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A GESTÃO ESCOLAR DEMOCRÁTICA NA EDUCAÇÃO INFANTIL

Elisamaira de Oliveira Correia


Psicopedagogia com Ênfase em Gestão Escolar

Resumo:
Este artigo explora a importância da gestão escolar democrática na Educação Infantil,
destacando a participação ativa da comunidade escolar, incluindo pais, professores,
funcionários e crianças. O objetivo é promover uma aprendizagem profunda e significativa
por meio do engajamento de todos os membros, visando ao desenvolvimento integral das
crianças. O texto discute a relevância da integração entre escola, família e comunidade,
analisa os obstáculos e as potencialidades da administração democrática na Educação
Infantil e aborda a interação entre a gestão escolar, corpo docente, crianças e famílias. Além
disso, destaca a importância de envolver as crianças como agentes ativos no processo
educativo, bem como a colaboração entre a família e a escola. O artigo também enfoca a
adaptação da administração escolar às mudanças na sociedade, a dinâmica entre
administração escolar e equipe, a participação das crianças na gestão escolar e a
perspectiva da administração em relação à organização e estrutura na Educação Infantil.
Por fim, o artigo enfatiza a importância contínua da pesquisa e da formação dos gestores
para promover uma gestão escolar democrática eficaz na Educação Infantil.

Palavras-chave: Gestão escolar democrática, Educação Infantil, administração escolar,


protagonismo das crianças, integração escola-família-comunidade.

Abstract:
This article explores the significance of democratic school management in Early Childhood
Education, highlighting the active involvement of the school community, including parents,
teachers, staff, and children. The aim is to promote deep and meaningful learning through
the engagement of all members, with a focus on the holistic development of children. The
text discusses the importance of integrating school, family, and community, analyzes the
challenges and potentials of democratic administration in Early Childhood Education, and
addresses the interaction among school management, faculty, children, and families.
Furthermore, it underscores the significance of engaging children as active agents in the
educational process, along with fostering collaboration between family and school. The
article also spotlights the adaptation of school administration to societal changes, the
dynamics between school management and the team, children's participation in school
management, and the administration's perspective on organization and structure in Early
Childhood Education. Lastly, the article emphasizes the ongoing importance of research and
training for administrators to promote effective democratic school management in Early
Childhood Education.

Keywords: Democratic school management, Early Childhood Education, school


administration, children's agency, school-family-community integration.

Introdução
Quando refletimos sobre uma instituição educacional fundamentada na
democracia, fica evidente a relevância da participação ativa da comunidade escolar.
Por consequência dessa premissa, busca-se promover a envolvência de todos os
membros, incentivando uma variedade de abordagens para a concretização de
ações que propiciem uma aprendizagem de significado profundo. A integração entre
escola, família e comunidade é almejada visando estabelecer uma administração
democrática que se concentre no progresso e aprendizado da criança, objetivando
estimular suas capacidades para uma educação integral.
Compreendemos que o valor da democracia, tão intrínseco ao nosso país,
pode ser aplicado nas instituições de ensino. É imperativo que nossas crianças,
desde os estágios iniciais da Educação Infantil, se familiarizem com os princípios
democráticos e alcancem uma compreensão de seu papel dentro da sociedade.
Neste contexto, examinamos os obstáculos e as potencialidades para a
concretização de uma administração democrática na Educação Infantil. Isso engloba
a participação ativa da comunidade escolar, a escuta atenta de todos os membros
que compõem a entidade educativa, a valorização das diversas perspectivas, bem
como o compromisso de cada componente da comunidade para garantir um
processo de aprendizagem e desenvolvimento harmonioso para as crianças, entre
outros aspectos.
O trabalho intitulado "As Dinâmicas da Gestão Escolar e o Engajamento da
Comunidade na Educação Infantil" aborda as atividades que integram a rotina e o
cotidiano escolar. Além disso, explora também as mudanças que têm ocorrido na
sociedade e seus reflexos na administração educacional. Também trata da interação
entre a gestão escolar e o corpo docente, a participação ativa das crianças na
gestão escolar e a relevância da colaboração entre a família e a escola. Esta última
é uma consideração crucial, visto que tanto a contribuição da comunidade quanto a
dos educadores, crianças e famílias são elementos fundamentais para a promoção
de uma gestão democrática. Dessa maneira, percebemos a importância de
reconhecer as crianças como agentes ativos, com opiniões valiosas sobre o que é
benéfico e necessário para elas. Além disso, é fundamental internalizar que a
parceria com as famílias é indispensável nesse processo, exigindo que a equipe de
gestão esteja capacitada e aberta a realizar um esforço colaborativo em prol de
todos os envolvidos.

A Interação entre Administração Escolar e a Comunidade na Educação infantil


A relevância da participação da comunidade escolar no dia a dia da Educação
Infantil, reconhecendo a importância de todos os membros que constituem essa
comunidade educacional, incluindo pais, professores, funcionários e crianças. Além
disso, é essencial considerar o contexto social e cultural em que a instituição está
inserida. Nossa área de estudo possui uma história rica e complexa, influenciada por
diversas determinações.
Quando nos aprofundamos nos detalhes da Educação Infantil, estamos nos
referindo às práticas e rotinas que permeiam esse contexto. A definição do termo
"minúcias" conforme apresentado no Dicionário Houaiss da Língua Portuguesa
(2010) é esclarecedora. Trata-se de uma atenção minuciosa às menores
particularidades, aos detalhes e nuances.
Neste estudo, ancoramos nossa compreensão do termo na perspectiva
apresentada por Martins Filho (2013, p.27), que destaca: "Utilizo o sentido original
do termo para enfatizar que a análise das minúcias na prática das professoras se
debruçará sobre os aspectos mais sutis da ação docente, especialmente quando
observados durante sua execução". Entender as sutilezas do cotidiano na Educação
Infantil nos leva a refletir sobre as amplas e enriquecedoras oportunidades de
aprendizado e desenvolvimento nesse ambiente. É crucial reconhecer que a rotina
deve estar em sintonia com os interesses e necessidades das crianças, o que exige
um olhar atento por parte dos professores e a disposição de permitir que as crianças
vivam plenamente as experiências mais enriquecedoras da infância.
Ao buscar compreender o fazer-fazendo da docência, olhando e
percebendo as diferentes minúcias da vida cotidiana, verificamos que as
professoras em suas práticas educativas estão muito ligadas ao uso
acelerado do tempo, não contribuindo para o compartilhamento de
experiências ricas e significativas tanto para as crianças, como para elas
mesmas. Essa aceleração do tempo no fazer-fazendo da docência pode ser
considerada, no nosso ponto de vista, a maior causadora da ausência de
sentido e significado diante daquilo que as professoras realizavam no
decurso da vida cotidiana (MARTINS FILHO; MARTINS FILHO, 2020, p.
87).

Analisando a citação anterior, evidenciamos a importância do fator temporal


na Educação Infantil. Em diversas ocasiões, a estruturação rígida dos horários
acaba por compelir as educadoras a executarem suas tarefas de forma quase
automática, restringindo sua capacidade de identificar os autênticos interesses das
crianças. Cabe à administração da instituição manter uma vigilância sensível sobre
essas temporalidades e como as crianças estão inseridas nessa rotina. No entanto,
é crucial que esse procedimento não comprometa a riqueza inerente às
capacidades, aspirações e curiosidades infantis. Importante considerar que as
crianças absorvem conhecimento e evoluem durante todos os momentos em que
frequentam a escola, inclusive nos instantes tidos como corriqueiros, os quais
podem ser reimaginados como partes intrínsecas da vida quotidiana.

Adaptação da Administração Escolar às Mudanças na Sociedade.


A administração escolar encontra-se intrinsecamente ligada à evolução da
sociedade ao longo do tempo e está diretamente interligada com a interação
humana, visto que a existência humana é inerentemente vinculada a uma estrutura
social, o que a diferencia de outras espécies. A gestão escolar se manifesta, em sua
essência, como uma atividade singular dos seres humanos, sendo que somente o
ser humano possui a capacidade de estabelecer metas a serem atingidas (conforme
observado por PARO, 2012). A ação humana destaca-se por sua capacidade de
evolução e por ser orientada por objetivos predefinidos. Nesse contexto, os recursos
são empregados de forma a alcançar metas estipuladas pelo próprio ser humano,
mantendo-se alinhados com sua execução ao longo do trajeto, coordenados de
maneira a garantir a realização do objetivo compartilhado por todos os envolvidos.
A atividade laboral humana não ocorre de maneira aleatória; ao contrário, é
uma série de movimentos interconectados que delineiam todo o processo a ser
percorrido. O ser humano aprimora os recursos naturais e suas práticas conforme
surgem novas demandas, embasando-se nos conhecimentos adquiridos ao longo de
sua existência. As ações humanas diante de suas necessidades ocorrem de forma
coletiva e colaborativa, uma vez que o ser humano se destaca por sua capacidade
de dominar a natureza, estabelecendo relações de parceria com seus semelhantes,
ao invés de relações de dominação.
As mudanças na sociedade surgem quando os objetivos são orientados para
o bem comum, em colaboração mútua para o benefício de todos, promovendo uma
sociedade democrática, em vez de focar no crescimento das classes dominantes.
Para eliminar as disparidades entre as classes sociais, é essencial que ocorra uma
cooperação entre seus membros, visando aos interesses coletivos, em vez de
beneficiar apenas uma parcela.
Portanto, a administração escolar tem o potencial de superar a fragmentação
e a desconexão, construindo ações articuladas e resilientes, promovendo um
trabalho em equipe que reconheça e valorize o conhecimento de todos os
envolvidos. A gestão democrática participativa pressupõe que o processo
educacional evolui e se aprimora quando seus participantes reconhecem sua
responsabilidade nele, buscando uma coordenação colaborativa e horizontal (de
acordo com LUCK, 2006). A abordagem democrática da gestão escolar enfatiza a
participação na tomada de decisões e se baseia na construção conjunta de objetivos
e funcionamento da escola, por meio do diálogo e do consenso (conforme exposto
por LIBÂNEO, 2005). É cada vez mais evidente a necessidade de que as instituições
adotem uma abordagem de gestão democrática e consciente de seu papel, a fim de
promover o pleno desenvolvimento das crianças e da educação como um todo.

A Dinâmica entre a Administração Escolar e a Equipe


É necessário ponderar que todos os indivíduos que participam da
educação na primeira infância são reconhecidos como agentes
educacionais. Segundo Barbosa (2009):
Todos os adultos que participam da escola são educadoras/es. Pois,
mesmo quando estão executando suas funções específicas, ensinam as
crianças o respeito às suas tarefas profissionais e o cuidado com os outros.
Compartilham com elas práticas sociais ligadas à alimentação, ao cuidado
do corpo e do ambiente, ao pertencimento a um grupo cultural, ao brincar, à
segurança da escola, afinal esses são conteúdos educacionais na educação
infantil (BARBOSA, 2009, p. 40).

Aquele encarregado da administração escolar, ao buscar uma abordagem


democrática na gestão, tende a reconhecer que não pode, por si só, gerir a
totalidade do ambiente escolar, assim como lidar com os problemas e desafios que
surgem, tanto nos aspectos administrativos quanto pedagógicos. A abordagem
democrática da gestão aponta para um caminho de descentralização, ou seja,
compartilhar as responsabilidades da instituição com todos os envolvidos, incluindo
professores, funcionários, pais ou responsáveis e as crianças. Como observa
Saviani (2013, p.216), "a gestão democrática expressa o desejo dos professores de
participação nas decisões, em oposição à sua exclusão promovida pelo regime
autoritário".
Ao nos referirmos à equipe dentro das escolas, abrangemos todas as
pessoas que integram a instituição, incluindo a equipe administrativa, assistentes
técnicos educacionais, docentes, auxiliares, pessoal de apoio na cozinha e auxiliares
de serviços gerais.
É fundamental enfatizar que cada um desses indivíduos desempenha funções
essenciais para garantir um andamento eficiente das atividades na escola, e um
relacionamento harmonioso entre eles é crucial, já que o trabalho de um segmento
se entrelaça com o próximo. Como afirmado por Felipe (1998):

As pessoas, que têm a responsabilidade de cuidar/ educar crianças nesta


faixa etária, desempenham um papel fundamental no processo de
desenvolvimento infantil, pois servem de intérpretes entre elas e o mundo
que as cerca. Ao nomearem objetos, organizarem situações, expressarem
sentimentos, os adultos estão cooperando para que as crianças
compreendam o meio em que vivem e as normas da cultura na qual estão
inseridas. Portanto, os diferentes profissionais envolvidos na Educação
Infantil têm uma importante tarefa a cumprir, na tentativa de contribuir para
um desenvolvimento agradável e sadio. São, portanto, mediadores entre a
criança e o meio (FELIPE, 1998, p. 8).

É fundamental considerar que a responsabilidade pela educação e cuidado


não recai exclusivamente sobre os professores. É notório que, quando a cozinheira
proporciona uma refeição de qualidade, está contribuindo para o bem-estar das
crianças. Da mesma forma, quando as crianças se deparam com ambientes limpos e
arrumados, estão aprendendo princípios de organização. Cada experiência
vivenciada pelas crianças na escola deixa uma marca duradoura.
Todos aqueles que integram a equipe na Educação Infantil desempenham um
papel educativo, inclusive aqueles que não estão diretamente ligados ao aspecto
pedagógico. Entretanto, muitos não têm plena consciência da relevância de sua
contribuição. Dessa forma, nosso papel não se restringe apenas à transmissão de
conteúdo formal, abrange o desenvolvimento integral, influenciando atitudes e
hábitos que moldam o futuro das crianças. Gadotti (2004, p. 16) ressalta que "[...]
todos os setores da comunidade podem compreender melhor o funcionamento da
escola, conhecer mais profundamente seus membros e intensificar o envolvimento,
acompanhando a educação fornecida”.
Os diversos profissionais atuantes na Educação Infantil, com funções
distintas, têm a importante missão de enriquecer as experiências e vivências das
crianças. Isso implica proporcionar acesso e apropriação de conhecimentos que não
se desenvolvem espontaneamente, além de assegurar a expressão das ideias e
sentimentos das crianças, respeitando-as como sujeitos de direitos.
Os professores desempenham um papel fundamental na equipe escolar,
atuando como ponte entre a família e a administração da escola. Ser professora na
Educação Infantil vai além da formação acadêmica; exige a compreensão do papel
de mediadora, da profissional atenta às crianças, considerando-as e respeitando-as.
A importância da educadora vai além da transmissão de conhecimento, abrangendo
o cultivo de relações harmoniosas entre as crianças e um ambiente onde a
educadora é, simultaneamente, protagonista e cenógrafa (MUSATTI, 1998, p. 201).
É importante destacar que nas escolas, as auxiliares ou estagiárias das
professoras também desempenham um papel significativo. Elas auxiliam as
professoras no atendimento às necessidades das crianças, participam de atividades
pedagógicas, fornecem orientações sobre higiene e alimentação, e contribuem para
a organização do ambiente.

A participação das Crianças na Gestão Escolar


Para estabelecer um ambiente escolar de alta qualidade, é imprescindível
considerar os conceitos e metas que essa instituição se propõe a alcançar. Um dos
papéis fundamentais da educação é promover o desenvolvimento pleno da pessoa,
preparando-a para a cidadania e capacitando-a para o mundo do trabalho, conforme
estipulado no Artigo 205 da Constituição Federal (1988). Esse trajeto é um processo
contínuo que se estende ao longo de toda a vida, iniciando-se já na Educação
infantil.
No contexto da gestão escolar, a participação e expressão das crianças
desempenham um papel crucial. Elas podem se tornar protagonistas no processo
educativo e ter seu direito à participação plenamente assegurado. A essência de
uma instituição de Educação Infantil reside nas crianças, pois sem elas, todo o
propósito mencionado anteriormente perderia sua essência. A escola pode
implementar ações que visam formar cidadãos, promovendo atividades com esse
intuito. Lück (2009, p. 21) argumenta que, para que isso seja eficaz, os alunos
devem ser envolvidos em ambientes e experiências educacionais estimulantes,
motivadoras e de alta qualidade. O foco principal da escola é orientado para os
alunos que têm êxito em sua jornada educacional, desenvolvendo seu potencial e
cultivando o prazer e hábito de aprender.
Nesse contexto, conceder às crianças da Educação Infantil o direito de se
expressarem e participarem das decisões da escola, um direito consagrado na Base
Nacional Comum Curricular (BNCC) (BRASIL, 2017), é fundamental para garantir
que elas sejam agentes principais do processo. De acordo com Faria (2009, p. 23),
podemos entender o protagonismo como a criação de condições para que a criança
participe como um membro ativo da sociedade, proporcionando voz (mesmo quando
os bebês ainda não falam) e protagonismo às pessoas de pouca idade, que, embora
incapazes de escrever, estão presentes em primeira pessoa.
O conceito de criança como protagonista nos remete à compreensão dela
como um indivíduo ativo e criador de cultura. A instituição de Educação Infantil
representa um ambiente propício para a ampliação das culturas infantis. Nesse
contexto, a criança se torna protagonista por meio das interações, relações e trocas
com colegas e professores, permitindo vivenciar experiências enriquecedoras e
variadas (conforme discutido por DAL SOTO, 2013). Barbosa (2019) destaca que...

O importante é que as crianças vivam a vida dentro de uma cultura. A


escola infantil é um lugar onde as crianças aprendem as regras de convívio
social, a integrar-se com outras crianças, a trabalhar em grupos e a dividir a
professora, os brinquedos e os materiais, a cuidar das suas coisas
(organizar, emprestar e guardar). Os conteúdos versam sobre os
conhecimentos significativos para cada grupo social de acordo com: as
características do universo que os circunda, com a faixa etária das crianças,
as suas experiências anteriores e seus interesses e necessidades futuras. E
as formas de trabalhar devem priorizar as aprendizagens através de meios
criativos, participativos, dialógicos e dinâmicos (BARBOSA, 2019, p. 1).

No ano de 2017, foi oficializada a Base Nacional Comum Curricular - BNCC,


que estabelece os direitos de aprendizado e evolução que podem ser assegurados a
estudantes e crianças desde seus primeiros anos de vida. Reconhecendo a
significância da participação infantil, Kuhlmam Júnior (1999, p. 57) enfatiza que "as
crianças estão inseridas nas dinâmicas sociais e, ao buscarem essa participação,
internalizam valores e comportamentos próprios de seu contexto e época, visto que
as relações sociais são um componente intrínseco de suas vidas e de seu
desenvolvimento”.
Nessa abordagem, é crucial apreciar a participação como um direito
fundamental das crianças, o que nos leva a ponderar sobre o papel da gestora
escolar perante esse novo paradigma que coloca a criança no centro, como um
agente ativo e detentor de direitos em seu processo de crescimento. Nesse
contexto, Tiriba (2008) salienta:

Por fim, será necessário buscar a parceria das crianças nas decisões sobre
a organização e na decoração da escola, pois, se as crianças são sujeitos
de conhecimento e também de desejo, se crescem e modificam seus
interesses e possibilidades, também os espaços podem ser por elas
permanentemente modificados (TIRIBA, 2008, p. 43).

A busca pela participação ativa das crianças nas decisões do dia a dia na
Educação Infantil requer levar em conta as diversas formas de expressão que elas
trazem consigo. Por vezes, as crianças não conseguem comunicar verbalmente
suas necessidades. Por isso, é essencial reconhecer as linguagens não verbais,
como gestos, olhares, movimentos, posturas, toques e o silêncio. Os adultos
precisam manter uma atitude de atenção para decifrar essas expressões infantis e
prestar auxílio conforme as.
Como mencionado anteriormente, para efetivar uma gestão verdadeiramente
democrática, a equipe gestora deve estar disposta a ouvir todos os agentes
envolvidos no processo educativo: professores, familiares, crianças e equipe. Vale
relembrar que a escola pode se configurar como um espaço agradável, estimulante
e repleto de vivências, possibilitando descobertas e o crescimento autônomo das
crianças em todo seu percurso de desenvolvimento.
O gestor escolar deve sair de seu gabinete e se fazer presente em todos os
cantos da escola, especialmente nos ambientes frequentados pelas crianças. Isso é
particularmente importante para bebês, que ainda não podem expressar suas
necessidades por meio de palavras, mas podem ser compreendidos por meio da
observação. Professores e gestores devem observar o que as crianças requerem,
desde materiais e mobiliários até abordagens pedagógicas. A gestão precisa estar
pronta para fornecer os recursos necessários, visando uma escola que reconheça e
potencialize as capacidades das crianças. Para isso, os gestores devem unir a
administração com a parte pedagógica, promovendo uma escuta atenta e
abrangente.
Em concordância com a reflexão de Rinaldi (2002, p.77), ao afirmar que
nossas crianças têm essa natureza – buscam desafios e descobertas. Seus olhares
refletem a intenção de se comunicar, sua curiosidade e seus anseios. Estamos
falando de crianças que são, em essência, pesquisadoras; que buscam
compreender significados explora com curiosidade e estão em contínuo processo de
desenvolvimento e aprendizagem.

A colaboração entre Família e Administração Escolar.


Conforme estabelecido no Estatuto da Criança e do Adolescente – ECA
(1990), no Artigo 53, em seu parágrafo único, é reconhecido como direito dos pais
ou responsáveis o conhecimento sobre o processo pedagógico e a possibilidade de
contribuir na elaboração das abordagens educacionais. A família e a escola
desempenham papéis distintos no tocante à educação e ao cuidado das crianças,
embora ambas desempenhem funções essenciais para a proteção e promoção dos
direitos das crianças. Nessa perspectiva:
[...] A família e a escola têm, assim, um projeto comum a cumprir, embora
com papéis e funções diferenciadas. Sem a concretização desse projeto
não haverá, provavelmente, nem vida familiar nem vida escolar de
qualidade e a crescente eficácia desse projeto dependerá da forma como
enfrentamos e encaramos as dificuldades como oportunidades especiais de
desenvolvimento (SOUSA, 2006, p. 47).

A Educação Infantil também é abordada pelo Artigo 29 da Lei de


Diretrizes e Bases da Educação (LDB), c omplementando o papel da
família. Isso reforça a relevância da colaboração entre a instituição
educacional e os pais ou responsáveis.
A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como
finalidade o desenvolvimento integral da criança de até cinco anos, em seus
aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da
família e da comunidade (BRASIL, 1996).

A comunicação aberta e a compreensão de que tanto a família quanto a


escola compartilham a responsabilidade pela formação da criança são elementos
cruciais e indispensáveis. Segundo as palavras de Albuquerque, "a conexão entre a
instituição de educação infantil e a família deve ser fortalecida por meio de um
diálogo bilateral, enfatizando que essa conexão não se dá apenas em uma direção,
mas sim em ambas" (ALBUQUERQUE, 2017, p.23).
Respeitar aberta e a compreensão de que tanto a família quanto a escola
compartilham a responsabilidade pela formação da criança são elementos cruciais e
indispensáveis. Segundo as palavras de Albuquerque, "a conexão entre a instituição
de educação infantil e a família deve ser fortalecida por meio de um diálogo bilateral,
enfatizando que essa conexão não se dá apenas em uma direção, mas sim em
ambas" (ALBUQUERQUE, 2017).
Em concordância com a perspectiva de Barbosa, Kissmann (2014, p. 52)
ressalta a habilidade essencial da escola em lidar com a diversidade de situações
apresentadas pelas crianças e suas famílias, bem como pelos seus profissionais. É
fundamental adotar estratégias para sensibilizar as famílias sobre seu papel crucial
na formação dos filhos, incentivando o desenvolvimento de indivíduos participativos,
críticos e responsáveis.
Para concluir, a instituição de Educação Infantil assume a responsabilidade
pelo processo de formação, desenvolvimento e aprendizagem das crianças. No
entanto, a família desempenha um papel ativo nesse trajeto, já que, enquanto a
escola pode compreender o contexto social e cultural da família, esta deve
acompanhar e se envolver no dia a dia da instituição de Educação Infantil.
Então, a gestão escolar que visando a transformação social por meio de uma
abordagem democrática, permite que a comunidade participe plenamente do
processo e fomente uma população mais crítica, engajada e reflexiva. Uma escola
transformadora é aquela em que todos os envolvidos podem contribuir para a
mudança. Dessa forma, é essencial que a relação entre a equipe gestora e as
famílias seja pautada na parceria, assim como o respeito mútuo entre os
funcionários e a valorização das vozes das crianças. Considerando que os
ambientes de Educação Infantil são destinados a elas, esses espaços podem ser
concebidos e planejados de maneira a atender suas necessidades, garantindo que
elas se tornem cidadãs ativas na sociedade.
Nesse contexto, cabe à gestora adotar uma estrutura administrativa flexível,
que promova uma colaboração eficaz e harmoniosa, embasada em princípios
democráticos que reforcem a agência de todos os envolvidos. Ao mesmo tempo, é
crucial contar com uma equipe comprometida em proporcionar uma educação de
excelência (Paro, 2007), enfatizando sempre o trabalho conjunto e o respeito às
opiniões de toda a comunidade escolar.

O Impacto do Projeto Pedagógico na Educação Infantil


Nas instituições de Educação Infantil, é adotado o Projeto Político Pedagógico
- PPP. É fundamental observar que esse documento engloba as particularidades da
escola, devendo também incluir as responsabilidades e tarefas da gestora escolar.
Nessa linha de pensamento, as observações de Luck são relevantes:

O Projeto Político-pedagógico é o documento escolar que define e dá um


norte à organização do trabalho da escola, considerando as suas
especificidades, orientando sua ação política e pedagógica, de forma
contextualizada, em sintonia com as intenções, objetivos e os ideais da
equipe escolar. Trata-se, “de um instrumento vivo de orientação do trabalho
cotidiano escolar como um todo” (LUCK, 2013, p. 89).

Refletindo sobre o processo educacional, especialmente no âmbito


pedagógico, a líder da escola desempenha um papel crucial como promotora de
boas práticas. Ela deve permanecer constantemente vigilante em relação aos planos
das professoras e às reais necessidades das crianças. O Projeto Político
Pedagógico (PPP) é um pilar essencial nos procedimentos das instituições de
Educação Infantil, portanto, exige a atenção e o entendimento de todos os
envolvidos. Libâneo (2009) defende que quando o projeto político pedagógico é
elaborado com a contribuição de toda a equipe, define-se a visão da escola
almejada e o futuro que se espera dela.
Nesse contexto, o projeto político pedagógico se configura como uma
ferramenta para trabalhar de maneira colaborativa na escola, possibilitando a
organização dos esforços de forma otimizada e mantendo a criança como foco
central. Isso realça a importância da autonomia da comunidade, baseada nas
experiências da instituição para tomar decisões e empreender ações, em vez de
aguardar somente orientações externas.
Quando o PPP é construído de forma coletiva, promove um ambiente
democrático, onde todos assumem seus compromissos e responsabilidades,
propiciando a resolução de conflitos e rompendo com uma estrutura restritiva em
que uns comandam e outros obedecem. Independentemente do tipo de instituição, a
organização é essencial. Portanto, a escola deve se estruturar de maneira a
alcançar seu principal objetivo de proporcionar às crianças um ambiente abrangente
de aprendizado e desenvolvimento, que é fundamental para a jornada de cada
indivíduo. Sobre esse ponto, Veiga (2013) também adiciona:

Para que a construção do projeto-político pedagógico seja possível não é


necessário convencer os professores, a equipe escolar e os funcionários a
trabalharem mais, ou mobilizá-los de forma espontânea, mas propiciar
situações que lhes permitam aprender a pensar e a realizar o fazer
pedagógico de forma coerente (VEIGA, 2013, p. 15).

É responsabilidade da equipe escolar reconhecer a relevância desse


documento, uma vez que ele pode estabelecer a identidade distintiva da instituição.
O Projeto Político Pedagógico (PPP), a fim de assegurar uma abordagem
democrática, deve aderir a critérios que promovam a igualdade no acesso e na
permanência dos alunos na escola. Além disso, é essencial que ele busque a
excelência sem favorecer alguns em detrimento de outros, mas sim se desenvolva
de maneira inclusiva, contemplando as necessidades de todos os envolvidos.
Os meios e os objetivos a serem alcançados também devem ser explicitados
de forma clara durante a formulação desse documento. É crucial ter uma definição
clara do tipo de sociedade e do tipo de cidadão que se almeja formar por meio desse
projeto.
Cada escola está inserida em sua diversidade e, desta forma, possui
autonomia para elaborar seu projeto político pedagógico, buscando atender
as necessidades da comunidade onde está inserida, o que fortalece a
necessidade da participação desta comunidade na gestão escolar. [...] a
gestão democrática escolar implica uma mudança de mentalidade de todos
os membros envolvidos, deixando de tornarem-se fiscalizadores e
receptores para assumirem parte da responsabilidade pelo projeto escolar
(GADOTTI, 2001, p. 35).

Considerando a abordagem da gestão democrática, é essencial resolver as


divergências que surgem durante a organização, unindo a reflexão ao efetivo agir.
Dessa maneira, a tarefa de implementar uma gestão democrática na elaboração do
projeto político pedagógico não é simples, pois demanda a habilidade de lidar com
opiniões críticas e disparidades entre todos os envolvidos. A liberdade, nesse
contexto, remete à autonomia, mas também exige uma relação harmoniosa entre os
participantes, juntamente com a assunção conjunta de responsabilidades, com o
intuito de considerar o âmbito escolar e a sociedade em geral. Isso proporciona a
oportunidade de conceber, investigar, comunicar e aprender em direção a um
objetivo compartilhado e definido por e para a comunidade.
Além disso, a valorização do corpo docente desempenha um papel crucial na
elaboração e execução do projeto político pedagógico na escola, garantindo que
todos estejam capacitados, não apenas durante a formação inicial, mas também ao
longo de sua trajetória, de acordo com as transformações e interações com a
sociedade em sua totalidade. A instituição enfrenta o desafio de superar as
estruturas atuais, deixando de seguir cegamente as diretrizes impostas por
instâncias superiores e adotando uma postura crítica e consciente da importância de
suas ações perante a sociedade. Afinal, a escola desempenha um papel
emancipatório para todos os membros desse ambiente.
Dessa forma, o Projeto Político Pedagógico (PPP) pode contribuir para uma
reestruturação da escola, onde o trabalho não seja fragmentado, mas sim realizado
de forma colaborativa. Nesse contexto, Veiga (2013, p. 33) destaca que "a
elaboração do projeto político pedagógico demanda continuidade das ações,
descentralização, democratização do processo de tomada de decisões e
estabelecimento de uma avaliação coletiva de natureza emancipatória." Por ser uma
empreitada conjunta e simultaneamente singular, sua elaboração requer um esforço
coletivo, com um claro entendimento de sua significativa relevância para a
comunidade escolar. Não se trata apenas de um mero documento, mas sim de um
conjunto de metas e objetivos a serem alcançados e definidos.

A Perspectiva da Administração em Relação à Organização, Estrutura e


Ambientes na Educação Infantil

A responsabilidade da administração escolar deve estender-se para além dos


aspectos meramente administrativos e pedagógicos, abrangendo a organização, a
estrutura e os ambientes das instituições de Educação Infantil. Esses elementos são
de extrema importância para apoiar o desenvolvimento e a aprendizagem das
crianças, e demandam uma atenção cuidadosa por parte da liderança da escola. A
maneira como as instituições de Educação Infantil são organizadas reflete as
concepções sobre a infância, a educação, o ensino e a aprendizagem, bem como a
visão de mundo e de ser humano do educador que atua nesse contexto. Em outras
palavras, a disposição dos espaços, o arranjo do mobiliário e a estrutura física têm
um impacto direto no desenvolvimento e na aprendizagem das crianças. Moura
(2009) destaca que os espaços têm o potencial de oferecer diversas e significativas
oportunidades de formação para os pequenos.
É essencial garantir a participação ativa das crianças na organização desses
ambientes, uma vez que elas são capazes de expressar suas preferências por
espaços que lhes proporcionem conforto, segurança e autonomia. Importa destacar
que a participação das crianças nas decisões e escolhas dentro das instituições é
um direito que deve ser assegurado. É crucial lembrar também que os espaços não
se limitam à sala de aula; todos os ambientes da instituição devem ser concebidos
de maneira a promover a autonomia das crianças. Os espaços externos devem ser
vistos como extensões dos espaços internos e utilizados com propósitos
pedagógicos. Diante disso, a gestão deve examinar com atenção o parque, a
disposição dos brinquedos, as instalações sanitárias e a acessibilidade das pias
para as crianças, por exemplo. Um planejamento que reconhece o direito das
crianças à participação e à autonomia não é suficiente se o espaço não permitir
efetivamente essa autonomia.
Segundo os Indicadores de Qualidade na Educação Infantil (2009), "à medida
que se desenvolve, a criança constrói sua autonomia: cada etapa percorrida abre
inúmeras possibilidades de expressão e ação". A educação infantil oferece uma
série de oportunidades para a aprendizagem e o desenvolvimento da criança. Nesse
contexto, é crucial ouvir a voz da criança, permitindo que ela se expresse através de
diversas formas de linguagem. Além da participação das crianças, a colaboração da
comunidade é igualmente importante. Quando a comunidade está ativamente
envolvida na organização e estrutura da instituição educacional, ela se sente parte
integrante desse espaço, contribuindo para o seu cuidado e preservação. Nesse
sentido, Bondioli destaca que:
O espaço na Educação Infantil deve apresentar-se como lugar aberto à
comunidade circunstante, que não se encerra pelo temor de intrusões
indevidas. [...] No momento em que a creche se apresenta à comunidade,
se faz conhecer pelas famílias que a utilizam, ela não cumpre somente uma
função informativa, mas, tornando transparentes os mecanismos
organizacionais que a regem e as estratégias educativas que nela se
realizam, convida ao mesmo tempo uma pluralidade de sujeitos sociais a
encarregar-se e a participar das operações administrativas e formativas que
nela acontecem (BONDIOLI, 1998, p.35).

Analisando a citação mencionada, fica evidente a relevância do ambiente


físico e da estrutura no contexto educacional. Isso engloba a capacidade de
conceber e organizar o espaço de forma a torná-lo acolhedor e agradável para todos
os envolvidos na comunidade educativa, incluindo crianças, famílias e equipe da
instituição.
Além disso, a questão financeira é um aspecto crucial a ser considerado ao
pensar na estrutura e organização dos espaços nas instituições de Educação
Infantil. É notável a falta de recursos provenientes do governo, o que acarreta
dificuldades para as gestoras em atender a todas as demandas necessárias para o
funcionamento adequado das escolas. Diante desse cenário, as gestoras muitas
vezes precisam realizar iniciativas como eventos, rifas e jantares, com a participação
da comunidade escolar, para arrecadar fundos. Isso demonstra um
comprometimento e interesse por parte da gestão e equipe da escola em superar as
limitações presentes na educação, que muitas vezes não é tratada como prioridade
pelas autoridades públicas.
Concluímos esse assunto enfatizando que há diversos desafios e
oportunidades para a efetivação de uma gestão escolar democrática na Educação
Infantil. Isso envolve não apenas as relações humanas e a participação de todos os
membros da comunidade, reconhecendo a importância de cada um e suas
responsabilidades no bom funcionamento da Educação Infantil. Também é essencial
destacar a relevância do Projeto Político Pedagógico e da atenção da gestora aos
espaços físicos, à infraestrutura da escola e aos processos que influenciam uma
gestão democrática, como a seleção de diretores, por exemplo. Quando todos esses
elementos são abordados de maneira séria e comprometida, abre-se o caminho
para a promoção de uma gestão verdadeiramente democrática. Na próxima seção,
abordaremos a metodologia empregada neste estudo, incluindo detalhes sobre a
pesquisa de campo e os resultados obtidos.

CONSIDERAÇÕES FINAIS
À medida que concluímos este artigo, fica evidente que ainda há muito a ser
explorado, estudado e aprendido no campo da gestão escolar democrática.
Portanto, esta investigação não encerra aqui, mas em vez disso, enriqueceu nosso
entendimento e ofereceu resultados que enriquecem essa área de estudo. Realizar
esta pesquisa foi simultaneamente um desafio gratificante. Foi, de fato, desafiador,
uma vez que enfrentamos diversas dificuldades ao longo dessa jornada. Além disso,
não podemos encerrar esta análise sem considerar o desafio mais amplo que a
educação enfrenta diante da pandemia, com o retorno às aulas presenciais nesse
momento. Isso exigirá ajustes significativos e os gestores estarão encarregados de
administrar todo esse processo.
Após uma série de leituras, pesquisas e aprofundamento na revisão da
literatura, fica claro o quão distintos são os enfoques sobre gestão escolar,
particularmente no contexto da gestão escolar democrática. Ao examinarmos os
dados obtidos por meio da revisão bibliográfica, torna-se ainda mais evidente a
necessidade de se explorar e debater esse tema tanto na formação inicial quanto na
formação contínua, bem como na rotina das instituições de ensino. Afinal, a gestão
desempenha um papel crucial na orientação de todas as atividades escolares.
Inicialmente, percebemos que algumas administrações não reconhecem
plenamente as diversas concepções de gestão escolar. Embora estejam cientes das
características da gestão escolar democrática, enfrentam dificuldades na
implementação prática desses princípios. Embora a formação inicial e contínua
abranja o aprendizado sobre gestão democrática escolar, nossa sociedade, que em
alguns aspectos mantém uma visão ultrapassada de democracia e hegemonia,
acaba por obstaculizar os processos educacionais. Uma cultura de dominação e
submissão predomina, tornando um desafio a concepção de uma escola
verdadeiramente democrática, que promova participação, cidadania e respeito.
Além disso, para os gestores, a participação da equipe, dos professores, dos
funcionários e da comunidade escolar é essencial para a concretização de uma
gestão democrática. É crucial também reconhecer que o gestor desempenha um
papel fundamental em coordenar todas as atividades da escola. Portanto, ele deve
ser proativo e sempre disposto a apoiar toda a equipe. A participação das famílias e
um relacionamento saudável com os pais também são considerados pelos gestores
como elementos essenciais para uma gestão democrática. No entanto, ao
considerarmos os diferentes participantes do processo - famílias, equipe escolar e
crianças - fica evidente que alcançar uma participação ativa é desafiador devido a
limitações impostas e a normas preestabelecidas. Especialmente no que diz respeito
ao protagonismo das crianças, surge a pergunta: como podemos garantir esse
protagonismo?
Portanto, implementar uma gestão democrática na Educação Infantil é
assegurar que todos se sintam parte integrante desse processo, desde os bebês até
os pais e as professoras, garantindo o respeito à sua diversidade social e cultural.
Isso envolve a criação de um espaço na instituição de Educação Infantil que seja
moldado por todos e para todos.
Concluindo esta análise, fica claro o papel central da gestão escolar nas
operações da Educação Infantil. Isso influencia tanto os aspectos burocráticos
quanto pedagógicos, e uma gestão eficiente contribui significativamente para o bom
funcionamento da Educação Infantil em sua totalidade. Portanto, esperamos que os
formuladores de políticas compreendam essa concepção de gestão e fomentem um
ambiente educacional verdadeiramente democrático. Em vista de tudo isso,
esperamos que este estudo possa beneficiar pesquisadores e, em particular, os
gestores, fornecendo suporte para o cumprimento de uma tarefa tão responsável e
comprometida.

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