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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES

PÓS GRADUAÇÃO “LATO SENSU”


PROJETO VEZ DO MESTRE

QUAL O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO DIANTE DAS


DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NAS CRIANÇAS

Por: Anna Cristina Barbosa de Macedo

Marcos Larosa
Orientador

Rio de Janeiro

2004
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UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


PÓS GRADUAÇÃO “ LATO SENSU”
PROJETO VEZ DO MESTRE

QUAL O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO DIANTE AS


DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM NAS CRIANÇAS

OBJETIVO:

Investigar e verificar os fatores que


levam a criança apresentar Dificuldades de
Aprendizagem, os mesmos devem ser
avaliados e observados com a finalidade de
descobrir qual ou quais os fatores que estão
influenciando mais nas dificuldades
manifestadas por uma criança, com isso
podendo ser feito um diagnóstico adequado.
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AGRADECIMENTO

A todos os integrantes da
minha família, em destaque,
minha mãe Odete Frias que
me apóia e me incentiva
nessa jornada. Ao professor
orientador Marcos Larossa e
as pessoas que direta e
indiretamente me ajudaram
nessa caminhada.
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DEDICATÓRIA

Dedico esse trabalho científico a


minha querida e amada filha
Mariana Barbosa Henrique e a
todas as crianças que fizeram e
fazem parte, desde o começo, da
minha vida como Educadora.
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RESUMO

Algumas crianças revelam dificuldades de aprendizagem onde os


educadores e psicopedagogos precisam estar atento para que possam ajuda-
las. Quando chegam a escola trazem consigo marcas dos primeiros anos de
vida. Vivem em grupos com diversidades de comportamento, mas que por
algum motivo não consegue aprender . Os problemas inerentes a esta área
tem sido examinados de for mas variadas por profissionais como Educadores,
Psicólogos, Psicopedagogos ,Neurologistas, Patologista da Fala e outros.

Existem dois pontos de referência para se definir ou identificar essas


crianças com dificuldades de aprendizagem que são eles: causa e
comportamento. A referência de vida que a criança traz são as características
de seu comportamento aspecto biológico, psicológico e social, portanto é
preciso analisar e avaliar a causam que levam a criança apresentar
dificuldades de aprendizagem considerando as alterações e os distúrbios em
qualquer um destes aspectos.

As dificuldades de aprendizagem é hoje um grande problema para o


sistema educacional. Muitas vezes para se livrar desse problema busca-se um
culpado; alguém que possa assumir sozinho esta situação. É preciso
questionar esta atitude analisando as dificuldades de aprendizagem a partir de
outras variáveis que venham influenciar no processo de aprendizagem. A partir,
procura-se perceber qual é o papel do psicopedagogo com relação a
dificuldades de aprendizagem.

Cabe ao psicopedagogo identificar os bloqueios existentes fazendo uma


relação de dados entre o aluno, a escola e a família para que possa fazer sua
intervenção pedagógica num processo de parceria buscando todos um
resultado, sem ficar ninguém excluído desse trabalho. É preciso que nós
educadores e psicopedagogos estejamos cada vez mais comprometidos em
6

proporcionar aos nossos alunos oportunidades para que o conhecimento para


a vida aconteça.

Refletindo melhor sobre a nossa prática segundo Delours, cita os quatro


pilares essenciais para um novo conceito de educação quais sejam: aprender a
conhecer, aprender a viver juntos, aprender a fazer e aprender a ser. Um
desses pilares reflete uma postura amadurecida com relação ao aluno:

“...aprender para conhecer supõe, antes de tudo, aprender a aprender,


exercitando a atenção, a memória e o pensamento. O processo de
aprendizagem do conhecimento nunca está acabado, e pode enriquecer-se
com qualquer experiência. A educação primária pode ser considerada bem
sucedida se conseguir transmitir às pessoas o impulso e as bases que façam
com que continuem a aprender ao longo da vida, tanto na escola como fora
dela”. (DELOURS, 1999, P.92
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METODOLOGIA

O tipo de estudo realizado foi com o objetivo de produzir novos


conhecimento a respeito da minha prática pedagógica para melhor resolver
determinados problemas de aprendizagem. O estudo foi de natureza
quantitativa e qualitativa, descritiva e analítica das Dificuldades de
Aprendizagem, uma análise das causa e implicações no processo pedagógico.

Esta pesquisa foi feita através de muitas consultas bibliográficas , textos


da internet e revistas educativas. Após o levantamento de informações foi feito
um levantamento dos conteúdos visando articular os dados coletados e
desenvolver o tema trabalhado.

Diante das dificuldades que sentia em detectar o motivo pelo qual a


criança apresenta uma dificuldade de aprendizagem resolvi fazer uma pesquisa
que me mostrasse o caminho correto a percorrer nessa batalha, buscando
soluções e ajuda de muitos autores.

Durante a pesquisa encontrei uma entrevista que estará anexada ao


final do trabalho, onde uma psicopedagogo acrescenta de forma positiva,
questões envolvendo a problemática das dificuldades de aprendizagem.
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SUMÁRIO

INTRODUÇÃO 10

CAPÍTULO I 11

O QUE É DEFICIÊNCIA DE APRENDIZAGEM 11

CAPÍTULO II 15

DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 15

CAPÍTULO III 22

DIFICULDADE GLOBAL 22

CAPÍTULO IV 30

DISFUNSÃO CEREBAL 30

CAPÍTULO V 30

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO 30

CONCLUSÃO 51

BIBLIOGRAFIA 58

ÍNDICE 61
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INTRODUÇÃO
Durante o período escolar encontramos com crianças que apresentam
as chamadas “Dificuldades de Aprendizagem”. O termo Dificuldade de
Aprendizagem refere-se a um tipo de transtornos que se manifesta por
dificuldades significativas o uso e aquisição da fala, escrita, leitura e
habilidades matemáticas.

As dificuldades se manifestam em diversas áreas de aprendizagem,


assim como em momentos distintos, quanto aos tipos é possível destacar os
seguintes: verbais (dificuldades para adquirir os processos simbólicos da
leitura, escrita e matemática) e não verbais (problemas de adaptação social).

Normalmente a escola é a primeira a detectar que o aluno está


manifestando Dificuldades de Aprendizagem, principalmente a professora, pois
exerce papel fundamental na formação da criança.

A dificuldade de aprendizagem é uma das maiores preocupações dos


educadores, pois na maioria das vezes não encontram solução para tais
problemas, pois, é difícil explicar por que algumas crianças independentemente
das suas inteligência normais, de acuidades sensoriais e de seus
comportamentos motores e sócio-emocionais adequados, não aprendem a ler,
a contar e escrever.

A Psicopedagogia pode auxiliar no enfrentamento das Dificuldades de


Aprendizagem através de pesquisa e produções cientificas, orientação e ação
pontual sobre as situações já existentes e prevenção tanto no grupo familiar,
quanto escolar. O psicopedagogo, portanto, precisa no enfrentamento das
dificuldades.

O novo olhar que a Psicopedagogia possibilita necessita também de


uma reflexão sobre o contexto sócio-político e sobre a diferença na sociedade.
10

É Também preciso repensar sobre o papel do profissional da saúde e da


educação na questão da Dificuldade de aprendizagem.

O papel da Psicopedagogia e da Educação é o de instituir caminhos


entre os opostos que liguem o saber e o não saber, o acesso, a facilidade e a
dificuldade a rapidez e a lentidão e os outros opostos que passam se
apresentar em um processo de aprendizagem. Estas ações devem acontecer
no âmbito, do grupo, da instituição e da comunidade, visando a aprendizagem
e, portanto, é também tarefa da Psicopedagogia.

O campo que se delineia é vasto; olhar a diferença doa maiores desafios


da igualdade é um dos maiores desafios educacionais neste século. A
Psicopedagogia, como uma das áreas responsáveis pela aprendizagem, tem
muito a aprender e muito a contribuir com as crianças que venham apresentar
Dificuldades de Aprendizagem.
11

CAPÍTULO I
O QUE É DEFICIÊNCIA DE APRENDIZAGEM

“Na pré-escola não se


deve ensinar e sim deixar que a
criança aprenda”.

Emília ferreiro
12

O QUE É DEFICIÊNCIA DE APRENDIZAGEM?

Sabemos que aprender é um desafio para a maioria dos jovens. Toda


criança tem seus pontos fracos na questão da aprendizagem. Algumas têm
grande capacidade de ouvir; assimilam muitas informações simplesmente
ouvindo. Outras têm uma facilidade com o visual ; aprendem melhor lendo. Na
escola, porém, todos os alunos são misturados numa sala de aula e espera –se
que todos aprendam independentemente do método de ensino utilizado. Assim
é, inevitável que alguns tenham problemas de aprendizagem.

Algumas autoridades no assunto acham que existe uma diferença entre


Problemas de Aprendizagem e Deficiência de Aprendizagem. Os problemas de
aprendizagem podem ser vencidos com paciência e dedicação. Mas a
deficiência de aprendizagem é tida como algo mais profundo, não significando
necessariamente que a criança seja deficiente mental.

Muitas crianças com Deficiência de Aprendizagem têm inteligência


média ou acima da média algumas, de fato, são extremamente brilhante. É
esse paradoxo que muitas vezes alerta os médicos da possível presença de
uma Deficiência de Aprendizagem, isto é, o problema não é simplesmente que
a criança tem dificuldade em acompanhar seus colegas. O que acontece é que
o seu desempenho não é compatível com o seu próprio potencial.

Aprendizagem é um termo genérico que se refere a um grupo


heterogêneo de desordens manifestadas por dificuldade na aquisição e no uso
da audição, fala, leitura, escrita, raciocínio ou habilidades matemáticas. Estas
desordens são intrínsecas ao sujeito, presumidamente, devido a uma disfunção
do sistema nervoso central, podendo ocorrer apenas por um período de vida.
Segundo Alicia Fernandez, em vários momentos do seu livro “A inteligência
aprisionada” :
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“Se pensarmos no problema de aprendizagem como só


derivado do organismo ou só da inteligência, para a sua cura
não haverá necessidade de recorrer à família. Se ao contrário
, as patologias no aprender surgissem na criança somente a
partir da sua função equilibrada do sistema familiar, não
necessitaríamos, para seu diagnóstico e cura recorrer ao
sujeito separadamente da sua família...”. (FERNANDEZ, 1999,
P.98)

Os efeitos emocionais da deficiência muitas vezes agravam o problema.


Se o seu rendimento escolar for fraco, as crianças com Deficiência de
Aprendizagem sejam vistas com fracassos pelos professores ou colegas, talvez
até mesmo pela própria família, infelizmente muitas dessas crianças
desenvolvem uma auto-estima negativa que pode persistir quando crescem.
Isso preocupa, pois as deficiências de aprendizagem não desaparecem.

Por vezes, as mesmas deficiências que interferem na leitura, na escrita e


na aritmética interferem na prática do desporto e em outras atividades, na vida
familiar e no relacionamento com amigos. É essencial, portanto, que as
crianças com deficiência recebam apoio dos pais. Vejamos uma situação:
Um menino de 3ª série primária parece gostar de aritmética e é incapaz de
fazer adição, Não tem sossego e não possui coordenação motora fina.
Ultimamente ouço falar em deficiência de aprendizagem. Tenho suspeita de
que esta criança tenha este problema.

Qualquer criança possui componentes em que não tem bom


desempenho, mas isto é normal. Entretanto, existem as que, embora no
aspecto geral, não apresentem nenhum problema de aprendizagem, em
determinado componente apresenta desempenho notadamente insatisfatório. A
esta dificuldade denominamos Deficiência de Aprendizagem.
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Deficiência de Aprendizagem, segundo o conceito do Ministério da


Educação e das Ciências, é: “Deficiência de Aprendizagem, basicamente,
consiste na dificuldade gritante de desenvolvimento de alguma capacidade
específica como ouvir, falar, ler, escrever, calcular, embora de forma geral a
criança não tenha nenhum problema de desenvolvimento mental”.

As principais características da Deficiência de Aprendizagem são:

1. o nível mental é normal acima da média;


2. anormalidade na capacidade de agir;
3. pequena capacidade de concentração, dispersando com facilidade ou
fixação em apenas um determinado aspecto;
4. é emocionalmente instável e impulsivo;
5. falta destreza física;
6. possui dificuldade específica em área de aprendizado como leitura, escrita,
cálculo.

Deficiência de Aprendizagem, embora seja localizada e leve, possui a


característica de dificuldade de identificação como deficiência. Por isto mesmo,
o não entendimento da situação bem como o não tratamento em época
adequada, pode acabar surgindo outras deficiências como a emocional ou de
exercício de atividades, podendo tomar atitudes indesejáveis tanto na escola
como no lar, portanto, convém consultar os órgãos especializados sem
demora.
15

CAPÍTULO II
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

“A palavra progresso não terá


qualquer sentido enquanto houver
crianças infelizes”.

Albert Einstein
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DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM

O homem, diferente dos outros animais, que no curso de seu


desenvolvimento vive a experiência individual, adquirida durante toda sua vida;
vive um segundo tipo de experiência que o transforma num ser diferente dos
demais, pela sua capacidade de assimilação e apropriação da experiência
acumulada pelo gênero humano. Este tipo de experiência para que seja
significativa, deve ser permeada por afetividade, já que cognição e afeto
caminham lado a lado na trilha do conhecimento humano. Por isto mesmo,
aprender é um exercício constante tem que estar de braços abertos para todo e
qualquer conhecimento. Aprendizagem é mudança de comportamento, seja
essa mudança por fatores intrínsecos ou extrínsecos ao sujeito aprendiz. A
realização do processo depende de três elementos principais: situação
estimuladora, pessoa que aprende a resposta. Sem essa tríade o processo de
aprendizagem se inviabiliza. A teoria comportamentalista conceitua
aprendizagem como o resultado da estimulação do ambiente sobre o indivíduo
já maturo, que se expressa, diante de uma situação problema, sob a forma de
uma mudança de comportamento em função da experiência. Considerando que
nessa cadeia de estimulação ambiental e respostas do sujeito, o processo de
aprendizagem ocorre de maneira mecânica, logo, a afetividade se torna
irrelevante. A teoria cognitivista conceitua aprendizagem como um elemento
que provém de uma comunicação com o mundo e se acumula sob a forma de
uma riqueza dos conteúdos cognitivistas.

Para reconhecer em uma criança a dificuldade de aprendizagem, se faz


necessário primeiramente entender o que é aprendizagem e quais os fatores
que nela interferem. Pode se dizer que aprendizagem é um processo complexo
que se realiza no interior de um indivíduo e se manifesta em uma mudança de
comportamento.
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Para estabelecer se houve ou não aprendizagem é preciso que as


mudanças ocorridas sejam relativamente permanentes. Existem pelo menos
sete fatores fundamentais para que tal aprendizagem se efetive, são eles:
saúde física e mental, motivação, prévio domínio, maturação, inteligência,
concentração ou atenção e memória. A falta de um desses fatores pode ser a
causa de insucesso e das dificuldades de aprendizagem que irão surgindo.

A partir disso pode-se entender que uma criança é dita com dificuldades
de aprendizagem quando apresenta desvios de expectativas de
comportamento do grupo etário a que pertence, ou seja, quando ela não esta
ajustada aos padrões da maioria desse grupo, e, portanto seu comportamento
é perturbado, diferente dos demais.

Pode-se destacar algumas das principais causas das dificuldades de


aprendizagem, como causas físicas, sensórias, neurológicas, intelectuais ou
cognitiva, sócio-econômicas e emocionais, sendo esta última uma das
principais causas que podem dificultar a aprendizagem. Como resultado, as
crianças com dificuldades de aprendizagem têm muitas vezes baixos níveis de
auto-estima e de autoconfiança, o que pode conduzir à falta de motivação,
afastamento, crises de ansiedade e estresse e até mesmo depressão.

O problema no desenvolvimento da aprendizagem da leitura, escrita e


aritmética tem sido uma forte barreira para muitas crianças e professores.
Desde a Educação Infantil o fracasso escolar cria uma verdadeira segregação
entre as crianças. Segundo as pesquisas na quase totalidade dos casos, 20%
da população escolar marginalizada deve-se à leitura não adquirida nas
primeiras séries do Ensino Fundamental.

O educador e a escola, a família, a sociedade envolvem aspectos sócio-


culturais importantes para o aprender de uma criança. Por exemplo, o método
da escola pode dificultar a aprendizagem de uma criança com dificuldades na
percepção visual quando se utiliza métodos visuais (ensino de frases e textos).
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Neste caso métodos auditivos são mais indicados. Assim, o professor deve ter
a capacidade de identificar o melhor para a criança utilizando, se possível,
variação metodológica dentro de sala de aula.

O Educador desempenha um papel importante na identificação da


dificuldade. Aquela criança que não adquire conhecimento como os colegas
deve ser identificada e acompanhada de perto. Após alguns meses de trabalho
(3-6 meses) dentro da sala de aula sem um progresso na aprendizagem o
aluno merece uma atenção especial e deverá ser encaminhado à orientação
pedagógica da escola que já deve estar ciente do caso. São as crianças muitas
vezes consideradas como imaturas que não evoluíram satisfatoriamente.

O diagnóstico da dificuldade pode ser muito precoce, a nível da


Educação Infantil. Os desenvolvimentos da linguagem e do grafismo ajudam
muito o Educador identificar estes problemas. Para os Educadores as crianças
que apresentam dificuldades durante esse período, provavelmente, são as que
precisarão de mais atenção.

Por exemplo, uma criança de 5 anos que não apresenta capacidade


para identificar e desenhar alguns símbolos como o círculo, quadrado ou
triângulo, que não percebe cores básicas( branca e preta), que não interpreta
histórias simples, deve ser vista como um quadro mais preocupante. São
aqueles casos que chegam na Alfabetização sem prontidão para o Ensino
Fundamental(1º ciclo). Estas crianças devem ser avaliadas e muitas vezes há
indicação de repetição da Alfabetização.

A leitura e a escrita não são habilidades que exigem da criança a


atenção a aspectos da linguagem, aos quais ela não precisava dar importância,
até o momento em que vai para a escola. Esta pode ser uma tarefa complexa e
difícil para todas as crianças, no entanto, para algumas as barreiras são
maiores do que com as outras.
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Uma outra situação é a criança que não consegue identificar e escrever


letras, ou juntá-las em palavras ou frases. Esta criança, iniciando o primeiro
ano, ao chegar no final do ano com esta dificuldade deverá ser avaliada
cuidadosamente. Ela pode ter uma disfunção cerebral e muitas vezes necessita
de atendimento.

As crianças apresentam uma inteligência normal sem qualquer distúrbio


emocional significativo, mas manifestam dificuldades na realizações
acadêmicas básicas, nomeadamente, nos processos de leitura, escrita e
aritmética. A este fracasso está muitas vezes associados a dificuldade de
retenção ( sabe na hora, mas não memoriza) é a manifestação de insegurança
ou mesmo angústia na realização de tarefas escolares que implicam estas
habilidades, o que, caso a situação não seja corrigida, pode por sua vez fazer
diminuir perigosamente o auto--conceito desses alunos.

As crianças com dificuldades de aprendizagem podem apresentar uma


série de características próprias e problemas associados, estes fatores podem
agir individualmente ou inter-relacionados. Os seguintes problemas são:
Atenção, Percepção, Cognitivos, Memória, Psicomotores e Emocionais. Dentre
as características pode-se observar diversos tipos de mudança no
comportamento. Por manifestarem insegurança e baixa auto-estima tendem a
apresentar ansiedade, regressão, oposições, agressividade reacional, tensão e
problemas nos relacionamentos interpessoais, tudo isso acarretada num
rebaixamento em suas habilidades sociais.

Os principais elementos para identificação destas dificuldades são os


profissionais da escola (Educadores, Professores, Psicólogos,
Psicopedagogos, etc) que exercem o principal papel na formação da criança.
Com a identificação de um mau rendimento escolar de uma criança, devemos
raciocinar e identificar os níveis de dificuldades.
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Indagar, questionar, problematizar são palavras sempre presentes na


vida do educador. Estamos sempre indagando e questionando sobre as coisas
que acontecem no cotidiano escolar e muitas vezes essas indagações parecem
que ficam no ar: por que o aluno não aprende apesar de todo o esforço do
professor? Como explicar o fracasso escolar? Como ajudar aquele aluno que já
repetiu a 1ª série várias vezes e ainda não aprendeu a ler?

Se por outro lado temos alunos e suas possíveis dificuldades, por outro
lado temos um contexto escolar que precisa ser alterado, ou seja, a escola
precisa oferecer uma proposta mais estimulante para que a aprendizagem
aconteça, favorecendo o avanço desses alunos. Mas como transformar esses
alunos ditos fracassados em alunos motivados, ativo, produtivos, com um bom
rendimento escolar? É um desafio e de modo especial para os educadores.
Segundo Paulo Freire:

“Aprender a ler e escrever é, antes de mais nada, aprender


a ler o mundo, compreender o seu contexto, não numa
manipulação mecânica de palavras mas numa relação dinâmica
que vincula linguagem e realidade”. (FREIRE, 1990, P.8).

Sabemos que o problema de aprendizagem traz sofrimento para as


crianças e/ou adolescentes, e este, pode ser traduzido por comportamentos de
desinteresse, desatenção e irresponsabilidades. Quando isto ocorre não
adianta apenas pensar no reforço ou aulas particulares. A identificação das
causas que estão gerando essas dificuldades requer uma intervenção
especializada. O psicopedagogo é o especialista que, com base no
conhecimento do processo de aprendizagem, consegue detectar o que pode
estar influenciando negativamente o desenvolvimento escolar, ou que
mecanismos a criança está usando que podem estar dificultando o seu
aprender. Essa investigação requer não só uma análise do processo de
aprendizagem da criança, como também do contexto familiar, escolar e social
em que está inserida. A partir dessa investigação é possível entender a causa
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que está impedindo suas aquisições escolares, e assim traçar um plano de


intervenção que a possibilite sair da situação de quem não aprende. Segundo
Alicia Fernandez:

“A libertação da ” Inteligência aprisionada”, somente poderá


ocorrer através do encontro com o perdido prazer de aprender. E
ao psicopedagogo caberá possibilitar esse encontro através do
olhar e da escuta psicopedagógicos, que ocorrerá a partir da auto-
análise das suas próprias dificuldades e possibilidades do
aprender”. (1994).
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CAPÍTULO III

DIFICULDADE GLOBAL

“Entender o cérebro de uma criança e a forma


de ele se desenvolver é a chave para se entender a
aprendizagem”.

Jane M. Healy
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DIFICULDADE GLOBAL

É uma situação mais preocupante. Pode ser grave e envolve aspectos


sócias, culturais e emocionais. Os fatores sociais desfavoráveis também estão
implicados na gênese de dificuldades escolares, sendo a família e o ambiente
escolar os principais pois, visam conteúdos em ação na procura de uma melhor
educação e formação de valores humanos que nos une. Mas detêm um papel
fundamental no desenvolvimento das capacidades e das atitudes do indivíduo
perante a transmissão dos demais saberes: saber ser, saber estar e saber
fazer, no desenvolvimento das relações interpessoais, no incentivo à auto-
estima, empatia, tolerância enfim, na educação.

3.1- Escola

A escola por ser uma instituição deve estar envolvida com a família e
sociedade no processo ensino/aprendizagem. Deve incutir nos alunos uma
ação educativa e formadora que abranja o apostar-se numa mudança de
atitude e de comportamento.

A escola, os pais e a sociedade visam conteúdos em ação na procura de


uma melhor educação e formação de valores humanos. Convém não esquecer
que na escola, apesar de oferecer um saber coerente, não se aprende
geralmente tudo. A escola não deve ser apenas um espaço de adquirir
conhecimentos, mas, também, um lugar onde se aprende coisas como, por
exemplo, gosto pela leitura, escrita e poesia, técnicas de estudo, isto é, do
empenho da criatividade, do saber aprender. É saber questionar, investigar,
solucionar, reaprender de forma progressiva.
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A criança é transferida de uma escola menos exigente para uma


mais exigente; A criança pode ter saído muito bem na primeira e
apresentar uma defasagem global na segunda;

Didática deficiente ou inadequada que não permite a criança


construir o seu conhecimento; o aluno precisa ver o sentido no que
aprender na escola. Os conteúdos devem fazer parte da sua
vivencia, do seu cotidiano, da sua realidade, deve haver uma ligação
entre o que a escola “dita” e a realidade do aluno para que haja uma
maior interesse no aprendizado.

Motivação e capacidade do professor, supervisor e orientador


educacional, quando a equipe pedagógica está bem estimulada e
capacitada o trabalho flui com mais prazer e sucesso;

A interação professor – aluno é essencial, não pode haver


discriminação quanto a cor, de condições financeiras baixas e raça;
aumenta o acesso das crianças à escola, cresce a diversidade nas
salas de aula. Uma turma pode reunir crianças de diferentes
classes, regiões, culturas, crenças. Elas respondem de modos
distintos a conteúdos, objetivos e exigências, planejados para serem
iguais a todos. O desafio, portanto, é não mascarar esse as
diferenças, mas valer-se delas para enriquecer o aprendizado e a
vivencia do grupo e o professor não fazer a sua escolha pessoal por
ninguém e sim respeitar e passar seu afeto a todos igualmente;

Organização da escola: é fundamental que a escola conheça o seu


aluno, porque a heterogeneidade socioeconômica de nossa
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população é muito grande, o que pode provocar diferenças no perfil


da criança. Esta estruturação pode tornar o processo escolar mais
racional e eficiente na medida em que a metodologia, o conteúdo, o
numero de alunos por sala, a locação do professor leve em
considerações as características do aluno;

O grau de exigência da escola: preocupada com a competitividade,


não cria espaço para as crianças, que embora estejam dentro da
faixa de normalidade, não conseguem adaptar-se ao ritmo da escola
pois é necessário que a escola respeite as individualidades de cada
um valorizando o que cada um é capaz de fazer e produzir dentro
das suas limitações.

Participação da família e do educando nas decisões da escola é


muito importante para o aprendizado da criança, é preciso trazer a
família para a escola interagindo juntos nesse processo e fazendo
assim uma parceria.

Capacitação de trabalho em grupo da equipe de educação; o


professor precisa ter segurança nos assuntos trabalhados em sala
de aula, portanto é necessário que e toda equipe pedagógica
acompanhem as mudanças do dia a dia se capacitando cada vez
mais no que faz, para que o faça sempre melhor.

Falta de estimulação, remuneração do educador; não deve existir


mas, alguns professores se deixam se levar pela razão deixando de
lado o seu papel de educador fazendo com isso um trabalho “mal
feito” em desrespeito ao seu alunado;
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Para evitar a formação de salas heterogêneas tem-se defendido o


conhecimento da criança, anterior à sua entrada na escola. A
elaboração prévia de um perfil diagnóstico do aluno poderia permitir
a formação de salas mais homogêneas e a adequação metodológica
seria iniciada mais precocemente.

3.2- Família

A família exerce uma função muito importante na vida de uma criança


por ser o primeiro grupo de contato e convívio. Promovendo a educação
exercita, assume e incorpora uma cultura particular, na medida em que fala,
cumprimenta, usa utensílios, fabrica e reza segundo a modalidade própria de
seu grupo de pertenciamento.

A educação familiar pode estimular o amadurecimento como pode


bloqueá-lo. Das experiências que tiverem tido em casa depende em boa parte,
que os filhos cheguem a ser pessoas sociáveis e capacitadas para autêntica
vida de amizade. Mas a família influi sobretudo através dos pais pois, são eles
os ensinantes e as suas atitudes são referências para seu filhos.

Família desorganizada: excesso de atividades extra-escolares


como; informática, desportos, excesso de televisão, vídeo game,
ausência de rotina de estudo;

Criança muito dependente ou com problemas emocionais( pais com


alguma dependência química, exigentes) não conseguem
apresentar e assimilar novos conteúdos;
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Retardo mental leve está associado a ambiente de pobreza e baixo


nível educacional dos pais, pois as crianças carentes encontram
mais dificuldades no aprendizado e também não encontram ajuda
dos pais nesse processo porque eles não têm um nível de
escolaridade suficiente para essa ajuda;

Nível de exigência muito alta da família, supervalorizando o


rendimento escolar e desconhecendo o que a criança pode oferecer,
devemos sempre respeitar os limites dos filhos e assim também dar
valor a caminhada que a criança percorreu para chegar a um
resultado valorizando o seu potencial;

Confusão de método: conflito entre o que os pais pensam e a


metodologia educacional, pais precisam ter confiança na escola
dando credibilidade ao trabalho do professor e caso tenha alguma
dúvida deve procurar o professor ou alguma pessoa que faça parte
da equipe pedagógica;

A negação da dificuldade escolar em família de maior nível


intelectual. É preciso aceitar o problema independentemente da
posição que a família se encontra, pois qualquer pessoa pode
encontrar-se com dificuldades de aprendizagem ;

Pais obsessivamente preocupados com o filho e que, ao menor sinal


de dificuldade, deixam-se envolver por uma grande ansiedade, não
permitindo que a criança consiga enxergar, tentar e resolver seus
problemas, a criança super protegida torna-se excessivamente
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dependente. Não desenvolve a capacidade de vencer as


dificuldades que se lhe apresentam;

Participação de criança no sistema de produção para melhorar o


rendimento da família, como zona rural em época de colheita, ou na
cidade como pedinte, vendedor ambulante e lavador de carro;

Pais que não aceitam e nem assumem o problema que seu filho
apresenta, não fazendo assim um acompanhamento com um
especialista da área. É preciso que a família encare o problema para
não deixar seqüelas no futuro.

3.3- Culturais

As diferenças de padrões, das crenças, das instituições, das


manifestações artísticas, intelectuais transmitidos coletivamente são típicos de
uma sociedade.

Crianças que mudam de país e precisam se adaptar a outra língua,


saem do seu lugar de origem onde já estão adaptadas aos
costumes se deparam com uma nova situação;

Sócio econômico básico: não há família, não existe perspectiva


futura, não sente estímulo em estudar na busca de uma conquista
para um melhor futuro.

3.4- Medicamentos

Uso de medicamentos cujos efeitos colaterais interferem na


aprendizagem. Medicamentos antieplépticas, antiasmáticas, antialérgicas
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causam sonolência, irritabilidade ou hiperatividade, causando falta de atenção


nas crianças. Drogas com cocaína e álcool também interferem, principalmente
nos adolescentes.

Quando a situação já está instalada, torna-se um pouco mais difícil a sua


superação na sala da aula, mas não é impossível. Se a interferência for de
origem emocional, como superproteção, conflitos familiares, deve-se fazer o
possível para conseguir um auxilio profissional que possa desbloquear a área
conflituosa, possibilitando a abertura para a aprendizagem.

Havendo defasagem em relação aos conteúdos, por motivo de


mudança, transferência ou uma didática anterior deficiente, necessário se faz,
uma avaliação minuciosa para detectar em que se encontra a criança em
relação aos conteúdos que deveria ter assimilado e que se crie um programa
para reestruturar esse conhecimento, não do momento atual, mas do ponto em
que iniciou a defasagem. A construção do conhecimento é semelhante a uma
escada. A criança fica impossibilitada de pisar no décimo degrau, se antes não
pisou nos anteriores. As suas pernas não o alcançarão, apesar de todos os
esforços realizados. Portanto precisamos lhe fornecer ajuda, para que suba de
degrau a degrau, ate atingir o esperado.

Tanto na dificuldade transitória como na global, não há nada de


orgânico. A estrutura cognitiva está intacta, o nível intelectual é normal, mas,
mesmo assim provoca insucessos. O trabalho de orientação e atendimento
desta dificuldade é muito gratificante com bons resultados na maioria das
vezes.

Devemos identificar estas crianças e orientá-las adequadamente.


Atenção especial deve ser enfocada no Ciclo Básico, que é um método
adequado para crianças normais, mas permite crianças com incapacidade para
alfabetização (ou não alfabetizada) à 4ª série (a lei exige).
30

CAPÍTULO IV

DISFUNÇÃO CEREBRAL

“ Feliz é aquele que transfere o que sabe e aprende


o que ensina”.

Cora Coralina
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DISFUNÇÃO CEREBRAL

Nestes casos as crianças são inteligentes, socialmente são normais e


apresentam informações verbais adequadas. Suas dificuldades ocorrem em
áreas específicas, por exemplo, uma incapacidade de identificar as letras e
conseqüentemente as palavras. Uma área do cérebro não funciona,
adequadamente, neste caso aquela responsável pela percepção e análise
visual.O estante do cérebro está intacto.
Esta disfunção cerebral afeta áreas específicas relacionadas à linguagem,
leitura, escrita, cálculo, motricidade, raciocínio, memória, atenção, etc...

Em estudos anátomo-patológicos alguns autores encontraram micro


lesões no córtex cerebral (lesões microscópicas como alterações dos
neurônios, das sinapses, etc...) que não são vistas nos exames realizados
como o RX de crânio, Tomografia e Ressonância Magnética. Essas crianças
sofrem muito e, muitas vezes são confundidas como criança pouco inteligente,
preguiçosa, desleixada, quando na verdade o seu impedimento não é a nível
intelectual, mas de execução.

As principais disfunções são: ocorrem nas seguintes áreas: Linguagem


(disfasia):

a. Disfasia - a criança pode ter dificuldade a nível de expressão (disfasia


expressiva) ou compreensão (disfasia compreensiva). Há disfunção do lobo
frontal a primeira (área de broca) e do lobo temporal na segunda (área de
Wernick). Clinicamente o comprometimento é importante: são crianças que
não elaboram frases, expressam as partes finais das palavras (“eta” por
borboleta, “aço” por palhaço) com 3 ou 4 anos de idade. O atendimento
fonoaudiológico deve ser precoce, nesta idade ou até antes. O risco desta
criança apresentar dislexia ou disortografia na idade escolar é muito grande.
Deve-se considerar que as “disfasias” são quadros preocupantes e
graves diferentes da “dislalia” ou “atraso simples da linguagem” em que
32

ocorrem trocas simples e evoluem para melhora rapidamente com


atendimento fonoaudiológico e que estão relacionados a maturidade menos e
fatos ambientais.

A disartria é caracterizada por voz arrastada, lenta. Está relacionada à


lesão motora e não à área da linguagem leitura (dislexia).

b. Dislexia - é uma dificuldade duradoura na aquisição da leitura. Para se


constatar uma dislexia, é preciso descartar algumas outras situações que
não devem ser confundidas:

• A criança não deve ter bloqueios emocionais que a impeçam de aprender;

• Não deve ser nova demais para a alfabetização, isto é, exclui-se a


imaturidade;
• Deve ter tido pelo menos dois anos de escolaridade, com uma didática
adequada. Isto significa que apenas aos 8-9 anos podemos afirmar que a
criança é disléxica.

O quadro de dislexia pode variar desde uma incapacidade quase total


em aprender a ler, até uma leitura quase normal, mas silabada, sem
automatização. Surge em 7 a 10% da população infantil, independente de
classe sócio econômica, pois se exclui a didática deficiente.

O quadro básico é de uma criança que apresenta dificuldade para


identificação dos símbolos gráficos. O distúrbio se encontra a nível das funções
de percepção, memória e análise visual.

As área do cérebro responsável por estas funções se encontram a nível do


lobo occipital e parietal, principalmente. A criança disléxica não deve ser
alfabetizada pelo método global, uma vez que não consegue perceber o todo.
Precisa de um trabalho fonético e repetitivo, pois terá muita dificuldade na
fixação dos fonemas. Necessita de um plano de leitura que inicie por livros
33

muito simples, mas motivadores, aumentando gradativamente e só a medida


que lhe for possível, a complexidade.

A dislexia, principalmente quando tratada, não implica em falta de


sucesso no futuro. Alguns exemplos de pessoas disléxicas que obtiveram
grande sucesso profissional são Thomas Edison (inventor), Tom Cruise (ator),
Walt Disney (fundador dos personagens e estúdios Disney) e Agatha Christie
(autora). Alguns pesquisadores acreditam que pessoas disléxicas têm até uma
maior probabilidade de serem bem sucedidas; acredita-se que a batalha inicial
de disléxicos para aprender de maneira convencional estimula sua criatividade
e desenvolve uma habilidade para lidar melhor com o problemas e com o
stress.

c. Disgrafia - o termo disgrafia é a dificuldade (parcial), porém não na


impossibilidade para a aprendizagem da escrita de uma língua.
Assim, de acordo com a divisão tradicional, a disgrafia se subdivide em:

(a)- disgrafia específica ou propriamente dita e disgrafia motora. Na primeira


delas não se estabelece uma relação entre o sistema simbólico e as grafias
que representam os sons, as palavras e as frases. A isto se denomina
simplesmente disgrafia. A segunda ocorre quando a motricidade está
particularmente em jogo, mas o sistema simbólico não. A isto se denomina
discaligrafia, entendendo-a não somente como o resultado de uma alteração
motora, mas também de fatores emocionais (restrição do eu, etc.), o que
altera a forma da letra.

Os indicadores que se consideram para a disgrafia recebem os mesmos


nomes que os indicadores de dislexia , apenas observa-se que na primeira
estes ocorrem na escrita (inversão, substituição, traslação, omissão,
agregado, etc.) e, na segunda, na leitura .
34

INDICADORES DE DISGRAFIA EXEMPLOS

Inversão de letras ne x en; areonautas x aeronautas


Inversão de sílabas penvasa x pensava
Inversão de números 89 x 98; 123 x 213
Substituição de letras gogar x jogar; irnão x irmão
Substituição de sílabas ponta x pomba
Substituição de palavras Substituição de menino x ninho; lindo x grande
números 3225 x 325

Casos especiais de agregado:

Por reiteração: quando se agrega uma mesma letra, sílaba, palavra ou número
(passassada por passada).
Por traslação: pode ser prospectiva ou retrospectiva.
Prospectiva: Ej.: “toma tosopa” por “toma sopa”.
Retrospectiva: Ej.: “mea aproximei” por “me aproximei”.

Omissão de Letras tabém x também


Omissão de sílabas prinpal x principal
por não voltar... x por
Omissão de palavras
favor, não voltar
Omissão de números 32 x 302
Dissociação de palavras ci ne x cine
Contaminação de letras fortese x fortes
Contaminação de sílabas sedeitou x se deitou
Contaminação de palavras haviaúma x havia uma
Ignorância de uma grafia (dificuldade para evocar resíduo agráfico num
e . representar uma grafia) sintoma disgráfico
35

O termo disgrafia motora (discaligrafia) consiste na dificuldade de escrever em


forma legível. Os indicadores mais comuns da discaligrafia são:

• micrografia;
• macrografia;
• ambas combinadas;
• distorções ou deformações;
• dificuldades nos enlaces;
• traçados reforçados, filiformes, tremidos;
• inclinação inadequada;
• aglomerações, etc.

A criança consegue falar e ler e as dificuldades ocorrem na execução


de padrões motores para escrever letras, números ou palavras.
Pode ocorrer defeito motor ou apenas a nível de integração (neste caso a
criança vê a figura mas não sabe fazer os movimentos para escrever as
letras).
Geralmente estas crianças são hipotônicas, desequilibradas, disárticas (fala
lenta).

Os graus de comportamento são variáveis. Os casos em que ocorre


um distúrbio importante da integração visual espacial e motricidade
representam disfunção a nível do lobo parietal e frontal. Quando há dificuldade
apenas na produção de uma letra proporcional e legível a disfunção ocorre
predominantemente no lobo frontal ou no cerebelo. Alguns autores chamam
este último quadro de discaligrafia ou disgrafia motora.

Esta situação não é um desleixo ocasional, e sim uma deficiência


constante. Não se obtém uma produção mais adequada repreendendo-se a
criança.
Deve-se comparar sua própria obra, para obter um parâmetro de sua melhor
produção. Este deve ser objetivo a ser alcançado e não a perfeição, que para
36

esse aluno é inatingível. O professor deve trabalhar a conscientização do


aluno para sua melhor performance e reforçá-lo positivamente sempre que a
alcance.

d) Disortografia - Muitas vezes acompanha a Dislexia, mas pode


também vir sem ela. É a impossibilidade de visualizar a forma correta da
escrita das palavras. A criança escreve seguindo os sons da fala e sua escrita
por vezes tornam-se incompreensível. Não adianta trabalhar por repetição,
isto é, mesmo que escreva a palavra vinte vezes, continuará escrevendo-a
erroneamente. É preciso trabalhar de outras formas, usando a lógica quando
isso é possível, a conscientização da audição em outros casos, como por
exemplo: em “s”e “ss”, “i” e “u” etc.
A disortografia pode ser observada na realização do ditado onde se
apresentam trocas relacionadas à percepção auditiva. Por exemplo: F por V
(faca/vaca), a disfunção ocorre ao nível do lobo temporal.
Na escrita espontânea (por redação, interpretação de textos lidos ou ouvidos)
há também envolvimento das áreas visuais (lobo parietal e occipital).

e. Discalculia - É a incapacidade de compreender o mecanismo do cálculo e


a solução dos problemas. É um quadro bem mais raro e quase só acontece
acompanhado de síndromes. O que ocorre com maior freqüência é uma
estruturação inadequada do raciocínio matemático, em função de uma
didática inadequada e excesso de conteúdos.

A criança de primeira série não tem condições de operar sem o concreto


e precisa estruturar demoradamente a construção do número e o raciocínio de
situações problema. Se isto não lhe é permitido e lhe são exigidos logo
números grandes e situações problema abstratas, ela não é capaz de
compreensão e usa a estratégia da mecanização, que lhe impede a
aprendizagem verdadeira. A disfunção ocorre ao nível de lobos parietais e
occipitais.
37

f. Déficit de Atenção (com ou sem hiperatividade) - É um quadro em que os


impulsos a nível cerebral se dão numa velocidade muito acima do normal. As
conseqüências podem ser diversas, como falta de atenção, impulsividade e
agressividade e, também, criança portadora desse quadro tende a ser
desorganizada, desleixada, desastrada. Com isso recebe repreensões
freqüentes, que prejudicam sua auto-imagem. É necessário tentar inverter esse
círculo vicioso, reforçando a criança em pequenas atitudes positivas, para que
perceba que é capaz de coisas boas e volte a acreditar em si, melhorando sua
produção.

O déficit de atenção pode estar associado ou não à Hiperatividade.


Ocorre predominantemente em meninos com início antes dos 7 anos. Muitas
vezes há história de movimentos acentuados da criança intra-útero, distúrbios
do sono no primeiro ano e excesso de movimentos aos 3-4 anos de idade. Na
pré-escola e início do 1º ano há dificuldade de atenção para os conteúdos
ensinados. Não param na carteira, perdem a atenção frente a qualquer
estímulos externos são impulsivos, perdem o material, não se organizam nas
tarefas, etc... Estas dificuldades devem ocorrer na escola, no lar, no clube ou
em qualquer outro ambiente... A intensidade é variável (leve, moderada,
intensa, sendo indicado tratamento nos casos mais preocupantes.

A criança pode apresentar dificuldade na aprendizagem escolar (algumas


vezes associadas a outras disfunções) ou distúrbio de conduta.
Este quadro neurológico está relacionado às disfunções neuro-químicas
(neurotransmissores) que ocorrem principalmente à nível da Substância
Reticular (no tronco cerebral) e gânglios da base.
Assim, até 60% dos casos podem-se beneficiar com medicamentos
estimulantes (metilfenidato) ou antidepressivos.

O tratamento medicamentoso deve ser acompanhado de mudanças de


conduta da família, escola e de outros familiares ou pessoas do ambiente da
38

criança. Apoio psicopedagógico e outras terapias (Psicoterapia,


Fonoaudiologia) devem ser indicados quando necessárias.

Não devemos considerar toda criança Hiperativa como de causa


neurológica. No diagnóstico diferencial devemos considerar:

1) Crianças normais “super ativas”, inteligentes sem


dificuldade de aprendizagem e que exigem uma atenção
especial da escola e da família. O professor, a mãe ou
irmãos devem aprender a lidar com estas crianças,
dando atividades extras durante a atividade escolar ou
familiar.

2) Psicoses da Infância - crianças com pensamento


desestruturado.

3) Síndrome de Gilles de La Tourette - Hiperatividade


associada a tiques motores ou orais.

4) Crianças com deficiência visual ou auditiva, ou disfunção


cerebral (dislexia, disortografia, discalculia). São crianças
que não entendem o conteúdo escolar e se manifestam com
Hiperatividade.

5) Crianças medicadas com antiepilépticas, antiasmáticos ou


outros medicamentos que causam agitação psicomotora.

g. Lesão Cerebral - Afeta a criança como um todo. Pode ser sensorial, isto é,
auditivo ou visual, mental, quer dizer, rebaixamento, da capacidade intelectual
ou ainda emocional grave, como Autismo ou Psicose.
39

No obstáculo sensorial a criança freqüentemente pode ser trabalhada em


classe regular, mas o professor precisa receber orientação regular de como
atuar.

Sendo deficiência mental leve, também poderá ser trabalhada em sala de


aula regular, mas necessitará de um acompanhamento paralelo.
Se for uma deficiência mental moderada, ou um problema emocional sério, a
criança deverá ser encaminhada a uma classe especial ou, se necessário, a
uma escola especial.

O obstáculo global é diferente do funcional, no sentido de que afeta a


criança como um todo e principalmente no caso da deficiência mental, a
criança apresentará dificuldade em todas as áreas.
Os professores não devem se colocar a serviço da seleção social, isto é,
voltarem-se apenas aos que aprendem fácil e têm bom ritmo, isto é a parte
mais fácil de ensinar. As crianças que dependem deles e cujo futuro se
construirá fundamentalmente através da dedicação e competência do
professor, são essas, que apresentam alguma interferência na aprendizagem.
E na interação com essas crianças que o professor vai corresponder ao ideal
do mestre, enfrentará dificuldades e a cada sucesso alcançado, saberá que
valeu a pena ter vivido.

h. Dislalia ou Gaguez- Consiste na má articulação das palavras, seja omitindo


ou acrescentando fonemas, trocando um pelo outro, ou ainda distorcendo
fonemas. A falha na articulação das palavras pode ainda ocorrer a nível de
fonemas ou de sílabas. É uma perturbação da fala caracterizada por uma
hesitação repetitiva, e demora na emissão das palavras ou pelo prolongamento
anormal dos sons. A gaguez começa geralmente na infância em 90% dos
casos antes dos 8 anos. Afeta entre 1 a 3% da população adulta. Cerca de
metade das crianças em que a gaguez persiste até aos 5 anos(pode começar
entre os 2 e 4 anos), continuam a gaguejar quando adultos.
40

Curiosamente o problema é mais comum, nos rapazes, gêmeos e


controla a linguagem como se processa em todo os destro. Mas em 15% dos
canhotos é a metade direita do cérebro que controla a fala. Nos restantes 15%
ela é controlada por ambos os hemisférios. De fácil análise pelo exposto que é
o sexo masculino, especialmente afetado. Parece que meses antes do
nascimento o aumento dos níveis do hormônio masculina - a testosterona –
afeta a ação de certos produtos químicos do cérebro do feto masculino,
portanto níveis elevados de testosterona no feto masculino pode ser fator
determinante da maior freqüência de canhotos, disléxicos e gagos, que no sexo
feminino. Conseqüentemente muitos investigadores concluem que a gaguez se
deve a uma forma sutil de lesão cerebral. Outros investigadores consideram –
na como um problema primordialmente psicológico: a uma percentagem que
abrange os 80 a 90%.

É também vulgar a gaguez fazer parte de crianças, filhos de gagos ou de


grande convívio com pessoas com essa perturbação na fala. Por imitação
assimilam essa característica . Corrigir em críticas negativas, uma criança que
gagueja pode produzir mais tarde o sintoma neurótico da gaguez involuntária e
dolorosa. O castigo, o troçar, o ralhar só pode contribuir para reforça a sua
insegurança: gagueja então com medo de gaguejar. Há portanto várias causas
possíveis para a dislalia ou gaguez , além de algumas já mencionadas, há a
considerar também um jogue emocional ou uma experiência traumática
negativa da infância; atrasos nos processos cerebrais de atendimento do que
foi ouvido; desenvolvimento lento da coordenação da língua, palatos e lábios. A
psicanalista Nicole Fabre afirma que a gaguez é mais do que tudo:

“um sintoma que traduz um conflito intrapsíquico, o


qual sem ser expremido fica no fundo da garganta com as
palavras que não conseguem sair”. (www.portugal-mnna.net)

Outros males se podem associar à dislalia: crispação (ao nível dos


lábios, da língua, da laringe e até do peito), palidez, transpiração excessiva,
rubor intenso, tremores e muitas vezes tiques. Todos eles devem ser tratados o
41

mais rapidamente possível, dado que a criança tem mais possibilidades de se


curar que o adolescente ou adulto. A criança gaga possui geralmente uma
inteligência normal, mas é acima de tudo um ser hiper-emotivo. Perturbado
muitas vezes por uma imaturidade afetiva manifesta-se muito dependente da
mãe. Revela-se instável, turbulento, irritável ou ainda fechado sobre si mesmo
sem confiança nas suas possibilidades. É sempre um ser ansioso e manifesta
por vezes a sua ansiedade por explosões de choros ou risos injustificados e
distúrbios somáticos: sono perturbado, enurese (urina na cama até uma idade
de2ª infância e mais), onicofagia (roer as unhas desenfreadamente) e pode
continuar a chuchar no polegar depois dos 5 anos. Qualquer tensão aumenta a
sua gaguez.

É curioso saber-se que Jean Jacques Rousseau, Clemenceau, Louis


Jouvet, eram gagos todos estes homens ilustres. Também Demóstenes, o
maior orador ateniense, o qual para corrigir sua gaguez, declamava longa
tirada com a boca cheia de pedrinhas e discursava diante das ondas do mar
para se habituar ao barulho das multidões.

Todo indivíduo vítima deste complexo distúrbio da fala – a gaguez –


qualquer tensão aumenta a sua extrema dificuldade em falar, ao contrário da
agressividade que exerce sobre ele por vezes um efeito benéfico. Desde que
se exprima sem constrangimento, as perturbações diminuem e até mesmo
desaparecem. Quando uma criança que gagueja ou joga sem bloqueios, ou
fala com um animal de estimação livremente raramente gagueja. Isolados os
gagos não têm problemas, ou também raramente ocorrem, quando cantam ou
durante uma leitura em coro, possivelmente porque têm menos comunicação.
Estas perturbações da fala só podem ser tratadas em escolas especializadas
com métodos especializados extraídos da psicologia comportamental
(behaviorismo) e da psicologia das profundidades. Aplicar também a terapia da
fala, o canto, e representações teatrais, se o doente estiver vocacionado, são
terapias de alto valor curativo e de libertação de tensões a todos os níveis. A
gaguez também pode ser tratada, com ótimos resultados pela prática de
42

exercícios respiratórios, orientados por um terapeuta, utilizando uma respiração


lenta e relaxada. Utilizar também treinos respiratórios lentos e controlados
combinados com movimentos coordenados. Por exemplo: sente-se bem direito
numa cadeira, ou mesmo em pé, e levante os braços ao respirar. Mantenha o
ar enquanto estende os braços para cima e expire lentamente ao mesmo
tempo em que baixa os braços. Faça o exercício pelo menos 3 vezes e depois
experimente falar.

Tanto a dislalia ou gaguez como a pseudolalia (mentir só por mentir,


como um vício, ou um hábito) são resultados de traumas de infância e de
profunda e dolorosa insegurança emocional.
43

CAPÍTULO V
O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO

“(...) Já podaram seu momentos, desviaram


seu destino, seu sorriso de menino tantas vezes se
escondeu, mas renova-se a esperança, nova aurora
a cada dia, e há que se cuidar do broto pra que a
vida nos dê flor e fruto...”

Milton Nascimento
44

O PAPEL DO PSICOPEDAGOGO

A psicopedagogia esta intimamente ligada ao processo de


aprendizagem humana. Tem como concepção olhar para o indivíduo e
destacar suas singularidades e potencialidades enquanto sujeito.
Compreendendo que aquele que participa do processo de aprendizagem é
composto por um corpo, que está além de suas funções biológicas, com
disposições cognitivas e afetivas, bem como, inserido num contexto sócio-
cultural que interfere diretamente na sua relação com o objeto e com o outro,
portanto no processo ensino-aprendizagem. A área da Psicopedagogia vem
oferecer subsídios que possibilitem uma leitura mais minuciosa dos processos
cognitivos e dos mecanismos psicológicos que estão atrelados ao sintoma do
comportamento que se faz visível na situação de aprendizagem.

Esta leitura dos processos de aprendizagem cria uma nova necessidade:


a intervenção psicopedagógica, pois feita à leitura do que esta por “traz” da
cena apresentada na aprendizagem é que se possibilita a construção e a
sistematização de uma metodologia que visa o desenvolvimento global da
criança, na sua relação com o mundo, integrando os aspectos cognitivos e
afetivos.

Nossos fundamentos se sustentam pela epistemologia genética e pelas


reflexões a cerca do homem, seus vínculos e desejos que o influenciam em
suas modalidades de aprendizagem. Nosso trabalho tem como objetivo
garantir a aplicação do raciocínio na manipulação do conteúdo escolar e
cultural de maneira que a criança se identifique e se aproprie da utilização dos
conceitos aprendidos em qualquer circunstância ou relação.

Nosso olhar como psicopedagogo é um constante desvendar dos


conteúdos específicos, sem deixá-los de lado, buscando abstrair dos mesmos,
conceitos implícitos, mecanismos operatórios e sobretudo a maneira como se
dá a construção desse conhecimento, assim como seus vínculos afetivos.
45

Psicopedagogo é o profissional que auxilia na identificação e na


resolução dos problemas no processo do aprender. Este profissional está
capacitado a lidar com as mais diversas dificuldades de aprendizagem, um dos
fatores atuais que leva uma boa parcela de aluno à multirrepetência , ao
fracasso escolar e, conseqüentemente, à evasão.

Weiss (2001) entende como fracasso escolar uma resposta insuficiente


do aluno a uma demanda “exigida” pela unidade escolar, algo deverá ser
investigado, num envolvimento global, onde todos os profissionais que fazem
parte desta organização caminhem juntos ao encontro e no repensar de suas
posturas pedagógicas.

O profissional da psicopedagogia detém um conhecimento científico


específico oriundo da articulação de várias áreas envolvidas nos processos e
caminhos do aprender. Cabe a ele intervir, visando a solução dos problemas de
aprendizagem e tendo como foco o aluno ou a organização educadora
(escola).

O psicopedagogo deve ter a consciência de observar o indivíduo como


um todo: coordenação motora ampla, aspecto sensório-motor, dominância
lateral, desenvolvimento rítmico, desenvolvimento motor fino, criatividade,
evolução do traçado e do desenho, percepção espacial e articulação dos sons,
aquisição de palavras novas, elaboração e organização mental, atenção e
coordenação, bem como, expressões, aquisição de conceitos, e, ainda
desenvolvimento do raciocínio lógico-matemático.

O trabalho do psicopedagogo está inserido no processo ensino-


aprendizagem, atuando primordialmente, junto aos profissionais
comprometidos nas instituições escolares de forma preventiva, detectando os
momentos de dificuldades e prevendo questões que seriam motivo de
tratamento futuro na vida educacional dos aprendentes, como também,
interagindo com o organograma escolar quando os problemas de dificuldades
46

de aprendizagem já estiverem instalados, trabalhando nos diagnósticos e nas


terapias psicopedagógicas. Segundo Vygostky (1982):

“A atividade é uma manifestação exclusiva do ser


humano, pois só este tem a capacidade de criar algo novo
a partir do que já existe. Através da memória, o homem
pode imaginar situações futuras e formar outras imagens.
Sendo assim, a ação criadora reside no fato de não-
adaptação do ser”. (http.www.psicopedagogia.com.br).

Vejamos agora mais detalhado o que será observado durante todo o


processo de acompanhamento do psicopedagogo:

• Distúrbios de leitura e escrita.


• A Psicomotricidade.
• Percepção e descriminação visual e auditiva
• Coordenação global, fina e óculo-manual.
• A função simbólica dentro do desenvolvimento psicomotor.
• Percepção espacial.
• Orientação e relação espaço-temporal.
• Aquisição e articulação de sons e palavras novas.
• Elaboração e organização mental.
• Atenção e concentração.
• Raciocínio lógico.
• Percepção pessoal e familiar,
• Construção cognitiva,
• Construção de vínculos: afetivos, sociais e escolar.
5.1- Objetivo

• Favorecer e auxiliar aqueles indivíduos que se sentem impedidos para o


saber.
• Auxiliar indivíduos com transtornos de aprendizagem.
47

• Reintegrar o sujeito da aprendizagem a uma vida escolar e social


tranqüila, bem como, a uma relação mais afetiva consigo e com o outro.
• Levar o indivíduo ao reconhecimento de suas potencialidades.
• Auxiliar o indivíduo no reconhecimento dos limites e como interagir
diante deles.
• Ajudar o indivíduo na busca de alternativas para alcançar o saber.
• Resignificar conceitos que influenciam o indivíduo no momento do
aprender.

5.2- O Trabalho Psicopedagógico

O diagnóstico psicopedagógico permite-nos um trabalho amplo que


abrange desde a intervenção específica e individual, no que se refere aos
alunos com transtornos, até a reflexão sobre o processo de ensino-
aprendizagem. Para tanto nosso trabalho psicopedagógico é construído em
cinco movimentos que consiste em:

Movimento Preventivo

Auxilia professores, técnicos e profissionais da área diante das


complexidades apresentadas no cotidiano, bem como, na busca da
aplicabilidade de novas técnicas e conhecimentos com a intenção de eliminar
as fraturas de aprendizagem.

Orienta os pais e responsáveis para melhor conduzirem as crianças na


construção das modalidades de aprendizagem. Analisar a situação do aluno
com dificuldades dentro dos limites da escola e da sala de aula, a fim de
proporcionar orientações e instrumentos de trabalho aos professores, para que
sejam capazes de modificar o conflito estabelecido.
48

Movimento de Intervenção Escolar

Consiste em avaliar o espaço físico e psíquico da aprendizagem quanto


aos seus processos didáticos-metodológicos e a dinâmica institucional
utilizada. Observa o material didático e sua utilização, as aulas, os
professores, os alunos e as relações estabelecidas professor, aluno e escola.
Diagnostica as rupturas e apresentar soluções contextualizadas à escola e
seus objetivos.

Movimento de Acompanhamento Individual

Deve compreender o sujeito de maneira global, percebendo qual é a


dimensão da suas relações: família, escola e sociedade. Como aprende, qual o
transtorno de aprendizagem e qual a hipótese da fratura do aprender. Esse
movimento se dá diretamente com o sujeito num atendimento individualizado,
buscando investigar, intervir e significar o que não vai bem com o sujeito, seja
no âmbito da aprendizagem ou no âmbito social sempre numa perspectiva de
resignificação dos conceitos.

Movimento Psicomotor

Atender crianças com transtornos motores e dificuldade na construção


da imagem corporal. O atendimento Psicomotor busca auxiliar o indivíduo na
construção do simbólico no qual se posicionam o corpo e a motricidade do
indivíduo.

Quando ocorre o fracasso da representação do próprio corpo é que o


atendimento psico-motor se articula num processo que visa resgatar
novamente o que está submerso a estrutura do sujeito.
49

Movimento de Orientação Sistemática para pais e responsáveis

Atua com os pais e responsáveis esclarecendo dúvidas, preparando e


organizando procedimentos de maneira sistemática afim de que a dinâmica
familiar possa ser resignificada gradativamente com apoio, fundamentação
teórica e supervisão constante.

Movimento de Acompanhamento Individual

O atendimento psicopedagógico individualizado é composto de duas etapas:

a) Avaliação

Na busca de um diagnóstico aplicamos testes e avaliações que nos


darão subsídios e nos permitirão elaborar um parecer tanto para os pais como
para os profissionais de Educação diretamente ligados a criança ou jovem.

A avaliação é composta por no mínimo cinco e no máximo sete


encontros semanais. Desses encontros, dois são dedicados aos pais e/ou
responsáveis, filhos quando necessário e a criança ou jovem que realizará os
testes.

No primeiro encontro faremos a entrevista com os pais e/ou


responsáveis, bem como, com a criança. E no último encontro daremos a
devolutiva tanto para os pais como para a criança, ou seja, estaremos
devolvendo o resultado das avaliações e também do nosso parecer e
indicações.

Será entregue um relatório escrito para a escola com parecer do


psicopedagogo, com o objetivo de criar parcerias no momento da construção
do saber da criança ou jovem em questão.
50

b) Intervenção

Esse é o segundo momento do atendimento, posterior ao diagnóstico,


em que passamos a desvendar e intervir junto ao sujeito da aprendizagem.
A cada 15 atendimentos os pais ou responsáveis terão uma devolutiva do
trabalho que vem sendo desenvolvido, bem como, dos progressos e
resultados.

Vale lembrar que o diagnóstico não é algo estanque, pelo contrário ele
está submetido a dinâmica, atuação e desenvolvimento da criança.
Durante a intervenção a escola também receberá nossos relatórios e visita
como continuidade da parceria proposta na avaliação.
51

CONCLUSÃO

Após análise dos dados coletados cujo objetivo foi verificar as causas e
implicações as dificuldades de aprendizagem, identificar as problemáticas que
afetam alunos portadores dessas dificuldades e avaliar a posição do
psicopedagogo diante uma situação dessa, percebi que não existe um único
“culpado” pelo surgimento da dificuldade de aprendizagem na criança e sim, é
atribuída à debilidade das capacidades intelectuais, à cultura desviante e as
outras características como: as dislexias (para dificuldade da leitura), as
disortografia (dificuldade em ortografia) e as discalculia (dificuldade em
cálculos) que serve como rótulos.

Em fase da criança com dificuldade de aprendizagem, muitas vezes a


escola e os profissionais da educação não levantam problema a estrutura da
escola, estrutura social e a inadequação dessa estrutura à situação real de vida
da criança, daí podem surgir os motivos da dificuldade de aprendizagem, uma
aproximação e conhecimento do aluno e suas necessidades. Principalmente se
estes alunos apresentam uma realidade diferente da realidade do ensinamento.

Portanto, buscar soluções para a dificuldade de aprendizagem não


consiste em patologizar o aprendente, mas em ampliar o foco, abrindo para
outras variáveis que também influenciam no processo de aprendizagem como
incluir o método de ensino, as relações ensinantes-aprendentes, os aspectos
sócio-culturais e a história de vida do sujeito.

Nós educadores e psicopedagogos devemos buscar o significado do


aprender para o sujeito e sua família, tentando descobrir a causa do não
aprender. Conhecer como se dá a circulação de conhecimento na família, qual
a modalidade de aprender para a criança, não perdendo de vista qual o papel
da escola na construção do problema de aprendizagem, tentando também
lugajar a família no projeto de atendimento para ampliar seu conhecimento,
52

também organizar metodologias para facilitar a aprendizagem e o desempenho


escolar.
53

ANEXOS
54
55
56
57
58

BIBLIOGRAFIA

DELOURS, Jaques. Educação: Um tesouro a descobrir. Relatório


para Unesco da Comissão Internacional sobre Educação para o
século XXI. – 3ª ed. São Paulo: Cortez; Brasília, DF: MEC
UNESCO, 1990.

FERNANDEZ, Alicia. Inteligência Aprisionada. Porto Alegre: Artes


Médicas, 1990-1991.

BAQUERO, Ricardo.Vygotsky e a aprendizagem escolar. Porto


Alegre: Artes Médicas, 1998.

FONSECA, Vitor da. Introdução às Dificuldades de Aprendizagem.


2ª ed. Porto Alegre: Artes Médicas, 1995.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler. São Paulo, Ed. Cortez,


1990

REVISTA NOVA ESCOLA. Ed. Abril, agosto, 2003.

PPROJETO, Linha Direta em benefício da Educação. Sinepes. Ano


3 nº 22

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59

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60

ÍNDICE

OBJETIVO 2
AGRADECIMENTO 3
DEDICATÓRIA 4
RESUMO 5-6
METODOLOGIA 7
SUMÁRIO 8
INTRODUÇÃO 9-10
CAPÍTULO I 11
O QUE É DEFICIÊNCIA DE APRENDIZAGEM 12-13-14
CAPÍTULO II 15
DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM 16-17-18-19-20-21
CAPÍTULO III 22
DIFICULDADES GLOBAL 23
3.1- A escola 23-24-25-26
3.2- A família 26-27-28
3.3- Culturais 28
3.4- Medicamentos 28-29
CAPÍTULO IV 30
DISFUNÇÃO CEREBRAL 3 1-32-33-34-35-36-37-38-39-40-41-42
CAPÍTULO V 43
O PAPAEL DO PSICOPEDADGOGO DIANTE DAS DIFICULDADES DE
APRENDIZAGEM 44-45-46
5.1- Objetivo 46-47
5.2- O Trabalho Psicopedagógico 47-48-49-50
CONCLUSÃO 51-52
ANEXOS 53-54-55-56-57
BIBLIOGRAFIA 58-59
ÍNDICE 60
FOLHA DE AVALIAÇÃO 61
61

FOLHA DE AVALIAÇÃO

UNIVERSIDADE CANDIDO MENDES


PROJETO A VEZ DO MESTRE
Pós –Graduação “Lato Sensu”

Título do Trabalho: O papel do Pisicopedadogo diante as Dificuldades de


Aprendizagem nas crianças

Data da Entrega: 27-04-2004.

Auto Avaliação:
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Avaliado por: _________________________________Grau _____________.

Rio de Janeiro, 27 de março de 2004.

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