Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
indice
Introdução
O presente trabalho apresenta um breve estudo a cerca dos princípios que norteiam a
gestão escolar quando esta se caracteriza como democrática, bem como sua integração
com a comunidade tendo em vista alguns aspectos escolares e extra-escolares. É uma
abordagem crítico-reflexiva que visa incentivar e proporcionar suporte às discussões
sobre o tema.
A gestão escolar não deve ser enxergada somente como um conjunto de práticas
burocráticas voltadas à escola, mas sim, precisa ser vista como um viés de promoção do
fazer democrático e da cidadania. A escola não pode e não deve fechar-se em seus
muros, deixando de considerar toda a realidade que a norteia e que exerce influência
constante no processo de ensino aprendizagem.
Portanto nota-se que é imprescindível que a comunidade local esteja em sintonia com o
ambiente escolar para garantir a melhoria educacional e isso pode ser promovido mais
facilmente quando a escola possui uma gestão democrática.
1. Administração e Gestão escolar
A administração e gestão escolar possui uma natureza capitalista com fins lucrativos,
já administração dentro da escola tem especificidades diferentes, pois o principal
objetivo da escola de acordo com Paro (2006) é a transformação da sociedade.
Por isso, a escola precisa saber buscar em sua administração a natureza própria, seus
objetivos e princípios específicos de sua realidade. Uma Administração Escolar que
pretenda promover a racionalização no trabalho pedagógico da escola deve começar a
verificar a própria realidade, isto é, sua especificidade no processo de trabalho escolar
(PARO, 2006).
A palavra gestão tem sua origem do latim “gestio”, que quer dizer “ato de administrar,
de gerenciar”, ou seja, a ação de gerir determinado órgão ou instituição tem como
incumbência geral a administração, sendo que esta última se dá em diversos aspectos. O
termo democracia surgiu na Grécia Antiga (demo= povo e Kracia= governo). Levando
em consideração seu ponto de vista etimológico, a expressão “gestão democrática”
ressalta a importância da participação popular no tocante às decisões relacionadas ao
funcionamento da instituição escolar.
A questão da gestão democrática escolar muitas vezes fica subentendida como uma
oportunidade para expor vários pensamentos, ou seja, tem-se a gestão democrática
como viés para uma enxurrada de opiniões a cerca dos mais diversos assuntos que
norteiam a escola.
De acordo com Neidson Rodrigues (2003, p.38), “É falso ligar a questão da
democratização da escola a um único aspecto da atividade escolar, seja ele
administrativo, pedagógico, de participação da comunidade em processos decisórios,
acadêmicos ou políticos da escola”. A gestão democrática vai além de simples ações,
que geralmente contam com a participação de um número maior de pessoas, mas ela
caracteriza-se como um conjunto mais amplo e sistemático, que contempla todas as
dimensões envolvidas na educação, ao passo que cada característica possui suas
particularidades, métodos e estratégias específicas, onde, de maneira organizada, a
gestão tem a função de coordenar e comandar tais ações, tendo em vista o
desenvolvimento das práticas educativas numa ótica democrática, ou seja, participativa
e cooperativa.
Segundo Paro (1998) quando a escola se fundamenta em uma gestão democrática ela
favorece a participação ativa de alunos, pais, professores e funcionários, enfim, passa a
ser uma instituição onde toda a comunidade escolar possa inteirar-se e opinar sobre os
assuntos que dizem respeito à escola.
Mediante tais constatações pode-se afirmar que uma gestão democrática e participativa
só acontece com sujeitos comprometidos com uma educação cujo objetivo é a
construção da cidadania e transformação da sociedade.
Para Marques (1981), a participação de todos nos diferentes níveis de decisão e nas
sucessivas fases de atividades é essencial para assegurar o eficiente desempenho da
organização. A flexibilidade de pessoas e da própria organização permite uma
abordagem aberta, facilitando a aceitação da realidade e permitindo constantes
reformulações que levam ao crescimento pessoal e grupal. A dignidade do grupo, e de
cada um, se faz pelo respeito mútuo.
A abordagem participativa na gestão escolar demanda maior participação de todos os
interessados no processo decisório da escola, envolvendo-os também na realização das
Pode-se afirmar nesta ponte que a participação em seu sentido pleno se caracteriza por
uma força de atuação consciente, pela qual os membros de uma unidade social
reconhecem e assumem seu poder de exercer influência na determinação da dinâmica
dessa unidade social, de sua cultura e de seus resultados, poder essa resultante de sua
competência e vontade de compreender, decidir e agir em torno de questão que lhe são
afetas.
Em relação a este modelo estático e fragmentado, Paro (2006) concorda que atualmente
a escola está pautada pelo autoritarismo em seu cotidiano e pela falta de participação de
seus interessados, o que não condiz com a democracia alcançada por meio da
transformação da sociedade.
Deste modo, podemos inferir que a gestão democrática é um processo pelo qual há o
envolvimento e a participação de pais, alunos, professores e funcionários, assegurada na
Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de
1996), especificamente em seu artigo 14, preconizando que:
De acordo com Lück (2006), a democratização dos processos de gestão da escola está
estabelecida na Constituição Federal de 1988, na Lei de Diretrizes e Bases da Educação
Nacional e no Plano Nacional de Educação. Estas normas legais enfatizam a
importância da ação coletiva compartilhada, a descentralização dos processos de
organização, a tomada de decisões, a construção de autonomia e, principalmente, a
consciência das escolas da necessidade de uma gestão democrática, em todos os níveis
de ensino.
Apesar disso, é importante salientar que a gestão democrática nas escolas proporciona
um melhor entendimento do que é gerir, pois não é só o gestor que tem o poder de
decisão, e sim todos os interessados, visto que, pelo principio democrático, as decisões
são realizadas coletivamente.
No entanto, é preciso entender melhor o que seja a participação nesta perspectiva; por
isso, a seguir demonstraremos como ela é um elemento essencial para a democratização,
pois sem tal participação não há democracia.
As demandas da gestão democrática participativa e o trabalho nas escolas com base na
organização escolar
Já Pedro Demo (1999) ressalva que o planejamento participativo não evita, por
exemplo, que se procure persuadir a comunidade da necessidade de determinada ação,
desde que o processo de convencimento se realize a partir de um espaço conquistado,
levando em conta a contribuição da comunidade e sua potencialidade, deixando-se,
além disso, convencer a comunidade do contrário.
A participação da família tem-se tornado cada vez mais difícil, diante do desinteresse da
escola em ampliar a atuação da comunidade. No entanto, não basta só a escola ceder
mais espaço para que os pais participem; é preciso que haja interesse por parte deles em
participar da vida escolar de seus filhos.
Afirma ainda que, para ocorrer tal participação, é necessário que o Estado disponibilize
ao trabalhador horas disponíveis. Porém, percebe-se que, na realidade, além de não
haver projetos para promovê-la, o Estado não proporciona à comunidade outros meios
para que isto ocorra. O ato de participar, como vimos, não envolve só o interesse da
escola ou da família, pois é necessário também um processo de democratização nos
escalões superiores, por ser uma ação que abrange a todos, como afirma Paro:
[...] os pais que deveriam vir à escola, são os menos que vem,
dizem diretores, sugerindo, ao mesmo tempo, que não adianta
realizar reunião de pais na escola, e que essas reuniões são para
os pais de alunos com problemas (LÜCK, 2006, p. 74, Vol. III).
Cabe a escola se conscientizar sobre o que realmente é participação e qual é a
importância do envolvimento da família com a escola. É importante lembrar que
comparecer a uma mera reunião, apenas para tomar conhecimento de questões
comportamentais, está distante do que se entende por participação.
Há estudos que comprovam que a participação dos pais na escola é essencial. Por isso, a
presença da família na vida escolar tem sido apontada, por meio de várias pesquisas,
como um dos indicadores na determinação da qualidade do ensino, já que pais atuantes
e participantes possuem filhos que aprendem mais.
Portanto, há várias formas de interação escola e família, como pode-se inferir através da
seguinte citação:
No entanto, não basta à escola permitir que a família participe, sem promover a própria
participação de seus funcionários, sejam estes professores, gestores, diretores, enfim,
todos os que compartilham o dia a dia escolar, que de forma direta e indireta contribuem
para o trabalho educativo.
Percebe-se que na escola, além da pouca participação dos pais, existe uma atuação
limitada dos seus profissionais. Os gestores, apesar de verem a necessidade da gestão
compartilhada para a construção da realidade de que fazem parte, não a praticam em
suas escolas.
Com relação à participação dos professores na construção da realidade da escola, Lück
(2006) ressalta que alguns gestores encaram a participação dos professores como sendo
ao mesmo tempo crucial e problemática. Neste caso, cabe ao gestor amenizar os
problemas irrelevantes e enfatizar a importância de uma pratica reflexiva, isto é, uma
prática educativa mais consciente de seu papel, que é o ensino e aprendizado dos alunos
e, principalmente, a qualidade do trabalho pedagógico.
De acordo com os princípios democráticos, não existe participação isolada. Deste modo:
Para que a escola seja democratizada, acreditamos ser necessário que todos se
conscientizem da importância da gestão compartilhada e do papel da escola no
que tange à qualidade do ensino. Portanto, acreditamos que só há qualidade no
ensino quando todos os envolvidos participam de forma mais eficaz.