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Entrevistas
Psicopedagógicas
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Bem vindo(a)!
Já na Unidade II você irá saber mais sobre a entrevista psicopedagógica, que são
técnicas próprias da área da psicopedagogia, para uma ação preventiva e
interventiva. Nesse momento buscaremos analisar a entrevista, elencando as várias
interferências que possam propiciar as problemáticas do indivíduo, bem como os
aspectos éticos que são relevantes para a atuação do psicopedagogo.
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Introdução
Seja muito bem-vindo(a)!
Para tanto, o nosso desa o será em analisar o contexto histórico das técnicas
projetivas até as provas de diagnósticos psicopedagógicas, para melhor
compreender o atendimento psicopedagógico em relação aos processos de
di culdades em aprender de um sujeito, sob um olhar social, político, cultural.
Depois, nas Unidades III e IV, vamos nos dedicar em compreender as provas
projetivas no diagnóstico psicopedagógico e a epistemologia convergente. Ao longo
da Unidade III você vai se ater mais em relação às provas de diagnósticos, e na
Unidade IV será tratado especi camente da epistemologia convergente.
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Caro(a) aluno(a), neste momento dos estudos temos como objetivo compreender
como as técnicas projetivas colaboram nos processos de avaliação, para que você
possa fortalecer a con ança no seu uso. Para Didier (1978), as técnicas projetivas
foram criadas por volta de 1939, por L. K. Frank, em um estudo que visava destacar a
relação de três provas psicológicas: o Teste de Associação de Palavras de Jung, o
Teste de Manchas de Tinta de Rorschach e o Thematic Apperception Test (TAT) de
Murray, bastante utilizados em diagnósticos psicológicos, compreendidos como
instrumentos do método clínico e como uma aplicação prática das concepções
teóricas da Psicologia Dinâmica.
CONCEITUANDO
Projeção se trata de um mecanismo em que o sujeito atribui aos outros
sentimentos e/ou intenções que lhe pertencem, então, “as pessoas
estavam dizendo aquilo que, de outro modo, ela diria a si mesma”
(FREUD, 1895/1969, p. 255). Podemos entender que projeção é um
aspecto da personalidade humana que se deslocam de dentro do
sujeito para o meio externo em que está inserido, que se refere ao
conceito que norteia as técnicas projetivas, iniciado por Sigmund Freud
(SOLEY, 2010).
Já o termo técnicas projetivas foi utilizado nas pesquisas após o artigo escrito por
Frank (1939), Projective Methods for the Study of Personality, trazendo as técnicas
projetivas como meio para auxiliar os indivíduos a revelarem a forma como se
organizam e as suas experiências (SOLEY, 2010).
Então podemos entender por técnicas projetivas uma grande variedade de tarefas,
jogos e métodos práticos de pesquisa, em que o sujeito respondente é convidado a
participar no decorrer de uma entrevista ou análise em foco. São organizadas para
otimizar, estender ou ampliar o entendimento do respondente, com isso, as técnicas
projetivas têm como base a ideia de que o ser humano pode “projetar” seus
sentimentos, crenças e angústias, que podem ser inaceitáveis ou vergonhosas, em
uma pessoa ou situação imaginária (VERGARA, 2008). Com isso, o almejado com
essa técnica é levar o sujeito a projetar e eliminar barreiras, facilitando o acesso de
difícil exposição que não conseguiria expor por meio de um questionamento direto
a ele.
REFLITA
Podemos dizer que esse grupo de técnicas auxilia o pesquisador a
acessar o que está na mente dos respondentes?
De modo geral, as técnicas projetivas têm por objetivo ajudar a aumentar a validade
das respostas, por meio de coleta de dados não estruturadas disfarçadas, ligadas à
criação de uma circunstância que encoraje os entrevistados a se expor livremente e
emitir respostas sobre dados especí cos (MALHOTRA, 2006). Outro potencial uso
das técnicas é em análise de crianças, posto que têm algumas limitações em
verbalizar suas opiniões e sentimentos (HOFSTEDE et al., 2007).
Conforme Bond e Ramsey (2010) destacam, existem vários tipos de técnicas
projetivas, pois os estímulos variam e são bastante ambíguos, havendo os não
estruturados e os que são muito estruturados, claros e de nidos. Cabe ressaltar que
existem técnicas que podem estar enquadradas em uma mesma categoria, mas
terem, em sua essência, resultados diferentes, como técnicas em categorias
distintas que têm consideráveis similaridades, e ainda técnicas parcialmente
enquadradas em mais de uma categoria (HOFSTEDE et al., 2007).
Cabe ressalvar que, mesmo com as vantagens, o uso das técnicas projetivas precisa
de cuidados e possui algumas desvantagens.
Figura 2 - Técnicas Projetivas, cuidados e desvantagens
Por m, é relevante salientar que, cada vez mais, as técnicas projetivas são
compreendidas como ferramentas que au
Conceitos das técnicas
projetivas
psicopedagógicas
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Quando tratamos das técnicas projetivas psicopedagógicas, estamos destacando
uma das etapas de avaliação psicopedagógica, que é uma ferramenta relevante que
proporciona investigar a relação do ser humano com a aprendizagem, ou seja, como
ocorre a aprendizagem, em que circunstâncias acontecem a construção entre o
ensinar e o aprender, e para isso, tem questões relevantes a serem avaliadas, tais
como as questões neurológicas, biológicas, emocionais, sociais entre outros
aspectos.
REFLITA
Podemos entender que as técnicas projetivas tem por objetivo na
psicopedagogia analisar os vínculos que o sujeito estabelece em três
domínios: o escolar, o familiar e consigo mesmo, que facilita a
percepção de três níveis em relação ao grau de consciência dos
aspectos relacionados ao processo de aprendizagem.
Essa prova se dá por meio de desenhos com instruções bem elaboradas e sem
nenhuma interferência do psicopedagogo ou de qualquer situação externa à
avaliação. As técnicas projetivas auxiliam o psicopedagogo a explicar as variáveis
emocionais que estão in uenciando, que pode ser tanto de modo positivo ou
negativo, na aprendizagem do indivíduo em análise.
Outro aspecto relevante é o modo que são aplicadas essas técnicas, que devem ser
de maneira lúdica, levando o indivíduo, por meio de um desenho, a expressar suas
fantasias, desejos, impulsos, afetos, con itos, ansiedades e defesas que estão
implícitos em seu EU.
A posição do desenho
na folha
Outros aspectos a serem analisados nos desenhos são: o tamanho total do desenho,
o tamanho dos personagens, se o sujeito está nas cenas, quem está no desenho, o
distanciamento dos personagens, se utiliza a borracha durante o desenho, se coloca
ou não pés e mãos, olhos, orelhas e boca nos personagens, se o desenho está
condizente ao que é solicitado e, por m, se o sujeito se recusa desenhar ou escrever
o que lhes é solicitado.
O psicopedagogo pode fazer a seleção da técnica projetiva por idade, como: 4 anos
de idade: aplicar o desenho em episódio; entre 6 e 7 anos de idade: aplicar o par
educativo – e os quatro momentos do dia a dia da família educativa, o dia do meu
aniversário, minhas férias e fazendo o que mais gosta; por volta do 7 e 8 anos de
idade: aplicar as técnicas projetivas anteriores e mais o EU com meus companheiros;
aos 8 e 9 anos de idade: as técnicas anteriores e mais a planta da sala de aula e a
planta da minha casa.
6-7
anos
Par educativo Vínculo com a aprendizagem.
de
idade
7-8
Eu e meus Vínculo com os componentes da anos
ESCOLAR
companheiros classe. de
idade
8-9
A representação do campo
Planta da sala anos
geográ co da sala de aula e a
de aula de
desejada.
idade
8-9
Planta da A planta da casa onde habita, sua anos
casa representação real e desejada. de
idade
6-7
Os quatro
anos
FAMILIAR momentos do Os vínculos ao longo do dia.
de
dia
idade
6-7
O vínculo da aprendizagem com
Família anos
o grupo familiar e cada um dos
educativa de
integrantes da mesma.
idade
6-7
Desenho de As atividades escolhidas durante anos
minhas férias o período de férias escolares. de
idade
6-7
Fazendo o
O tipo de atividade que mais anos
que mais
gosta. de
gosto
idade
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
Aplicação das técnicas projetivas:
Procedimento:
Título.
Com isso, pode se compreender que a utilização, de uma técnica projetiva o
psicopedagogo terá acesso a conteúdos não somente conscientes, como forma de
representação das situações e ambientes de aprendizagem na escola, mas de várias
informações emocionais, de introspecção que são importantes para a sequência da
análise e intervenções, que vamos veri car no decorrer deste estudo.
Provas projetivas no
diagnóstico psicopedagógico
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Então podemos dizer que uma pessoa pode estabelecer vínculos em três grandes domínios,
que podem ser o meio escolar, familiar e consigo mesmo, e em cada um desses é
estabelecido três níveis, inconsciente, pré-consciente e consciente. Estes são notados
quando o indivíduo, ao se relacionar com um conjunto de conteúdos e não reconhece
mesmo que se faça diversas tentativas para emergir para o campo pré-consciente ou
consciente, podemos notar que o nível será inconsciente.
E, para isso, o psicopedagogo pode utilizar os testes projetivos que são compostos por dez
modelos diferentes, para conseguir aferir em que nível o sujeito se encontra:
Figura 5 - Os dez testes projetivos
Par
educativo 2
10
Fazendo o Planta da
que mais sala de
gosto. aula
9 3
Em minhas Eu com
férias meus
amigos
8 4
O dia do A planta da
meu minha casa
aniversário
7 5
O desenho Família
em 6 educativa
episódios
As quatro
partes de
um dia
Fonte: a autora.
Os indicadores e signi cados encontrados em uma análise feita com as técnicas projetivas,
podem ser refutados por outros pro ssionais, ao aplicar outros meios e/ou a pessoa já ter
passado por outras mudanças. Com isso, os resultados não são fechados ou sem lugar para
dúvidas, as descobertas podem ocorrer de maneiras diversas e e cazes em prol do processo
de aprendizagem.
Mas, para facilitar a compreensão, é destacado, neste momento, por meio dos quadros a
seguir, as provas com os indicadores de análise que são utilizados como materiais e
procedimentos em uma análise psicopedagógica por meio das técnicas projetivas.
INDICADORES
DOMÍNIO PROVA MATERIAIS PROCEDIMENTOS MAIS
SIGNIFICATIVOS
Ordem
Detalhe
Indicar nome e
Folha de Desenho
idade
Par sul te Nomes e idades
Dar título ao
educativo Lápis preto Título dos
desenho
Borracha desenhos
Relatar o que
Relatos
acontece
Ordem
Folha de Detalhes do
Eu com Indicar nome e
sul te desenho
meus idade
Lápis preto Comentários
colegas Comentários sobre
Borracha sobre os colegas
os colegas
ESCOLAR
Detalhes do
desenho
Possíveis
Folha de
Ordem: a) planta da localizações na
sul te
sala de aula; b) sala de aula
A planta Lápis preto
indicar lugar que Comentários
da sala Borracha
ocupa sobre a sala de
de aula Régua (se
Perguntas regulares aula
for
e complementares Escolha do lugar
solicitada)
Aceitação do
lugar
Colegas ao redor
INDICADORES
DOMÍNIO PROVA MATERIAIS PROCEDIMENTOS MAIS
SIGNIFICATIVOS
Adequação à
O entrevistado
ordem
dobra uma folha
Momentos
em quatro partes
escolhidos
iguais, solicita que
Atividade
o entrevistado
realizada
faça o mesmo
Os quatro Folha de Pessoas
com outra.
momentos sul te Campo
Solicita que
de um dia Lápis preto geográ co
desenhe quatro
Objetos
momentos do seu
FAMILIAR Sequência do
dia, desde que
desenho
acorda até a hora
(temporal,
de dormir.
espacial, do
Relato das cenas.
relato).
Indicar nomes e
idades.
Perguntas
regulares e
complementares.
Solicita-se ao
Atividades de
Folha de entrevistado que
cada
Família sul te desenhe sua
personagem.
educativa Lápis preto família, cada
Objetos
Borracha fazendo o que
utilizados.
sabe fazer.
Idade e sexo.
Relação de
parentesco.
Relato do
processo.
Fonte: Visca (2011, p. 212-213).
Quadro 5 - Domínio Consigo Mesmo
INDICADORES
DOMÍNIO PROVA MATERIAIS PROCEDIMENTOS MAIS
SIGNIFICATIVOS
CONSIGO Representação de
MESMO Dobra-se a folha tempo e espaço.
O em seis partes. Tema.
Folha de
desenho Ordem: desenhar Elementos
sul te
em o dia de descanso relacionais e
Lápis preto
episódios de um(a) sociais.
menino(a). Movimentos
identi catórios
Solicita-se que
Detalhes do
faça um desenho
Folha de desenho.
O dia do do dia do seu
sul te Espaço
meu aniversário.
Lápis preto geográ co.
aniversário Perguntas
Borracha Conteúdo do
regulares e
relato.
complementares.
Solicita-se que
Adequação a
faça uma
ordem, atividade
“fotogra a do que
representada,
Folha de fez nas férias”.
Em marco geográ co
sul te Solicita-se um
minhas escolhido.
Lápis preto relato da cena e
férias Argumento,
Borracha das férias.
coerência interna
Perguntas
do relato e o
regulares e
desenho.
complementares.
A partir das instruções descritas por Visca (2011), veja a Figura 6, que selecionei como
modelo para ilustrar os argumentos teóricos trabalhados: “a planta da sala de aula”:
O aluno de nove anos e seis meses de idade apresentou o desenho de como enxerga a sua
sala de aula, o título ctício que vamos dar a esta cena é: “O professor e a lousa”. O critério de
avaliação do desenho deve seguir alguns sistematizadores na composição de indicadores
de con itos ligados à aprendizagem.
Quadro 6 - Alguns indicadores e seus respectivos signi cados
1. Posição
Ambos de
Vínculo de aprendizagem ruim.
costas
O docente de
costa para o O aluno se sente rejeitado pelo docente.
aluno
O aluno de
costa para o O aluno rejeita o docente.
docente
2. Tamanho
Sem
discriminação Vínculo confuso com quem ensina.
de tamanho
Com
discriminação Vínculo claro ou relativamente claro com quem ensina.
de tamanhos
Com docente
grande e aluno Vínculo de quem supervaloriza quem ensina.
pequeno
4. Características corporais
O corpo
docente Pode signi car uma agressão oculta de quem ensina.
inacabado
5. Perspectiva
Desenho com
Vínculo positivo e maduro.
perspectiva
6. Âmbito
Fonte: a autora.
E aqui podemos destacar que, no decorrer do processo de aplicação das provas projetivas
psicopedagógicas, o psicopedagogo deve escolher analisar aquelas que melhor atendam os
objetivos no diagnóstico, para isso se faz necessário considerar as queixas que se têm do
indivíduo com relação ao seu processo de aprendizagem.
Outro ponto relevante é que cada desenho realizado pelo indivíduo não pode ser analisado
isoladamente, mas, sim, contextualizado, com o objetivo de identi car possíveis problemas
que podem ser obstáculos à aprendizagem.
O que podemos avaliar por meio do desenho ou do relato é a capacidade do pensamento
para construir uma organização coerente e harmoniosa e elaborar a emoção. O pensamento
fala por meio do desenho onde se diz mal ou não se diz nada, o que oferece a oportunidade
de saber como o sujeito ignora” (PAÍN, 1992, p. 61).
E, para analisar “Eu com meus colegas”, é importante que o psicopedagogo analise o
vínculo afetivo com os demais membros do grupo, como ele se relaciona com os outros,
tomando como indicadores signi cativos para análise do desenho: detalhes, tamanho total
e dos personagens, posição dos personagens, inclusão do docente, e personagens externos
ao grupo, observar os comentários feitos em relação aos personagens se são personalizados
ou gerais. São informações relevantes a serem analisadas nos indicadores e nos
comentários.
Análise do desenho “A planta da sala de aula”: como em todas as provas projetivas é preciso
respeitar critérios para interpretação, e ainda veri car o nível cognitivo, o desenvolvimento
motor e os aspectos emocionais do indivíduo. E após veri car os aspectos do desenho e
interpretá-los, veja algumas observações relevantes que devem ser feitas:
Possíveis
Analisar quem escolheu o local que este ocupa na sala de aula; e
localizações
analisar levando em consideração o tamanho das guras em seu
na sala de
desenho.
aula
Comentários
Por meio dos comentários é possível ter maior clareza do que está
sobre a sala
passando com a pessoa no ambiente escolar.
de aula
A escolha do
Veri car se há alguma rejeição com o local que ocupa na sala de
lugar em
aula.
sala de aula
Aceitação do Como o indivíduo se nota neste espaço e se aceita o lugar que está
lugar alocado na sala de aula.
Análise “Os quatro momentos de um dia”: nesta parte da aplicação do teste, deve utilizar a
técnica adaptada de desenho em episódio, em que os objetivos da técnica é veri car como
se dão os vínculos ao longo do dia. Para isso, o aplicador pode pegar uma folha de papel
sul te e lápis gra te, com a folha dividi-la em quatro partes iguais e entregar para a pessoa
fazer um desenho em cada quadro em relação aos momentos de seu dia, em seguida
solicite que mencione os acontecimentos; mediante às respostas do entrevistado, pode-se
fazer perguntas com o intuito de obter mais informações.
Vínculos consigo mesmo: para aplicar essa técnica é preciso de uma folha de papel sul te e
de um lápis preto. O procedimento consta da seguinte maneira: dividir a folha de papel
sul te em seis partes iguais, solicitar que o indivíduo desenhe uma história que retrata um
dia de descanso, para isso vai seguir os passos desde a hora que acordou pela manhã até a
hora de seu retorno. O psicopedagogo não deve interferir nesse momento e, ao ter
nalizando, é que poderá analisar o desenho, levando em consideração todos os distintos
eixos de interpretação já mencionados neste.
Em minhas férias, por meio dessa técnica, o psicopedagogo pode perceber indicadores
signi cantes, tais como: o relato, relacionando com o desenho, que pode trazer o que
gostaria de ter realizado no decorrer das férias. Assim, as informações em outras técnicas
podem permitir um complemento de forma contundente o processo avaliativo.
“Fazendo o que mais gosto”: para realizar esta técnica é preciso de alguns materiais
especí cos, como: folha do tamanho sul te, lápis preto e borracha. No decorrer, o
psicopedagogo pode solicitar que o indivíduo desenhe a si próprio realizando o que mais
gosta. Após a aplicação da técnica, podem ser feitas algumas perguntas complementares,
tais como: o que está ocorrendo no desenho, onde está acontecendo e quando acontece a
cena desenhada; para melhor compreender o tipo de atividade que o sujeito investigado
mais gosta de realizar. Na análise da produção é relevante considerar os indicadores mais
signi cativos, que podem ser: se no decorrer da produção do desenho o indivíduo teve
muitas dúvidas na escolha do tema, o ato de apagar com mudança de tema, ato de apagar
objetos sem mudar o tema, quando foi explicar o que havia desenhado percebe incoerência
do relato ou coerência entre relato e desenho em relação ao contexto espacial e temporal
em que ocorre a cena.
Para tanto Visca (2011) traz ainda uma nova linha teórica, com o objetivo de ver a projeção de
outro ponto de vista, por meio da Epistemologia Convergente, que tem como base os
conceitos da Psicanálise (Freud), Psicologia Genética (Jean Piaget) e Psicologia Social
(Pichon-Rivière), que é o que vamos compreender no próximo tópico.
Epistemologia Convergente
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
A epistemologia convergente é uma linha teórica criada por Jorge Visca, argentino,
psicólogo por formação. A linha teórica da epistemologia convergente propõe uma
ação clínica utilizando-se da integração de três linhas: a Psicologia Genética, de
Piaget; a Psicanálise, de Freud, e a Psicologia Social, de Rivière. Para Visca (2010, p.
116) a teoria da epistemologia convergente “é o esquema conceitual con gurado em
virtude da assimilação recíproca das contribuições das escolas psicanalista,
psicogenética de Genebra e da psicologia Social”.
Visca (1987) objetiva, com essa epistemologia, por meio da avaliação diagnóstica,
auxiliar tanto em sanar o problema de aprendizagem como preventivo no sentido
de fazer com que o indivíduo possa superar os obstáculos que estejam impedindo
de aprender, como também prevenir os possíveis obstáculos no processo
educacional, contribuindo com isso, não apenas no contexto psicopedagógico
clínico, mas também para o âmbito institucional.
E.O.C.A
Entrevista Operativa
Centrada na
Aprendizagem
Provas operatórias
TDE
Provas Projetivas
Teste de Desempenho Sessão Lúdica Anamnese
Psicopedagógicas.
Escolar
Fonte: a autora.
Prezado(a) aluno(a),
Neste material, espero que você tenha conseguido compreender a importância das
técnicas projetivas e a epistemologia convergente de Visca. Pois são recursos
essenciais na atuação do psicopedagogo.
Em se tratando das técnicas projetivas é preciso que compreenda que essa trabalha
embasada em três níveis, o vínculo escolar, familiar e consigo mesmo, então são
nesses campos que o psicopedagogo, ao utilizar uma técnica projetiva, vai avaliar o
sujeito.
Leitura complementar
Leitura complementar
Nos anos 70, Barbel Inhelder, uma das colaboradoras de Piaget, organizou os
procedimentos metodológicos utilizados por eles nas pesquisas clínicas e divulgou
parte desse material com o título de provas piagetianas. A característica deste
protocolo é seu caráter qualitativo distinto da psicometria que fornece dados
quantitativos. Mais tarde, esse material passou a compor protocolos de avaliação
psicopedagógica com o objetivo especí co de identi car o estágio do
desenvolvimento cognitivo alcançado pelos sujeitos. (DOMAHIDYDAMI; BANKS-LEITE,
1992, p.118).
Filme
• Ano. 2008.
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Introdução
Prezado(a) aluno(a), abordaremos, nesta unidade, a entrevista psicopedagógica que
são técnicas próprias da área da psicopedagogia, para uma ação preventiva e
interventiva. Nesse momento, buscaremos analisar a entrevista, elencando as várias
interferências que possam propiciar as problemáticas do indivíduo, bem como os
aspectos éticos que são relevantes para a atuação do psicopedagogo.
Bons estudos!
Introdução e embasamento
teórico das técnicas de
entrevista
psicopedagógicas
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
É relevante destacar que a atuação pro ssional do psicopedagogo se apresenta
como terapêutica, ou seja, terapia centrada nos processos de aprendizagem, e é
recomendada a todos os públicos aprendentes: crianças, jovens ou na melhor idade.
Escutar
Adquirir
consciência do
modo de estar
no mundo, Testemunhar
dos limites e
possibilidades
Perceber,
aceitar,
ultrapassar os Acolher
limites do outro
e seu próprio
Ser questionado
e me questionar Questionar
Fonte: a autora.
Então podemos dizer que o psicopedagogo neste momento é: “[...] alguém que com
sua escuta outorga valor e sentido à palavra de quem fala, permitindo-lhe organizar
(começar a entender-se) precisamente a partir de ser ouvido” (FERNÁNDEZ, 1990, p.
126).
REFLITA
É preciso que compreenda, caro(a) aluno(a), que estamos tratando de
um recurso utilizado pelo psicopedagogo clínico, porém, a amplitude
dessa área de estudos interdisciplinar permite que o psicopedagogo
também utilize alguns desses testes no espaço institucional, desde que
preservando a atitude clínica e o olhar analítico e entendendo que não
se pode clinicar em ambientes institucionais (escola, hospitais,
empresas entre outras).
Para tanto, a escuta é uma característica do próprio ser humano que tem a
necessidade de ouvir e ser ouvido. Na terapia psicopedagógica é preciso escutar as
demandas dos pais, do aprendente e professores, e fazer uma análise nas
entrelinhas do que não é expresso explicitamente no dia a dia, mas surge a partir
dos diálogos entre o aprendente e o terapeuta da aprendizagem; entre o professor,
os pais e psicopedagogo e outros pro ssionais.
Posteriormente, questionar, que está ligado ao ato de perguntar, essa ação leva a
diferentes formas de agir, pode auxiliar no esclarecimento para conhecer e
possibilitar a construção de novos signi cados. Ser questionado, por outro lado, e se
questionar auxilia em expandir as possibilidades a diferentes vozes, descrições e
diferentes alternativas na intervenção, desenvolvendo, com isso, uma maior
quantidade e qualidade nos deslocamentos e/ou mudanças.
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Tem-se, desse modo, a expansão da atuação psicopedagógica, mas, por ser uma
área nova e muito promissora na contemporaneidade, contempla várias dúvidas
com relação ao campo de atuação e a prática no dia a dia. Por isso, a Associação
Brasileira de Psicopedagogia (ABPp) elaborou alguns documentos que norteiam a
atuação pro ssional, entre eles, o Código de ética de Psicopedagogia, assunto
abordado por nós neste momento. Para Naline (2004, p. 36), “ética é a ciência do
comportamento moral dos homens em sociedade”. Entendemos, dessa forma, que
a ética é uma ciência que tem objeto, leis e método próprios.
A ética, porém, é diferente da moral, mesmo que sejam temas relacionados, mas são
diferentes entre si. Moral se estabelece quando o sujeito obedece às normas,
costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos; a ética, por sua vez,
tem sua essência fundamentada no modo de viver pelo pensamento humano (SÁ,
2013).
As pro ssões também são regidas por normas e regras especí cas. Há, por exemplo,
a ética médica, a ética jurídica, a ética do psicopedagogo. Assim, a ética pro ssional
abrange todos os setores pro ssionais da sociedade e tem como objetivo interrogar
mais amplamente o papel social da pro ssão, sua responsabilidade, função, e
atitude frente a riscos e ao meio (MICHAELIS, 2018). Para Sá (2013, p. 167),
Diante disso, ter ética pro ssional é cumprir com todas as atividades e obrigações
estabelecidas à pro ssão; são princípios indispensáveis para manter uma sociedade
organizada, ou seja, é necessário que cada sujeito cumpra seu papel na sociedade.
Agora que já sabemos um pouco mais sobre o que é o código de ética pro ssional,
conheceremos um pouco mais sobre o código de ética do pro ssional de
psicopedagogia.
Ao tomar como referência o século XXI, é pertinente que o futuro pro ssional em
psicopedagogia tenha como objetivo o desenvolvimento harmonioso do ser
humano e da consciência do signi cado de sua ação no contexto em que age. É
preciso, também, buscar constantemente a consciência das suas funções na
situação de aprendizagem. Para isso, é necessário que questione o signi cado das
suas ações e observe se elas constituem um possível caminho para salvaguardar
que o aprendiz não se perca e desanime em um fazer automático e sem sentido de
vida.
No que diz respeito a sua ética, esta deve ser baseada em um conjunto de regras de
conduta moral e deontológica que norteiam os pro ssionais da área. Essas regras
estão descritas no Código de Ética do Psicopedagogo, aprovado pela Associação
Brasileira de Psicopedagogia (ABPp), em 1996, sendo reformulado e aprovado em
assembleia geral em 5 de novembro de 2011. Segundo a ABPp (2019), o código de
ética tem o propósito de estabelecer e orientar parâmetros que norteiam a
pro ssão. Dessa forma, busca manter a boa conduta do pro ssional, estabelecendo
diretrizes para o exercício da função. Atualmente, com a evolução que ocorre em
meio à sociedade, o código de ética também passou por mudanças. O Código de
Ética do Psicopedagogo regulamenta as situações apresentadas na Figura 2.
Princípios da psicopedagogia;
Formação do psicopedagogo;
Responsabilidades;
Instrumentos;
Publicações científicas;
Publicidade profissional;
Honorários;
Disposições gerais;
Fonte: a autora.
O Artigo 16 indica que cabe ao psicopedagogo cumprir o código, pois, conforme
consta no mesmo Artigo, em seu parágrafo único:
Artigo 1º
A Psicopedagogia é um campo de atuação em Educação e Saúde que
se ocupa do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a
família, a escola, a sociedade e o contexto sócio-histórico, utilizando
procedimentos próprios, fundamentados em diferentes referenciais
teóricos.
Parágrafo 1º
A intervenção psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento,
relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter indissociável
entre os processos de aprendizagem e as suas di culdades.
Parágrafo 2º
A intervenção psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em
diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando o caráter
indissociável entre o institucional e o clínico.
Artigo 2º
A Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar, utiliza
métodos, instrumentos e recursos próprios para compreensão do
processo de aprendizagem, cabíveis na intervenção (ABPP, 2019, s.p.).
Dessa forma, o psicopedagogo pode atuar tanto na área da saúde quanto na área da
educação, desde que em ambas o objeto de estudo seja a aprendizagem e os
fatores que interferem nesse processo. O Artigo 3ª do Código de Ética do
Psicopedagogo estabelece os objetivos do trabalho do psicopedagogo:
a) promover a aprendizagem, contribuindo para os processos de
inclusão escolar e social;
b) compreender e propor ações frente às di culdades de
aprendizagem;
c) realizar pesquisas cientí cas no campo da Psicopedagogia;
d) mediar con itos relacionados aos processos de aprendizagem
(ABPP, 2019, s.p.).
Artigo 11
São deveres do psicopedagogo:
a) manter-se atualizado quanto aos conhecimentos cientí cos e
técnicos que tratem da aprendizagem humana;
b) desenvolver e manter relações pro ssionais pautadas pelo respeito,
pela atitude crítica e pela cooperação com outros pro ssionais;
c) assumir as responsabilidades para as quais esteja preparado e nos
parâmetros da competência psicopedagógica;
d) colaborar com o progresso da Psicopedagogia;
e) responsabilizar-se pelas intervenções feitas, fornecer de nição clara
do seu parecer ao cliente e/ou aos seus responsáveis por meio de
documento pertinente;
f) preservar a identidade do cliente nos relatos e discussões feitos a
título de exemplos e estudos de casos;
g) manter o respeito e a dignidade na relação pro ssional para a
harmonia da classe e a manutenção do conceito público (ABPP, 2019,
s.p.).
São várias as responsabilidades atribuídas ao psicopedagogo, envolvem formação
continuada, relações interpessoais, ética com o paciente, necessidade de só prestar
atendimento quando se sentir apto, zelar pelo nome da pro ssão, entre outros. O
Capítulo III do Código de Ética do Psicopedagogo, em seu artigo 6º ao 10, cuida do
exercício das atividades do psicopedagogo:
Artigo 6º
Estarão em condições de exercício da Psicopedagogia os pro ssionais
graduados e/ou pós-graduados em Psicopedagogia – especialização
“lato sensu” - e os pro ssionais com direitos adquiridos anteriormente à
exigência de titulação acadêmica e reconhecidos pela ABPp. É
indispensável ao psicopedagogo submeter-se à supervisão
psicopedagógica e recomendável processo terapêutico pessoal.
Parágrafo 1º
O psicopedagogo, ao promover publicamente a divulgação de seus
serviços, deverá fazê-lo de acordo com as normas do Estatuto da ABPp
e os princípios deste Código de Ética.
Parágrafo 2º
Os honorários deverão ser tratados previamente entre o cliente ou seus
responsáveis legais e o pro ssional, a m de que:
a) representem justa contribuição pelos serviços prestados,
considerando condições socioeconômicas da região, natureza da
assistência prestada e tempo despendido;
b) assegurem a qualidade dos serviços prestados (ABPP, 2019, s.p.).
Esse artigo, mais uma vez, rea rma que, para exercer a pro ssão de psicopedagogo,
é necessário ser graduado na área ou ter curso de pós-graduação (lato sensu) em
cursos reconhecidos pelo Ministério da Educação. Recomenda-se, ainda, que o
psicopedagogo faça terapia. Determina, também, que a divulgação dos trabalhos
deve ser elaborada conforme as normas difundidas pela ABPp, assim como os
honorários devem ser combinados previamente, a m de que ninguém se sinta
lesado.
Um dos pontos de nidos no Código de Ética diz respeito ao sigilo pro ssional, ou
seja, o pro ssional não deve revelar fatos que comprometam a intimidade dos
sujeitos. Ressalta, entretanto, em seu Artigo 7º que o psicopedagogo está imposto a
respeitar o sigilo pro ssional; proteger a con dencialidade dos dados obtidos em
decorrência do exercício de sua atividade e não revelar fatos que possam
comprometer a intimidade das pessoas, grupos e instituições sob seu atendimento.
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Caro(a) aluno(a), o processo e instrumentos utilizados durante o diagnóstico
psicopedagógico são relevantes por levantar hipóteses e auxiliar na identi cação
das causas da não aprendizagem e seu signi cado. Com isso, não há uma sequência
engessada para os passos do diagnóstico psicopedagógico, e nem um número
de nido de sessões para tal. A ordem e a quantidade de testes dependem do
vínculo e das necessidades do paciente.
Mas, precisamos de um norte, não é mesmo? Com isso, para dar início ao
diagnóstico psicopedagógico são utilizados os seguintes processos e instrumentos:
Motivo da consulta;
Hora do jogo;
História vital;
Avaliação da Lecto-escrita;
Hipótese diagnóstica.
Fonte: a autora.
Objetivo
Esclarecimento sobre o trabalho psicopedagógico.
1
Objetivo
Investigação sobre atendimento anterior.
6
Objetivo
Investigação sobre as expectativas da família e da criança.
7
SAIBA MAIS
Acesse o Link:
Entrevista operativa
centrada na aprendizagem
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
A Entrevista Operativa Centrada na Aprendizagem (EOCA) é um recurso em forma
de entrevista, por meio do qual o psicopedagogo consegue avaliar a aprendizagem.
Um instrumento proposto por Visca (1996, p. 44) que deve conduzir, fazendo
algumas perguntas, por exemplo: “[...] gostaria que você, usando esse material, me
mostrasse o que sabe fazer, o que lhe ensinaram, o que você já aprendeu”. A
abordagem visa proporcionar ao sujeito meios para que, no decorrer da entrevista,
que deve ser de forma espontânea, os procedimentos ocorram por meio de uma
caixa, na qual o aprendente encontra alguns objetos, estes podem ter relações com
a aprendizagem, como: papel em branco, cola, tesoura, livros, revistas, entre outros
(WEISS, 2004). Assim, conforme a pessoa interage ou não com os materiais, o
psicopedagogo registra o que está determinado no (protocolo Categorias da
triagem psicopedagógica), ao mesmo tempo, organiza a atividade para início da
testagem do Esquema sequencial da triagem e avaliação.
Tabela 2 – Categorias da Triagem psicopedagógica
Categoria Desempenho
Fonte: a autora.
Neste momento, é importante utilizar recursos, como materiais lúdicos, no auxílio de
interação, que possa incentivar a criança a corresponder aos testes, por se sentir
confortável, e, assim, levar a uma melhor análise pelo psicopedagogo nas questões
motoras, pessoais, suas fugas, defesas e como se relaciona com o meio.
Após nossos estudos, espero que tenha compreendido, caro(a) aluno(a), o quanto é
indispensável que na formação do pro ssional psicopedagogo, este entenda que o
seu campo de atuação lida com o ser humano, o processo de aprendizagem e aos
bloqueios existentes no sujeito. Desse modo, os desa os são inúmeros, seja em:
compreender o desenvolvimento cognitivo do indivíduo e, ao mesmo tempo, as
incertezas de seu potencial, como também, por meio dos testes e entrevistas analisar
todos os fatos históricos de sua vida pessoal, familiar, emocional e social.
As provas psicomotoras são recursos que o psicopedagogo irá fazer uso no decorrer
de sua atuação pro ssional, são várias atividades que poderá aplicar ao longo do
diagnóstico e, observar o comportamento da pessoa, entre elas, a postura, o olhar, se
é inibido, encolhida, como se senta na cadeira, para onde dirige seu olhar entre outras
observações que podem ser feitas e anotadas para melhor se embasar nas ações
psicopedagógicas futuras.
Ao realizar o diagnóstico psicopedagógico, o pro ssional terá dados que irão permitir
conhecer um indivíduo aprendente, e neste momento terá o conhecimento da
dinâmica da família e as relações atribuídas ao espaço escolar num processo
sistêmico; e poderá analisar a relevância de realizar a intervenção partindo do olhar e
escuta psicopedagógica.
Leitura complementar
Leitura complementar
A FUNÇÃO DIAGNÓSTICA DA AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA
Essa busca terá o intuito de descobrir as razões que impedem o sujeito de aprender,
situação essa levantada por uma queixa seja do educador, da família, da escola ou até
mesmo do próprio sujeito.
Filme
Web
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Introdução
Caro(a) aluno(a), vimos em nosso estudo até aqui e no Código de Ética do
Psicopedagogo, a de nição da atuação psicopedagógica, como sendo o campo da
saúde e educação, com foco no processo de aprendizagem humana. E ainda que a
psicopedagogia possui três processos de atuação: a prevenção, o diagnóstico e a
intervenção. Na prevenção, o psicopedagogo tem como foco realizar uma análise
institucional, e para isso, faz um levantamento em relação aos processos didáticos e
metodológicos utilizados, e as ações dos pro ssionais, buscando compreender o
processo de ensino e aprendizagem e propondo alternativas que otimizem os
esforços empreendidos pelos envolvidos. Já o diagnóstico e intervenções são ações
voltadas para o atendimento clínico por meio de instrumentos aplicados.
Após as análises realizadas em cada uma das provas é feito o levantamento das
hipóteses no diagnóstico psicopedagógico, e veri ca-se a modalidade de
aprendizagem do paciente aprendente. Com isso, é preciso que o psicopedagogo
respeite e analise todas as provas para que consiga um diagnóstico e ciente.
O enquadre
psicopedagógico e a sua
interpretação
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Em alguns atendimentos psicopedagógicos o enquadre pode ser o primeiro contato
entre o paciente e o psicopedagogo. Nesse momento deve ser estabelecido o
vínculo entre ambos, para tanto, é relevante instituir o elo de con ança. Em se
tratando de criança, é importante deixá-la à vontade para falar, brincar e se
expressar; para Weiss (1994, p. 40), “criada à relação de con ança, com mais
facilidade pode a criança se engajar e assim colaborar nos momentos de testagem
ou de avaliação de aspectos pedagógicos.”
SAIBA MAIS
Para o fortalecimento do vínculo entre o paciente aprendente e o
terapeuta psicopedagogo, é relevante, ao término da aplicação de cada
uma das provas, tirar um momento para atividades lúdicas, como:
brincadeiras, jogos diversos, montagem de quebra-cabeça, leitura de
histórias e desenho livre.
Fonte: a autora.
CONTRATANTE:
Sr(a)_______________________________________________________________
Residente na ___________________________bairro________________________,
cidade__________________________________, fone:________________.
CONTRATADA:
Sr(a)________________________________________________________________
Residente na ___________________________bairro________________________,
cidade__________________________________, fone:________________________
a) pelo contratado;
b) pelo contratante;
c) por inadimplência.
Local:____________________________
Data:_____________________________
Assinatura do
Contratante:_____________________________________________
Assinatura do
Contratado:______________________________________________
ACESSAR
No enquadre é o momento de o psicopedagogo observar os comportamentos do
indivíduo. Se for uma criança, analisar as escolhas dos brinquedos e das brincadeiras,
o raciocínio utilizado, se há ou não concentração, as falas, entre outros.
A sessão pode ser iniciada com o psicopedagogo fazendo uma apresentação breve,
como, por exemplo: o seu nome e pro ssão, fazer um acordo entre eles (aprendente
e pro ssional), os dias de encontros, a quantidade de horas que precisam passar
juntos a cada encontro, deixa claro que tudo que for conversado entre eles vai car
entres eles, que o psicopedagogo não vai contar nada a ninguém, a menos que o
paciente deseje.
Fonte: a autora.
Neste momento de enquadre, o psicopedagogo vai observar os comportamentos do
sujeito, em caso de criança, como se dá as escolhas dos brinquedos, dos jogos e
brincadeiras, se está dando alguma conotação de valor às suas escolas, o raciocínio
utilizado, se emprega concentração nas suas ações, a conversa, se ca mais solto em
contar algum fato, entre outras observações.
E ainda, para Paín (1985), o pro ssional, para alcançar os objetivos e garantir o
enquadre no trabalho psicopedagógico, precisa seguir algumas técnicas.
Autoavaliação de
Organização previa Graduação nas
cada tarefa a partir
da tarefa; dificuldades
de determinada
da tarefa;
finalidade;
Informações a serem
E por fim, uma indicação oferecidas pelo Historicidade do processo
psicopedagogo, num nível
como mais uma técnica de forma que o paciente
em que possa integrá-las
necessária ao tratamento ao seu repertório possa reconhecer sua
psicopedagógico. intelectual e construir o trajetória no tratamento;
mundo que habita;
Hora do Jogo
A hora do jogo é um relevante instrumento de análise para o psicopedagogo que
deve ser utilizado na segunda sessão após o enquadre, é o momento de
levantamento de dados, de observar a dinâmica de aprendizagem, o processo
cognitivo, modelos de aprendizagem e ainda as relações vinculares em que o sujeito
se encontra, que para Bossa (2000) é no decorrer desta avaliação, que o paciente
aprendente é observado detalhadamente em suas atitudes, postura e movimentos
corporais, habilidades psicomotoras, quando faz as suas escolhas dos objetos e
brinquedos, na maneira de relatar os desenhos realizados e em outras atividades
artísticas.
Objetos
para desenhar,
recortar, costurar;
Pegar, olhar,
ler, escrever
Colocam- se diferentes
Os papéis devem ser elementos com mesmo
Caixas de diferentes
Lápis de cor, lápis variados, tanto na fim, cola, durex,
tamanhos, para
preto, borracha; forma como na cor grampeador, furador,
modelar, para juntar;
e tipo; possibilitando o
desdobramento se assim
o sujeto quiser.
Fonte: a autora.
A caixa deve ser de fácil acesso e cômoda, estando ela no chão ou na mesa. Em geral
as sessões são por volta de 50 a 60 minutos de duração para a aplicação dessa
técnica, e o psicopedagogo poderá observar a capacidade da criança em criar,
imaginar, re etir, argumentar.
A distância do objeto;
capacidade de inventário;
classificação do conteúdo
da caixa;
Função simbólica,
Vinculação do esquema adequação
com os anteriores através significante/significado;
de uma assimilação desenvolvimento
coordenadora. coerente da hipótese
escolhida;
Integração, esquema de
Organização, construção
assimilação (falar, utilizar
da sequência;
todos os materiais);
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
A consigna é a seguinte:
O psicopedagogo apresenta para a criança que ali está uma caixa com
alguns objetos e ela pode brincar com tudo o que quiser, a participação
do psicopedagogo deve ser mínima, e enquanto isso, este diz que vai
car observando a criança. Pode ainda perguntar: “o que você pode
fazer com estes objetos?”
Fonte: a autora.
Avaliação da Lecto-escrita
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Quando o psicopedagogo é procurado para uma avaliação diagnóstica de uma
pessoa que não aprende a ler e escrever ainda são desconhecidas as causas do
problema e quais são as interferências de outros fatores cognitivos, socioculturais,
pedagógicos ou emocionais. Então, é preciso partir para a avaliação, e uma delas é a
avaliação diagnóstica lecto-escrita.
E aqui é relevante destacar que é de grande importância que seja feita a entrevista
da História Vital, tanto para ouvir os familiares, como os professores do paciente
aprendente, pois, por meio da entrevista, é possível levantar dados vinculados às
condições do problema e compreender melhor o grau de individualização que o
sujeito em análise tem em relação às fraturas no seu desenvolvimento.
REFLITA
Sendo você o psicopedagogo clínico, deve criar boas condições para a
realização da avaliação, para isso, se faz necessário estabelecer um bom
vínculo com o indivíduo com di culdades na língua escrita. E ainda,
terá que compreender quanto maior for o paciente aprendente, faz
com que, qualquer solicitação supõe a ele demonstrar o seu fracasso,
podendo levá-lo a se sentir angustiado e entediado a continuar as
sessões psicopedagógicas, com isso, deve ser muito sensível na atuação
pro ssional.
Fonte: a autora.
Fonte: a autora.
Demora mais do
que previsto no
nível silábico, o que
Em adquirir a não relaciona os
correspondência sons com as grafias
A criança que sonora. correspondentes.
demora para
reconhecer e
escrever seu nome.
Fonte: a autora.
Diante desses relatos, é preciso que se faça uma avaliação diagnóstica, por meio de
algumas especi cidades, como a técnica de análise da escrita para veri car o nível
de conceitualização da escrita em que a criança se encontra.
Figura 7 - Exemplo de uma técnica de escrita aplicada em uma criança na etapa
no início da educação básica
(animais, brinquedos,
alimentos, etc.)
de uma em uma
4, 3, 2, e 1 sílaba
respectivamente, e logo uma
frase na qual apareça uma
Ditar para uma criança das palavras anteriores
A presente técnica tem por objetivo veri car como a criança realiza essa tarefa, para
isso, é importante que o psicopedagogo anote as perguntas feitas, para que possa
analisar claramente o que a criança consegue realizar sozinha e o que precisa de
auxílio. Após realizar a escrita, solicite a criança que faça a leitura e observe se, para
isso, ela precisa de seguir a leitura assinalando com o dedo, ou se consegue fazer a
leitura com os olhos das produções realizadas. Veri car se a criança relaciona sua
produção oral com os signos escritos, observando se apresenta alguma di culdade
ou con itos ao tentar resolver as atividades solicitadas.
Se é de segmetação fonética,
A separação de palavras em
Em que aspectos relacionados falta de repertório
frases, tendo em conta que ao
com o anterior apresentam (desconhecimento das grafias
ditar não se devem marcar
conflitos. convencionaus de nosso
as separações
alfabeto), etc.
Fonte: a autora.
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Quando o psicopedagogo trata da avaliação do pensamento matemático, pretende-
se identi car as estruturas lógicas que o indivíduo usa de seu pensamento lógico
matemático, analisando o signi cado que ele dá em conhecer o número, se
consegue relacionar com a matemática que precisa diariamente nas relações
sociais, e ainda se entende que se trata dos mesmos números que já foram vistos
por ele ao longo do seu desenvolvimento.
O que é
um número?
Fonte: a autora.
Em um outro momento pode atribuir situações probleminhas com jogos, como, por
exemplo, utilizando o jogo de pega vareta.
Figura 10 - Jogo pega vareta
Fonte: a autora.
Resposta: seis.
Conservação de número.
Conservação de volume.
Conservação de massa.
Conservação de comprimento.
Conservação de classi cação.
Conservação de classi cação – inclusão de classe.
Seriação de Bastonetes.
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
REFLITA
Você já parou para pensar por que e para que nos movimentamos? Em
que os movimentos favorecem nosso desenvolvimento e nos denotam?
Fonte: a autora.
Com isso, a avaliação psicomotora realizada pelo psicopedagogo não deve estar
atrelada somente a uma avaliação, mas sim realizada por meio de análises em
diferentes momentos do diagnóstico, principalmente nos testes que o sujeito
precisa do corpo para realizar, como nas atividades lúdicas, o jogo, a brincadeira, que
o psicopedagogo pode veri car a maneira como se comporta nas sessões entre
outros.
Fernández (1991) destaca que o ser humano depende do corpo para aprender, pois a
aprendizagem sempre passa pelo corpo e cria-se uma aprendizagem integrada a
uma aprendizagem anterior, e vem ligada ao prazer. Em conformidade, Le Boulch
(1982) salienta que o desenvolvimento do esquema corporal passa por etapas, tais
como: corpo vivido, que está relacionado do nascimento até 3 anos de idade do
indivíduo; passando pelo corpo percebido ou descoberto, que é por volta dos 3 aos 7
anos de idade; chegando, ao corpo representado, dos 7 aos 12 anos idade.
Fonte: a autora.
Na Psicopedagogia, o método que deve ser utilizado para avaliar uma pessoa do
ponto de vista psicomotor é o da observação direta da sua ação motora, ou
dependendo da idade cronológica poderá aplicar algumas atividades, de
preferência lúdicas. A partir destas, analisam-se aspectos relacionados à sua
capacidade de integração e maturidade neuromotora, sua noção de esquema
corporal, o seu desenvolvimento do tônus muscular. Ou seja, é preciso observar os
movimentos e posturas, pode aplicar ainda durante as provas projetivas desenhos e
veri car como expressa a estrutura corporal. E aqui podem ser aplicados vários
testes.
Teste de Desenvolvimento
de Habilidades Físicas e
Motoras - 5 anos.
Fonte: a autora.
Meur e Staes (1989) apresentam uma lista de características que podem sinalizar
que uma pessoa apresenta di culdades na elaboração do esquema corporal:
Figura 13 - O que deve ser observado em uma pessoa na análise do corpo em
movimento
Fonte: a autora.
Diante deste fato, o psicopedagogo precisa fazer uma análise de todas as outras
avaliações para compreender o que leva uma criança de quatro anos de idade a não
possuir a coordenação motora estabelecida para essa fase, se é uma criança privada,
por algum motivo, desta experiência, pelo fato de sua família sempre a alimentar,
por exemplo. Pode ser, também, que a criança está passando por outros fatores
emocionais que a levem a ter tal atitude, para chamar a atenção de seus familiares.
Sendo assim, a avaliação motora depende de outras avaliações para chegar ao
diagnóstico preciso, pois “Em primeiro lugar a criança percebe a posição de seu
próprio corpo no espaço. Depois, a posição dos objetos em relação a si mesma e, por
m, aprende a perceber a relação dos objetos entre si” (OLIVEIRA, 1997, p. 75).
Prezado(a) aluno(a), espero que tenha compreendido até aqui a importância das
avaliações para a realização do diagnóstico. Para o psicopedagogo as avaliações são
como uma rede para o equilibrista, ou seja, é o suporte para que trace as ações de
modo seguro durante o processo de intervenção.
Leitura complementar
Leitura complementar
CONECTE-SE
DIAGNÓSTICOS EM PSICOPEDAGOGIA
Moojen (2004)
· di culdades na matemática;
Filme
Web
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Caro(a) aluno(a), distinguir o trabalho clínico e o institucional é fundamental no
âmbito psicopedagógico. O primeiro busca compreender os obstáculos e as causas
relacionadas ao problema de aprendizagem já instalado. O segundo visa a entender
as competências e habilidades para solução dos problemas.
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
A elaboração da síntese diagnóstica é destacada por Paín (1992, p. 69): “uma vez
recolhida toda a informação [...] é necessário avaliar o peso de cada fator na
ocorrência do transtorno da aprendizagem”. Ou seja, é a formulação de hipótese por
meio da síntese diagnóstica, a partir da análise dos dados colhidos no diagnóstico e
analisar quais as implicâncias que apontam para o prognóstico. Essa etapa é muito
importante para que a entrevista de devolução seja consciente e e caz.
Assim, ao chegar na hipótese diagnóstica que é uma reelaboração dos dados e suas
interligações, que leva a compreensão global em relação ao paciente aprendente
ante a questão da não aprendizagem.
Fonte: a autora.
Contato
Linha de pesquisa
Teste
Outros testes
2º sistema de hipóteses
Linha de pesquisa
3º sistema de hipóteses
Informe diagnóstico/devolução
Fonte: Sampaio (2014, p. 21).
Por meio do uxograma é possível veri car que há o primeiro sistema de hipóteses,
que ocorre após a realização da EOCA, em que o psicopedagogo extrai o primeiro
sistema de hipótese.
CONECTE-SE
Acesse o link para veri car um modelo de informe psicopedagógico:
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
É o momento que encerra o processo diagnóstico que alguns estudos tratam como
Informe psicopedagógico. “[...] Talvez o momento mais importante desta
aprendizagem seja a entrevista dedicada à devolução do diagnóstico, entrevista que
se realiza primeiramente com o sujeito e depois com os pais” (PAÍN, 1992, p. 72). É
um momento crucial do diagnóstico, pois é o encontro entre sujeito, psicopedagogo
e família, para traçar os próximos passos, por meio dos relatos dos resultados do
diagnóstico, analisando todos os fatos da situação apresentada, seguindo de uma
síntese integradora e um encaminhamento.
SAIBA MAIS
Vale destacar que a concepção do diagnóstico psicopedagógico deve
seguir um roteiro de acordo com a linha teórica de trabalho do
psicopedagogo.
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
Uma boa dica ao psicopedagogo é que, na devolução, inicia-se pelos
pontos positivos, com as construções que a pessoa já conseguiu
realizar, e posteriormente irá relatando as combinações das ações e
atividades que se encontra em defasagem.
Assista o vídeo que explica sobre a devolutiva que vai auxiliar neste
momento de realizar a devolutiva psicopedagógica
Nesta sessão deve car acordado com o paciente o que, quando e como seriam
dadas novas atitudes em relação a ele e combinando novos horários de
atendimento.
Plano de intervenção
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
A intervenção deve ocorrer em um conjunto de funções. Para isso, deve-se analisar o
sujeito que aprende e a instituição que ensina, a relação com a família e, caso seja
necessário, buscar auxílio de outros pro ssionais ao tratamento. Outra proposta
relevante é a utilização do lúdico, por ser um meio que constitui o prazer em
aprender, possibilita ao indivíduo desenvolver suas capacidades e habilidades de
modo a representar os fatos que lhe atrapalham a se desenvolver, pois, no decorrer
de uma brincadeira ou jogo, é possível analisar diferentes situações.
Atenção
Raciocínio lógico
Regras
Noção espacial
Análise psicopedagógica
Concentração
Tolerância
Frustração
Fonte: a autora.
Organização
prévia da tarefa
Graduação
Fonte: a autora.
SAIBA MAIS
Na fase da intervenção, o psicopedagogo não deve deixar de investigar,
ainda que a prioridade seja a intervenção.
Fonte: a autora.
Paín (1992) ainda faz uma relação entre as três áreas: a psicanálise, a teoria
piagetiana e o materialismo histórico, como base para auxiliar nas tarefas realizadas
nas intervenções relacionadas aos problemas na aprendizagem. Outro aspecto é a
família, esta é fundamental, pois serve como referência no tratamento. É preciso o
seu auxílio para a reconstrução do processo de aprendizagem. E, no decorrer da
intervenção, a família auxilia, por meio do dia a dia e da realidade, com atividades
para desenvolverem em seus lares com o paciente.
Com base nessa observação, percebemos que Bateson (2002) entende como
relevante a adoção da ideia de enquadre para re etir sobre a comunicação entre
terapeuta e paciente na intervenção, por se tratar de um conceito psicológico que
traz instruções para que o interlocutor perceba que mensagens estão incluídas e/ou
excluídas em algumas atitudes. Nesse sentido, na visão de Bateson (2002, p. 99),
“todo enquadre é metacomunicativo e toda metacomunicação de ne um
enquadre”. Ou seja, todo enquadramento possibilita indicar o tipo e a natureza da
interação entre os interlocutores nas situações vivenciadas. Ao mesmo tempo, ao
observar a mensagem da relação entre o sujeito, delimita um enquadre que auxilia
na compreensão da situação, ali delineada, bem como as regras implícitas que
orientam as ações dos sujeitos.
AUTORIA
Sonia Maria de Campos
Neste momento vamos compreender, entre as questões da evolução e os
encaminhamentos pertinentes a atuação psicopedagógica, como no caso do
diagnóstico, que é um momento em que possibilita compreender as hipóetese
relacionadas a queixa inicial; do Informe, que tem por nalidade “resumir as
conclusões a que se chegou na busca de respostas às perguntas que motivaram o
diagnóstico” (WEISS, 2003, p. 138).
CONECTE-SE
Indico o vídeo a seguir, como um recurso para melhor esclarecer a
importância de quem convive com o sujeito. É importante a observação
como subsídios para a descoberta das causas das áreas do
desenvolvimento em geral, tais como: comunicação e expressão,
percepção, desenvolvimento motor, compreensão espaço-temporal e
dimensão socioafetiva. Observação na área das habilidades especí cas.
SAIBA MAIS
É relevante destacar, na guia de encaminhamento, os dados corretos da
fase escolar, como a queixa de di culdade de aprendizagem, pois se o
aluno, ainda, encontrar-se em processo de alfabetização, as queixas
descritas são aceitáveis para a idade e ano escolar que ele se encontra.
Fonte: a autora.
Outro aspecto importante a ser notado é saber se o aluno encaminhado foi inserido
de modo regular e sistematizado ao processo de alfabetização e aprendizagem.
Pois, em muitos casos, por trás da queixa de uma di culdade de aprendizagem
intensa está a falta de oportunidade de estudar. Outra questão que é preciso ser
analisada é o foco, este não deve ser exclusivamente voltado ao desempenho ou à
falta dele no indivíduo, mas sim observar se ele teve oportunidade de acessar o
conhecimento de maneira adequada ao processo de aprendizagem.
A linguagem que o sujeito utiliza também é uma área importante a ser analisada na
guia. É necessário veri car quais as questões que apontam para problemas de
aprendizagem e merecem investigação, como, por exemplo, se em uma conversa o
indivíduo não apresenta sentido no que diz, tem um conversa descontextualizada e
sente di culdade para compreender o que lhe é dito, isso pode apontar para
diagnósticos como de ciência intelectual, dé cit de atenção e problemas auditivos,
ou ainda, se a queixa é em relação a trocas de letras F/V, T/D, P/B ao falar e escrever,
é importante ser encaminhado para um diagnóstico na área do processamento
fonológico, como o dé cit de processamento auditivo central. Podemos encontrar
alunos que tiveram uma alfabetização de maneira ine ciente e, por isso,
apresentam queixas muito semelhantes ao destacado anteriormente.
Ainda, no aspecto de linguagem, a guia deve trazer uma ressalva em relação aos
problemas articulares, como na fala de difícil compreensão, vícios de linguagem,
“língua presa”, uência, gagueira e rouquidão, que precisa trabalhar com a
fonoterapia.
CONECTE-SE
Acesse o link para veri car os modelos das guias:
Conclusão - Unidade 4
Caro(a) aluno(a), foi possível veri car, neste momento de nossos estudos, a
importância de se ter a hipótese diagnóstica já bem delimitada para que se possa
organizar a devolução (para paciente, pais, família e escola) de modo seguro e
elaborar o plano de intervenção de maneira a conseguir auxiliar no processo de
desenvolvimento seguro e caz ao paciente aprendente.
Leitura complementar
LEITURA COMPLEMENTAR
Desenho da Família: após a consigna "desenhe uma família", Pedro desenhou os três
membros da família (ele, pai e mãe); conforme Figura 1, notam-se esquemas corporais
empobrecidos, olhos vazados e ausência de braços; observa-se que Pedro se
desenhou ao lado da mãe; o tamanho relativo dos personagens foi evidenciado e a
produção foi centralizada na folha; por m, evidencia-se que Pedro desenhou a sua
família real, composta por ele, pai e mãe, o que sugere uma percepção de relação
saudável entre os membros.
Desenho da Família Cinética: nesta atividade foi solicitado o desenho de uma família
fazendo alguma coisa. Pedro desenhou os personagens sem diferenciação de sexo;
todos os membros da família num mesmo ambiente, porém cada um fazendo uma
coisa diferente. Essa situação sugere comprometimento no vínculo familiar.
Desenho do Par Educativo: foi solicitado ao grupo o desenho de alguém aprendendo
alguma coisa e alguém ensinando. Pedro se desenhou fazendo uma prova; observa-
se no desenho que ele está ao lado de uma folha, com um lápis na mão; a ausência
de ensinante sugere vínculo comprometido com quem ensina e não com o objeto de
conhecimento (folha de prova); o tamanho do aprendente, o tamanho do objeto de
conhecimento e o contato do aprendente com o lápis sugere vínculo saudável com o
objeto de conhecimento.
Entrevista com os pais: durante a entrevista a mãe relatou que Pedro é autista (apesar
dessa informação não constar no relatório médico), tem problemas na fala e
di culdades de socialização. Faz acompanhamento neurológico, fonoaudiólogo e usa
os medicamentos Risperidona e Tofranil. Na entrevista, foi evidenciado que Pedro
tem um primo ( lho de um tio por parte de mãe), com a idade de 7 anos, que
também é autista. A mãe relatou que Pedro nasceu de parto normal, sem
complicações e começou a falar com 1 ano e 2 meses.
Hora do Jogo Diagnóstica: após apresentar a caixa, foi solicitado ao grupo para
realizar a atividade. Pedro não fez inventário, pegou um livro e cou folheando, depois
pegou a lata de palitos e brincou um pouco, sem demonstrar muita vontade, por m,
fez um desenho, utilizando canetinhas e papel sul te, porém não terminou. Essa
atitude demonstra a di culdade da criança em se apropriar do objeto de
conhecimento desejado; o contato super cial com a caixa e com os objetos
oferecidos sugere di culdades em lidar com a situação e com o não conhecer.
Sondagem da Escrita: conforme Figura 2, a escrita de Pedro foi classi cada como
silábica-alfabética, sem o registro da sílaba de três letras, estando aquém do esperado
para a idade, de acordo com a padronização do teste. As palavras ditadas ao paciente
foram: elefante, rã, formiga, cachorro e tigre; e a frase foi: "O elefante pisou na
formiga".
Com relação à modalidade de aprendizagem, Pedro foi classi cado como Hipo
Assimilativo/Hipo Acomodativo. Na hipoassimilação, ocorre pobreza de contato com o
objeto, e dé cit lúdico e criativo; na hipoacomodação, além de pobreza de contato
com o objeto, ocorre também di culdade na interiorização das imagens.
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Prezado(a) aluno(a),
Para tanto, z uma organização para que possa contribuir em sua atuação
pro ssional em psicopedagogia, e que tenha a liberdade de utilizar em uma ordem
exível os passos do diagnóstico, bem como a delimitar o número de sessões para
tal. Pois, vai depender do vínculo e das necessidades do paciente aprendente.