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RESUMO

Este trabalho, além de situar a psicopedagogia no contexto


histórico da educação no século XXI, aponta dados sobre os
indicadores da educação brasileira entre avanços e fracassos diante
das metas para a educação de qualidade, e reflete sobre a
intervenção psicopedagógica para o desenvolvimento de
Habilidades e Competências propostas pela Base Nacional Comum
Curricular (BNCC).

Palavras chave
Educação, psicopedagogia, aprendizagem.
SUMÁRIO

RESUMO 2
SUMÁRIO 3
1 INTRODUÇÃO
2 DESENVOLVIMENTO
2.1 Sobre Psicopedagogia
2.1.1 Sobre Regulamentação
2. 2 Sobre o BNCC
2. 3 Sobre os indicadores da educação brasileira
3 CONCLUSÃO
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
1 INTRODUÇÃO

Segundo a Associação Brasileira de Psicopedagogia (ABPp)


a atividade psicopedagógica ainda é uma ciência recente não
legalizada, porém legitimada por sua importância em diversos
ambientes que trabalham e pesquisam os processos do ensino
aprendizagem com reconhecimento do Ministério da Educação
Brasileira (MEC) em nível de Pós-Graduação, surge a necessidade
de refletir sobre a importância da Psicopedagogia nos processos de
ensino aprendizagem. Sobretudo pelo fato de ser uma atividade
relativamente recente que abarca diversas áreas do conhecimento,
tentando se estabelecer como uma nova ciência, tornando, em sua
práxis, o psicopedagogo um aprendente em constante formação.
Nesse sentido, mesmo – e principalmente – diante das
limitações, é de suma importância, analisar o papel do
psicopedagogo no ambiente escolar (foco deste estudo),
dialogando, interagindo e intervindo com os demais agentes no
processo educativo institucional a fim de que os discentes atinjam o
maior potencial cognitivo. Isso posto, teremos o psicopedagogo
como eixo central das engrenagens nesse processo tão complexo
que é o estudo e a interpretação da mente humana em diversos
contextos, situações e ambientes.
Partiremos do estudo de alguns documentos norteadores
extraídos do site da ABPp que embasarão nossas reflexões,
apontaremos dados sobre os indicadores da educação brasileira
entre alguns estudos que propõem e norteiam uma práxis
pedagógica mais eficiente.
Por fim, concluiremos abordando o papel do psicopedagogo
diante do desafio de implementar intervenção psicopedagógica para
o desenvolvimento de habilidades e competências propostas pela
Base Nacional Comum Curricular (BNCC) que foca o aprendizado
em competências e habilidades.
2 DESENVOLVIMENTO

2.1 Sobre Psicopedagogia

A Psicopedagogia surge da necessidade de contribuir com a


busca de soluções para os problemas de aprendizagem. Este
campo de conhecimento vai além da simples junção dos
conhecimentos oriundos da sus nomenclatura – Psicologia e
Pedagogia – recorrendo a outras áreas do conhecimento como a
Filosofia, a Neurologia, a Sociologia, a Linguística e a Psicanálise,
entre outras, abrangendo uma análise holística para intervenções
em níveis físicos – fenômenos observáveis, e psíquicos –
fenômenos da consciência.
O objetivo central deste trabalho é interpretar a importância
da Psicopedagogia e o papel do psicopedagogo frente aos desafios
nos processos de ensino aprendizagem, principalmente no que se
refere aos déficits de aprendizagem causados por dificuldade ou
transtorno.
O caput do Código de Ética do Psicopedagogo expressa o
propósito de estabelecer parâmetros e orientar os profissionais da
Psicopedagogia brasileira quanto aos princípios, normas e valores
ponderados à boa conduta profissional, estabelecendo diretrizes
para o exercício da Psicopedagogia e para os relacionamentos
internos e externos à ABPp e sua revisão é prevista para que se
mantenha atualizado com as expectativas da classe profissional e
da sociedade (ABPp, 2011).
No exposto, percebe-se principalmente a preocupação da
revisão documental que rege o ofício da psicopedagogia com vistas
às transformações e avanços científicos, tecnológicos, históricos e
sociais no que tange aos processos educativos tanto clínicos quanto
institucionais.
Os artigos 1º ao 4º esclarecem o campo de atuação do
psicopedagogo considerado os sujeitos relacionados em seus
contextos socio-históricos, os procedimentos, processos e caráter
de intervenção, os instrumentos e objetivos da ação
psicopedagógica como segue no excerto:
Capítulo I – Dos princípios – Artigo 1º: A Psicopedagogia é
um campo de atuação em Educação e Saúde que se ocupa
do processo de aprendizagem considerando o sujeito, a
família, a escola, a sociedade e o contexto sócio histórico,
utilizando procedimentos próprios, fundamentados em
diferentes referenciais teóricos. Parágrafo 1º: A intervenção
psicopedagógica é sempre da ordem do conhecimento,
relacionada com a aprendizagem, considerando o caráter
indissociável entre os processos de aprendizagem e as
suas dificuldades. Parágrafo 2º: A intervenção
psicopedagógica na Educação e na Saúde se dá em
diferentes âmbitos da aprendizagem, considerando o
caráter indissociável entre o institucional e o clínico. Artigo
2º: Psicopedagogia é de natureza inter e transdisciplinar,
utiliza métodos, instrumentos e recursos próprios para
compreensão do processo de aprendizagem, cabíveis na
intervenção. Artigo 3º: A atividade psicopedagógica tem
como objetivos: a) promover a aprendizagem, contribuindo
para os processos de inclusão escolar e social; b)
compreender e propor ações frente às dificuldades de
aprendizagem; c) realizar pesquisas científicas no campo
da Psicopedagogia; d) mediar conflitos relacionados aos
processos de aprendizagem. Artigo 4º: O psicopedagogo
deve, com autoridades competentes, refletir e elaborar a
organização, a implantação e a execução de projetos de
Educação e Saúde no que concerne às questões
psicopedagógicas. (ABPp, 2011)

2.1.1 Sobre a regulamentação do exercício psicopedagógico

A formação para o exercício da Psicopedagogia é


regulamentada pela Resolução CNE/CES nº 1, de 8 de junho de
2007 (MEC, 2007) que “estabelece normas para o funcionamento de
cursos de pós-graduação lato sensu, em nível de especialização”.
Mas a Lei que regulamenta o exercício da atividade profissional,
mesmo com o pareceres favoráveis da Comissão de Mérito, foi
arquivada em 1997 com fundamento do Artigo 105 (encerramento
legislativo) do Regimento Interno da Câmara dos Deputados, e
mesmo com o favorecimento da Comissão de Constituição e Justiça
e de Cidadania (CCJ) não pode ser apreciado e permanece em
tramitação até a presente data (2019). Esse embargo legal retorna
com o Projeto de Lei nº 3.512/2008 de autoria da Deputada
Professora Raquel Teixeira que estabelece em seu Artigo 2º:
Poderão exercer a atividade de Psicopedagogia no País: I -
os portadores de diploma em curso de graduação em
Psicopedagogia expedido por escolas ou instituições
devidamente autorizadas ou credenciadas nos termos da
legislação pertinente; II - os portadores de diploma em
Psicologia, Pedagogia, Fonoaudiologia, ou Licenciatura que
tenham concluído curso de especialização em
Psicopedagogia, com duração mínima de 600 horas e
carga horária de 80% na especialidade". (PL 3.512/2008)
Nesse sentido, cabe ressaltar que, mesmo reconhecida pelo
MEC a formação em Psicopedagogia, o único amparo que se possui
para o exercício da função é o Código de Ética do Psicopedagogo.
Se a Psicopedagogia abrange interdisciplinarmente a
compreensão e intervenção nos problemas de aprendizagem em
seu objeto de estudo a aprendizagem, há que se considerar a
morosidade na regulamentação do exercício, visto ser uma atividade
que contribui para o atingimento da meta da educação de qualidade
proposta pela LDB, sobretudo por já estar legitimada socialmente e
a oficialização prevê a extensão do atendimento à população de
baixa renda visando a melhoria da educação e prevenção da saúde
(ABPp, 2002).
2. 2 Sobre a BNCC

A Base Nacional Comum Curricular é um documento de


caráter normativo que define o conjunto orgânico e progressivo de
aprendizagens essenciais e foi elaborada por especialistas de
diversas áreas do conhecimento e objetiva uma Base para toda a
Educação Básica brasileira com o foco na educação de qualidade.
Pretende ser “um documento completo e contemporâneo”, que
corresponde às demandas do estudante do século XXI, visando
“assegurar direitos de aprendizagem e desenvolvimento”, orientado
pelos princípios éticos, políticos e estéticos que visam à formação
humana integral e à construção de uma sociedade justa,
democrática e inclusiva em conformidade com o que preceitua o
Plano Nacional de Educação e as Diretrizes Curriculares Nacionais
da Educação Básica (BNCC, 2017).
As aprendizagens essenciais da BNCC estão expressas em
dez competências gerais que norteiam a educação integral:
1- Conhecimento: Valorizar e utilizar os conhecimentos
historicamente construídos sobre o mundo físico, social,
cultural e digital para entender e explicar a realidade,
continuar aprendendo e colaborar para a construção de
uma sociedade justa, democrática e inclusiva. / 2-
Pensamento científico, crítico e criativo: Exercitar a
curiosidade intelectual e recorrer à abordagem própria das
ciências para investigar causas, elaborar e testar hipóteses,
formular e resolver problemas e criar soluções (inclusive
tecnológicas). / 3- Repertório cultural: Valorizar e fruir as
diversas manifestações artísticas e culturais, das locais às
mundiais, e também participar de práticas diversificadas da
produção artístico-cultural. / 4- Comunicação: Utilizar
diferentes linguagens – verbal (oral ou visual-motora, como
Libras, e escrita), corporal, visual, sonora e digital –, bem
como conhecimentos das linguagens artística, matemática
e científica, para se expressar e partilhar informações,
experiências, ideias e sentimentos em diferentes contextos
e produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo. / 5-
Cultura digital: Compreender, utilizar e criar tecnologias
digitais de informação e comunicação de forma crítica,
significativa, reflexiva e ética nas diversas práticas sociais
(incluindo as escolares) para se comunicar, acessar e
disseminar informações, produzir conhecimentos, resolver
problemas e exercer protagonismo e autoria na vida
pessoal e coletiva. / 6- Trabalho e projeto de vida: Valorizar
a diversidade de saberes e vivências culturais e apropriar-
se de conhecimentos e experiências que lhe possibilitem
entender as relações próprias do mundo do trabalho e fazer
escolhas alinhadas ao exercício da cidadania e ao seu
projeto de vida, com liberdade, autonomia, consciência
crítica e responsabilidade. / 7- Argumentação: Argumentar
com base em fatos, dados e informações confiáveis, para
formular, negociar e defender ideias, pontos de vista e
decisões comuns que respeitem e promovam os direitos
humanos, a consciência socioambiental e o consumo
responsável em âmbito local, regional e global, com
posicionamento ético em relação ao cuidado de si mesmo,
dos outros e do planeta. / 8- Autoconhecimento e
autocuidado: Conhecer-se, apreciar-se e cuidar de sua
saúde física e emocional, compreendendo-se na
diversidade humana e reconhecendo suas emoções e as
dos outros, com autocrítica e capacidade para lidar com
elas. / 9- Empatia e cooperação: Exercitar a empatia, o
diálogo, a resolução de conflitos e a cooperação, fazendo-
se respeitar e promovendo o respeito ao outro e aos
direitos humanos, com acolhimento e valorização da
diversidade de indivíduos e de grupos sociais, seus
saberes, identidades, culturas e potencialidades, sem
preconceitos de qualquer natureza. / 10- Responsabilidade
e cidadania: Agir pessoal e coletivamente com autonomia,
responsabilidade, flexibilidade, resiliência e determinação,
tomando decisões com base em princípios éticos,
democráticos, inclusivos, sustentáveis e solidários
(BRASIL, 2017).
A Base define competências “como a mobilização de
conhecimentos, habilidades, atitudes e valores para resolver
demandas complexas da vida cotidiana, do pleno exercício da
cidadania e do mundo do trabalho” (BNCC, 2017, p. 8). Para
interpretá-las e aplica-las deve-se nortear por duas questões
básicas, quais sejam: 1) ‘O Quê?’, e 2) ‘Para Que?’. Como exemplo,
a competência nº 1 responde ao que é conhecimento da seguinte
forma: “valorizar e utilizar os conhecimentos historicamente
construídos sobre o mundo físico, social, cultural e digital, e para
que serve esta competência: “entender e explicar a realidade,
continuar aprendendo e colaborar para a construção de uma
sociedade justa, democrática e inclusiva”.
Todas as 10 competências gerais visam preparar o aluno da
Educação Básica para a vida prática, mobilizando os conhecimentos
das áreas específicas do conhecimento para o entender e explicar
da realidade, levando-os a escolhas a partir desse entendimento a
fim de agir na direção correta. Tais competências devem ser
construídas através de habilidades desenvolvidas em sala de aula.
A Base vem de encontro ao marco legal do Artigo 210 da
Constituição de 88 que reconhece a necessidade de que sejam
“fixados conteúdos mínimos para o ensino fundamental, de maneira
a assegurar formação básica comum e respeito aos valores culturais
e artísticos, nacionais e regionais” (BRASIL, 1988) e no Inciso IV do
Artigo 9º da LDB afirmando que “cabe à União, Estados e
Municípios estabelecer competências e diretrizes para a Educação
que norteiem os currículos e seus conteúdos mínimos para a
assegurar formação básica comum” (BRASIL, 1996).
Portanto, o que se pretende com a BNCC é estabelecer um
norte que embase a educação básica no Brasil para que os alunos
adquiram múltiplas competências como conhecimento para a vida e
saibam o que fazer, ou seja, desenvolvam habilidades para usá-las
de forma cognitiva e empírica.
Isso posto, passa-se à descrição de alguns indicadores da
educação brasileira, seguindo para a análise de alguns recursos
metodológicos contextualizando a importância da ação
psicopedagógica para a obtenção das competências e habilidades
propostas pela BNCC.
2. 3 Sobre os indicadores da educação brasileira

Há diversos indicadores da educação brasileira, dentre os


quais destacamos o Índice de Desenvolvimento da Educação
Básica (Ideb) e o Programa Internacional de Avaliação de
Estudantes (Pisa). O Ideb foi criado em 2007 e reúne os resultados
do fluxo escolar e as médias de desempenho nas avaliações. O
Pisa, coordenado pela Organização para Cooperação e
Desenvolvimento Econômico (OCDE), é “uma iniciativa de avaliação
comparada, aplicada de forma amostral a estudantes matriculados a
partir do 7º ano do ensino fundamental na faixa etária dos 15 anos”,
idade em prevista para o término da escolaridade básica obrigatória
na maioria dos países (BRASIL, 2015).
Os dados apontam que em todas as faixas etárias houve um
crescimento constante nas taxas de frequência, com destaque na
faixa de 4 e 5 anos, de 55% em 2001 para 79,1% em 2012
apontando a universalização do acesso, com 98,3% das crianças de
6 a 14 anos frequentando a escola. E afirma ainda que a
permanência na escola também aumentou no período, em todas as
faixas. Esse dado revela que está cada vez maior a proporção de
estudantes com escolaridade adequada para sua idade. Nos anos
iniciais do ensino fundamental, por exemplo, 77,4% das crianças de
12 anos têm, pelo menos, quatro anos de estudo em comparação
com 2001 em que essa proporção era de 68,8% (BRASIL, 2015).
Há outros indicadores capazes de agregar valor analítico e
avaliativo às estatísticas, os Indicadores Educacionais do Censo
Escolar permitem conhecer não apenas o desempenho dos alunos,
mas também o contexto socioeconômico e as condições de em que
se dá o processo ensino-aprendizagem no qual os resultados foram
obtidos. Os indicadores são úteis principalmente para o
monitoramento dos sistemas educacionais, considerando o acesso,
a permanência e a aprendizagem de todos os alunos. Dessa forma,
contribuem para a criação e o acompanhamento de políticas
públicas voltadas para a melhoria da qualidade da educação e dos
serviços oferecidos à sociedade pela escola.
O Saeb é a avaliação utilizada pelo governo federal realizada
a cada dois anos para medir a aprendizagem dos alunos ao fim de
cada etapa de ensino: ao 5º e 9º anos do ensino fundamental e 3º
ano do ensino médio. O sistema é composto pelas médias de
proficiências em português e matemática extraídas da Prova Brasil,
e pelo Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb). Os
níveis de proficiência estão organizados em uma escala de 0 a 9 e
quanto menor o número, pior o resultado. Níveis de 0 a 3 são
insuficientes, de 4 e 6 os considerados conhecimento básico, de 7 a
9, adequado.
Os dados do Saeb 2017 apontam que o ensino fundamental
avançou, mas o ensino médio permanece estagnado.
Sete de cada dez alunos do 3º ano do ensino médio têm
nível insuficiente em português e matemática. Entre os
estudantes desta etapa de ensino, menos de 4% têm
conhecimento adequado nestas disciplinas. É o que
mostram os dados do Sistema de Avaliação da Educação
Básica (Saeb) 2017 divulgados pelo Ministério da Educação
(FOREGUE et al, 2018, online).
O país busca políticas de inclusão educacional, mas a
qualidade do ensino permanece carente de análises e reformulação,
principalmente o ensino médio.
Etapa mais problemática da educação básica, o ensino
médio foi classificado no nível 2 de proficiência. Em
matemática, 71,67% dos alunos têm nível insuficiente de
aprendizado. Desses, 23% estão no nível 0, o mais baixo
da escala de proficiência. Em português, 70,88% dos
alunos têm nível insuficiente de aprendizado, sendo que
23,9% estão no nível zero, o mais baixo. Do ponto de vista
pedagógico, os números do ensino médio significam que:
em português - a maioria dos estudantes brasileiros não
consegue localizar informações explícitas em artigos de
opinião ou em resumos, por exemplo e em matemática - a
maioria dos estudantes não é capaz de resolver problemas
com operações fundamentais com números naturais ou
reconhecer o gráfico de função a partir de valores
fornecidos em um texto (FOREGUE et al, 2018, online).
Como se não bastasse o estado crítico do ensino médio
surge uma análise ainda mais alarmante, mostrando que é possível
que o ensino fundamental índices piores que o ensino médios, e que
ainda há um grande número de crianças e jovens fora da escola.
O Brasil ocupa o 53º lugar em educação, entre 65 países
avaliados (PISA). Mesmo com o programa social que
incentivou a matrícula de 98% de crianças entre 6 e 12
anos, 731 mil crianças ainda estão fora da escola (IBGE). O
analfabetismo funcional de pessoas entre 15 e 64 anos foi
registrado em 28% no ano de 2009 (IBOPE); 34% dos
alunos que chegam ao 5º ano de escolarização ainda não
conseguem ler (Todos pela Educação); 20% dos jovens que
concluem o ensino fundamental, e que moram nas grandes
cidades, não dominam o uso da leitura e da escrita (Todos
pela Educação). Professores recebem menos que o piso
salarial (et. al., na mídia) (BRUNI, 2019).
Diante dos dados cabe buscar alguma diretriz que coloque o
ensino brasileiro no norte do sucesso, entendendo que o sucesso
depende de mudanças estruturais em todo sistema educacional.

2. 3.1 Sobre as boas práticas para a educação de qualidade

As boas práticas pressupõem séria pesquisa sobre a


realidade local e organização metodológica para intervenções
eficientes no rendimento escolar dos alunos. Considerando que a
importância da Psicopedagogia e o papel do psicopedagogo frente
aos desafios nos processos de ensino aprendizagem no que se
refere aos déficits de aprendizagem causados por dificuldade ou
transtorno, cabe ressaltar que este profissional, diante de sua
formação embasada em diversas – e importantes – áreas do
conhecimento humano é o eixo em torno do qual as disciplinas
podem orbitar.
Conforme o Código de Ética da ABPp, o Psicopedagogo é o
profissional que “se ocupa do processo de aprendizagem
considerando o sujeito, a família, a escola, a sociedade e o contexto
sócio histórico, utilizando procedimentos próprios, fundamentados
em diferentes referenciais teóricos”. Nesse sentido, é valida a
reflexão de que – talvez – ainda não esteja inserido na realidade de
todas as escolas pelo fato de ainda não haver uma legislação
aprovada pelo Congresso Nacional, sendo, por vezes e
equivocadamente, substituído (nos editais públicos e nas realidades
escolares) por ‘especialistas’ (pedagogos ou outros profissionais da
educação com complementação em ‘educação especial’), retirando
a legitimidade de um profissional fundamental nos processos
educativos.
Sendo a intervenção psicopedagógica da ordem do
conhecimento, relacionada com a aprendizagem, considerando o
caráter indissociável entre os processos de aprendizagem e as suas
dificuldades o profissional Psicopedagogo deve ser inserido no staff
de todas as escolas visando um aprofundamento nos estudos de
casos em busca de respostas aos déficits de aprendizagem,
propondo e construindo, junto ao corpo docente, ferramentas para o
atingimento de melhores resultados na aprendizagem dos alunos
em consonância com as habilidades e competências do BNCC.
3 CONCLUSÃO

A qualidade da educação ainda é aferida por testes e


avaliações que inda focam a proficiência em português e
matemática e talvez desconsidere a realidade das instituições em
seu aspecto histórico, cultural, geográfico e estrutural. Nesse
sentido, não é possível balizar a real situação do ensino no Brasil.
Analisando apenas a quarta competência geral da BNCC, no
que tange à comunicação, percebe-se que visa capacitar os alunos
para utilizar as linguagens verbal, corporal, visual, sonora e digital
para produzir sentidos que levem ao entendimento mútuo, contudo,
não são todas as escolas providas de instrumentos e equipamentos
que possibilitem a inclusão digital, por exemplo.
Para o desenvolvimento da linguagem audiovisual as escolas
necessitam de equipamentos e programas específicos com que
contribuam para o desenvolvimento de habilidades na área
específica de artes numa relação dialógica com as demais áreas do
conhecimento visando a educação integral do aluno.
A estrutura é apenas um dos aspectos críticos dessa análise.
Levando-se em consideração a formação estanque de um professor
de determinada disciplina, surgem outros aspectos a considerar,
além do que o tempo destinado a cada aula pode ser exíguo para
uma ministração mais profunda do conhecimento desejado.
Nesse espectro surge o importante papel do psicopedagogo
que, diante das limitações, diversidades e adversidades locais,
busca, de forma multifuncional e interdisciplinar, diagnosticar os
déficits de aprendizagem em relação aos recursos humanos e
materiais para nortear as ações pedagógicas para a meta da
qualidade.
Assim, intervindo nos planos e projetos, propondo métodos e
metodologias alternativas que diminuam os transtornos de
aprendizagem e ampliem o rendimento escolar.
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