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Curso Formação Pedagógica para Graduados não

Licenciados EPT

Prof. Dr. Jader Ribeiro Pinto

PROCESSOS EDUCATIVOS E DE GESTÃO: INSTITUIÇÕES


ESCOLARES, COMUNITÁRIAS, ASSITENCIAIS E DO
MUNDO DO TRABALHO.

TEXTO BASE 01
Disciplina de Processos Educativos e de Gestão: instituições 1
escolares, comunitárias, assistenciais e do mundo do trabalho.
2019
Texto Base 01
SUMÁRIO

1. INTRODUÇÃO

1.1. Conceitos de processos educativos e de gestão

1.2. Gestão democrática escolar

REFERÊNCIAS

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escolares, comunitárias, assistenciais e do mundo do trabalho.
Texto Base 01
TEXTO BASE 01
Prof. Dr. Jader Ribeiro Pinto.

1- INTRODUÇÃO:

Compreender a gestão educacional em seu contexto histórico constitui um


aspecto fundamental nos cursos de Pedagogia e, também nos demais cursos de
Licenciatura, tendo em vista que a escola e outras instâncias do sistema
educacional constituem o espaço primordial de atuação do profissional da
educação (AGUIAR, 2011).

A questão da gestão educacional é necessária nos currículos de forma a


propiciar a problematização das relações entre processos produtivos e sociais, as
mudanças nos padrões de gestão e organização do trabalho, as novas exigências
postas para a educação e os projetos pedagógicos que vêm sendo construídos
(AGUIAR, 2011).

Os processos educativos e a gestão educacional sofrem influxos das


políticas do momento, e isso deve ser analisado criticamente por todos
profissionais envolvidos e pela sociedade como um todo. Melo (2011) diz que no
processo histórico de organização e reorganização da sociedade brasileira, as
relações de poder dão o tom do avanço ou retrocesso da democratização da
gestão educacional, sendo isto o que a autora revela de fundamental importância
diante das constantes mudanças na sociedade brasileira ao longo da sua história.
E com razão complementa:
“Os traços predominantes do autoritarismo, seja em épocas coloniais, em
regime escravocrata, na fragilidade da República dos Marechais, no populismo
ou na ditadura militar, forjaram heranças muito fortes na democracia
conquistada a duras penas pela sociedade brasileira. O aperfeiçoamento de
relações de poder democratizadas e com respeito à cidadania do povo disputa
espaço, dia a dia, com as conservadoras políticas de fisiologismo e
coronelismo, ainda existentes no Brasil.

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A escola, como instituição social que interage com a sociedade, encontra-
se nesse contexto e tem o seu cotidiano permeado por práticas e teses
autoritárias” (MELO, 2011).

No entender de Libâneo et al (2012) tem-se maior qualidade do trabalho do


professor se ele conhecer o sistema escolar e das escolas. Ainda, colocam como
importante tarefa do professor a participação nas práticas de organização e
gestão da escola.
“Ao nosso ver o exercício da profissão de professor ganha mais qualidade
se o professor conhece bem o funcionamento do sistema escolar (as políticas
educacionais, as diretrizes legais, as relações entre escola e sociedade etc.) e
das escolas (sua organização interna, as formas de gestão, o currículo, os
métodos de ensino, o relacionamento professor aluno, a participação na
comunidade etc.) e se aprende a estabelecer relações entre essas duas
instâncias.
Os professores têm várias responsabilidades profissionais: conhecer bem a
matéria, saber ensiná-la, ligar o ensino à realidade do aluno e a seu contexto
social, ter uma prática de investigação sobre seu próprio trabalho. Há todavia,
uma outra tarefa nem sempre valorizada: participar de forma consciente e
eficaz nas práticas de organização e gestão da escola. Os professores, além
de terem a responsabilidade de dirigir uma classe, são membros de uma equipe
de trabalho em que discutem, tomam decisões e definem formas de ação, de
modo que a estrutura e os procedimentos de organização e da gestão sejam
construídos conjuntamente pelo que atuam na escola (professores, diretores,
coordenadores, funcionários, alunos)” (LIBÂNEO et al, 2012, p.407-408). (grifos
nosso)

1.1- Conceitos de processos educativos e de gestão:

No trabalho de Medeiros (2008, p.58) é utilizado um conceito que nos


parece interessante de “processos educativos”, em que o autor os define como a
ação de educar ou ação comunicativa, que está relacionada com o agir da
pedagogia em sua diversidade prática e teórica, o que confere ao termo um

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caráter genérico que engloba a filosofia da ação educativa, os agentes da
educação, e seus papéis de ação interativa no percurso da aprendizagem.

Um conceito de gestão tratado por Libâneo et al (2012, p.438) diz que trata-
se da atividade pela qual são mobilizados meios e procedimentos para atingir
objetivos da organização, envolvendo, basicamente, os aspectos gerencias e
técnico-administrativos.

1.2- Gestão democrática escolar:

A gestão democrática tem se tornado um dos motivos mais frequentes, na


área educacional, de debates, reflexões e iniciativas públicas a fim de dar
sequencia a um princípio posto constitucionalmente e reposto na LDB (CURY,
2002).

O princípio da gestão democrática, de acordo com Cury (2002) tem sido


mais referido a eleição de diretores em escolas públicas. E ainda sobre o tema o
autor comenta o seguinte:
“A gestão democrática da educação é, ao mesmo tempo, transparência e
impessoalidade, autonomia e participação, liderança e trabalho coletivo,
representatividade e competência.

Voltada para um processo de decisão baseado na participação e na


deliberação pública, a gestão democrática expressa um anseio do crescimento
dos indivíduos como cidadãos e do crescimento da sociedade enquanto
sociedade democrática. Por isso a gestão democrática é a gestão de uma
administração concreta. Por que concreta? Porque o concreto (cum crescere,
do latim é crescer com) é o nasce com e que cresce com o outro. Este caráter
genitor é o horizonte de uma nova cidadania em nosso país, em nosso sistema
de ensino e em nossas instituições escolares. Afirma-se, pois, a escola como
espaço de construção democrática, respeitado o caráter específico da
instituição escolar como lugar de ensino/aprendizagem” (CURY, 2002, p. 173).

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Em relação à gestão democrática da escola pública básica, o Professor Vitor
Henrique Paro diz que sempre esta é tratada como uma utopia, na medida em
que relata:
“Toda vez que se propõe uma gestão democrática na escola pública básica
que tenha efetiva participação de pais, educadores, alunos e funcionários da
escola, isso acaba sendo considerado como uma coisa utópica. Acredito não
ser de pouca importância examinar as implicações decorrentes dessa utopia. A
palavra utopia significa o lugar que não existe. Não quer dizer que não possa vir
a existir. Na medida em que não existe, mas ao mesmo tempo se coloca como
algo de valor, algo desejável do ponto de vista da solução dos problemas da
escola, a tarefa deve consistir, inicialmente, em tomar consciência das
condições concretas, ou das contradições concretas, que apontam para a
viabilidade de um projeto de democratização das relações no interior da escola”
(PARO, 2016, p.13).

Para assegurar a gestão democrática, a participação é o principal meio,


segundo Libâneo et al (2012).
“A participação é o principal meio de assegurar a gestão democrática,
possibilitando o envolvimento de todos os integrantes da escola no processo de
tomada de decisões e no funcionamento da organização escolar. A participação
proporciona melhor conhecimento dos objetivos e das metas da escola, de sua
estrutura organizacional e de sua dinâmica, de suas relações com a
comunidade, e propicia um clima de trabalho favorável a maior aproximação
entre professores, alunos e pais. Nas empresas, a participação nas decisões é
quase sempre estratégia que visa ao aumento de produtividade. Nas escolas
também se buscam bons resultados, mas há nelas um sentido mais forte de
prática da democracia, de experimentação de formas não autoritárias de
exercício de poder, de oportunidade ao grupo de profissionais para intervir nas
decisões da organização e definir coletivamente o rumo dos trabalhos”
(LIBÂNEO et al, 2012, p. 450-451).

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REFERENCIAS:

AGUIAR, M.A. Gestão da educação e a formação profissional da educação no Brasil. In:


Gestão da educação: impasses, perspectivas e compromissos. FERREIRA, N.S.C.;
AGUIAR, M.A.daS. (orgs.). 8.ed. São Pulo: Cortez, 2011. p.193-210.

CURY, Carlos R. J. Gestão democrática da educação: exigências e desafios. RBPA, v. 18, n. 2,


jul./dez. 2002. p.63-174.

LIBÂNEO, J.C.; OLIVEIRA, J.F. de; TOSCHI, M.S. Educação escolar: políticas, estrutura e
organização. 10.ed. São Paulo: Cortez, 2012.

MEDEIROS, J.W. de M. A racionalidade comunicativa como o ágora de processos educativos


emancipatórios. João Pessoa: UFPB, 2008. 240p. (Tese de Doutorado)

MELO, M.T.L. de. Gestão educacional – os desafios do cotidiano escolar. In: Gestão da
educação: impasses, perspectivas e compromissos. FERREIRA, N.S.C.; AGUIAR,
M.A.daS. (orgs.). 8.ed. São Pulo: Cortez, 2011. p.243-254.

PARO, V.H. Gestão democrática da educação pública. 4.ed. São Paulo: Cortez, 2016.141p.

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