nas causas, dizemos “aquela
criança tem um problema sério de concentração porque a mãe e o pai são alcoólicos…não teve
grande sorte”. Enquanto que no modelo pela positiva…claro que é importante o contexto, o que deu
origem, mas mais importante que a causa é saber o que é que a pessoa precisa naquele momento e o
mais rapidamente possível para ser ajudada. Isto na prática faz toda a diferença. Exemplo: se nos
estamos à procura do problema facilmente somos distraídos. Imaginem alguém que procura ajuda, e
o motivo dessa procura é ter negativa a todas as disciplinas. O psicólogo que esta centrado no
problema, pode pensar “esta pessoa não tem capacidade”, portanto vai se centrar no estudo cognitivo
da pessoa. E maior parte das vezes o que acontece de seguida, é constatar que a pessoa tem um QI
bom. E isso acontece muitas vezes, é os pais chegarem as consultas e dizerem que já foram a outros
psicólogos e dizem que o filho não tem qualquer tipo de problema em aprender. O que acontece é que
os psicólogos só se centraram no estudo de uma caraterística, que esta associada ao problema que
levou à consulta. Se nos fizermos uma análise de todo o sujeito, de todas as suas dimensões, vamos
chegar à conclusão que do ponto de vista cognitivo esta tudo bem, mas que há um problema a nível
emocional (com origem na família ou amigos, etc) …podemos encontrar outro tipo de abordagens,
explicações que nos permitem enquadrar aquela dificuldade que levou à consulta e, portanto,
consequentemente ajudar na resolução do problema. Exemplo: Pediram-me para fazer avaliação de
uma criança com autismo. E agora estou a fazer acompanhamento aos pais e não à criança. Sem
dúvida que a criança tem autismo...alias não foi necessária uma grande confirmação pois era muito
evidente o quadro…, no entanto, confirmei. Preocupei-me em fazer um levantamento das
caraterísticas daquela criança, ou seja, o que é que ela apresenta e quais são as áreas que precisam de
ser estimulada…e verifiquei tendo em conta o modelo biopsicossocial, ou seja, uma abordagem
multidimensional do sujeito, verifiquei que um dos problemas mais graves daquela criança, são os
problemas conjugais dos pais. Depois os problemas conjugais levam a um a sistema parental
completamente disfuncional, cada um educada a menina da maneira que acha mais correto e isto
acarreta problemas muito sérios ao nível da estimulação da menina. E, portanto, se numa primeira
fase foi importante orientar os técnicos das várias terapias que a menina esta a ter, no sentido de
acertar as áreas onde tem de ser estimulada, não podia deixar de dizer aos pais… (internet falhou).
Esta abordagem que só é possível no modelo biopsicossocial, não é possível se usarmos o modelo
médico.

26/02

Professora: Importa perceber deste capítulo introdutório alguns aspetos de


evolução dos conceitos. Não só perceber as diferenças entre os conceitos, mas também
como é que eles evoluíram. Efetivamente é muito importante ter a consciência de que há
aqui uma grande diferença entre a evolução dos conceitos do ponto de vista teórico e do
ponto de vista prático. Ou seja, o que nós verificamos é que a prática da inclusão foi
muito posterior ao aparecimento do conceito.
As quatro fases são muitas vezes referidas na literatura e correspondem a fases
teóricas, ou seja, à evolução dos conceitos em si. Mas na verdade, embora a inclusão
esteja precisamente na quarta fase e que teoricamente ela terá tido início nos anos 90, na
verdade, no nosso país este conceito de educação inclusiva é verdadeiramente
clarificado a partir de 2018, com o último decreto de lei. Embora, a partir e 2008 tenha
já havido uma grande alteração e portanto partiu-se do principio que a partir de 2008
com o decreto de lei 3/2008 a educação inclusiva já era praticada, e realmente houve
uma evolução, no entanto, nesses 10 anos (2008/2018) ainda encontramos muitas
situações de segregação, ou seja em que as crianças/jovens com problemas ao nível da
aprendizagem era retirados da sua classe e muitas vezes eram retirados das escolas ditas
regulares – hoje em dia já não usamos essa expressão, as escolas devem ser todas
inclusivas. Na mesma escola devem estar todas as crianças e jovens independentemente
das suas características.
Queria voltar a este aspeto da questão da inclusão e integração, da importância.
São dois conceitos diferentes mas interdependentes, complementares. Chamei a atenção
para o facto de o psicólogo ter um trabalho essencial ao nível da integração porque se
nós avaliamos e fazemos intervenção junto do individuo e dos seus contextos de
referência, nomeadamente da família, temos aqui um papel crucial para que eles
consigam aceitar as suas diferenças e as necessidades de algumas medidas de suporte.
No entanto também temos de conhecer a legislação e temos de propor medidas de
inclusão, por isso é que vamos desenvolver nas aulas um decreto de lei.
Hoje vamos dedicar a aula a três conceitos atuais – após 2018. Com esta ideia
das escolas para todos, das escolas inclusivas, com esta ideia de que realmente o
importante não era perceber o que estava na origem da diferença mas sim arranjar meios
para ajudar aquelas pessoas a minorar essas diferenças, surgem então conceitos
essenciais.
O primeiro conceito é o de Desenho Universal para a Aprendizagem, que é
aquilo que nós referimos muitas vezes como DUA. Vamos ver como é que o modelo
multinível de intervenção que também é o modelo de intervenção psicológica se traduz
nas medidas de apoio às crianças e jovens, e finalmente vamos terminar com uma
definição de medidas de suporte. Porque de facto a partir de 2018 deixamos cair o
conceito de medida de apoio e passamos a designar medida de suporte. Isto devido a
questões teóricas, parte-se do princípio de que o apoio, a palavra apoio é uma palavra
mais negativa que a de suporte. Quando se fala em apoio muitas vezes poderemos levar
a perceção de que aquela pessoa se precisa de apoio significa que não é autónoma e isso
não é verdade. Há muitas crianças e jovens com medidas de suporte que precisam de
pequenas alterações ao nível por exemplo da avaliação, ou ao nível de estratégias de
aprendizagem (ex: um adolescente com hiperatividade e défice de atenção e que tem
muita dificuldade em manter-se concentrado durante um período de tempo considerável,
isso requer da parte do professor uma medida de suporte que é por exemplo durante a
aula estar sistematicamente a orientar a atenção daquele aluno, dirigir-se a ele, verificar
se está atento, se consegue responder as perguntas, se está a compreender, etc – medidas
de suporte). Uma medida de apoio é mais pejorativa, retira uma certa autonomia ao
aluno. Os três conceitos que vamos ver hoje são conceitos que estão muito ligados à
área da psicologia.
O DUA no fundo significa que o currículo é um currículo flexível. Apesar de
haver orientações do ministério da educação, compete a cada professor adaptar esse
currículo à diversidade e às diferenças individuais. O DUA é um processo pelo qual o
currículo, isto é, os seus objetivos, métodos, os materiais que são utilizados, os
processos de avaliação…. É um processo intencional, tem um objetivo que é
efetivamente corresponder às necessidades de cada pessoa, às diferenças individuais.
Embora o currículo seja ao mesmo compete ao educador fazer as alterações, algumas
podem ser mais profundas do que outras, como vamos já ver, mas no sentido que todos
possam beneficiar do mesmo currículo.
Isto é um requisito básico para a dignidade humana. Quando falávamos de
segregação falávamos de dois currículos diferentes, um currículo para crianças e jovens
que frequentavam a dita escola regular e um currículo diferente que ate foi designado
por currículo alternativo/escolar próprio, no sentido de os diferenciar. É como se
tivéssemos aqui duas linhas paralelas, cada um seguia o seu caminho. Com o DUA só
há um caminho, agora, apesar de só haver um caminho uns podem ir mais rápido e
outros podem ir mais devagar, uns podem ter que fazer uns desvios e outros não, uns
utilizam determinados meios de transportes, outros utilizam outros meios de transporte,
mas efetivamente o caminho é o mesmo. Isto é muito importante. Neste exemplo que eu
dei isto permite reduzir também a segregação tendo em conta o nível socioeconómico.
Imaginem que queríamos fazer uma viagem ate lisboa, quem tem dinheiro ia pela
autoestrada e quem não tem dinheiro vai por uma estrada secundária, vai demorar muito
mais tempo. O DUA vem precisamente combater isto e dizer que todos têm a mesma
estrada. Compete aos educadores e instituições criar meios para que todos possam ir
nessa estrada. Se vão demorar mais ou menos tempo, se precisam de determinadas
medidas ou não, tudo depende de cada pessoa e das suas diferenças individuais.
Este conceito de DUA, assenta nos modelos da psicologia, no modelo humanista
que é um modelo fundamental na nossa área porque de facto todas as nossas estratégias
de intervenção e todo o nosso trabalho é sempre realizado com o intuito de diminuir
precisamente a segregação e diminuir as diferenças.

Ele está dividido em três partes isto para mostrar que o individuo, a pessoa que
aprende, neste caso a criança ou jovem, visto que tudo isto foi pensado considerando a
escolaridade obrigatória, que no nosso país é até aos 18 anos (daí só ser referido
crianças e jovens). No entanto a orientação que temos é de que esta forma de abordagem
e todas as medidas de suporte que são utilizadas podem ter continuidade ao longo do
ensino superior e ao longo da vida do individuo. Este slide é muito interessante e retirei-
o de uma formação que frequentei quando saiu o decreto de lei no sentido de ficar
capacitada para fazer formação nesta área.
Isto significa um aspeto muito importante. Temos o slide dividido em três partes,
o que significa que esta abordagem da aprendizagem é universal porque é para todos e
considera o individuo tendo em conta estas três vertentes. Ou seja, deixa de ser
importante apenas o que é que a pessoa aprende e passa a ser importante não só o
conteúdo/conhecimento mas igualmente como a pessoa aprende, ou seja, chama a
atenção para a necessidade de diferenciar os alunos em termos da forma como se
expressam, todos se expressam de forma diferente, uns com mais facilidade ao nível da
escrita, outros com mais facilidade ao nível da escrita, alguns trabalham melhor
individualmente outros melhor ao nível de grupo, e portanto é fundamental que na
aprendizagem tenhamos atenção a esta diversidade. Portanto, não nos focamos apenas
no conteúdo daquilo que vai ser transmitido, isto é uma visão, este primeiro retângulo
corresponde à aprendizagem num sentido tradicional – interessava apenas o conteúdo,
aquilo que era referido, os conhecimentos. Com esta abordagem chama-se a atenção do
como e do porque, ou seja, são introduzidas não só questões de personalidade e de
características individuais do sujeito, tendo em conta a forma como ele se expressa e
como é que ele aprende – todos nós temos estilos de aprendizagem diferentes. Por outro
lado a importância de termos em consideração as variáveis emocionais relacionadas
com a aprendizagem. Ou seja o educador deixa de ser alguém que detém apenas
conhecimento para ter de passar a ser alguém que conhece várias estratégias, que
conhece o aluno e que consegue estimular o interesse e a motivação para aprender do
próprio aluno.
A psicologia está nestes dois retângulos – do como e do porque. Porque de facto
nas instituições um dos nossos papeis é ajudar os educadores/professores/pais a
conhecerem os seus filhos/educandos e dessa forma poderem adequar estratégias para
que eles não só consigam aprender mas também aprendam com interesse e motivados.
Dúvida: As variáveis emocionais estão sobretudo no princípio três. Tem a ver com o
envolvimento da aprendizagem. O learning engagement, aprender com interesse, com
motivação. Estão aqui as variáveis emocionais. No entanto, também as encontramos no
como porque como vos dizia implica aqui um conhecimento da pessoa
multidimensional. A nossa componente emocional pode potenciar ou diminuir meios de
expressão. Exemplo: Quando estamos preocupados com determinada situação, a
probabilidade de darmos erros ortográficos é maior pois estamos menos focados
naquela tarefa e estamos mais envolvidos em termos do problema em si.
Isto para dizer que a componente emocional encontra-se sobretudo na terceira
parte mas também esta presente na segunda. Se quisermos também fazer uma
associação a componentes do individuo, nos outros dois princípios, o princípio número
um do reconhecimento que é a aprendizagem, está muito associado à componente
cognitiva. Tem a ver com os conhecimentos, memorização, o estar atento, a perceção,
organização, integração – processos cognitivos. A segunda parte, o como da
aprendizagem está muito associado à componente do comportamento, aquilo que eu
faço para. E o princípio três esta muito associado a uma componente emocional.
Atenção que apenas teoricamente é que podemos separar isto, obviamente todas elas
estão associadas entre si. O primeiro princípio é um princípio que guiou a aprendizagem
até muito recente, até 2018, muito ligado a questões cognitivas. Mesmo os estudos do
âmbito da psicologia já terem introduzido as variáveis emocionais há muito tempo, em
Psicologia da Educação, quando desenvolvemos a autorregulação da aprendizagem
perceberam que a partir dos anos 80 houve a introdução das variáveis emocionais na
aprendizagem e passou a ser entendida como a atribuição de significado. Isto na teórica
pois na prática efetivamente continuamos a encontrar praticas a nível da aprendizagem
tradicionais, muito focadas no conhecimento. Alias basta fazer uma análise das vossas
unidades curriculares e das estratégias que os vossos professores utilizam e perceber que
uns são mais tradicionais e outros menos.
(Vai deixar link na moodle de um pequeno filme para perceber como mudou da teoria
para a prática)
Tendo em conta estre três aspetos que caracterizam o DUA, esta necessidade de
conhecer o individuo de forma aprofundada para poder corresponder as suas
necessidades e as suas especificidades, de facto a tendência é considerar o individuo que
aprende nesta tripla vertente. Convém que aprendam, ou seja, sejam diligentes no
conhecimento, sejam sabedores. É importante que o aluno seja estratégico, e
direcionado, portanto, primeiro relacionado com o aspeto cognitivo e o segundo
relacionado com os aspetos comportamentais e também que seja motivado e
determinado. Características como no caso de ser diligente, ser detentor de
conhecimento, o conseguir mobilizar conhecimento prévio (conseguir relacionar
conhecimentos atuais com conhecimentos anteriores), identificar ferramentas e recursos
que lhe permitam relacionar e reestruturar a informação de maneira a poder utilizar mais
tarde – recorda-la. E também transformar o conhecimento/informação num
conhecimento múltiplo aplicado à prática. Mesmo a visão da aprendizagem tradicional
estando fixado nestes aspetos cognitivos não ia tão longe, porque conhecimento era
apenas receber, o aluno era apenas um recetáculo de conhecimentos debitados pelo
professor. Isto de ser diligente e sabedor implica uma habilidade por parte do sujeito,
uma regulação do seu conhecimento.
Por sua vez o DUA implica que o aprendiz seja estratégico. Que ele planifique,
organize, otimize a sua aprendizagem tendo em conta as suas características e os seus
objetivos e que tenha a capacidade também de abandonar planos que não se mostrem
eficazes. E obviamente em termos da motivação alguém que formule objetivos, alguém
que tem uma grande curiosidade por aprender, alguém que consegue monitorizar as suas
emoções e controlar as suas emoções, portanto, ultrapassar barreiras, nomeadamente
barreiras ao nível da concentração (distratores, etc) de maneira a poder prosseguir o seu
plano até ao fim. É uma visão de uma criança e jovem muito alinhada com os modelos
atuais da psicologia.
O decreto de lei 54/2018 efetivamente reforça a importância dos psicólogos nas
instituições e não é por acaso que efetivamente tem vindo a aumentar sistematicamente
e sobretudo a partir de 2018 o número de psicólogos nas instituições.
* Crianças e jovens corresponde a crianças dos 5-18 (do pré-escolar ao secundário).

O modelo está representado numa pirâmide, significa que há uma abordagem


desde a base, que é uma abordagem para todos. Quando abordamos o modelo multinível
em PE foi no sentido de perceber que o psicólogo nas instituições faz atividades para
todos, ou seja, atividades de promoção de competências para todos. Depois pode e deve
realizar atividades que são mais especificas para o grupo de pessoas que já requer uma
atenção particular e finalmente quando chega ao topo da pirâmide, significa que o
psicólogo realiza uma intervenção muito focada em situações muito especificas e em
alvos de intervenção muito específicos.
Esta logica do modelo multinível que existe na psicologia e que fundamenta as
práticas do psicólogo atual, também esta presente na questão da aprendizagem e na
forma como a aprendizagem está organizada. As medidas do suporte, as medidas que
podem ser tomadas ao longo da escolaridade obrigatória para promover a aprendizagem,
tendo por base este modelo multinível, podem ser de três tipos. Falamos de medidas
universais, universais pois são medidas para todos, medidas que em qualquer momento
podem ser apresentadas para qualquer aluno e que se podem estender a todos os alunos
de uma instituição ou a todos os alunos de uma determinada turma. Exemplo: Chega-se
à conclusão de que numa turma bastante barulhenta com muitas distrações onde por sua
vez o espaço físico também reforça estes fatores de distração e a instituição pode decidir
mudar a turma para uma sala completamente diferente –> Esta é uma medida universal
pois não é uma medida para um ou dois, é uma medida que vai implicar não só aquela
turma mas também o reajuste das turmas. Medidas universais são medidas que qualquer
pessoa pode vir a necessitar e normalmente tendem a ser medidas superficiais, que não
necessitam de aspetos específicos, de alterações/mudanças, significativas.
No entanto, estas medidas universais podem não ser suficientes. Ex: Nessa turma
barulhenta existe especificamente um aluno com hiperatividade com défice de atenção,
e um outro aluno que apresentava dificuldades ao nível da escrita e da leitura. Então
teríamos que subir os níveis das medidas e passar para medidas seletivas. Isto significa
que são medidas um bocado mais gravosas, ou seja, medidas que são mais notadas e que
são especificas para determinado tipo de aluno que não conseguiu superar as suas
dificuldades com as medidas universais. A mudança de sala, por exemplo, não foi
suficiente para estes dois alunos e portanto teremos que arranjar medidas seletivas no
sentido de ajudar estes alunos. Estão numa turma com muitas dificuldades ao nível da
atenção/concentração – aqui por exemplo, no caso do aluno com hiperatividade e défice
de atenção podíamos efetivamente dar-lhe um reforço a nível da aprendizagem, permitir
que ele depois das aulas pudesse ter acesso a algumas medidas, algum aprofundamento
em termos da aprendizagem (por exemplo na matemática se tivesse mais dificuldades, o
professor poderia dar algum apoio no sentido de colmatar essas dificuldades).
Imaginando que nessa turma tínhamos também uma criança/jovem que
apresentava síndrome de down. Neste caso uma síndrome de down evidente, de grau
moderado, implica um atraso considerável a nível cognitivo e portanto esta pessoa para
alem das medidas seletivas vai precisar de um outro tipo de medidas – adicionais. Ou
seja, quando alguém tem uma dificuldade muito acentuada e persistente ao nível ou da
comunicação/integração/cognição/aprendizagem, vamos ter ainda que aumentar a
profundidade das medidas e vamos aplicar medidas adicionais. Neste caso poderíamos
decidir retirar-lhe ou substituir uma outra disciplina. Poderíamos chegar a conclusão que
esta pessoa não conseguia aprender uma segunda língua e então retirávamos o inglês e
substituíamos por uma outra disciplina.
A semelhança entre as seletivas e as adicionais é que tanto uma como outra
tendem a ser medidas individualizadas enquanto que as universais são para todos. A
diferença entre as duas está no nível/grau. Ou seja, só se aplicam as adicionais em
situações muito graves, em situações em que aquela pessoa se mostra com muitas
dificuldades em prosseguir o currículo considerado normal. Ela vai continuar com esse
currículo no entanto nos podemos suprimir ali algumas áreas.
Alguém: Está correto dizer que uma medida adicional é uma medida seletiva?
Resposta: Não. DO ponto de vista do conceito de língua é, mas do ponto de vista do
conceito psicológico não. Uma medida seletiva é diferente de uma medida adicional. O
ser seletivo não significa aquilo que a palavra em português significa. O ser seletivo
significa que é uma medida individual mas é uma medida relativamente superficial.
Exemplo: Se estivermos a falar de medidas no âmbito da avaliação, uma medida
universal pode ser o professor decidir dar mais 15 minutos a toda a turma para fazer o
teste. Uma medida seletiva é o professor dar o teste igual, mas num determinado aluno
decidir dar além dos 15 minutos dar ainda mais 15. Uma medida adicional é que o
professor pode decidir alterar as perguntas e até reduzir o número de perguntas para
alguém que tem uma medida adicional e até mudar o tipo de instrumento de avaliação,
decidir nem fazer uma avaliação escrita, mas sim uma de outro tipo.
Este DUA requer ou implica que todos cheguem ao final da escolaridade com
um diploma e quer os alunos com medidas universais como os alunos com medidas
seletivas o diploma é igual. Eles vão ter que chegar ao fim com as mesmas
aprendizagens, com as aprendizagens essenciais, podem é ter ritmos diferentes,
necessitar de acompanhamentos diferentes. No caso das adicionais há situações em que
a pessoa chega ao final da escolaridade com um diploma mas diferente, é um diploma
descritivo. Não é um diploma que diz “Concluiu o 12º”. Diz “frequentou o 12º e
conseguiu atingir os seguintes objetivos”. De facto, no caso das adicionais é possível
aqui retirar alguns conteúdos, aquilo que designamos: atribuir alterações significativas.
Retirar conteúdos, um ou outra disciplina e substituir por outra, introduzir disciplinas
novas – há alterações bastantes diferentes. É possível ao mesmo tempo um aluno
beneficiar dos três tipos de medidas. Pode ter medidas universais, seletivas e adicionais.

Medidas de suporte à aprendizagem no fundo correspondem ou tem como


objetivo fazer a adequação do processo de aprendizagem as necessidades e
potencialidades. O individuo é considerado na totalidade – quando vou atribuir
alterações eu vou não só tentar colmatar as necessidades como vou aproveitar as
potencialidades do sujeito. Se ele é muito bom numa determinada área então eu vou
aproveitar, vou reforçar essa área no processo de aprendizagem.
04/02

Abordagem multinível da aprendizagem


 O psicólogo quando está a trabalhar numa instituição deve tomar medidas para
todos, ou seja, medidas universais (respostas que a escola mobiliza para todos
os alunos.
 São medidas seletivas aquelas que são aplicadas em alunos que evidenciam
necessidades de suporte de aprendizagem que não foram supridas em resultados
da aplicação das medidas universais. Estas podem ser aplicadas individualmente
ou em grupo, mas é referente a um reduzido número de alunos.
 Introdução de medidas de suporte muito consideradas quando há dificuldades
acentuadas e persistentes ao nível da comunicação, interação, cognição ou
aprendizagem, e neste caso são utilizadas então medidas adicionais.

Enquadramento:

 DA e insucesso escolar;
 “esponja social” – a criança consegue absorver todos os problemas;
 Cerca de metade das NEE (dificuldades na aprendizagem mais ou menos
graves) (12%) são DA ou DAE (6%) – uma grande parte dos casos de
crianças e jovens apresentam ou podem apresentar DA ou DAE;
 Procuram a consulta, muitas vezes, por insucesso escolar.
 Definição em sentido lato:
o Insucesso escolar;
o Fracasso escolar;
o Necessidades educativas especiais;
 Definição em sentido restrito:
o Mais de acordo com as visões dos psicólogos;
o Descapacidades;
o Impedimentos para aprender;
o Indica que existe qualquer coisa de diferente que se traduz no
rendimento académico dos alunos, independentemente de esta
diferença ter origem em fatores intrínsecos ou extrínsecos,
afetivos ou cognitivos, educacionais ou neurológicos, isto é, sem
especificar exatamente o que está alterado.

 História DA/DAE:
o 4 períodos:
 1 – Período de fundação:
 Europeia (1800 a 1920);
 Período da fundação norte – americana (1920 –
1960)
 2 – Período de emergência (1960 – 1975)
 3 – Período de solidificação (1975 – 1980)
 4 – Período de turbulência (1985 – 2000)
 Nos últimos 2 encontramos só definições de DAE,
porque de uma forma geral, as DAE são DA mais
qualquer coisa, em que é acrescentada mais
alguma informação.
 1º DA é só depois DAE;

 Período de fundação europeia (1800 a 1920); período da fundação norte-


americana (1920 a 1960):
o Período ligado ao campo médico e a lesões cerebrais;
o Origens no campo medico (na doença) e nas investigações neuro
psicológicas (lesão cerebral) realizadas com adultos que perderam
a habilidade para falar, ler, escrever ou calcular depois de
sofrerem uma lesão cerebral;
o Eram tratados com medicação;
o Alargamento das investigações às crianças; mais tarde alargado
às crianças com problemas linguísticos com fala…
 Período da emergência (1960 a 1975):
o Os conhecimentos teóricos permitiram uma grande evolução ao
nível diagnostico e da intervenção nos distúrbios da
aprendizagem;
o Grande contributo de Marianne Frostig 1º ano perceção visual,
mais tarde.
o Para aspetos auditivos, linguísticos e cognitivos.
o Pela primeira vez foi utilizado o termo Learning Disabilities e foi
proposta uma definição
o Disfunção cerebral; disfunção cerebral mínima, dificuldades de
aprendizagem;
 Período da solidificação (1975 a 1980):
o Etapa de relativa estabilidade e consenso.
o Importância atribuída ao modelo internacional (Howard S.
Adelmar) para compreender o insucesso escolar (concordância
entre as características da criança e o programa e a classe)
o Importância para um estudo considerado o contexto global e não
apenas um específico associado, muitas às DAE.
o Ligado ao contexto
 Período da turbulência:
o Alargamento do diagnostico e da intervenção para além das
idades ecolares;
o Maior precisão dos termos como “dificuldades” e “distúrbios”;
o Deixou de ser para adultos e crianças e abrangia todas as idades
o 3 grandes quadros concetuais:
 Analise aplicada do comportamento:
 Estímulos, resposta, recompensa- aprendizagem
behaviorista
 Individualização
 Ensino direto
 Enfase na avaliação
 Processamento da informação:
 Problemas no processamento de informação;
 Compreensão do que ocorre na mente do individuo
 Perspetiva neuropsicologia
 Aprendizagem mediada pelo sistema nervoso –
disfunção e não lesão cerebral;
 Intervenção por recuperação ou por compensação
 Teve a sua origem no modelo médico, mas
continua a fazer sentido

Conceito de DA
Definição apresentada na “Conference on Exploration into problems of the perceptually
handicapped child” nos Estados Unidos (Correia, 1963)
 Um atraso, uma desordem ou uma imaturidade no desenvolvimento de um ou
mais processos da fala, da linguagem, da leitura, do soletrar, da escrita ou da
aritmética, resultantes de uma possível disfunção cerebral e/ou distúrbio
emocional ou comportamental, e não resultantes de deficiência mental, de
privação sensorial, ou de fatores culturais ou pedagógicos.
 Só é possivel compreender as DA através do conhecimento das áreas fortes e das
áreas fracas da criança

Conceito de DA
Fonseca, 1984
 Desarmonia do desenvolvimento, caracterizada por imaturidade psicomotora que
inclui perturbações nos processos recetivos, integrativos e expressivos da
atividade simbólica
 Problemas psicomotores: lateralidade, estruturação psicomotora, dificuldades de
orientação espacial, sucessão temporal

Incompatível com a dificuldade de aprendizagem é a lesão ou a deficiência mental.

05/03 (sexta)
Conceito de DAE
Dificuldades de aprendizagem especificas é um termo genérico que diz respeito a um
grupo heterogéneo de desordens (pode manifestar-se de formas muito diferentes),
manifestada por dificuldades significativas (nas DAE são muito significativas enquanto
que nas DA são mais difíceis de detetar) na aquisição e no uso das capacidade de escuta,
de fala, de leitura, de escrita de raciocínio ou de capacidades matemáticas (tanto pode
ser na aquisição como depois da aquisição, ou seja, pode surgir a qualquer momento e
manifesta-se em varias áreas). Estas desordens são intrínsecas ao individuo, são
presumivelmente devidas a uma disfunção do sistema nervoso central e podem ocorrer
ao longo da vida. Problemas no comportamento autorregulado, na perceção social e nas
interações sociais podem coexistir com as dificuldades de aprendizagem, mas não
consistem por si só uma dificuldade de aprendizagem. Embora as dificuldades da
aprendizagem possam ocorrer concomitantemente com outras condições de
incapacidade (ex: deficiência sensorial, deficiência mental, distúrbio emocional grave)
ou influências extrínsecas (ex: diferenças culturais, ensino insuficiente) elas não são
devidas a tais condições ou influências”

Estas manifestações são muito evidentes, caso estas não sejam significativas não
estamos perante uma DAE mas sim de uma DA
Conceito de DAE
Correia, 2008

As dificuldades de aprendizagem especificas dizem respeito á forma como o individuo


processa a informação – ou seja, na forma como a recebe, como a integra, como a retém
e como a exprime – tendo em conta as suas capacidades (tem de ter um
desenvolvimento cognitivo medio ou superior à média) e o conjunto das suas
realizações. As dificuldades de aprendizagem especificas podem, assim, manifestar-se
nas áreas da fala, da leitura, da escrita, da matemática e/ou da resolução de problemas,
envolvendo défice que implicam problemas de memória, percetivos, motores, de
linguagem, de pensamento e/ou metacognitivos. Estas dificuldades, que não resultam de
privações sensoriais, deficiência mental, problemas motores, défice de atenção,
perturbações emocionais ou sociais, embora exista a possibilidade e estes ocorrerem em
concomitância com elas, podem ainda, alterar o modo como o individuo interage com o
meio envolvente.
Temos de ter em conta estes 4 aspetos e perceber se estes são apresentados
significativamente: (as áreas são as mesmas que as DA, o grau é que é diferente)
Receção da informação: Atenção, concentração e perceção
Retenção da informação: memória auditiva e memória visual
Integração da informação: compreensão e raciocínio
Expressão da informação: falar, ler, escrever, resolver problemas
Esta definição mostra-nos o cariz educacional (o que avaliar e como avaliar)
Envolve todas as características presentes nas definições que têm recebido maior
consenso
Processamento de informação que pode indicar a sua origem neurobiológica (disfunção)
Trata ainda de parâmetros fundamentais (padrão desigual de desenvolvimento, o
envolvimento processual, os problemas numa ou mais áreas académicas, a discrepância
académica e a exclusão de outras causas)
Importância da observação do comportamento.

CRITÉRIOS DE DIAGNÓSTICO DAS DA E DAE

Critério de discrepância- (tem de haver uma diferença entre a potencialidade do sujeito


e os seus resultados) Falta de concordância entre o resultado de uma aprendizagem e o
esperado em função das habilidades cognitivas (primeira área a avaliar é a cognitiva).

Critério de exclusão -Procura determinar o que as DAE não são, diferenciando-as de


outras dificuldades que podem coexistir com elas.

Critério de dispedagogia – (verificar se o individuo teve todas as condições a nível


geral da aprendizagem, caso não teve não podemos fazer o diagnóstico) a necessidade
de existirem adequadas condições pedagógicas para se definir uma DAE. Isto é, só
podemos considerar a existência de DAE se, apesar de estarmos na presença de uma boa
pedagogia, aquelas não desaparecerem.

11/3 (quinta-feira)
Tipos de DAE

Dislexia -

Disgrafia - Mais frequentes

Discalculia –

Não se considera a ortografia como uma DAE frequente porque está muito implícita
DAE

Grafema – alguém que não foi estimulado o suficiente em termos de motricidade fina,
portanto não consegue ao nível do grafismo quando está a escrever não consegue
diferenciar as letras, torna o seu texto completamente irreconhecível.

Os critérios são mais utilizados porque partem do modelo da psicologia


desenvolvimental ou construtivista, para que seja uma dificuldade de aprendizagem tem
que obrigatoriamente haver uma discrepância entre o potencial e o resultado, tem que se
excluir determinado tipo de causas, não podem provocar esse problema ao nível
processamento de informação embora possam coexistir e também tem que estar
garantido o critério de dispedagogia, ou seja, aquela criança e aquele jovem teve q ser
exposto a condições consideradas adequadas de aprendizagem. Se para alem deste 3
critérios, nós encontrarmos dificuldades especificas bem evidenciadas em áreas
especificas que são elas a leitua, escrita o calculo, grafismo etc, se encontrássemos
implicações acentuadas numa destas áreas podemos estar perante um diagnóstico de
aprendizagem especifica.

Critérios de Diagnostico DA e DAE – DSM5 – segundo a linguagem do DSM5

A-Tem que apresentar pelo menos 1 sintomas como ter presente um sintoma de leitura
de palavras imprecisa ou lenta, dificuldades em compreender o que lê, dificuldade com
a expressão escrita, dificuldade em dominar o sentido dos números, factos numéricos ou
calculo, dificuldade com o raciocínio matemático.

As dificuldades de aprendizagem e dificuldades especificas não são doenças


B- Interferência significativo no desempenho académico, sendo este inesperado -
Associado ao critério da discrepância

C – Começam durante os anos escolares - é novo em relação aos anteriores, não so tem
que estar presente nos anos escolares, tem que haver com aprendizagens académicas,
tem que estar presente nos primeiros anos de aprendizagem , sobretudo nos primeiros
anos escolares

D – Não são explicadas por outros quadros

DADOS A TER EM CONSIDERAÇÃO PARA O DIAGNÓSTICO DA E DAE

Como vamos organizar uma avaliação psiocoglocia de modo a concluir se é uma DA


OU UMA DAE (dados a ter em consideração para o diagnotico da e dae)

Recolha de dados da historia pessoa (temos que ter acesso do desenvolvimento de


quando começou andar, falar, aquisições básicas se teve algum problema de saude,
informação familiar, se houve alguma mudança significativa e que possa por si explicar
as dificuldades que aquela pessoa apresenta, colocar de parte considerando o critério de
exclusão de a dificuldade aprendizagem ou dificuldade de aprendizagem especifica

Historia escolar, sabermos de facto qual foi o processo que aquela pessoa seguiu, há
quanto tempo esta na escola, qual é a informação dos professores apresentam sobre
aquela pessoa, como tem sido o se rendimento académico mas ao mesmo tempo é mt
importante termos dados atuais,

os dados que temos que recolher são de dois tipos

Dados mais gerais de dimensões como dimensão cognitiva, social, emocional, saber
neste momento qual é o desenvolvimento cognitivo desta pessoa, como é que ela se
caracteriza. Mas há outras dimensões importantes como a saúde, se alguém esta a tomar
alguma medicação por alguma razão

Recolher dados do procedimento de informação – temos que ter dados destes 4 aspetos,
entrada da receção da informação (atenção, concentração precessão), retenção
(memoria, vários tipos de memoria) integração da informação também recolher dados
sobre o procedimento.

Não esquecer da expressão, temos sempre que avaliar como aquela pessoa escreve, lê e
compreende e também que tipo de calculo mental que ela tem (se tiver algum problema
na fala temos que especificar essa informação) a recolha de dados da expressão deve ser
avaliada por nós e devemos também podemos recolher dados através da observação
daquele jovem se tivermos de trabalhar numa instituição ou analisando documentos que
aquela pessoa escreveu ao longo do seu percurso académico, sobretudo atualmente

 Recolha de dados da história pessoal (aprendizagem prévia- quando começou a


andar/falar, familiar, escolar)
 Recolha de dados atuais (cognitiva, emocional, social)
 Recolha de dados atuais (processamento da informação- retenção, integração da
informação- sobretudo da expressão- a forma como lê, escreve e compreende)
 Diagnóstico (perfil psicológico: áreas forte e áreas com dificuldades e níveis de
abordagem)

Depois de termos recolhidos a informação, o diagnostico parte de níveis

primeiro nível que nos vamos dividir toda a informação em áreas fortes e ares com
dificuldades

segundo nível nos vamos dessas informações do primeiro nível vamos transportar para
o 2,3 e 4 apenas as áreas com dificuldades,

no nível dois colocamos alguma informação que possa indicar uma disfunção cerebral,
ou procedimento de informação (escrita, memoria, concentração)

nível 3 colocamos problemas que possam ser comunitantes relacionadas com o


individuo, mas que não provocam a dificuldade de aprendizagem, problemas
psicossociais.
Nível 4 vamos colocar do contexto fatores de exclusão que tem haver com o contexto
ou seja, que não podem provocar a dificuldade de aprendizagem ou dificuldade de
aprendizagem especifica, mas que pode aumentar a sua gravidade.

As áreas fortes ficam só no nível 1 e nas restantes coloca-se as áreas com dificuldades
No nível 3 e 4 colocamos os fatores de exclusão, que são fatores que não explicam as
dificuldades

12/03 – caso prático 1 (realização na aula)

18 e 19/03

Escala para a Identificação de Dificuldades de Aprendizagem (EIDA)

Objetivo: É um instrumento de despiste e avaliação

Avalia 7 áreas: (aplicação de todas ou de uma ou mais áreas) Processamento


Linguístico, Processamento auditivo, Processamento Visual, Processamento Visuo-
motor, Processamento Motor, Processamento Matemático, Comportamento
Socioemocional

Idade de aplicação: a partir dos 5 anos e durante a escolaridade obrigatória


(durante cerca de 45m)

Trata-se de uma prova de observação e de registo de comportamentos


observados que correnpondem a um screening inicial

Pode ser utilizada por Psicólogos e professores

Vantagens: despiste, planeamento da intervenção e na atenção especial aos


aspetos socio emocionais que normalmente se encontram presentes e agravam o quadro,
reavaliação/aferição da efetividade da intervenção
EIDA- cotação

 Adquirido, nível independente = intervalo entre 1 e 2


 A trabalhar, nível Instrução = intervalo entre 3 e 5
 Não Adquirido, nível Frustração = intervalo entre 6 e 7

DAL- dificuldades de aprendizagem de leitura (dal ou dislexia)

Constitui todos os critérios.

Pode coexistir com a disortografia (incidência na leitura e escrita)

Critérios de exclusão

1- Incapacidade geral para aprender


2- Imaturidade na iniciação da aprendizagem da leitura
3- Problemas sensoriais e físicos
4- Problemas emocionais
5- “carências” culturais
6- Métodos de instrução inadequados

DGl (dificuldade geral de leitura) ≠ DEL (dificuldades especificas de leitura)

Implicam que haja informação para esgotar os 4 critérios

TIPOD DE DAL

o Desenvolvimentais ou evolutivas – no processo de aquisição; ainda não


houve aprendizagem da leitura
o Adquiridas- aprendeu a ler mas “deixou” de ler; processo de aquisição e
aprendizagem normativo e sem dificuldades

CARACTERISTICAS

* Repetição de sílabas, palavras ou frases;

* Saltam linhas, retrocedem linhas, ou não seguem linha de leitura;

* Problemas de compreensão semântica;

* Leitura e escrita em espelho;

* Na leitura silenciosa, murmúrio ou movimentam lábios.

associadas….

* Dificuldades na ortografia;

* Atitudes depressiva, agressiva, recusa da execução de tarefas de leitura/escrita,


dificuldades de AE e sociais, ansiedade, motivação; dificuldades memória,
lateralidade…
TIPOS DE ERROS
Confusões:
 Grafia (ex. a/o; e/c; i/j)
 Orientação espaço (ex. b/d; d/p; n/u)
 Articulação (ex. d/t; c/g; v/f; m/b)

Inversões de sílabas ou palavras (ex. em/me; sem/mes)


Substituição de palavras (ex. saltou/salvou)
Adição ou omissão de sons, sílabas ou palavras (ex. famosa/fama; casa/casaco)
Outras…

CAUSAS
 Neurológicas (disfunção cerebral)
 Genéticas
 Nota: medicação apenas quando necessária e para criar condições…(DAL não é
uma doença!)
 Caraterísticas pessoais que o meio reforça -> falta de acompanhamento, falta de
medidas de apoio, etc.

AVALIAÇÃO/INTERVENÇÃO
 10% de incidência
 Avaliação deve passar por um despiste
 4 provas de wisc: perfil ACID (Aritmética, Código, Informação, Memória de
Dígitos). e QI
 Não é suficiente, é necessário a avaliação de cariz educacional)
 Indicadores de leitura – avaliação de cariz educacional
Quando se realiza o diagnóstico? Após um mês e meio do início do 1º ano deve
realizar-se o screening, caso não tenha sido feito no pré escolar. (despiste). Diagnóstico
no 2º ano.
PREVENÇÃO é mais eficaz que a REMEDIAÇÃO

NÍVEIS DE SCREENING:
1º Para todos (ex. consciência fonológica, nomeação rápida, identificação letras,
fluência da linguagem oral…).
2º Para crianças em pequeno grupo (ex. vocabulário, linguagem oral, …).
3º Individualmente. (1º nível de intervenção)

COMPETÊNCIAS A DESENNVOLVER:
 Consciência fonológica
 Leitura de palavras
 Fluência verbal
 Vocabulário
 Compreensão

AULA 15/04

DECRETO-LEI 54/2018

Assenta no modelo biopsicossocial e é um decreto de lei de educação inclusiva


pois passa por estes três princípios:
 Oportunidade (acesso e presença no contexto)
 Participação (não basta aceder, é preciso participar)
 Condição (não basta aceder, é preciso criar condições para participar)

PRINCIPIOS ORIENTADORES DO DECRETO DE LEI 54/2018

a) Equidade
Concretizar o potencial

b) Inclusão
Acesso e participação

c) Diversidade
Diferenciação no ensino aprendizagem

d) Personalização
Planeamento educativo centrado no aluno

e) Flexibilidade
Adequação às singularidades
f) Envolvimento parental
Direito à participação e informação

MUDANÇAS MAIS SIGNIFICATIVAS DO DECRETO DE LEI

Abandona os sistemas de categorização de alunos, incluindo a “categoria” necessidades


educativas especiais

Abandona o modelo de legislação especial para alunos especiais

Estabelecem um continuum de respostas para todos os alunos

Coloca o enfoque nas respostas educativas e não em categorias de alunos

Perspetiva a mobilização, de forma complementar, sempre que necessário e adequado,


de recursos de saúde, do emprego, da formação profissional e da segurança social

Educação inclusiva: medidas de suporte à aprendizagem e à inclusão

Vamos passando para o patamar seguinte sempre que as medidas anteriores não forem
suficientes.

Medidas universais:
Dirigem-se a todos os alunos e têm como objetivo promover a participação e o sucesso
escolar; É muito fácil poder estar nesta fase; Como são medidas superficiais e tem a ver
com o exterior, por exemplo, estratégias, alterações ao nível do ambiente, etc, muitas
vezes não são suficientes, e quando encontramos pessoas com uma limitação mais
acentuada e que se estende ao longo de mais tempo, temos de seguir as medidas
seletivas.
Qualquer pessoa entra e sai facilmente destas medidas pois são medidas superficiais.
Se a criança ou jovem faz atividades em turma tem de haver obrigatoriamente medidas
universais na turma.

 Diferenciação pedagógica. (Associado à relação pedagógica) (capacidade do


professor de especificar a relação pedagógica às diferentes necessidades dos
alunos) (ligada às acomodações; relação mais personalizada com o professor; o
professor conhece as dificuldades do aluno) (medida muitas vezes usada em
simultâneo com as acomodações curriculares).

 As acomodações curriculares. (dizem respeito à adequação das estratégias


curriculares) (ex: lugar da sala de aula)
Ex de acomodações: utilizar materiais visuais e concretos nas aulas; colocar na
sala de aula pistas visuais que induzam a comportamentos apropriados, etc.

 O enriquecimento curricular. (destina-se às crianças e jovens que manifestam


competências excecionais em determinada área) (a instituição pode e deve criar
condições para que a pessoa desenvolva esse potencial)

 A promoção do comportamento pro-social em contexto educacional dentro e


fora da sala de aula. (aplicada aquelas crianças ou jovens que têm algumas
dificuldades de integração em grupo, acabando-se por propor pequenas
intervenções para ajudar o individuo a desenvolver competências a nível pro-
social) (medida muito frequente) (intervenção de modo a evitar problemas de
desadaptação e emocionais) (preparar a turma para integrar)

 A intervenção com foco académico ou comportamental em pequenos grupos


(Crianças ou jovens que precisam de alguma orientação na realização das tarefas
(juntar vários meninos da mesma turma com pequenas dificuldades, mas
idênticas de forma a ajudar nas realizações das tarefas)

Estas 5 medidas podem ser aplicadas em simultâneo como podem ser aplicadas apenas
uma.
São medidas que se aplicam facilmente, a muitos alunos ao mesmo tempo, e pode
deixar de se aplicar facilmente quando se vir que a pessoa deixa de ter dificuldades. É
muito dinâmico.
Medidas seletivas:
Dirigem-se a alunos que evidenciam necessidades de suporte à aprendizagem
que não foram supridas em resultado da aplicação das medidas universais.

 Os percursos curriculares diferenciados (Chegarmos à conclusão, através da


orientação da carreira) (tem a ver com curso mais práticos) (cursos diferentes –
cursos de educação e formações; tem de haver competências mínimas;
normalmente aplicadas a partir do 7º ano mas mais comuns a partir do 9º ano;
percurso alternativo)

 As adaptações curriculares não significativas (estão ligadas às mudanças nos


conteúdos) (Ex: tirar conteúdo que não vai ser tão necessário nos anos seguintes)
(pequenas alterações como acréscimo de pequenos objetivos ou retirada de
pequenos objetivos)

 O apoio psicopedagógico (aplica-se quando há dificuldade) (tende a implicar um


recurso extra; Pode implicar um professor de educação especial que considere
que será uma mais valia para dar apoio a determinado aluno; É importante este
professor que vai prestar o apoio psicopedagógico estar sempre em contacto com
o psicólogo)

 A antecipação e o reforço das aprendizagens (só se aplica quando há


competências próximas da média; Relacionado com as explicações; ex: o aluno
não aprende porque tem um défice nos conteúdos do ano anterior e poderá ser
pedido ao professor para realizar algum tipo de auxilio e dar alguns conceitos
por exemplo, da próxima aula, e este aluno poderá preparar-se e tirar mais
proveito da aula.)

 O apoio tutorial (possibilidade de uma determinada criança e jovem poder, com


um colega ou outra pessoas da turma, ou alguém que é mais velho, ou através de
um adulto (professor): ex: não consegue vestir-se em educação física; é um
apoio relacionado com áreas não académicas, no entanto também pode funcionar
em áreas académicas.

Medidas adicionais:
Alunos que apresentem dificuldades acentuadas e persistem ao nível da
comunicação, interação, cognição ou aprendizagem, que exigem recursos adicionais
significativos.

 A frequência do ano de escolaridade por disciplina (um aluno pode fazer um ano
em dois, dividindo as disciplinas por ano, para conseguir fazer com mais calma)
(é a medida mais próxima das medidas seletivas pois parte-se do princípio de
que a criança apenas precisa de mais tempo, ou seja, por exemplo, as disciplinas
que faria num ano pode ser dividida por dois anos) (é a menos restritiva das
medidas adicionais; requer que haja competências; pessoas com limitações, mas
que com mais tem conseguem acompanhar)
 Desvantagens:
o Atraso da escolaridade (ou seja, turma com pessoas de
idade inferior; pode afetar a sua inclusão)
o Todos os anos a mudar de turma (pode também afetar a
sua inclusão)
 Esta medida deve então ser aplicada pontualmente e nas situações
em que temos bons indicadores do ponto de vista da intervenção,
que aquele jovem a médio prazo vai conseguir ultrapassar
algumas das limitações acentuadas; se for pontualmente podemos
estar a segregar; tem de ser acompanhada com medidas seletivas
de apoio psicopedagógico).

 As adaptações curriculares significativas (corresponde a uma alteração profunda


nos conteúdos programáticos) (implicam uma reestruturação do plano)
(alterações profundas nos conteúdos programáticos/reestruturação completa dos
objetivos da disciplina especifica para aquela pessoa; Continua a ter disciplinas
fundamentais mas com conteúdos definidos para as suas características
psicológicas, diferentes das dos colegas; continuam no mesmo currículo , mas
com adaptações significativas; Normalmente quem beneficia destas estratégias
vai precisar de um extra, de um acompanhamento extra, por exemplo, as
medidas seguintes, principalmente das estratégias de desenvolvimento de
competências de autonomia pessoal e social.)

 O plano individual de transição (apenas é aplicado dos 15 aos 18 anos) (crianças


e jovens com um determinado quadro que requer estratégias muito especificas
(ex: autismo, no autismo – requer estratégias próprias e espaços preparados com
determinado tipo de estímulos.) (disciplinas curriculares especificas,
contemplando: treino de visão, braile, atividade de vida de área, tic, etc; vem de
alguma forma retirar disciplinas do currículo; É feito um trabalho de
colaboração com determinados centros e instituições que vão preparar o jovem;
estes jovens vão aprender determinadas áreas mais tarde; Tem de ser preparados
ao longo dos 3 anos)
 O desenvolvimento de metodologias e estratégias de ensino estruturado (estão
relacionadas com as adaptações curriculares significativas)

 O desenvolvimento de competências de autonomia pessoal e social (se não


forem colocadas com cuidado podem por em causa a própria inclusão.) (estão
relacionadas com as adaptações curriculares significativas)

Alunos com dificuldades na aprendizagem normalmente só têm medidas universais,


alunos com dificuldades de aprendizagem especificas têm medidas seletivas e
adicionais.

Exemplo de acomodações:
o Disponibilizar notas fotocopiadas (ou um guia de estudo) a alunos com
dificuldades na coordenação oculo-manual, evitando que tenham de copiar do
quadro.
o Utilizar organizadores gráficos.
o Organizar o espaço de sala de aula de forma a não conter estímulos que possam
ser distrativos para os alunos.
o Apresentar sugestões para a gestão do tempo, por exemplo, através da colocação
de post-its na mesa.
o Usar materiais visuais e concretos nas aulas.
o Usar tecnologia assistiva quando possível/necessário.
o Dar instruções claras aos alunos, uma de cada vez, não sobrecarregando os
alunos com muitas informações ao mesmo tempo.
o Colocar na sala de aula pistas visuais que induzam a comportamentos
apropriados.
o Disponibilizar tempo extra para o processamento de informação.
o Utilizar um tamanho de letra superior sempre que adequado.
o Disponibilizar suportes auditivos para limitar a quantidade de texto que o aluno
deve ler.
o Manter a proximidade ao aluno.
o Colocar “lembretes” na mesa do aluno, como por exemplo, listas de vocabulário,
alfabeto, …
o Proporcionar o uso de espaços alternativos para trabalhar tarefas específicas.
o Dar feedback contínuo.
o Prestar atenção à iluminação do espaço da sala de aula.
o Permitir que o aluno dê respostas orais em vez de utilizar a escrita para
demonstrar a compreensão de conceitos.
o Permitir que o aluno disponha de mais tempo na concretização das tarefas.

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