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EM QUE MEDIDA É POSSÍVEL DIFERENCIAR

UMA CRIANÇA DIAGNOSTICADA COM


TRANSTORNO OPOSITOR DESAFIADOR?

Lorena Moreira e Maria Gabriela Castilhos


Orientadora: Ingrid Lilian
Realidade da pesquisa

Professores de instituições públicas que


possuem experiências com
crianças/adolescentes cujos
comportamentos são remetidos ao TOD ou
são diagnosticadas.
Hipótese/Suposição

Possibilidade de possíveis diagnósticos


incorretos motivados pela observação
equivocada do professor em relação ao
aluno analisado.
Objetivo
Quais são as bases teóricas
metodológicas que permitem que o
professor consiga de forma adequada
realizar a diferenciação entre uma
criança com provável diagnóstico de
TOD e uma criança indisciplinada?
Bases teórico-metodológicas

Definição de TOD
De acordo com Teixeira (2014), é uma “condição comportamental comum entre crianças
de idade escolar e pode ser definido como um padrão persistente de comportamentos
negativistas, hostis, desafiadores e desobedientes observado nas interações sociais da
criança com adultos e figuras de autoridade de uma forma geral, como pais, tios, avós e
professores, podendo estar presente também em seus relacionamentos com amigos e
colegas de escola”

DSM-5
Um padrão de humor raivoso/irritável, de comportamento
questionador/desafiante ou índole vingativa com duração
de pelo menos seis meses.
O preparo dos profissionais da educação com relação às
Bases teórico- crianças que apresentam sintomas de TOD é essencial, até
porque esses alunos precisam de um suporte educacional
metodológicas para que a sua área da aprendizagem seja desenvolvida
tanto quanto aos alunos que não apresentam nenhum tipo
de transtorno, exigindo adaptações e técnicas para
contornar as crises (Teixeira, 2014).
Participantes

6 professores de instituições Experiência com


públicas, a partir de 25 anos crianças/adolescentes cujos
de idade. comportamentos são
remetidos ao TOD ou são
diagnosticadas.
Procedimento

ENTREVISTAS
AMOSTRA POR
TCLE CONVENIÊNCIA
SEMI
ESTRUTURADAS
ANÁLISE
Análise de dados

A análise do conteúdo abrange as três seguintes fases: pré-


análise, análise e interpretação/escrita. Sendo assim, na
etapa de pré-análise todo o conteúdo e dados coletados
serão organizados em distintas categorias/classificações,
de acordo com os objetivos específicos. (Gomes, 2002)

Segundo André e Lüdke (1986), analisar as informações


“significa trabalhar todo o material obtido durante a
pesquisa, ou seja, os relatos das observações, as
transcrições de entrevistas, as análises de documentos e as
demais informações disponíveis”. Logo, após a etapa da
realização de entrevistas semi-estruturadas, todos os dados
coletados serão averiguados.
Resultados e Discussão
Falta de preparo dos professores
Rosane: “O fato é, a gente sabe que precisamos lidar com ele de uma maneira
diferente daqueles tidos como “normais”. O ruim é identificar que não temos
manejo para lidar com eles, então cria uma angústia, “eu sei que preciso lidar
diferente com esse aluno, mas não sei como”. Então eu ouço muito dentre os
professores, principalmente na minha geração, já que não temos um foco na
aprendizagem de ensino especial, que “estou aprendendo goela abaixo”. Mesmo
que a secretaria às vezes faça encontros, reuniões para ajudar, os professores
muitas vezes não comparecem e se dizem incapacitados para lidar com os
alunos.”

Rosângela: “Olha, eu tenho quase 30 anos de formada, quando


eu fiz faculdade a gente não tinha essa diversidade de
transtorno, então, pra mim, é a falta de conhecimento minha.
Porque não tínhamos, o aluno era “especial” o que hoje é o DI,
então não existia diversos transtornos. E, em alguns casos,
procurei estudar, fui atrás do serviço de orientação
educacional, fui ver na pasta do aluno se tomava remédio, se
tinha alguma orientação médica ou remédio. Então, a coisa
mais difícil é a minha falta de conhecimento.”
Falta de preparo dos professores

Em síntese, pode-se inferir que a dificuldade da falta de


preparo dos professores é uma consequência direta na
possibilidade de diferenciar uma criança com TOD de uma
criança sem o transtorno já que, muitas vezes, os próprios
professores são os responsáveis por alertar a família de
possíveis suspeitas e de indicar a procura por avaliações
neuropsicológicas.
Resultados e Discussão
Suporte familiar
Aquiles: “Alguns alunos que são apoiados pelos pais, por essa idade, eles não são
independentes ainda (tem 11 anos), que se acomodam nesse diagnóstico e
justificam isso pra tudo, pra bagunçar, pra não fazer dever, a gente tem que olhar
com aquele olhar de: até que ponto? Porque os meninos sabem “eu sou TOD”, “eu
sou TDAH”, eles já sabem, então talvez isso atrapalha a gente, quando o pai e o
aluno se coloca nessa posição de vítima da condição que tem pra não fazer as
atividades. O aluno que tem o apoio familiar adequado, já adianta bastante.”

Rosângela: “o malefício é que, muitas vezes, a família


usa do diagnóstico como muleta pro aluno não fazer
nada, só do aluno ter diagnóstico ele precisa ter nota
máxima, por exemplo.”
Suporte familiar

A categoria de suporte familiar evidencia a importância da


participação da família na vida da criança com TOD e,
consequentemente, na observação. Logo, é, na maioria das
vezes, o contexto familiar que inicia a suspeita do transtorno
e, por meio de conversas com a escola, a criança pode ser
levada à uma avaliação. Além disso, tudo que é ensinado no
contexto escolar precisa ser reforçado no contexto familiar
(dentro de casa).
Resultados e Discussão
Frequência da desobediência
Rosângela “A dificuldade com regras, qualquer que sejam elas, seja
dentro de sala de aula ou da direção, então eles possuem muita
dificuldade de entender que precisam fazer aquilo. A incidência de
sempre ser “do contra”, a repetição. Por exemplo, você dá um
comando hoje, amanhã e outros dias, mas se o menino sempre fala
“não”, então vejo que tem algo errado. ”

Francisca: “Acredito que seja, além da inquietação, é


aquele aluno que pedimos para ficar quieto e não atende
aos comandos. Aquele que eu vejo que realmente tem
que chamar atenção dele toda hora, e ele não atende,
então acredito que seja isso.”
Frequência da desobediência

Revela-se que o principal critério metodológico utilizado


pelos professores para uma possível suspeita de TOD, é a
questão da frequência destes padrões de comportamentos
opositores, como se revela por meio da fala da professora
Rosângela, em que afirma que a repetição, a incidência de
ser “do contra” e de sempre falar “não” são indicativos para
suspeitar.
Roteiro de entrevistas
1. Quais são os primeiros sintomas observáveis
7. Como evitar erros em um diagnóstico com
de um aluno com suspeita de TOD?
TOD?
2. Quais são as maiores dificuldades, no quesito
8. Quais são os principais critérios que você usa
de ensino, com um aluno diagnosticado com
para trazer uma possível situação de TOD?
TOD?
9. Referente às demandas escolares existem
3. Quais são os benefícios e os malefícios do
diferenças de rendimento entre um aluno com
diagnóstico a um aluno com TOD?
TOD e uma criança com desenvolvimento típico?
4. Quais são as melhores estratégias para lidar
Quais seriam?
com o desenvolvimento de um aluno com
10. Quais são as características que mais
TOD?
ressaltam em um aluno com TOD?
5. Quais são as principais diferenças no
11. Quais são os recursos que você utiliza para
comportamento entre uma criança comum,
fazer essa primeira indicação de TOD?
com traços de desobediência, e um aluno
12. Para você quais são os principais erros que se
diagnosticado com TOD?
cometem neste processo de diagnóstico e
6. É possível que o aluno com TOD conviva na
condução de uma criança com TOD?
mesma sala de aula de outros alunos que não
possuem TOD?
Conclusões

Conclui-se a necessidade de conhecimento,


principalmente por parte dos profissionais, em
relação ao transtorno. Esse conhecimento possibilita
o acolhimento e tratamento adequado para a criança
com o transtorno.

O diagnóstico é de suma importância, tendo em vista


a relevância de um acompanhamento profissional
que permita o início do tratamento para a diminuição
dos sintomas. Faz-se necessário propostas
metodológicas para o trabalho pedagógico
direcionado à criança com TOD.
Conclusões

É de suma importância a presença de


uma equipe multidisciplinar e apoio
familiar no acompanhamento de uma
criança com TOD.
Conclusões

Acredita-se que essa pesquisa possibilite reflexões a


respeito do assunto, possibilitando aprofundamento
de estudos, de modo a incentivar outras pesquisas
com relações aos diagnósticos fornecidos à essas
crianças.
Obrigada!
MENDES, Larissa Calixto. Os desafios e práticas pedagógicas do
professor em sala de aula com uma criança com transtorno opositor
desafiador. Revista Eventos Pedagógicos. Disponível em:
https://periodicos.unemat.br/index.php/reps/article/view/6326.
Acesso em: 12 out 2022.

SOUZA, Isabella Souza. Transtorno opositivo-desafiador. Métodos


qualitativos de pesquisa: uma introdução. In: Métodos de pesquisa em
Ciências Sociais: Bloco Qualitativo. Sesc São Paulo/Cebrap. Disponível em:

Referências
https://www.abenepirio.com.br/wordpress/wp-
content/uploads/2021/05/guia-tod.pdf.
Acesso em: 05 set 2022.

SERRA-PINHEIRO, Maria Antonia. Transtorno desafiador de oposição:


uma revisão de correlatos neurobiológicos e ambientais, comorbidades,
tratamento e prognóstico. Brazilian Journal of Psychiatry. Disponível em:
https://www.scielo.br/j/rbp/a/7S44bNFFLpKBzTzVzXkSJDG/?lang=pt.
Acesso em: 09 nov 2022.

PAULO, Marta Mantovanelli de Rondina. Os principais fatores que


contribuem para o aparecimento do Transtorno Desafiador Opositor.
Revista Científica Eletrônica de Psicologia. Disponível em:
http://faef.revista.inf.br/imagens_arquivos/arquivos_destaque/QdPKbe2j
pxSiL8z_2013-5-13-15-9-34.pdf.
Acesso em: 15 out 2022.

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