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A NEUROPSICOPEDAGOGIA INTERVINDO NA MELHORIA DAS


DIFICULDADES DE APRENDIZAGEM: UMA REVISÃO DE
BIBLIOGRAFIA

Debora thais Alves de almeida.

RESUMO- O pensar a relação entre a prática pedagógica e a neuro psicopedagogia, eis o


grande desafio dos educadores. Os avanços da Neurociência trouxeram valiosas
contribuições à Educação, favorecendo o entendimento de como se aprende e a descoberta
das melhores formas de se ensinar. Proporcionar o acesso às recentes pesquisas da área que
mostram como as mudanças físicas e químicas cerebrais interferem na aprendizagem e
discutir as diferentes estratégias de ensino que favoreçam as peculiaridades de cada aluno e
de cada situação em sala de aula, e também no âmbito institucional. Assim, a escolha do
tema deve-se ao crescente número de crianças com dificuldades na aprendizagem nas
escolas e à falta de preparo dos profissionais envolvidos para lidar com tais problemas,
surgindo, então, a necessidade de conhecer caminhos que levem os educadores e demais
profissionais envolvidos no processo ensino aprendizagem ao conhecimento de como
orientar este aluno, e sua família, ajudando-os a alcançar o sucesso escolar e pessoal.

PALAVRAS-CHAVE: Prática. Ensino. Neuro psicopedagogia.

1 INTRODUÇÃO

O que permeiam nos caminhos da escola são os mais variados desafios onde citam-
se avaliação, dificuldades de aprendizagem e práticas pedagógicas que buscam a solução de
problemas. Nestes caminhos surge a neuro psicopedagogia como uma área abrangente que
norteia de forma completa as melhores considerações da aprendizagem humana.

As buscas de intervenções são de grande valia não só para estímulos em criança em


desenvolvimento “normal”, mas principalmente para aquelas com transtornos diversos que
necessitam de um olhar apurado em seu tempo de aprendizagem, tendo em vista que todo
ser humano aprende, não importando suas limitações. Avaliar sempre. Cabe aqui ao
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professor verificar e avaliar o seu próprio desempenho no decorrer das suas aulas, através
do desenvolvimento dos seus alunos, principalmente buscando uma prática que vem de
encontro as necessidades dos seus alunos. Então ele poderá estar apontando/buscando
estratégias para que a criança tenha oportunidade de se alfabetizar na idade certa e
compreender como o conhecimento se processa.

A neuro psicopedagogia estuda como o cérebro humano aprende e como guarda este
aprendizado, tendo o cérebro como propulsor deste aprendizado. Sabe-se que
aprendizagem, memória e emoções ficam interligadas quando ativadas pelo processo de
aprendizagem, pois a capacidade de aprender está ligada ao prazer que a conquista do
conhecimento pode proporcionar, principalmente quando este conhecimento é produzido
pelo próprio educando, conclui-se que o nível de emoção no momento do aprender interfere
no resultado do processo. É indispensável que as experiências de aprendizado têm de levar
em conta diferenças individuais, de forma que também a diversificação do currículo para
acomodá-las seja uma meta educacional cada vez mais importante. Nesse sentido, a
problemática a ser estudada resume-se na seguinte indagação: de que maneira a neuro
psicopedagogia pode ser aplicada como uma maneira de facilitar a aprendizagem tanto no
âmbito escolar como institucional?

Já que o cérebro vai se modificando fisiológica e estruturalmente, conhecer as bases


neurobiológicas da aprendizagem torna-se indispensável para o professor. Pois nenhum
sistema de ensino pode impor uma homogeneidade ou “normalidade” ideal e, sim,
assegurar a inclusão de todos os alunos, pois educar na diversidade é hoje o grande desafio
dos professores que atuam em salas de aula cada vez mais heterogêneas, incluindo alunos
com deficiências, transtornos, distúrbios, síndromes, dificuldades, enfim, modalidades
diferentes.

A relevância deste estudo pauta-se na desinformação acerca do tema, visto que a


sociedade atual se encontra deficiente de atenção e memória por circunstâncias advindas da
modernidade, da correria do cotidiano, da pressa e ansiedade gerada pelos adultos e
perpassada para as crianças seja em casa e/ou na escola, e, por vezes, pela falta de tempo ou
paciência em falar ou agir com a criança dentro de seu ritmo de maturidade, ensinando-a
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dentro de seu perfil. Esse tipo de situação cotidiana gera ansiedade e por vezes interfere na
atenção

A metodologia utilizada será a quantitativa e qualitativa, baseada na revisão de


literatura feita a partir da seleção de artigos e teses acadêmicas em bancos de dados como o
SciElo e Google Acadêmico, selecionando estudos que têm pertinência com o tema
estudado.

2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Dificuldades na aprendizagem: uma visão geral.

No âmbito escolar nota-se em evidência a preocupação do docente em identificar e


estabelecer relações entre as dificuldades de aprendizagem. Muitas perguntas sondam salas
de aulas e reuniões de professores, tais como: A dificuldade de aprendizagem pode tornar-
se progressiva na vida do aluno? Que tipo de dificuldade é esta, em que o aluno não possui
domínio para assimilação e compreensão ortográfica? Quais as causas das dificuldades de
aprendizagem? Estas e outras perguntas tornaram-se corriqueiras na vida de muitos
docentes, por muitas vezes serem desconhecedores de algumas dificuldades de
aprendizagem mais frequentes na vida do educando, sendo elas abordadas no decorrer deste
trabalho.

Conforme Ciasca (2004), um dos principais distúrbios da aprendizagem é a dislexia,


disgrafia, discauculia. Sendo a dislexia o tipo de distúrbio mais comum. Porém, na
realidade o que se vê mais é o distúrbio generalizado da leitura e escrita e raciocínio
matemático. A dificuldade de conhecimento da definição do que é dislexia, faz com que se
tenha criado um mundo tão diversificado de informações, que confunde e desinforma a
causa ainda ignorada da evasão escolar em nosso país, e uma das causas do “analfabetismo
funcional”, que permanece envolta do desconhecimento. (RODRIGUES; SILVEIRA,
2008).
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Para Romagnoli (2008), o desenvolvimento neurológico é caracterizado pelas


diferentes funções do sistema nervoso que se vão estabelecendo ordenada, progressiva e
cronologicamente, sendo considerado cada nível etário de maturação corresponde ao
desenvolvimento de novas funções.

De acordo com Copovilla (2003), quando se fala em dificuldade de aprendizagem é


difícil esclarecer, existem diferentes teorias, e muitas contraditórias sobre as possíveis
causas das dificuldades de consciência e de leitura e escrita, dividindo-se em grande parte
em sua complexidade.

O termo distúrbio tem-se usado e utilizado para indicação de perturbação na


aquisição e utilização de informações ou habilidades para resolução de problemas.
Existindo uma falha no ato de aprender, existindo uma modificação no processo de
assimilação da aprendizagem externas e internas do indivíduo (VALLET, 1990).

Conforme Ciasca (2004), um dos principais distúrbios da aprendizagem é a dislexia,


disgrafia, discauculia. Sendo a dislexia o tipo de distúrbio mais comum. Porém, na
realidade o que se vê mais é o distúrbio generalizado da leitura e escrita e raciocínio
matemático. O distúrbio de aprendizagem é o mais inter e multidisciplinar dos temas,
requerendo encaminhamento para vários profissionais das áreas de saúde, assistência social,
para a execução de um trabalho de intervenção e remediação.

Para Oliveira (1993), no que se diz respeito às causas e fatores relacionados à


dificuldade de aprendizagem, sendo a Interrelação de vários fatores, tais como: privações
culturais e psicossociais. Tendo como influencia no desenvolvimento do aluno e por
seguinte seu aproveitamento escolar. Sendo também a dificuldade de aprendizagem difícil
de identificar suas causas.

Segundo Araújo (1995), dentre as várias manifestações de dificuldade de


aprendizagem aludi: problemas cognitivos, emocionais, perceptivos, psicolinguísticos,
psicomotores e de memória, em alguns casos essas manifestações podem aparecer em
conjunto, outras isoladamente, ocasionando a dificuldade do aluno.

Para Gomes (2000), cada teoria contém sua especificidade, podendo-se extrair do
conjunto de suas concepções alguns aspectos, em maior ou menor escala. Sendo o primeiro
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aspecto referente ao problema localizado no aluno. O segundo a concepção organista, o


aluno nasce com esse problema físico, podendo ser hereditário neurológico, onde sua
inteligência estará comprometida.

Para Gonçalves (2003), a aplicação do modelo neuropsicológico aos distúrbios de


aprendizagem considera que eles constituem a expressão de uma disfunção cerebral
específica, causada por fatores genéticos ou ambientais que alteram o
neurodesenvolvimento. Possuindo assim, os sistemas funcionais um relacionamento com as
funções cognitivas.

Conforme Giachete (2002), os transtornos de aprendizagem muitas vezes estão


acompanhados de falta de motivação, imaturidade e problemas comportamentais. Porém,
caso a criança apresente dificuldades significativas e mais duráveis em termos das
habilidades básicas de leitura, escrita e aritmética, o problema deve ser um distúrbio de
aprendizagem. De forma generalizada têm-se aplicado o termo distúrbio de aprendizagem,
de modo indiscriminado, para uma grande variedade de casos, sempre com a conotação de
que o problema está centrado em quem aprende quando, muitas vezes, ele pode ser de
ordem pedagógica/metodológica.

2.2 Afetividade e dificuldades de aprendizagem.

Apesar da individualidade do ser humano, o mesmo apresenta diversas formas de


relações, sabe-se que na sua maioria são complexas, e no ambiente educacional não é
diferente, é na sala de aula que as crianças começam a criar novas relações. As relações
humanas se estruturam através das interações entre as pessoas no seu dia-a-dia, por
intermédio de uma rede de situações oriundas do próprio ser, em aquisições de experiências
passadas e presentes e da interação do próprio indivíduo com o meio.

Bock (1998), afirma que se entende por afetividade, qualidade do que é afetivo;
afeição; carinho. Segundo ANDREAZZA (1997, p.02) etimologicamente “a palavra
afetiva decorre do latim affectus, que significa capaz de sentimento ou emoção”. Para
CABRAL (2016, p.05), o afeto é qualquer espécie de sentimento e (ou) emoção associada à
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ideia ou a complexos de ideias. “A afetividade é o território dos sentimentos, das paixões,


das emoções, por onde transita os medos sofrimentos interesses, alegrias” (FREIRE, 1997,
p.170).

Quando falamos em afetividade devemos levar em consideração as emoções, elas


são expressões da vida afetiva, são acompanhadas de reações breves e intensas do
organismo em resposta de uma situação inesperado. Para DAMÁSIO (2000) é o conjunto
complexos de químicas e neurais determinadas biologicamente e dependentes de
mecanismos cerebrais. As emoções podem ser as mais diversas, raiva, medo, tristeza,
alegria, entre outras.

Podem ser fortes, fracas, passageiras duradouras e podem mudar com o tempo,
fazendo com que uma coisa que nunca nos emocionou passe a nos emocionar. Uma mesma
reação pode expressar emoções diferentes, exemplo: podemos chorar de tristeza ou de
alegria. De acordo com as emoções que temos, diante de cada situação, podemos avaliar
melhor o que nos acontece. As emoções têm uma função adaptativa e também podem ser
entendidas como uma possibilidade de linguagem, na medida em que podemos dizer ao
outro o que sentimos, através delas.

Para Damásio (2000) as emoções usam o corpo como teatro. Desta forma, podemos
entender emoção como um estado interno do organismo, e tem um papel regulador flexível
no funcionamento do corporal e psíquico do ser humano. Emoções como alegria, raiva,
angústia e culpa são elementos bi reguladores que bem desenvolvidos podem melhorar
nosso bem-estar e sobrevivência.

Na concepção de Capelatto (2006) a afetividade é a dinâmica mais profunda e


complexa de que o ser humano pode participar. O autor ainda complementa afirmando que
a afetividade é a mistura de todos esses sentimentos e aprender a cuidar adequadamente de
todas essas emoções é que vai proporcionar ao sujeito uma vida emocional plena e
equilibrada.

O professor é peça fundamental no processo educacional, pelo papel que ele


representa diante do aluno, como educador e transmissor de conhecimentos. Porém, ele é
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esmagado pelo sistema que não lhe dá condições necessárias para desempenhar
satisfatoriamente esse papel, e ainda é acusado pelo fracasso do ensino.

Somente outra maneira de agir e de pensar pode levar-nos a viver outra educação
que não seja mais o monopólio da instituição escolar e de seus professores, mais sim uma
atividade permanente, assumida por todos os membros de cada comunidade e associadas de
todas as dimensões da vida cotidiana de seus membros. (FREIRE,1980)

O Aprender se torna mais interessante quando o aluno se sente competente pelas


atitudes e métodos de motivação em sala de aula. O prazer pelo aprender não é uma
atividade que surge espontaneamente nos alunos, pois, não é uma tarefa que cumprirá com
satisfação, sendo em alguns casos considerados como obrigação. Para que isso possa ser
melhor desenvolvido, o professor deve despertar a curiosidade dos alunos, acompanhando
suas ações no desenrolar das atividades em sala de aula.

A relação Aluno-Professor são peças fundamentais, embora complexas, são as


relações humanas na realização das interações dele como indivíduo. Desta forma, a análise
da relação entre professor/aluno envolve circunstâncias próprias desse tipo de
relacionamento, sem, contudo, excluir as bases comuns aos demais tipos de relações.

A interação que se caracteriza pela seleção de elementos inerentes ao processo de


aprendizagem, no qual a organização e a sistematização didática servirão como base para
facilitar o aprendizado dos alunos e exposição do conteúdo material pelo professor. Será
realmente que um bom aprendizado se dará como responsável apenas do entrelaçamento
entre o conteúdo ‘transmitido’ e o aprendizado, ou mais, sobre o resultado desse processo
de aprendizado?

Evidentemente se nos pusermos sob esta perspectiva o que nos acarretará será a
sensação de plena frustração, pois não se deve esperar que em uma sala todos os alunos
saiam dali detentores da plenitude do conteúdo. Frustração que permeia constantemente a
vida escolar. Por outro lado, isso não significa que por não serem todos os alunos que
‘entenderão’ a matéria que o professor deverá se eximir de suas responsabilidades, como,
por exemplo, a de dignificar sua profissão, com empenho e não com mera lassitude.
(OLIVEIRA, 2008).
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Silva (2002, p.06), explica que é “imposto ao profissional de educação desenvolver


habilidades que possibilitem uma melhor adaptação às novas culturas e aos novos padrões
de conduta social. ” Além disso, o acelerado processo de globalização em que se encontra o
país insere o homem em um ambiente de alta competitividade e seletividade.

Ainda segundo Freire (1996) que professor autoritário, o professor licencioso, o


professor competente, sério, o professor incompetente, irresponsável, o professor amoroso
da vida e das gentes, o professor mal-amado, sempre com raiva do mundo e das pessoas,
frio, burocrático, racionalista, nenhum deles passa pelos alunos sem deixar sua marca.

Apesar da importância da existência de afetividade, confiança, empatia e respeito


entre professores e alunos para que se desenvolva a leitura, a escrita, a reflexão, a
aprendizagem e a pesquisa autônoma; por outro, Siqueira (2005), relata que os educadores
não podem permitir que tais sentimentos interfiram no cumprimento ético de seu dever de
professor. Assim, situações diferenciadas adotadas com um determinado aluno (como
melhorar a nota deste, para que ele não fique de recuperação), apenas norteadas pelo fator
amizade ou empatia, não deveriam fazer parte das atitudes de um “formador de opiniões”.

Logo, a relação entre professor e aluno depende, fundamentalmente, do clima


estabelecido pelo professor, da relação empática com seus alunos, de sua capacidade de
ouvir, refletir e discutir o nível de compreensão dos alunos e da criação das pontes entre o
seu conhecimento e o deles. Indica também, que o professor, educador da era industrial
com raras exceções, deve buscar educar para as mudanças, para a autonomia, para a
liberdade possível numa abordagem global, trabalhando o lado positivo dos alunos e para a
formação de um cidadão consciente de seus deveres e de suas responsabilidades sociais.

2.3 A Neuropsicopedagogia presente na Educação

O objetivo inicial da psicopedagogia era, então, realizar a reeducação ou a


remediação e, desta forma, promover o desaparecimento do sintoma. Posteriormente, o
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foco de atenção passou a ser a compreensão do processo de aprendizagem e a relação que o


educando estabelece com sua aprendizagem; seu objetivo de estudo torna-se mais
abrangente. Dada a complexidade dos problemas de aprendizagem, a psicopedagogia
possui caráter multi e transdisciplinar, buscando conhecimento em diversas áreas do
conhecimento, além da psicologia e da pedagogia.

O desafio em responder ao diálogo possível entre Neurociência e a Psicopedagogia


necessita de pesquisa, já que antes de solucionar um problema prático faz-se necessário
compreendê-lo no plano teórico (BOOTH, COLOMB, WILLIANS, 2007).

A psicopedagogia apresenta um ponto de vista inclusivo, dada a sua preocupação


com as dificuldades apresentadas pelos educandos em sua aprendizagem, assunto este que
atualmente tem preocupado cientistas, pais e educadores.

A hipótese inicial que norteou este trabalho é que a neurociência oferece um grande
potencial para nortear a educação na instituição escolar. Contudo, é necessário construir
elos entre a aplicação da neurociência e a prática educacional, para que essas ligações
sejam engajadas no decorrer do percurso na unidade escolar.

Para Relvas (2011), estes cenários revelam uma relação entre educação e saúde que
tem sido, portanto, mediada pela neurociência. A autora enfatiza que, a neurociência é uma
ciência que estuda o sistema nervoso central bem como sua complexidade, através de bases
cientificas, dialogando também com a educação, através de uma nova subárea, a
neurodidática ou neroeducação. Este ramo novo da ciência estuda educação e cérebro,
entendendo este último como um órgão “social”, passível de ser modificado pela prática
pedagógica.

O cérebro é o comando do corpo, e o desenvolvimento desses comandos, depende


dos estímulos ambientais que irão moldar as atitudes, os conhecimentos e o modo de vida
do indivíduo. O fato de conhecer como o cérebro funciona, e as causas das dificuldades de
aprendizagem, não é o mesmo que saber o que fazer para que o problema seja sanado, ou
pelo menos minimizado. Então, faz-se necessário estabelecer novas estratégias de conduta
profissional, que facilitem o alcance dos objetivos almejados e promover uma condição
facilitadora de aprendizagem para todos os educandos.
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A Neurociência aplicada à educação pode ser compreendida como o estudo da


estrutura, do desenvolvimento, da evolução e do funcionamento do sistema nervoso,
voltado para a obtenção de informações, solução de problemas e modificação de
comportamento. Na prática, a aproximação entre a Neurociência e a Psicopedagogia podem
reverter em melhorias de qualidade de vida e contribuir para a compreensão no processo de
aprender a aprender. (HENNEMAN, 2012)

Para que essas possibilidades sejam atendidas, esses sujeitos precisam ser pensados
a partir de suas peculiaridades e diferenças no processo de aprender, pois carregam uma
série de mudanças biológicas e ambientais, além de distintas trajetórias de vida e de
aprendizagens formais e informais que a unidade escolar precisa considerar. As
compreensões das dificuldades de aprendizagem, torna-se necessária para que se possa
detectar a sua origem, pois este é um fator importante para que se possa compreender o
educando no processo de aprendizagem.

Entender esse processo requer iniciar pela compreensão da estrutura biológica e


social que sustenta a aprendizagem dos educandos, afinal essa aprendizagem é um processo
múltiplo, a não aprendizagem é um componente normal do processo. O importante não é
medir o que não se aprendeu, mas, a partir da avaliação, calcular o que se conseguiu, em,
que espaço de tempo, com que meios.

Conhecer as conexões neurais do educando é importante para que sejam elaboradas


atividades que desenvolvam suas funções motoras, sensitivas e cognitivas, e os
profissionais envolvidos na educação compreendam que a ação comportamental do
educando é fruto de uma atividade cerebral dinâmica.

Segundo Relvas (2011), o encéfalo encontra-se localizado no interior do crânio,


protegido por um conjunto de três membranas, que são as meninges. E constituído por um
conjunto de estruturas especializadas que funcionam de forma integrada para assegurar
unidade ao comportamento humano. E formado pelo Bulbo raquidiano, Hipotálamo, Corpo
caloso, Córtex cerebral, Tálamo, Formação reticular, Cerebelo e Hipófise. Relvas (2011, p.
21) diz que:

... o universo biológico interno com centena de milhões de pequenas


células nervosas que formam o cérebro e o sistema nervoso comunicam-se
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umas com as outras através de pulsos eletroquímicos para produzir


atividades muito especiais: nossos pensamentos, sentimentos, dor,
emoções, sonhos, movimentos e muitas outras funções mentais e físicas,
sem as quais não seria possível expressarmos toda a nossa riqueza interna
e nem perceber o mundo externo, como o som, cheiro, sabor.

Nas últimas décadas a neurociência tem se tornado uma ciência amplamente


pesquisada e bastante reconhecida, contribuindo de maneira significativa para o
desenvolvimento de soluções de diversas doenças e transtornos, sobretudo educacionais. O
profissional em Neuropedagogia tem como princípio compreender as respostas cerebrais
que surgem através dos estímulos externos.

Segundo Relvas:

É fundamental que os educadores e os pais conheçam as estruturas


cerebrais como “interfaces” da aprendizagem para a ininterrupção do
desenvolvimento também biológico. E, para isso, os estudos da biologia
do cérebro vêm contribuindo para a práxis em sala de aula, na
compreensão das dimensões cognitivas, motoras, afetivas e sociais no
redimensionamento do sujeito aprendente e suas formas de interferir nos
ambientes pelos quais perpassa”. (2005, p.31)

A autora Marta Relvas pontua particularidades psíquicas ativadas pelas diferentes


metodologias, que influenciam diretamente no processo de aprendizagem. As unidades
escolares e seus educadores perpetuam a educação tradicional que tem como foco o
pensamento de reproduzir, sendo assim, o educador fala e escreve na lousa, o educando
cópia, ou seja, tudo faz parte de um contexto somativo, atualmente pode-se pensar
diferente, na construção de um saber, pensar no indivíduo que constrói seus saberes não
acima do que está reproduzindo, mas construindo.

É preciso aceitar que na unidade escolar, nas turmas em que estão inseridos cada
educando é único no que tange a sua integralidade: o saber, a cultura, biologia, psicologia e
social, logo ele é único no seu processo de aprender. Se assim ele for compreendido, o
educador passa a ter um novo olhar educativo.

O mundo está em constante transformação, então, faz-se necessário que o educador


esteja atualizado, qualificado. O educando requer informações mais precisas, e a unidade
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escolar precisam fazer com que seu educando se torne questionador, um cidadão critico,
formador de opiniões, independente em seus pensamentos.

Quanto mais engajamento dos profissionais multidisciplinares houver, melhor será o


resultado. Afinal a aprendizagem se dá quando o indivíduo se mostra apto a mudar seu
comportamento e isso só acontece quando as conexões cerebrais se fortalecem. Para que
esse fortalecimento aconteça, cabe ao educador, psicopedagogo, e outros profissionais
transformar uma simples aula, um simples atendimento, em um momento propicio para a
observação e a experimentação, gerando a motivação necessária à aprendizagem,
transformando o que poderia ser fracasso, em sucesso.

Jogo, brincadeiras, roda de conversa, dinâmica de grupo, tipos variados de


atividades podem funcionar como estímulos modificadores nas várias disciplinas escolares
e institucionais. Relvas (2011) enfatiza que, embora, o conhecimento sobre o cérebro não
seja satisfatório, é conveniente que os profissionais envolvidos com a educação
compreendam e aceitem que existem anormalidades que geram déficits cognitivos de graus
variados.

Cabe ressaltar que podemos observar que, apesar de indivíduos apresentarem uma
mesma anomalia, na unidade escolar, por exemplo, o desempenho de cada um vai depender
mais de sua vivência fora da unidade escolar, do que do desempenho acadêmico
propriamente dito, independente do esforço do profissional. É importante ressaltar que a
psicopedagogia trata do processo de aprendizagem do ser humano, e sendo assim, torna-se
necessária a busca em outras áreas de conhecimento para aprimorar os desafios.

Ao tratarmos do tema aprendizagem nos deparamos com um leque de


questionamentos. Afinal o processo de aprendizagem é complexo, e por isso torna-se
necessário que haja o engajamento de outros profissionais de outras áreas para atuarmos.
Cabe aos profissionais passar a ter um novo olhar para a educação com a intensidade e
complexidade que tem, e não trabalhar sozinho. Sempre procurar auxilio de parcerias que
lhe sirva de estímulo, supervisão e busca conjunta de soluções.
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3 CONCLUSÃO

Este estudo teve como principal objetivo descrever de que forma a


Neuropsicopedagogia pode contribuir com a prática pedagógica. Considerando que a
educação é o feixe central da interdisciplinaridade que engloba aspectos antropológicos,
filosóficos, biológicos e psicológicos da espécie humana. Transpondo essa colocação para o
foco desta pesquisa, que revelou a prática no cotidiano escolar e possíveis caminhos, aqui
dando ênfase na formação continuada dentro do PNAIC (Plano Nacional de Alfabetização
na Idade Certa) pode-se dizer que o cérebro desempenha o papel deste feixe na formação
do intelecto humano, através de conexões neurais que são a polarização dos opostos em
busca de caminhos para o aprendizado.

Apontar para que a Neuropsicopedagogia contribua na busca para uma melhor


maneira de consolidar a aprendizagem, principalmente quando as funções motivacionais
estão defasadas e o comportamento emocional deficiente. Por entender a importância do
cérebro no processo de aprendizagem, consideram-se, aqui, as contribuições da
Neurociência para a formação de professores, com o objetivo de oferecer aos educadores
um aprofundamento a esse respeito, para que se obtenham melhores resultados no processo
de ensino-aprendizagem.

Cabe a escola e à instituição desenvolver medidas de intervenção eficazes para a


participação da família na vida escolar do aluno, contribuindo assim para um bom
rendimento na vida do educando e da comunidade escolar.

A neurociência é será um poderoso auxiliar na compreensão do que é comum a


todos os cérebros, pode-se através do conhecimento das descobertas da Neurociência,
utilizá-la na nossa prática educativa. A aproximação entre as neurociências e a pedagogia é
uma contribuição valiosa para o professor e sua prática.

Os alunos apontam uma ansiedade que a escola não está dando conta e relevante
pois, alguns professores encontram muitas dificuldades para lidar com a diversidade na sala
de aula, sendo muito comum trabalhar as mesmas tarefas com todos os alunos quando lá se
encontram alunos que não acompanham o raciocínio. As crianças são o resultado de suas
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experiências. Para compreender seu desenvolvimento é preciso considerar o espaço em que


elas vivem, a maneira como constroem significados, as práticas culturais e etc.

Para destacar essas diferenças extremamente importantes para a


Neuropsicopedagogia sabe-se hoje que cada ser humano tem um conjunto de células do
sistema nervoso tão particular quanto a impressão digital. A equipe pedagógica e
principalmente o professor (mediador) que atua diretamente com a turma deverá ter o
cuidado para não rotular seus aprendentes, afinal quantos tipos ou estilos de aprendizagem
há em uma sala de aulas. É tudo uma questão de respeitar as diferenças.

4 REFERÊNCIAS

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