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1 INTRODUÇÃO
Esta monografia tem como intenção compreender o perfil do gestor que atua
nas Unidades de Educação Infantil no município de Rio Negrinho em relação às
famílias, tendo como referência a realidade de sua atuação.
A Educação Infantil é hoje compreendida, no Brasil, como o atendimento
educacional às crianças de zero a seis anos de idade, em creches e pré-escolas,
constituindo assim, a primeira etapa da educação Básica.
A relação escola-família é um importante instrumento de participação. Essa
participação pode ser entendida, conforme Gandim (2001) como colaboração,
decisão ou construção em conjunto.
O autor defende que a participação verdadeira no ambiente escolar deve
ocorrer no terceiro nível, que é o da construção em conjunto. Para que haja este tipo
de participação, as relações entre a gestão escolar e as famílias precisam estar
fundamentadas em diálogo e momentos regulares de encontro e reflexão. Ao nos
inserirmos no cotidiano escolar, no entanto, a realidade observada fica distante do
ideal.
O processo de industrialização e urbanização, no mundo contemporâneo,
provocou, entre outras coisas, uma inserção massiva das mulheres no mundo do
trabalho, por necessidade e ou desejo, obrigando-as a assumirem papéis que vão
além daqueles social e culturalmente determinados pela família. O que resultou,
para crianças, em um maior tempo fora de casa, em outros ambientes, como:
berçários, creches e pré-escolas, ficando o papel da família mais difuso e a
responsabilidade da educação dos filhos mais dividida entre essas instituições.
A relação creche-família tem sido tema recentemente problematizado em
função da complexidade que lhe é inerente. De acordo com a atual legislação
brasileira, a atribuição de educar a criança pequena deve ser compartilhada
formalmente pelas instituições de educação infantil e a família.
Na creche, a criança tem a oportunidade de viver e conviver com um grupo de
iguais, de brincar, de conversar em um ambiente social de aceitação, de confiança,
de contato corporal (BARBOSA, 2006). A creche é também um espaço onde os pais
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precisam deixar seus filhos, para que, com tranquilidade, possam realizar outras
atividades da vida adulta.
Entretanto, para que a creche possa cumprir m essas funções, é importante
que o trabalho desenvolvido no cotidiano seja organizado. É necessário ter objetivos
claros e adequados às necessidades das crianças.
A creche precisa ter uma proposta pedagógica elaborada a partir das
características concretas de cada realidade, privilegiando o ser-criança, a ludicidade
e o prazer de conhecer e aprender.
Essa divisão de responsabilidade de pais e familiares na educação das
crianças pequenas foi assegurada na lei de Diretrizes e Bases da educação
Nacional (LDBEN) nº. 9394/96(BRASIL, 1996), artigo 29, que assegura que “a
educação infantil, primeira etapa da educação, tem como finalidade o
desenvolvimento integral da criança em seus aspectos físicos, psicológico,
intelectual e social complementando a ação da família e da comunidade”. A
prescrição legal ainda redimensiona, define e especifica os papéis fundamentais dos
atores envolvidos nessa relação de caráter triádico.
A LDB de 1996 – em seu artigo 62, inciso I – determina que a formação
mínima para o profissional de Educação Infantil seja a de nível médio, na
modalidade normal, embora a mais desejável é a formação em nível superior, em
curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores
de educação.
E, estabelecem como prazo, para que “os professores sejam habilitados em
nível superior ou formados por treinamento em serviço”, o fim da década da
Educação, ou seja, 2007.
2 GESTÃO ESCOLAR
Para tanto, entendemos que essa gestão não pode acontecer sem um
elemento essencial, a participação, que Bordenave (1994, p. 17.) define como:
1988, p.04). Assim sendo, diversos organismos e órgãos foram criados com o intuito
de atender a criança. Kramer (1995, p.62-63) apresenta-nos um quadro no qual as
principais iniciativas são evidenciadas:
Ano Modificações/Extinção
Órgão Vinculação
de
Situação em 1980
Criaçã
o
2.3.2 Os RCNs
A Educação Infantil segundo Kramer (1995), deve ser uma ação científica e
sistematicamente pensada, elaborada e planejada, que objetiva a formação da
criança enquanto ser social, responsável por si e pelo contexto do qual faz parte,
consciente de suas ações, limitações e potencialidades. A partir deste entendimento,
a criança não é objeto passivo de ações desencadeadas pelos adultos, sofrendo as
influências do meio; ao invés disso, é sujeito ativo que também influencia, modifica e
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constrói este meio. Sendo assim, na interação com o contexto, podemos considerar
que as peculiaridades regionais e culturais (ou seja, a diversidade) deveriam estar
refletidas na EI. Esta não só respeitaria e consideraria esta diversidade como,
partiria dela para elaborar, planejar e executar seu projeto político-pedagógico.
Considerando a criança um sujeito de direitos, a EI deveria ser um dos
espaços onde a diversidade estivesse assegurada de forma que as diferenças não
fossem motivo de desigualdade ou discriminação. Jonsson (1998) apud ROSSETTI-
FERREIRA (2002, p. 88), em análise de Programas ou Políticas para a Infância,
desenvolvidos em países latino-americanos, considera que
... estes podem ser pautados nos direitos das crianças ou em suas
necessidades. Da perspectiva do direito, a criança é entendida como um ser
ativo que participa dos processos/políticas a ela destinados. É obrigação do
Estado e das políticas públicas zelar pelos direitos das crianças, e as ações
empreendidas nesta direção não devem depender de vontade política ou
caridade. Por outro lado, os programas que atuam na perspectiva da
necessidade têm a criança como ‘recipiente passivo’ de políticas e ações
que, não consideradas obrigações do poder público, dependem de caridade
e mudam conforme a vontade política e o público a que se destinam.
É necessário superar a ideia que ainda circula nas escolas e creches, de que
basta ser mulher e gostar de crianças para trabalhar com a Educação Infantil ou de
que este espaço é a extensão da casa da criança. Estas ideias têm origem num
processo histórico que, segundo Hipólito (1997), está baseado nos seguintes
fatores: a proximidade da mulher com a função da maternidade feminina para cuidar
de crianças conjugadas com a ideia de vocação, a aceitação social desta profissão
para mulheres, a saída dos homens desta profissão na busca de melhores salários,
a escolarização de mulheres em escola de magistério e a possibilidade de
compatibilizar horários entre o trabalho doméstico e atuação profissional. Além
disso, essa concepção contribuiu para que papéis sejam confundidos e vínculos de
parentesco sejam incorporados na interação com as crianças, como por exemplo,
referir-se as educadoras como “tias”.
Aproveitando o aparecimento da expressão “tias”, gostaria de citar Paulo
Freire (1991, p.25):
A tentativa de reduzir a professora à condição de tia é uma inocente
armadilha ideológica em que, tentando-se dar a ilusão de adocicar a vida da
professora o que se tenta é amaciar a sua capacidade de luta ou entretê-la no
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3 METODOLOGIA
maioria afirma dificuldade para estabelecer contato com as famílias, alegando que
“os pais não têm tempo” ou “nunca estão na escola”.
De maneira geral, os resultados foram os seguintes: Algumas formas de
interação que aconteciam entre creche e família, como: reuniões, comemorações,
diálogo cotidiano, não pareciam suficientes para a integração dos pais no projeto
institucional das instituições, conhecerem o aluno ou para estabelecer uma relação
de parceria e co-responsabilidade.
Os educadores percebiam a participação dos pais de maneira negativa ou
insuficiente, enquanto os familiares pensavam sua participação como adequada,
suficiente e dentro da normalidade.
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5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
Diante dos resultados obtidos nesta pesquisa, cabe aos gestores refletirem
sobre as relações de poder que se estabelecem no espaço escolar:
Assim, “... no sistema público estatal, sob o amparo da legitimação
democrática das decisões governamentais, se impõem de cima as mudanças
consideradas convenientes pelos representantes da maioria” (GÓMEZ, 2001, p.146).
Nos mesmos moldes, a gestão da escola reproduz esse modelo, impondo sua
autoridade às famílias, limitando a participação à convocação para reuniões
esporádicas. Compete-nos ainda repensar as práticas de gestão escolar,
estabelecendo uma relação mais dialógica, conforme a defendida por Luck (2009
(p.2):
6 REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. Professora sim tia não. Cartas a quem gosta de ensinar.
São Paulo: Olho d’água, 1991.
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OLIVEIRA, Zilma de Moraes et. Al. Creche, crianças faz de conta & cia.
Petrópolis: Vozes, 2003. 128 p. I.