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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

SANDRA DOS SANTOS DO NASCIMENTO


VANESSA MORALLES PIRES
WELTON DE LIMA COSTA

O TDAH – O Papel do Professor no Aprendizado

São Paulo
2021
Sandra dos Santos do Nascimento
Vanessa Moralles Pires
Welton de Lima Costa

O TDAH – O Papel do Professor no Aprendizado

Trabalho de conclusão de curso apresentado ao


Centro Universitário Senac – Santo Amaro,
como exigência parcial para obtenção da
Licenciatura em Pedagogia. Orientadora:
Roseli Gonzalez.

São Paulo
2021
Sumário

INTRODUÇÃO.........................................................................................................................4
OBJETIVO................................................................................................................................5
JUSTIFICATIVA.....................................................................................................................5
METODOLOGIA.....................................................................................................................6
QUESTÃO NORTEADORA E HIPÓTESES........................................................................8
O QUE É TDAH?......................................................................................................................9
O PAPEL DO PROFESSOR.................................................................................................10
DENTRO DA SALA DE AULA............................................................................................12
AVALIAÇÃO E DIAGNÓSTICO DO TDAH.....................................................................13
PROJETO DE LEI 7.081/10..................................................................................................16
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:................................................................................17
Introdução

Este trabalho de conclusão de curso foi idealizado e desenvolvido pelos integrantes


do grupo, para que possa servir de fonte de aprendizado e aprofundamento referente aos
transtornos do aprendizado.

Atualmente muito se fala em transtornos como Hiperatividade, Déficit de Atenção


entre outros. A pergunta é: até que ponto esses transtornos podem ser avaliados pelo
professor, e como este deve lidar com o aluno de modo que a sua prática seja sempre
inclusiva na sala de aula e na escola como um todo, perpassando assim para o cotidiano do
aluno.

Debruçar sobre o assunto é mergulhar em um oceano de diversas possibilidades e


entendimentos, e para que se possa tornar essa pesquisa esclarecedora e intencional, foi
escolhido como tema o Transtorno do Déficit de Atenção e Hiperatividade - TDAH. É um
transtorno neurobiológico, com grande participação genética (isto é, existem chances maiores
de ele ser herdado), que tem início na infância e que pode persistir na vida adulta Segundo
Rossel Barkley (2020)
O transtorno do Déficit de atenção com hiperatividade ou TDAH, é
um transtorno no desenvolvimento do autocontrole. Consiste em
problemas óbvios no tempo em que a pessoa consegue sustentar a
atenção e no controle dos impulsos e do nível de atividade. O
transtorno também se compromete num comprometimento da vontade
ou da aptidão da criança para controlar seu comportamento em relação
à passagem de tempo, isto é, de ter em mente metas e consequências
futuras. (BARKLEY, 2020 p. 853)

Embora o transtorno seja considerado neurobiológica, o diagnóstico do TDAH não é


feito por exames clínicos, mas por análise comportamental. O referencial utilizado para
descrever o TDAH consta no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos mentais
(DSM-5), de 2013. De acordo com o DSM 5 (APA, 2014, P. 59-63), o TDAH acomete, com
maior frequência, indivíduos do sexo masculino, sendo maioria de casos diagnosticados em
crianças.

É considerado o transtorno neuropsiquiátrico que ocorre com mais frequência na


infância. Esse transtorno não se limita apenas à infância, pois permeia toda a vida do
indivíduo, apenas mudando alguns comportamentos. (Associação Brasileira de Déficit de
Atenção – ABDA). Esta pesquisa vem abordar o impacto durante o Ensino Fundamental da
criança

Será abordado desde o surgimento do diagnóstico, características e principalmente


qual o papel do professor frente a um aluno com TDAH. Os impactos no aprendizado do
aluno, a parceria entre família, escola e professor. Como conduzir de forma positiva
inabilidades derivadas deste transtorno.

As escolas tendem a seguir uma padronização do ensino, aqueles se se encaixam no


padrão e conseguem acompanhar são normalmente os chamados “normais”, já aqueles em que
o intelecto precisa de contextos e formas diferentes para aprender, geralmente são
encaminhados para um psicólogo ou psiquiatras.

Outro fator a ser considerado é o prisma através do qual o professor olha para o
aluno que possui o transtorno. A importância do acreditar no potencial de cada um, e que
todos são diferentes, mas todos são capazes de aprender. Segundo o artigo do EDUCERE, é
neste âmbito que entra o papel do professor, saber mediar o aprendizado de forma inclusiva e
significativa.
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Objetivo

Pretende-se através deste artigo, analisar o que diz respeito ao posicionamento do


professor frente a uma criança com TDAH. Investigar ferramentas e principalmente atitudes e
comportamentos a serem adotados para o efetivo aprendizado da criança com TDAH.

Objetiva-se aqui através deste artigo, permear sobre formas de diagnóstico e a


interação necessária entre professor, pais, escola e aluno. Todos devem trabalhar em conjunto
para poder delimitar objetivos comuns e adotarem práticas que venham beneficiar o
aprendizado da criança.

Justificativa

Segundo o Jornal de Ituverava, no Brasil, uma a cada 20 crianças têm como causa de
fracasso escolar a síndrome do TDAH, ou seja, um número relativamente grande, daí a
necessidade de o profissional da educação saber lidar com esse transtorno de aprendizado.

É imprescindível a princípio que o professor tenha conhecimentos do transtorno para


saber lidar com a situação em sala de aula. O professor deve reconhecer a importância do seu
trabalho em sala de aula com este aluno, para que o resultado final de todo o processo seja
positivo. Trata-se na verdade de um processo educativo para pais e cuidadores de crianças
com TDAH, o orientar, conscientizar e acolher. (Freire 1983) “Ensinar é um exercício do
diálogo, da troca, da reciprocidade, ou seja, envolve falar e escutar, aprender e ensinar. Isso
significa compreender e respeitar o tempo individual de cada pessoa durante a orientação”

O comportamento do profissional da educação tem impacto relevante no


desempenho da criança com TDAH. O professor em uma sala de aula com criança com
TDAH, necessita saber lidar de forma equilibrada entre este e os demais alunos, para que não
haja desequilíbrios, devendo dar o suporte necessário à todos.

A principal hipótese é de que o transtorno é determinado por fatores genéticos, pois


os pais geralmente também apresentam características diagnósticas. As causas desse
transtorno são hereditárias.
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Embora os comportamentos característicos do TDAH estejam associados a


disfunções neurológicas, não há uma explicação única e simples para a origem desse
transtorno.

Segundo estudos da Associação Brasileira de TDAH - ABDA, o TDAH tem origem


biológica. É um erro acreditar que a causa esteja na educação dada pelos pais ou professores.
O mau funcionamento de determinadas estruturas cerebrais provoca os sintomas de TDAH.
As causas desse mau funcionamento podem ser diversas, congênitas ou adquiridas.

As manifestações do TDAH são resultantes do mau funcionamento do cérebro.


Atualmente, existem muitos estudos demostrando a alteração do funcionamento do chamado
lóbulo pré-frontal e das estruturas do sistema nervoso a ele relacionados. Somente
profissionais especializados devem diagnosticar e estabelecer o tratamento adequado a cada
caso.

As pessoas com TDAH geralmente são muito intuitivas e criativas para grandes
projetos; em compensação, têm dificuldades de realizar tarefas cotidianas. Costumam
apresentar uma série de transtornos que afetam as áreas do comportamento, do humor e da
aprendizagem.

Em alunos com TDAH, deve ser trabalhada a inclusão escolar, exigindo do professor
dedicação, cuidado e estudo de caso. Diante disso, muitos professores não sabem o que fazer
e por onde começar.

Metodologia

Dentro de uma sala de aula é imprescindível que haja o clima de cooperação,


interação, respeito e empatia entre todos os alunos. É dentro da escola que se inicia o
aprendizado de obedecer a regras e estabelecer limites de forma a beneficiar o convívio entre
os colegas e o professor.

Dentro deste cenário, o professor tem um grande desafio, que é proporcionar a todos
os alunos um aprendizado de forma inclusiva e criativa, para que assim se sintam motivados e
interessados em aprender e isto inclui os alunos com TDAH.

Nas pesquisas feitas, foram elencadas algumas dicas para que o aluno com TDAH
possa ter um desenvolvimento educacional satisfatório: o aluno deverá se sentar sempre na
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primeira fileira da frente, pois assim terá menos distrações em sala de aula. O professor
durante as explicações, deverá utilizar entonações diferentes de vozes durante a explicação
para que assim possa chamar mais a atenção, fazer os alunos se envolverem. Fazer com que a
criança com TDAH se sinta útil em sala de aula, por exemplo, o professor poderá escolhê-lo
para ser o ajudante do dia, ou mesmo chamá-lo para apagar a lousa, o que importa é mantê-lo
conectado, envolvido com o conteúdo. O professor não deve tomar como referência outros
alunos de forma a conduzir o ritmo da aula. Cada aluno tem o seu tempo de aprendizado, isto
é fato, e o aluno com TDAH tem também o seu tempo. Talvez ele precise de um auxílio maior
para desenvolver determinada tarefa, ou dividir uma tarefa grande em pequenas partes, para
que ele não se sinta frustrado ou nervoso quando não conseguir realizar alguma atividade. Ele
precisa aprender a acreditar em seu potencial, ser incentivado e motivado. A valorização das
tarefas realizadas é também muito importante para o desenvolvimento da criança com TDAH.
Não estamos aqui dizendo que somente este aluno mereça ser incentivado e valorizado, mas
sim todos os aprendizes. É uma linha muito tênue em que o professor deverá estar preparado
para percorrer, todos devem ser tratados igualmente, respeitando a velocidade e características
de cada aluno individualmente, mas o aluno com TDAH não deixa de ser uma criança mais
sensível.

Não há comparações nem competições, o ambiente dentro da sala de aula deve ser de
equipe, de colaboração, interação e principalmente de acolhimento.

Questão norteadora e hipóteses


A questão norteadora desse trabalho de conclusão de curso é, qual o papel do
professor no processo de aprendizagem da criança do TDAH?

Para Rohde e Benczik (1999) e Rohde e Mattos (2003), é necessário o conhecimento


sobre o assunto, somente assim, a ajuda a estes alunos será mais eficaz. Então, em primeiro
lugar os professores precisam buscar informações sobre o assunto.

Ao tomar conhecimento das dificuldades que ocorrem numa família


com membros portadores de TDAH, é provável que os professores
comecem a entender a atitude dos pais, da mesma forma que os pais
podem sensibilizar-se com a situação dos professores se souberem
das reais dificuldades que seus filhos se encontram na escola.
(ROHDE; MATTOS, 2003, p. 205).
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A metodologia utilizada em sala de aula pelo professor é uma das grandes discussões
a cerca desse tema, onde é necessário prender a atenção do aluno com TDAH.

Cunha (1998, apud BARROS 2002, p. 51) “valoriza o papel do espaço,


considerando-o a oportunidade da criança para o exercício da relação afetiva com o mundo,
com as pessoas e com os objetos”.

Para Rohde e Benczik (1999), alunos com TDAH têm dificuldades com organização
e por isso a sala precisa ser bem definida. Sendo esta não uma sala rigidamente tradicional
nem uma sala toda colorida, pois distrai ainda mais a atenção. Para criar um bom ambiente
para alunos com TDAH, é necessário criar o meio-termo.

Uma mudança na arrumação da sala de aula, diferente de carteiras enfileiradas,


melhorando a visualização dos alunos, é uma ação bem vinda em turmas com alunos com
TDAH.

Rohde e Benczik (1999, p. 86) citam: “Sempre que possível, transforme as tarefas
em jogos. A motivação para a aprendizagem certamente acontecerá”.

Segundo Rief (2001 apud ROHDE; MATTOS, 2003, p. 206)

“Percebe-se então o quanto o aluno com TDAH modifica a proposta de


ensino do professor, considerando que para esses autores o professor precisa
atender as necessidades educacionais individuais do hiperativo, não
deixando por menos os outros alunos que tem características diferentes, isso
obriga “a uma flexibilização constante para adaptar seu ensino ao estilo de
aprendizagem do aluno [...]”.

Com isso, a metodologia utilizada tem que ser flexível, adaptando-se às diferente
necessidades e realidades.

Em resumo, o aluno com TDAH tem mais dificuldades no processo de escolarização


do que alunos que não tenham o transtorno. A escola onde esse aluno está inserido deve ser
inclusiva para melhor aprendizagem. Crianças com TDAH tem característica diferentes que
devem serem observadas nesse processo. O professor com alunos com esse transtorno deve
buscar informações para melhor aproveitamento dos estudos, mas também devem buscar por
estratégias para o ensino aprendizagem desse aluno. A família deve trabalhar em conjunto
com a escola e entender os limites dessa Criança e jovem.
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Permanecer na escola pode parecer fácil para algumas pessoas, que nenhuma
diferença seja percebida. Para alunos com dificuldades de aprendizagem isso nem sempre
ocorre facilmente. O processo de escolarização está na dependência da compreensão dos
agentes educacionais da sua escola. Nem todos as escolas ainda estão preparadas para a
inclusão desses alunos.

As escolas inclusivas devem ter espaços onde todos os alunos possam construir os
conhecimentos que tenham significado contextual para o desenvolvimento e cidadania.
Nessas escolas os alunos são concebidos como: “únicos, singulares, mutantes,
compreendendo-os como pessoas que diferem uma das outras, que não conseguimos conter
em conjuntos definidos por um único atributo, o qual elegemos para diferenciá-las”
(ROPOLI, 2010, p.9).

Crianças com TDAH possuem essa diferença apontada pela educação inclusiva
mesmo essa criança não fazendo parte do público-alvo atendido pela educação especial, na
maioria das vezes não se adaptam as expectativas da escola, demandam de mais atenção pelo
professor, o qual podem reagir de maneira negativa ao seu comportamento. (GOLDSTEIN;
GOLDSTEIN, 1994).

Considerando que o professor desenvolve um importante papel no processo de


aprendizagem do aluno com TDAH, torna-se necessário que ele busque o máximo de
informação sobre o transtorno. E importante que o professor se atente que a comunicação
entre a escola e os pais é um fator muito importante para se ter êxito no ensino aprendizagem
desse aluno. (BENCZIK; RODHE 1999).

Rohde e Benczik, (1999) apresentam estratégias para o manejo de comportamento de


alunos com TDAH, por exemplo, o planejamento e a antecipação das atividades, isto é, o
professor deve planejar as atividades juntamente com a criança antes de desenvolvê-las; a
atenção sustentada, que consiste em dividir as tarefas em várias micro tarefas, e sempre que
possível dar preferência ao ensino participativo, variando os recursos de ensino; a
sistematização dos conteúdos, utilizando esquemas, o estimulo da leitura em voz alta, que
serve com estratégias para a manutenção da atenção; e por último os autores salientam a
necessidade de se manter o foco de atenção desse aluno, evitando salas de aula com muitos
estímulos.

Conforme Sena; Diniz Netto (2007), independentemente da abordagem pedagógica


da escola em relação ao processo de ensino aprendizagem, o professor tem que considerar a
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individualidade do aluno com seus limites e potencialidades. Deve ser capaz de adaptar os
programas de ensino as necessidades do aluno. Precisam estar conscientes que o aluno com
TDAH, na maioria das vezes, são pessoas criativas e inteligentes.

A família tem sua importância e papel, mas o professor pode contribuir também para
orientar a família, para que esse aluno possa permanecer e ser produtivo no ambiente escolar.
Pois um estudo apresentado por Barkley (2002) mostrou que pais de crianças com TDAH
sofrem maiores níveis de estresse, depressão e autopunição e resistem aos mesmos níveis de
estresse que pais de crianças com deficiências de desenvolvimento severo como deficiência
intelectual e autismo.

Pais e professores por serem as pessoas que mais convivem com as crianças têm a
responsabilidade no desenvolvimento global dessas pessoas. O conhecimento acerca da
etiologia do TDAH pode ajudar na compreensão das consequências sobre o comportamento, a
aprendizagem, as competências sociais, a autoestima, o funcionamento da criança e da
família, e ainda das consequências do tratamento psicofarmacológico e psicoterapêutico”
(BERTELLI; BIANCHI; CRUZ, 2010, p. 20).
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O que é TDAH?

Foi no ano de 1902, que George Still, apesentou uma descrição sobre os sintomas do
TDAH, apontando que as crianças com TDAH possuíam “déficits significativos no
autocontrole e poderiam ser normais ou mesmo brilhantes em termos de inteligência geral”.
Desde então, essa caracterização tem se mantido atualizada. (CRUZ; BERTELLI; BIANCHI,
2010 p. 12)

Segundo (Associação Brasileira de Déficit de Atenção – ABDA), o TDAH pode


comprometer o funcionamento da pessoa em vários setores de sua vida, e se caracteriza por
três grupos de alterações: hiperatividade, impulsividade e desatenção.

Hiperatividade é o aumento da atividade motora. A pessoa hiperativa é inquieta e


está sempre movimento. Dificilmente consegue se interessar por atividades que tenha que
ficar quieta, mas está sempre se movimentando. Uma criança mais hiperativa nem mesmo
para comer consegue sentar-se, quanto mais para assistir a um programa de televisão, ler um
livro ou uma revista.

Impulsividade é a deficiência no controle dos impulsos, é “agir antes de pensar”.


Podemos entender impulso como a resposta automática e imediata a um estímulo. Se
observarmos uma criança pequena, fica fácil ter uma ideia do que é impulsividade, porque
nessa fase ela naturalmente ainda não desenvolveu nenhum controle dos seus impulsos.
Somente à medida que a criança cresce é que vai criando esse freio interno, através de um
processo de inibição da resposta imediata. No TDAH, as reações tendem a ser imediatas, sem
reflexão.

Desatenção - A falha da atenção pode aparecer de diversas formas. A pessoa não


consegue manter a concentração por muito tempo, se começar a ler um livro, na metade da
página não consegue lembrar o que acabou de ler. Outras vezes, a mente da pessoa com
TDAH parece que não tem um “filtro”, e por isso qualquer estímulo é capaz de desviar sua
atenção. Com a desatenção a sua memória está conservada, mas a questão é que essa pessoa
não consegue se lembrar de algo no momento em que deveria fazê-lo.

De acordo com Farias e Gracino:


Antes de se diagnosticar o TDAH, é relevante observar que um grande
número de indivíduos apresenta concomitantemente sintomas de
desatenção, de hiperatividade e de impulsividade, havendo, entretanto,
em muitos casos, predomínio de um sobre o outro. Também deve ser
notado o fato de que um dos sintomas mais evidentes é a falta de
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atenção e a dificuldade de atender aos comandos dados para a


realização das tarefas escolares. (FARIAS; GRACINO, 2019, p.121)

Pais e professores por serem as pessoas que mais convivem com as crianças têm
responsabilidade no que tange ao desenvolvimento global dessas pessoas. O conhecimento
acerca da etiologia do TDAH pode ajudar na compreensão das consequências “sobre o
comportamento, a aprendizagem, as consequências dos tratamentos psicofarmacológicos e
psicoterapêutico” (CRUZ; BERTELLI; BIANCHI, 2010 p. 20).

O Papel do Professor

É na escola que a criança tem o seu primeiro convívio social longe dos pais, onde se
dá o início da disciplina, aprendizado, o uso do intelecto e da cognição. É nesse espaço
escolar que as diferenças nesse sentido se tornam mais evidentes. Por esse motivo, geralmente
é na escola que é percebido as diferenças, e quando estas começam a se apresentar como
entraves de aprendizado, os pais devem ser imediatamente informados e alertados pela escola.

O professor tem um papel importantíssimo tanto no que tange a percepção dos


primeiros sinais, quando saber avaliar e criar alternativas criativas para sanar os problemas
causados durante o aprendizado. Para isto é necessário que o professor tenha conhecimentos
necessários para que possa identificar comportamentos e necessidades da criança. Equilibrar o
seu fazer tanto com a criança que tem o TDAH e os demais em sala de aula.
“O professor ideal terá mais equilíbrio e criatividade para criar
alternativas e avaliar quais obtiveram melhor funcionamento prático.
Deverá saber aproveitar os interesses da criança, criando situações
cotidianas que a motivem, e oferecer feedback consistente,
imediatamente após o comportamento da criança” (Rief, 2001).

Pesquisas da ABDA – Associação Brasileira de Déficit de Atenção, mostram que ter


estratégias inteligentes para evitar a exclusão do aluno com TDAH e o estigma que pode ser
criado em relação aos colegas, o professor deve agir sempre de forma a incluir o aluno na
turma e fazer com que este também aprenda, de sua forma individual, assim como os demais.

Algumas estratégias encontradas, e que devem na verdade serem utilizadas não


somente com o aluno em específico, mas com todos os participantes: elogiar, incentivar
feitos, valorizar talentos, mostrar aos alunos que são capazes de aprender independente da
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dificuldade apresentada, solicitar ajuda especializada, pois o professor é apenas um dos


profissionais a lidar com a criança com TDAH, pois este geralmente já é acompanhado por
psicólogos, psiquiatras e principalmente o contato com a família da criança. A rotina é um dos
fatores importantes para o bom desenvolvimento do aluno com TDAH.

Como o tempo de foco do aluno com TDAH, ocorre em pequenos momentos, dividir
as tarefas e até recompensá-lo por uma tarefa finalizada é uma das formas de potencializar o
aprendizado.

O TDAH é um transtorno que sem dúvida gera muito questionamentos e polêmicas a


serem sanados.

Cabe sem dúvida à escola proporcionar ao aluno com Transtorno de Déficit de


Atenção e Hiperatividade um ambiente inclusivo, envolvendo funcionários em geral e
principalmente professores capacitados para lidar com esse aluno de forma criativa,
envolvente e ao mesmo tempo acolhedora. É necessário que a escola dê subsídios aos
professores para que estejam preparados tanto emocionalmente como tecnicamente para
trabalharem em sala de aula com alunos portadores de TDAH em conjunto com os demais
alunos, sempre de forma inclusiva e significativa.

O professor é muitas vezes a pessoal que fica mais tempo com a criança durante o
seu dia, por isso a necessidade deste profissional estar muito bem-informado a respeito do
transtorno e alinhado às necessidades da criança, para assim atuar com propriedade.

Um dos grandes entraves que o professor pode encontrar nesta jornada, é muitas
vezes o negacionismo pela família, a dificuldade em buscar ajuda profissional. Neste caso a
escola deverá atuar de forma muito cautelosa e principalmente acolhedora desta família, para
que assim possa orientar a família no restabelecimento da criança dentro da escola e da
sociedade como um todo.

Avaliação e diagnóstico do TDAH

O professor sozinho não é capaz de confirmar um diagnóstico. Para isto são


necessárias diversas investigações em relação ao comportamento do aluno, tanto no âmbito
familiar, social e escolar. Esta investigação é realizada com profissionais especializados como
psicólogos, psiquiatras, neurologistas, neuropsicólogos, fonoaudiólogo e psicopedagogos.
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Atualmente há uma disseminação alta de diagnóstico de TDAH. É necessária uma


investigação feita de forma muito cautelosa e responsável, pois um diagnóstico incorreto irá
acarretar impactos ainda mais negativos no desenvolvimento desta criança.

Essas avaliações não se limitam somente a confirmar o diagnóstico de TDAH, mas


também ajudar os profissionais envolvidos no tratamento e educação escolar da criança a
planejarem formas mais apropriadas de intervenção para um melhor aprendizado.

Nessas avaliações estão embutidos testes psicológicos e entrevistas, a fim de


investigar condições familiares e sociais como um tudo, é necessário ao profissional
realizador do teste, um conhecimento mais amplo a respeito da criança. Conhecer a sua
vivência familiar, escolar é essencial para assim propor um tratamento mais assertivo.

Na avaliação é também levado em consideração, além dos sintomas propriamente


ditos, a frequência com que estes ocorrem.

O uso de medicamentos é outro ponto importante, no qual somente profissionais da


saúde estão aptos a prescrever uma medicação.

Muitas vezes o TDAH é interpretado como “bagunceiro”, “desmotivado”, “criança


difícil” entre outras definições equivocadas. Trata-se de uma doença neurológica que pode
acompanhar a criança até a vida adulta.

No TDAH, a disgrafia e a disortografia são observadas com certa frequência. A


palavra disgrafia vem das palavras “dis” (que significa desvio) e “grafia” (a escrita em si), ou
seja, desvios durante escrita, o problema se mostra na coordenação motora ao escrever,
muitas vezes podendo ser confundida com simplesmente “desleixo”. Já a disortografia se
caracteriza pela dificuldade em escrever sem erros de ortografia, este é um sintoma também
encontrado com frequência em crianças com dislexia.

Como ponto inicial de todo o processo de avaliação e diagnóstico, existe um


questionário chamado SNAP-IV (ver Tabela 1) que fora construído baseado do Manuel de
Diagnóstico e Estatística da Associação Americana de Psiquiatria. Este questionário foi
confeccionado para que o professor possa respondê-lo com o objetivo de fazer um
levantamento de comportamentos do aluno. O diagnóstico final só pode ser dado por um
médico especialista como psiquiatra, neurologista ou neuropediatra.
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Tabela 1 – Questionário para levantamento de comportamentos TDAH


Nem um Só um Bastante Demais
pouco pouco
1. Não consegue prestar muita atenção a detalhes ou
comete erros por descuido nos trabalhos da escola ou
tarefas.
2. Tem dificuldade de manter a atenção em tarefas
ou atividades de lazer.
3. Parece não estar ouvindo quando se fala
diretamente com ele.
4. Não segue instruções até o fim e não termina
deveres de escola, tarefas ou obrigações.
5. Tem dificuldade para organizar tarefas e
atividades.
6. Evita, não gosta ou se envolve contra a vontade
em tarefas que exigem esforço mental prolongado.
7. Perde coisas necessárias para atividades (p. ex:
brinquedos, deveres da escola, lápis ou livros).
8. Distrai-se com estímulos externos.

9. É esquecido em atividades do dia a dia.

10. Mexe com as mãos ou os pés ou se remexe na


cadeira.
11. Sai do lugar na sala de aula ou em outras
situações em que se espera que fique sentado.
12. Corre de um lado para outro ou sobre demais nas
coisas em situações em que isto é inapropriado.
13. Tem dificuldade em brincar ou envolver-se em
atividades de lazer de forma calma.
14. Não pára ou frequentemente está a “mil por
hora”.
15. Fala em excesso.

16. Responde as perguntas de forma precipitada


antes delas terem sido terminadas.
17. Tem dificuldade de esperar sua vez.

18. Interrompe os outros ou se intromete (p.ex. mete-


se nas conversas / jogos).
Versão em Português validada por Mattos P et al,
2005
Fonte: https://tdah.org.br/diagnostico-criancas/

Como avaliar:

1) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 1 a 9 =


existem mais sintomas de desatenção que o esperado numa criança ou adolescente.
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2) se existem pelo menos 6 itens marcados como “BASTANTE” ou “DEMAIS” de 10 a 18 =


existem mais sintomas de hiperatividade e impulsividade que o esperado numa criança ou
adolescente.
O questionário SNAP-IV é útil para avaliar apenas o primeiro dos critérios (critério A) para se
fazer o diagnóstico. Existem outros critérios que também são necessários.

IMPORTANTE: Não se pode fazer o diagnóstico de TDAH apenas com o critério A!


Veja abaixo os demais critérios.
CRITÉRIO A: Sintomas (vistos acima)
CRITÉRIO B: Alguns desses sintomas devem estar presentes antes dos 7 anos de idade.
CRITÉRIO C: Existem problemas causados pelos sintomas acima em pelo menos 2
contextos diferentes (por ex., na escola, no trabalho, na vida social e em casa).
CRITÉRIO D: Há problemas evidentes na vida escolar, social ou familiar por conta dos
sintomas.
CRITÉRIO E: Se existe um outro problema (tal como depressão, deficiência mental,
psicose, etc.), os sintomas não podem ser atribuídos exclusivamente a ele.

Fonte: https://tdah.org.br/diagnostico-criancas/
Publicado por ABDA | maio 10, 2017
15

Projeto de Lei 7.081/10

Existe um projeto de lei que visa resguardar direitos a crianças e adolescentes


portadores de TDAH ou dislexia. O projeto prevê o acesso dos estudantes a recursos didáticos
apropriados para o seu desenvolvimento educacional e treinamento aos educadores abordando
metodologias adequadas para casos de TDAH.

Esse projeto já foi aprovado pela Câmara dos Deputados e agora aguarda a
aprovação do Senado. Algumas das ações previstas por este projeto são: capacitação dos
educadores, desenvolvimento de material orientador quanto a utilização de recursos
pedagógicos e adaptações curriculares entre outras.
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Referências Bibliográficas:

CRUZ, E. C., BERTELLI, R. & BIANCHI, J. J. P. – Perspectivas recentes no tratamento


do Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade. Ver. Educ. Espec., Santa Maria,
Revista Educação Especial, v. 23, n. 36, jan./abr. 2010. Disponível em:
<https://periodicos.ufsm.br/educacaoespecial/article/view/1430/826>. Acesso em: 22 Mar.
2021.

BARKLEY, Russell A. - Aprendendo a viver TDAH - Transtorno do Déficit de Atenção


com Hiperatividade: Belo Horizonte: autêntica. 2020. (Aprendendo a viver / coordenação
Marcelo Amaral de Moraes) Tradução: Luis Reyes Gil. Disponível em:
<https://tdah.org.br/wp-ontent/uploads/site/pdf/cartilha%20ABDA.final%2032pg
%20otm.pdf>. Acesso em: 21 Mar. 2021.

DE FARIAS, ELIZABETH R. S. & GRACINO, ELIZA RIBAS – Dificuldades e Distúrbios


de Aprendizagem, Curitiba – PR – 2019 – Editora Intersaberes.

PAVÃO, ANA CLAUDIA OLIVEIRA; PAVÃO, SILVIA MARIA DE OLIVEIRA; RIBAS,


MARIA ALICE COELHO & SOUZA, CARMEN ROSANE SEGATTO E, – Os casos
excluídos da política nacional de Educação Especial na perspectiva da Educação
Inclusiva, Santa Maria - RS – 2017 – PRE-Pró-Reitoria de Extensão.

MACHADO, Járcei Maria. Transtornos funcionais específicos da aprendizagem. Editora


Intersaberes.

GOULARDINS, Juliana. O Papel do Professor no TDAH. Disponível em:


<https://www.tudosobretdah.com.br/o-papel-do-professor-no-tratamento-do-tdah/>. Acesso
em: 08 Abr. 2021.

SOUZA, Isabella G.S.; PINHEIRO, Antonia Serra; FORTES, Didia; PINNA, Camilla.
Dificuldades no diagnóstico de TDAH em crianças. Jornal Brasileiro de Psiquiatria. J. bras.
psiquiatr. vol.56  suppl.1 Rio de Janeiro  2007. Disponível em:
<http://dx.doi.org/10.1590/S0047-20852007000500004>. Acesso em: 08 Abr. 2021.

NAVAS, Ana Luiza. Quais as mudanças e direitos que o projeto de Lei 7.081 oferecerá
para as pessoas com TDAH e Dislexia no Brasil? Disponível em:
<https://tdah.org.br/legislacao/>. Acesso em: 08 Abr. 2021.

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