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Resumo: Por meio de seu corpo o indivíduo demonstra o que sente, e as possibilidades
de se expressar através dele no tempo e espaço são necessárias para todas as etapas do
seu desenvolvimento. As habilidades motoras grossas, que envolvem a participação de
todo o corpo e as finas que exigem precisão, são adquiridas por meio da interação dos
sistemas orgânicos com a tarefa e o ambiente e através das atividades psicomotoras
cotidianas essas podem ser desenvolvidas. O estudo teve como objetivo caracterizar o
perfil psicomotor nas tarefas de coordenação motora grossa e fina, de crianças em idade
escolar. Participaram oito crianças matriculadas no quarto e quinto ano do ensino
fundamental. Os dados foram coletados por meio de uma avaliação, a Bateria
Psicomotora (BPM), de Vítor da Fonseca. Após a coleta foi classificado o perfil
psicomotor segundo a terceira unidade de Luria, referente à praxia global e praxia fina,
com pontuação máxima de 8 e mínima de 2 pontos. Analisado o perfil de cada criança
obteve-se a pontuação média de 5,91. Foi possível observar um perfil psicomotor
normal quando analisado a unidade lúria, mas quando observado os subfatores
isoladamente os resultados apontaram para uma leve dificuldade de aprendizagem na
maioria das crianças avaliadas.
Palavras-Chave: Psicomotricidade; Avaliação; Escola; Criança
1 Introdução
Definida como a ciência que estuda o homem através de seu corpo em
movimento, suas relações internas e externas, a psicomotricidade relaciona: o
movimento, o intelecto e o afeto (OLIVEIRA, 2013).
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Segundo Santos et al. (2009) é por meio de seu corpo que o indivíduo
demonstra o que sente, e as possibilidades de se expressar através dele no tempo e
espaço são necessárias para todas as etapas do seu desenvolvimento.
É através das atividades psicomotoras cotidianas e planejadas como: jogos com
bola, corda, desenhos, e outros, que a motricidade é desenvolvida. O trabalho da
educação psicomotora possibilita através de jogos e atividades lúdicas trabalhar a
conscientização do corpo (FERREIRA, 2006; SANTOS, 2009).
Para Le Boulch (1984) o objetivo principal da educação psicomotora é
contribuir para o desenvolvimento psicomotor da criança, da qual depende a evolução
de sua personalidade e o seu sucesso escolar. Ela é uma preparação para a vida das
crianças e deve ser antes de tudo, uma experiência ativa de confrontação com o meio.
O estudo de Rochael (2009) identificou que a estrutura da Educação
Psicomotora é a base fundamental para o processo de aprendizagem da criança.
Segundo Oliveira (1997) ela pode auxiliar a criança a superar suas dificuldades e
prevenir possíveis inadaptações.
Neste sentido o desenvolvimento psicomotor torna-se importante no processo
de alfabetização e essencial na prevenção de problemas da aprendizagem como a má
concentração, confusão no reconhecimento de palavras, confusão com letras e sílabas e
outras dificuldades relacionadas à alfabetização que podem estar relacionados à má
formação das habilidades psicomotoras (BARRETO, 2000; MOLINARI, 2003).
Estudos realizados sobre a relação entre desenvolvimento psicomotor e dificuldades de
aprendizagem, sugerem que a motricidade pode influenciar o desenvolvimento
cognitivo e na aprendizagem, desde que abordada na escola como um meio e não como
um fim (FÁVERO, 2004).
Para Fonseca (1995) a escola deve fazer do corpo um meio total de expressão e
relação, através do qual a cognição se edifica e se manifesta. Acrescenta que as
dificuldades escolares são consequências de uma falta de adaptação psicomotora.
Gallahue (2003) acredita que por meio da interação dos sistemas orgânicos
com a tarefa e o ambiente é que a criança adquire habilidades motoras, tanto as grossas,
que envolvem a participação de todo o corpo, quanto às finas, que requerem precisão
para atingir a meta.
Os movimentos exagerados, imprecisos, irregulares apontam para uma fraca
organização de movimentos complexos, o que para Fonseca (1995), são causa “dos
infindáveis problemas de ajustamento social, de investimento lúdico, de auto-suficiência
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2 Método
2.1 Participantes
Participaram do estudo oito crianças em idade escolar de 7 a 11 anos, com média
de 8.5 anos, matriculadas no quarto e quinto ano do ensino fundamental.
2.3 Local
A coleta de dados foi realizada em uma instituição filantrópica situada em uma
cidade do interior do estado de São Paulo, que recebe crianças carentes no contraturno
da escola, a fim de permitir aos pais a possibilidade de trabalhar. Todas as crianças
ficam sob responsabilidade de um pedagogo, além de participarem de atividades
desenvolvidas por educador físico, psicopedagogo, psicólogo, terapeuta ocupacional,
fisioterapeuta, fonoaudiólogo e profissionais voluntários.
2.4 Instrumento
Os dados foram coletados por meio de uma avaliação, a Bateria Psicomotora
(BPM), de Vítor da Fonseca.
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3 Resultados e Discussão
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C2 M 8 3 4 3 3 4 3,3 3
C3 F 8 3 4 3 3 4 3,3 3
C4 F 8 4 3 3 3 4 3,3 3
C5 F 9 1 4 3 3 3 2,7 4
C6 M 9 3 3 3 3 3 3,0 3
C7 F 9 4 4 2 2 3 3,3 3
C8 F 11 4 3 3 3 3 3,3 3
Legenda: C.D.M.: Coordenação Dinâmica Manual / M.V.P. Média do subfator
Velocidade-precisão
Observado no quadro anterior que as tarefas feitas na folha quadriculada para
realizar os pontos e cruzes no tempo de 30 segundos compreendem o subfator de
velocidade e precisão.
O fator praxia fina apresentou resultados melhores que os observados na praxia
global. Analisando ambos os fatores obteve-se o perfil psicomotor normal ou bom,
como mostrado na tabela a seguir. Embora os participantes não tenham demonstrando
dificuldades de aprendizagem segundo os dados, não significa que ela não exista, mas
também há a possibilidade de que as atividades dessa unidade já tenham sido adquiridas
por eles. Visto que cada fator é adquirido em períodos diferentes do desenvolvimento
psicomotor.
C1 C2 C3 C4 C5 C6 C7 C8
Como demonstrado na tabela, metade das crianças avaliadas com média entre
6,25 e 6,92 possuem um perfil psicomotor bom, e a outra metade um perfil psicomotor
com média entre 4,75 a 5,58.
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4 Conclusão
O objetivo deste estudo consistiu em caracterizar o perfil psicomotor nas
tarefas de coordenação motora grossa e fina, de crianças em idade escolar que
frequentam uma instituição, para que se estabeleça um plano de intervenção orientado
nas dificuldades apresentadas no estudo, visto a importância do desenvolvimento
neuropsicomotor para a aprendizagem.
Como resultado do estudo foi observado um perfil psicomotor normal quando
analisado a unidade Luria, e os subfatores isoladamente apontaram para uma leve
dificuldade de aprendizagem na maioria das crianças avaliadas.
Essa avaliação pode favorecer o entendimento do processo de desenvolvimento
psicomotor das crianças, no aspecto motor global e fino, permitindo que os profissionais
tenham parâmetros de normalidade para comparar crianças atípicas e elaborar suas
estratégias.
Foi escolhido para esse estudo apenas a terceira unidade de Luria da BPM,
devido seu longo período de aplicação.
REFERÊNCIAS
BARRETO, S. J. Psicomotricidade, educação e reeducação. 2ª.ed. Blumenau: Livraria
Acadêmica, 2000.