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Resumo.................................................................................................................................. 1
Introdução............................................................................................................................... 2
1. Fracasso Escolar e Dificuldades de Aprendizagem............................................................3
1.1 A Dificuldade de aprendizagem e possíveis causas......................................................4
1.2 Dificuldades de aprendizagem e seu diagnóstico..........................................................7
1.3 Análise das razões do fracasso escolar no ensino fundamental.................................10
1.4 Analisando o fracasso escolar.....................................................................................11
2. O Fracasso Escolar a Partir da Relação Professor-Aluno.................................................13
2.1. Refletindo a prática....................................................................................................19
2.2. Visão da prática docente............................................................................................20
2.3 A construção interdisciplinar a partir da relação professor/aluno.................................21
2.4 Relação escola e família.............................................................................................22
3. Contribuições da Psicopedagogia no contexto do fracasso escolar..................................32
3.1 Dificuldades para a psicopedagogia............................................................................35
3.2 A influência da prática pedagógica na produção do sucesso / fracasso escolar.........35
3.3. Conhecer para interagir..............................................................................................37
Considerações Finais............................................................................................................ 40
Referencias Bibliográficas.....................................................................................................42
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INTRODUÇÃO
Uma das saídas para tentar amenizar esta dificuldade pode ser encontrada
através do relacionamento afetivo entre educadores e alunos, porém, a escola
muitas vezes ignora esta questão, preocupando-se apenas com os conteúdos e
técnicas.
Dessa forma essa pesquisa tem como um dos objetivos apresentar como o
educador, seja ele professor ou orientador educacional, pode influenciar para
resolver os problemas da dificuldade de aprendizagem que levam ao fracasso
escolar.
1.1 A Dificuldade de aprendizagem e possíveis causas
Caso a dificuldade fosse apenas originada pelo aluno, por danos orgânicos ou
somente da sua inteligência, para solucioná-lo não teríamos a necessidade de
acionarmos a família, e se o problema estivesse apenas relacionado ao ambiente
familiar, não haveria necessidade de recorremos ao aluno isoladamente.
Visto que atualmente vive-se em uma sociedade que busca cada vez mais o
êxito profissional, a competência a qualquer custo e a escola também segue esta
concepção. Pois a escola nada mais é que um reflexo da sociedade. E aqueles que
não conseguem responder ás exigências da instituição podem sofrer com um
problema de aprendizagem. E essa busca incansável e imediata pela perfeição leva
à rotulação daqueles que não se encaixam nos parâmetros impostos.
É fácil para nós educador observar que este caráter informativo da educação
se manifesta até mesmo nos livros didáticos, nos quais o aluno é levado a
memorizar conteúdos e não pensá-los; não ocorrendo de fato uma aprendizagem.
Conforme Martins (2001, p.28), "essa problemática gera nos pais sentimentos
de angústia e ansiedade por se sentirem impossibilitados de lidar de maneira
acertada com a situação".
Criar filhos não significa torná-los perfeitos, pois os pais têm muitas dúvidas e
estão sujeitos a muitas falhas; mas o que é necessário é tentar identificar os
conflitos e desfazê-los, aprendendo a conviver com essas situações. Através dos
conflitos os pais desenvolvem a percepção de si mesmos e de seus filhos.
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Todos esses aspectos citados e muitos outros, são fundamentais para que o
desenvolvimento da criança se efetive. Portanto, a família necessita da ajuda dos
profissionais na aquisição desses conhecimentos básicos e essenciais para que
possa cumprir seu papel de facilitadora do processo de aprendizagem de seus
filhos, através de comportamentos mais adaptativos.
A escola conta com uma equipe que poderá estar atenta a problemas sociais
dos alunos. O supervisor pedagógico tem a função de auxiliar o professor
orientando-o em práticas pedagógicas que poderão superar o problema do fracasso
escolar, e uma ação que pode ser significativa é manter contato com a família do
‘aluno-problema’ na busca de entender o porquê do ‘não aprender’. É fundamental
no processo aprendizagem conhecer o aluno e sua origem para escolher a melhor
forma de trabalhar com ele, neste sentido, o educador propiciará excelentes
oportunidades para elevar o rendimento escolar dos educando, elevando também o
auto-conceito deste, tornando a aprendizagem mais agradável.
De acordo com PATTO (2000), existem várias razões para o fracasso escolar,
assim como existem várias razões para se desenvolver um trabalho neste sentido. E
um dos motivos, é a preocupação dos educadores em geral em achar uma solução
cabível para amenizar o problema do fracasso escolar. Problemas este que se
justificam pelas dificuldades encontradas pelos educadores em geral, em buscar a
inovação para auxiliá-los nas práticas pedagógicas, bem como pelo fato de ser um
tema muito polemico.
Este trecho demonstra que o fracasso escolar não diz respeito somente à
questão da evasão escolar ou seletividade, mas também a não possibilidade de se
estudar, a dificuldade de se conseguir educação.
Hoje, muitos alunos são colocados fora da escola por não conseguirem
estudar porque precisam trabalhar... "... os alunos que não permanecem na escola
são aqueles que precisam trabalhar para ajudar no sustento da família..."
(PIMENTA, 1995:120).
Deve-se procurar entender as causas de tal processo. E para tal, toma-se por
base os estudos de Henri Paul Hyacinthe Wallon(1992), que na busca de
compreender o psiquismo humano volta sua atenção para a criança, já que somente
através desta que é possível ter acesso à gênese dos processos psíquicos.
Segundo o autor, o sujeito constrói-se nas suas interações com o meio. Desta
forma, propõe um estudo contextualizado, buscando compreender em cada fase do
desenvolvimento da criança, o sistema de relações estabelecidas entre esta e seu
ambiente. Para o estudioso, o estudo da criança tem dupla função, ou seja, é
instrumento de compreensão do psiquismo humano, como também serve de
contribuição à educação. Pois, a preocupação pedagógica está sempre presente em
sua psicologia.
Wallon buscava enfocar o ser humano por uma perspectiva global. Segundo a
psicogenética walloniana existem alguns campos que agrupam a diversidade das
funções psíquicas. A afetividade, a inteligência e o ato motor são "campos
funcionais" entre os quais se distribui a atividade infantil. Aparecem pouco
diferenciadas no início do desenvolvimento, mas aos poucos vão adquirindo
independência um do outro.
Wallon revela que é na ação sobre o meio humano, e não sobre o meio físico
que deve ser buscado o significado das emoções. Já as funções intelectuais, na
psicogênese, vão adquirindo importância progressiva como forma de interação com
o meio. A atividade intelectual, que tem a linguagem como instrumento fundamental,
depende do coletivo.
O "não-aprender" nos moldes impostos pelo social vem sendo tratado como
distúrbios, fracassos e patologias em geral. O motivo pode ser a concentração do
processo pedagógico na "falta de talento" do sujeito, ou seja, o processo de
aprendizagem não estimula talentos distintos, centrando-se no esperado e moldado
com regras e valores. O diferente, nesse contexto, passa a ser em primeiro lugar
negado, e em seguida estigmatizado.
De acordo com ele, o professor deve ser capaz de usar sua capacidade
inventiva. Para Wallon conflitos escolares sempre vão existir, no entanto, é
importante superar aqueles que indicam inadequação e equívocos da escola em
atender as necessidades e possibilidades da criança.
Por ser a escola uma instituição muito complexa, a sociedade exige cada vez
mais que os indivíduos freqüentem-na durante alguns anos e ali aprendam os
conhecimentos necessários para a vida posterior.
Mas o que levaria o aluno a se interessar pela escola? Uma razão bem
simples para no interessarmos por algo seria estarmos motivados para tal, mas
infelizmente a escola, de modo geral, não está estruturada para despertar no aluno o
interesse em estar nela.
No ponto de vista do autor a prática docente deve estar sempre atrelada com
o mundo real do aluno. Ao ingressar na escola o aluno tem os seus conhecimentos
prévios que servirão de suporte para maiores conhecimentos.
Nesta visão LIBÂNEO (1993) revela que a idéia de ensino foi alterada,
contrapondo-se ao imobilismo e decretando a autonomia, pois é o aluno quem deve
conduzir seu próprio processo de conhecimento. O professor deve ter uma atitude
de espera, de orientação. Assim, ensinar é aprender, pesquisar, construir. Aprender
é, primeiramente, aprender em relação à própria vida.
A instituição escolar somente surgiu como prática por causa das exigências
crescentes de um mundo mais industrializado. A produtividade demandava
trabalhadores mais bem preparados para operar máquinas, consertar engrenagens
e entender de processos produtivos. Com isso, precisava-se de pessoas que
dominassem minimamente os conhecimentos necessários nas fábricas. A
popularização dos conhecimentos escolares, porém, não tirou da família sua função
intransferível: a transmissão de valores morais e éticos.
KALOUSTIAN (1988) diz que no século XX, a dedicação cada vez maior de
homens e mulheres ao trabalho fez com que as crianças passassem muito mais
tempo fora de casa, e o papel da escola na formação dos indivíduos passou a ser
maior.
Uma história é aquela de uma classe que criou o valor da escola de acordo
com uma concepção particular (utilitária) de educação: a escola como extensão da
família da classe média. Outra história é aquela em que a escola, um modo de
educação não familiar, foi imposta a uma classe como meio de salvação via
aculturação. A primeira é a história do sistema escolar credencialista e dos
investimentos familiares na competição dos jovens de classe média por diplomas,
enquanto a última é a história do fracasso escolar que legitima a exclusão
socioeconômica e que continua a alimentar as políticas compensatórias destinadas
aos estudantes em situação de risco (CRAVENS, 1993, p.18).
Devemos respeitar isto. A criança não querer comentar sobre a escola, não
significa que não goste da escola. Na escola, a criança compreenderá que os
deveres de casa, os trabalhos escolares e as notas são questões entre ele e seus
professores. Hoje existem inúmeras propostas e metodologias, cabe a cada família
buscar aquela que melhor irá complementar a formação que deseja para seus filhos,
pois seus comentários e principalmente suas ações influenciam diretamente na vida
escolar de seus filhos.
A participação dos pais na vida escolar dos filhos representa um papel muito
importante em relação ao seu bom desempenho em sala de aula. Também o diálogo
entre a família e a escola favorece sobremaneira para a construção do
conhecimento por parte do aluno, o que denota que a criança e seus genitores
mantêm entre si e com a aprendizagem uma ligação muito íntima e profícua.
Pensar neste tipo de parceria requer então aos professores inicialmente uma
tomada de consciência de que, as reuniões baseadas em temas teóricos e
abstratos, reuniões para chamar a atenção dos pais sobre a lista de problemas dos
filhos, sobre suas péssimas notas, reuniões muito extensas, sem planejamento
adequado, onde só o professor pode falar, não têm proporcionado sequer a abertura
para o iniciar de uma proposta de parceria, pois os pais faltam às reuniões,
conversam paralelamente, parecem de fato não se interessarem pela vida escolar
das crianças. No entanto não basta legitimar a situação com queixas e lamentações.
Verdadeiramente, as famílias não se encontram preparadas sequer para enfrentar,
quanto mais para solucionar os problemas que os educadores de seus filhos lhes
entregam e transferem nas reuniões de pais, e outros poucos momentos em que se
encontram os protagonistas desta relação.
De acordo com Winnicott (1982) numa visão construtivista, o aluno tem a sua
relação com o objeto mediada pelo professor e com ele mantém vínculos positivos,
que impulsionam a aprendizagem, ou negativos, que proporcionam um afastamento
da situação de aprendizagem. Envolver a família na educação escolar dos filhos
pode significar, para os educadores, que eles tenham que conhecer melhor os pais
dos alunos e realizar um trabalho conjunto com eles para criar, entre outras fatores,
uma atmosfera que fortaleça o desenvolvimento e a aprendizagem das crianças.
E, por parte dos pais, relações mais estreitas com a escola sempre poderá
ajudá-los a compreender melhor o trabalho por ela realizado e a se envolverem, na
medida de suas possibilidades, no processo educacional dos filhos, trabalhando de
forma consoante com as necessidades educativas da vida e da participação no
mundo atual.
Mas as relações entre seres humanos nem sempre são fáceis. E, para inibir
casos em que situações desgastantes ocorram, devemos nos acercar de duas
poderosas armas: o diálogo e o respeito. Tanto alunos, os pais destes, professores e
outros seguimentos como os funcionários que trabalham diariamente conosco são
seres humanos, e sabemos perfeitamente que os dias para as pessoas não são
todos iguais: existem aqueles em que parece que nada do que fazemos dá certo,
que ninguém nos entende, que ninguém nos ama, e que o mundo todo conspira
contra nós a fim de nos derrubar. Assim, é normal que homens, mulheres e crianças
tenham dias considerados ruins, onde a irritabilidade impera, sendo que esses
momentos precisam ser respeitados, como sublinha Winnicott (1982).
Nessa mesma direção Cury (2003) alerta que além de tudo isso, os
educadores precisam parar momentaneamente suas atividades e refletir sobre as
práticas que mantêm, pois a construção do conhecimento se dá pela reflexão. A
escola não pode ser um lugar onde o erro não seja permitido e onde só é valorizado
o aluno que consegue tirar boas notas. Sabemos que se trata de um processo
delicado e que exige muitos cuidados, mas precisamos rever o que aprendemos em
nossa formação, pois o mundo mudou e ainda vai continuar mudando.
Infelizmente, o que se percebe é que ainda falta uma proximidade real entre
família e escola. Uma aproximação que vá além do ato de deixar a criança ficar na
porta do estabelecimento ou este encontrar os familiares do aluno somente em dias
de festividade ou entrega de resultados. Urge instaurar uma relação que garanta
verdadeiramente a criança e ao jovem estudante a certeza de que sua família e a
escola em que estudam comungam dos mesmos valores, apesar de, em certos
momentos, usarem meios diferentes para atingir a mesma finalidade: a construção
do conhecimento por parte do educando.
De acordo com Freire (1997) ninguém educa ninguém, assim como ninguém
educa sozinho: alguém só aprende se existir uma pessoa que lhe deseje ensinar. Da
mesma forma, alguém só ensinará se houver um indivíduo predisposto a aprender, e
o aprender se tornará prazeroso na medida em que for significativo. Assim, no
mundo complexo em que vivemos, a nossa missão é realmente desafiadora, pois
temos o compromisso de introduzir, de lançar nosso educando em um espaço
público, em um universo de muitas incertezas, onde, muitas vezes, nem sabemos o
que está certo ou o que está errado. Pensando desta forma, vemos que o
conhecimento se amplia e que cada aula dada por nós é uma grande oportunidade
de crescimento, tanto nosso como o de nossos alunos.
Isto nos reflete aos estudos de Vygotsky (1984), ao enfatizar a natureza social
do conhecimento já apontava para a importância do ensino bem organizado no
processo de aprendizagem e conseqüente desenvolvimento do indivíduo.
Às vezes a escola opera com princípio de que o problema está nos alunos e
que somente eles próprios poderão resolvê-los, levando-os a assumir sozinho a
culpa pelo seu fracasso, esquecendo que não existe um só culpado quando o aluno
fracassa, pode haver vários fatores que o levem a isto como por exemplo: a escola,
a metodologia utilizada e até mesmo o próprio sistema vigente, pois Vygotsky (1984)
já afirmava que todas as funções no desenvolvimento do indivíduo originam-se das
relações sociais reais entre indivíduos humanos, na mesma linha de pensamento,
Mortimer (1994) completa que: a diferentes realidades, pertencentes a contextos
sociais específicos, correspondem diferentes formas de conhecimento.
Ao longo de vidas, o ser humano se depara com situações que lhes permitem
conhecer-se um pouco mais, pois isto faz parte do processo-vida. Um processo
inacabado, que nos auxilia a "crescer" como pessoa, além da possibilidade da auto-
aceitação.
A gente olha, mas não vê, a gente vê, mas não percebe, a gente percebe,
mas não sente, a gente sente, mas não ama e, se a gente não ama a criança, a vida
que ela representa, as grandes possibilidades de manifestação dessa vida que ela
traz, a gente não investe nessa vida, e se a gente não investe nessa vida, a gente
não educa e se a gente educa no espaço/tempo de educar, a gente mata, ou
melhor, não educa para a vida, a gente educa para as mortes das infinitas
possibilidades (p.09).
Enfim, cada escola tem de ter claro quem são seus alunos para, a partir daí,
desenvolver um projeto educativo que tenha clareza sobre as questões mais
importantes a serem trabalhadas. Diferenças de idade (comum em escola pública),
características sócio culturais, de características de local de moradia, entre outras,
fazem com que as questões enfrentadas pelos alunos variem significativamente,
exigindo, portanto, atenção diferenciada e projetos educativos também
diferenciados. Compreender as diferenças no âmbito escolar também é estar atento
às experiências escolares dos alunos, para que as propostas de trabalho
apresentadas sejam enriquecedoras e viáveis de serem executadas.
A escola precisa ter uma postura de acolhimento: pode até questionar, mas
respeitar as diferenças culturais e sociais de cada aluno, compreendendo sua
importância para o processo de construção identidária dos alunos.
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CONSIDERAÇÕES FINAIS
O que no leva a crer que a sala de aula é contexto privilegiado para o trabalho
com as diferenças, o microcosmo concreto onde a educação escolar acontece de
fato. É na sala de aula também que as dificuldades de aprendizagem têm de ser
administradas. É lá, e apenas lá, que se deve vencer os obstáculos escolares.
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Em síntese, uma escola é funcional quando conta com forte aliança entre a
comunidade, com a família, o corpo docente e o administrativo, os quais trabalham
os seus conflitos através da colaboração e diálogo. Esses elementos são flexíveis
em sua maneira de lidar com os conflitos, utilizando-se do conhecimento de várias
técnicas e métodos adequados. As decisões são tomadas em conjunto e a
participação dos alunos é solicitada, mas sem ser igualitária. Cada membro do
sistema escolar tem seu papel determinado, por isto é importante a presença do
psicopedagogo, para observar e diagnosticar o sistema escolar e, então, cria
condições favoráveis para a resolução dos problemas que surgem, fazendo com que
o ensinar e o aprender se torne comprometidos.
REFERENCIAS BIBLIOGRÁFICAS