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CENTRO UNIVERSITÁRIO SENAC

LICENCIATURA EM PEDAGOGIA

EDUCAR E CUIDAR – EDUCADOR E ASSISTENTE

JULIANA DE SOUZA CRUZ DIMARIO, MARÍLIA DE MENDONÇA


MACAN, ROSELENE PINTO SILVA DE OLIVEIRA, SANDRA DOS
SANTOS DO NASCIMENTO, VANESSA FERREIRA PINHEIRO, WELTON
DE LIMA COSTA.

São Paulo
2019
Introdução

Esta pesquisa trata da dicotomia entre o cuidar e educar - o educador e a ação do


assistente de classe. Apresentando as distinções existentes nas atividades correlacionadas as
funções do professor e as funções das auxiliares de sala, bem como, as expectativas que são
almejadas para ambos os cargos.

Questões de pesquisas

- Existe a distinção entre o cuidar e educar?


- O que determina a LDBEN 9394/96 a respeito da educação infantil?
- Contribuições contempladas pela BNCC para a educação infantil?
- Como as políticas públicas podem atuar de maneira efetiva nas redes de ensino?

A BNCC contempla campos de experiências e diretrizes de orientação para as práticas


educativas dos currículos escolares serem comprometidas de acordo com as necessidades e
interesses das crianças.

A LDBEN 9394/96 reconhece a educação infantil como a primeira etapa da Educação


Básica e norteia a formação mínima do profissional a exercer o papel docente.
Educar e Cuidar - O Educador e a atuação da Assistente de Classe

Na pesquisa anterior, fora argumentado sobre a dicotomia existente entre o educar e


cuidar, a desigualdade existente na educação pública e privada e a constituição da criança
como um ser biológico, psicológico e social, a falta de engajamento dos professores no seu
fazer pedagógico devido a sobrecarga de trabalho principalmente na educação pública. A
questão que será tratada aqui é: o professor está conscientizado de sua identidade docente
assim como a auxiliar de classe nas creches?

Segundo texto já mencionado:

Educar significa, portanto, propiciar situações de cuidados,


brincadeiras e aprendizagens orientadas de forma integrada e que possam
contribuir para o desenvolvimento das capacidades infantis de relação
interpessoal de ser e estar com os outros em uma atitude básica de aceitação,
respeito e confiança, e o acesso, pelas crianças, aos acontecimentos mais
amplos da realidade social e cultural. (BRASIL, 1998, p.23).

Se o educar e cuidar devem ser desenvolvidos de forma integrada, o educador e a


assistente de classe também estão integrados em seus afazeres pedagógicos? Existe uma
conscientização das atribuições que estão a nível do educador ou da assistente?

Em primeiro lugar, o educador deve agir pedagogicamente em cima do pressuposto de


que a escola não substitui a família. Ambas devem ser parceiras e não uma cobrir os deveres
da outra, mas trabalharem juntas no processo de educação da criança. Sabe-se, porém, que
essa integração muitas vezes vem a ser um processo mais complexo.

Mas no âmbito da creche, o educador trabalha em sala de aula juntamente com uma
assistente. Já por existir esta pessoa que auxilia, acaba-se atribuindo ao professor a tarefa de
educar e à assistente a tarefa de cuidar.

A dicotomia entre o cuidar o educar, deve ser dissolvida desde a atuação destas duas
profissionais, a escola deve reconhecer estes novos papeis a serem desenvolvidos na educação

Porém ambas as profissionais devem ser educadoras, todas fazem parte do processo de
constituição educacional da criança. Neste sentido, assim como a educadora deve conhecer
suas atribuições, a auxiliar também precisa ter um preparo para lidar com as crianças, não
somente em questões referentes à higiene, comportamento na hora da entrada, saída ou
recreio, mas conhecer e mediar o desenvolvimento dessas crianças durante o seu aprendizado.
Tendo conhecimento do conteúdo a ser transmitido, colaborando na intencionalidade da
atividade em execução, sabendo como lidar com o comportamento e aprendizado da criança.

É necessário para ambos os profissionais a compreensão de que a educação e o cuidar


são indissociáveis, pois a criança necessita se desenvolver em todos os aspectos psicológico,
biológico e social.

Estudos mostram que nas creches muitos desses profissionais assistentes não possuem
uma formação adequada, têm uma baixa remuneração, além de trabalhar muitas vezes em
condições precárias como falta de materiais e ambientes apropriados para o desenvolvimento
de suas tarefas. Historicamente essas profissionais foram designadas apenas para suprir
necessidades básicas da criança e não promover aprendizado.

Hoje todos os profissionais envolvidos no processo de aprendizagem, desde a


profissional responsável pela limpeza até a diretora, devem estar engajados no processo de
educação e aprendizagem da criança. Todos se tornam educadores, cada um de uma forma
diferente, nos exemplos no fazer, no falar, no agir e orientar. A educação deve permear todos
os setores e pessoas de convívio com a criança.

É imprescindível ao cargo de assistente de classe o conhecimento da realidade das


crianças com que trabalha, para que dessa forma possa auxiliar de forma mais efetiva o
educador de forma intencional, proporcionando assim uma aprendizagem mais efetiva as
crianças em todos os sentidos do desenvolvimento.

Os primeiros 6 anos da criança são os mais importantes de suas vidas, pois os mesmos
devem ser bem preparados e cabe a esse grupo "professor e auxiliar" facilitar o acesso a
diferentes linguagens e como usá-las. Lidar com essas práticas requer estudo e tempo para
planejá-las.

Os auxiliares também são educadores e devem fazer parte de todo o planejamento e


acompanhar todo o processo de aprendizagem.

Conforme a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional 9394/96 que reconhece a


educação infantil como primeiro acesso à educação básica para a criança, assim como norteia
a formação mínima do profissional que irá atuar como docente, que deverá ter o ensino
médio, na modalidade normal/magistério, sendo assim as auxiliares de creche, por mais que
não sejam contratadas com a função de docente, deveriam ter esta qualificação mínima.

Em 2015 foi realizado um Censo da Educação Básica, que apurou que apenas 35% das
auxiliares que atuam nas creches da rede pública possuem a qualificação para o cargo e 40%
têm a formação de ensino médio, porém somente na modalidade normal sem o magistério
como exigido por lei (MEC, 2015).

As auxiliares de sala possuem tratativas diferentes dependendo da região na capital


Paulista, por exemplo, todos os profissionais são formados em Pedagogia ou tem o magistério
já em outras regiões como Florianópolis ainda são contratadas auxiliares de classe.

Segundo a Doutora em Educação Márcia Buss-Simão as creches de Florianópolis


estão com um número de crianças maior que o permitido, sendo assim foi necessário a
contratação de estagiários do curso de pedagogia como um terceiro profissional para atender a
demanda, que para ela: “ isso leva uma precarização do atendimento, comprometendo cada
vez mais os critérios para uma educação infantil de qualidade”.

Diante das exposições acima como fica a divisão das atribuições entre o profissional
qualificado com formação superior e o profissional que possui apenas o ensino médio normal
e/ou estagiário da pedagogia que normalmente acabam ocupando o cargo de assistente de
sala perante a dicotomia do cuidar e educar.

A BNCC contempla para a educação infantil ações de cuidar, educar e brincar, pois
considera que a criança aprende e se desenvolve em todos os momentos e não apenas nas
atividades pedagógicas. Sendo assim estabeleceu Cinco Campos de experiências para nortear
o planejamento pedagógico priorizando o desenvolvimento infantil e a aprendizagem dessa
etapa da Educação Básica. Esses campos apontam as experiências e vivências necessárias
para a criança aprender e se desenvolver e cuidam para que esse aluno tenha espaço, tempo e
liberdade para se expressar.

Estes campos são:

- Eu, o outro e o nós


- Corpo, gestos e movimentos
- Traços, sons, cores e formas
- Escuta, fala, pensamento e imaginação
- Espaço, tempo, quantidades, relações e transformação

Levando em consideração as contribuições de orientação para a organização do ensino


determinado pela BNCC, e sabendo que a aprendizagem da criança se dá nas situações
cotidianas de forma integrada, entendemos que as práticas educativas devem estar diretamente
comprometidas com as necessidades e interesses das crianças e que no ambiente educacional
o professor e o assistente de classe devem trabalhar em parceria, trocar experiências, buscar
sintonia para o bom andamento da rotina escolar.

Em uma análise mais ampla das políticas públicas que envolvem o tema, nota-se que
há tratamento distinto a depender da rede de ensino dos Municípios brasileiros. Alguns, como
Belo Horizonte, por exemplo, criaram em 2015 o posto de auxiliar, enquanto outros, como
São Paulo, não possuem esta função há cerca de 15 anos.

A função do auxiliar, de fato, é mais precarizada porque a maior parte destes


profissionais não possui ensino superior em Pedagogia, como se pode verificar da tabela a
seguir, elaborada com microdados do Censo da Educação Básica 2015:

Além da formação não ser a adequada como preconiza a Lei de Diretrizes e Bases da
Educação (LDB 1996), verifica-se que os auxiliares/ assistentes recebem salários inferiores
aos educadores, conforme revela o estudo de doutorado sistematizado abaixo:
A superação desta aparente dicotomia entre o cuidar e educar, representada pelas
funções diversas do educador e assistente passa, assim, também, por planejamento de políticas
públicas. Muitos municípios optam pela contratação de assistentes porque representam um
impacto orçamentário menor para a rede de ensino.

Com orçamentos maiores destinados à Educação, amplia-se a possibilidade de


contratação de profissionais qualificados e a formação continuada daqueles já atuantes nas
redes de ensino. Desta forma, os Campos de Experiências para a Educação Infantil descritos
na Base Nacional Comum Curricular podem ser melhor entendidos e integrados em ações
conjuntas dos profissionais da educação.
Referências

FRAIDENRAICH, Verônica. Contratadas como auxiliares de educação infantil,


profissionais exercem função de docente. Disponível em:
<https://www.revistaeducacao.com.br/contratadas-como-auxiliares-educacao-infantil-
profissionais-exercem-funcao-de-docente/> . Acesso em 10 nov. 2019.

BNCC. A Voz das Crianças no planejamento da Educação Infantil. Disponível em:


<http://basenacionalcomum.mec.gov.br/implementacao/praticas/caderno-de-praticas/
educacao-infantil/>. Acesso em 14 nov. 2019.

PRADO, Rogério. BNCC – Campos de experiências: O que a sua criança vai aprender?
Disponível em: <https://www.eusemfronteiras.com.br/bncc-campos-de-experiencias-o-que-a-
sua-crianca-vai-aprender/> . Acesso em 15 nov. 2019.

TREVISAN, Rita. O que são os campos de experiência na Educação Infantil? Disponível


em: <https://novaescola.org.br/bncc/conteudo/58/integrados-e-integradores>. Acesso em 10
nov. 2019.

FERREIRA, Carolina. Professor e Auxiliar: Ação em Conjunto. Disponível em:


<https://novaescola.org.br/conteudo/7270/professor-e-auxiliar-acao-em-conjunto>. Acesso
em 15 nov. 2019.

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