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Gênero Informativo
Material Teórico
Características do Texto Jornalístico
Revisão Textual:
Prof.ª Me. Sandra Regina F. Moreira
Características do Texto Jornalístico
• Reflexões Iniciais;
• Peculiaridades do Texto Jornalístico;
• Orientações Importantes.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
· Conhecer as principais características do texto jornalístico, com ênfase
nas estratégias utilizadas para produzir informações claras e precisas.
A partir de exemplos reais de notícias publicadas em veículos de
comunicação, vamos estudar algumas regras de redação, tais como:
extensão das frases, escolha de palavras, frases afirmativas e negativas,
voz ativa e voz passiva, além dos verbos declarativos “falar” e “dizer”.
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua
formação acadêmica e atuação profissional, siga
algumas recomendações básicas:
Conserve seu
material e local de
estudos sempre
organizados.
Aproveite as
Procure manter indicações
contato com seus de Material
colegas e tutores Complementar.
para trocar ideias!
Determine um Isso amplia a
horário fixo aprendizagem.
para estudar.
Mantenha o foco!
Evite se distrair com
as redes sociais.
Seja original!
Nunca plagie
trabalhos.
Não se esqueça
de se alimentar
Assim: e de se manter
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte hidratado.
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e
horário fixos como seu “momento do estudo”;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e
de aprendizagem.
UNIDADE Características do Texto Jornalístico
Reflexões Iniciais
Por que você escolheu estudar Jornalismo? Você já deve ter ouvido essa pergun-
ta antes, não é mesmo? E é bastante comum que os futuros jornalistas respondam
a essa questão dizendo que escolheram a carreira porque gostam de ler e escrever.
É esse o seu caso? Essas são, de fato, duas características bem importantes para
quem pretende atuar nessa área. Mas será que o texto jornalístico tem caracterís-
ticas específicas, que o diferenciam dos demais tipos de textos? É o que vamos ver
nesta Unidade.
Lage (2003, p.39) explica que “a comunicação jornalística é, por definição, re-
ferencial, isto é, fala de algo no mundo, exterior ao emissor, ao receptor e ao pro-
cesso de comunicação em si”. A consequência dessa característica é a utilização da
terceira pessoa na grande maioria dos textos. Assim, mesmo que o repórter tenha
testemunhado um fato, o uso da primeira pessoa é normalmente permitido apenas
em reportagens-testemunho e crônicas.
Você já deve ter ouvido falar nos termos ‘emissor’, ‘mensagem’ e ‘receptor’. Os
primeiros estudiosos da Comunicação preocuparam-se em sistematizar o processo
comunicacional. Para você ter uma ideia de como essa preocupação é antiga, as
primeiras reflexões a respeito da comunicação humana já ganhavam espaço entre
os filósofos gregos, entre eles, Aristóteles (HOHLFELDT, 2001, p.79).
Pesando bem, parece mesmo desafiador, não? E como é que se consegue isso?
É justamente aí que reside a função das aulas de Redação Jornalística. Mãos à obra!
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Peculiaridades do Texto Jornalístico
Durante todos os anos do ensino básico, você deve ter aprendido inúmeras re-
gras de escrita nas aulas de Língua Portuguesa e Redação, não é verdade? E você
pode ter certeza de que todas aquelas normas sobre o uso da vírgula, da crase, da
regência verbal e nominal, entre tantas outras, serão extremamente úteis e neces-
sárias para a produção de um bom texto jornalístico. Mas aqui, nessa disciplina,
nossa preocupação está em entender as artimanhas do texto jornalístico, especial-
mente para produção de informações jornalísticas do gênero informativo, que tem
características bastante específicas.
Você deve ter notado que esse texto é meio vazio, que não diz muita coisa. E por
que isso acontece? Porque ele peca num ponto essencial do jornalismo: a qualidade
das informações. Quando escrevo “algumas pessoas mortas e várias feridas”,
apresento termos vagos – e o bom texto jornalístico trabalha com quantidades
específicas. Quantas pessoas mortas e quantas feridas? Se no momento da
divulgação da informação ainda não houver números exatos, cabe informar ao
menos uma quantidade aproximada ou estimada.
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UNIDADE Características do Texto Jornalístico
Outro ponto problemático no meu texto sobre o acidente: concluir que meu
receptor sabe qual é a BR-116. Por que não posso escrever dessa forma? Porque
meu texto é direcionado para um público grande e heterogêneo, portanto, preciso
escrever da forma mais clara possível para a maioria das pessoas – Rodovia
Presidente Dutra, em vez de BR-116. Além disso, sabemos que se trata de uma
das maiores rodovias do país, então, é recomendável que se diga em que trecho da
estrada aconteceu o acidente (de preferência, o nome da cidade, e não apenas em
que quilômetro).
Meu texto afirma ainda que “A Polícia Civil já divulgou os nomes das vítimas
fatais”. Temos aqui dois pontos importantes: se os nomes foram divulgados por
um órgão oficial, por que não cito no meu texto? Além disso, o uso do termo
“já” deve ser evitado, porque carrega consigo um juízo de valor (quem escreveu
demonstra acreditar que o processo aconteceu de maneira rápida). O mesmo vale
para “ainda”. Logo, o ideal é escrever apenas “A Polícia divulgou” (em vez de “já
divulgou”), ou, numa situação inversa, “A Polícia não divulgou” (em vez de “ainda
não divulgou”).w
E o uso da sigla IML? Será que preciso explicar o que significa? A resposta é sim!
Pode parecer óbvio para você o que significa IML, mas temos de lembrar sempre que
a informação jornalística precisa ser clara para o maior número possível de pessoas.
Vamos ver agora como essas informações foram divulgadas pelo jornal O Dia, em
19/11/2017. Este é o primeiro parágrafo do texto do jornalista Rafael Nascimento:
Rio - Um grave acidente envolvendo um ônibus deixou ao menos três
mortos e 33 feridos, na manhã deste domingo, na Rodovia Presidente
Dutra, em Paracambi, na Baixada Fluminense. De acordo com a Polícia
Rodoviária Federal (PRF), entre as vítimas fatais estão duas crianças e um
homem. A Polícia Civil confirmou as mortes de Eduardo de Miranda de
Lima, 1 ano, Diego Souza Santos, 10 anos, e Daniel Duarte Santos, 30
anos. O corpo dos três foi encaminhado ao Instituto Médico Legal (IML)
de Nova Iguaçu. Ainda não há informações sobre a data e local de sepul-
tamento das vítimas.
Você notou como o texto original é bem mais completo de informações do que
aquela primeira versão vazia que eu apresentei? Aqui, o leitor fica sabendo que o
acidente foi com um ônibus, o que significa que muitas pessoas eram transportadas
ao mesmo tempo. Descobre também números precisos: 33 feridos e três mortos
(sendo duas crianças e um homem, cujos nomes e idades foram divulgados). Em
vez de BR-116, Rodovia Presidente Dutra, em Paracambi, na Baixada Fluminense
(veja ainda que a palavra “Rio”, antes do início do texto, também revela o local em
que o fato ocorreu). Além disso, a sigla IML veio precedida de sua explicação e da
cidade em que está localizado o Instituo Médico Legal (Nova Iguaçu). O jornalista
menciona que o local e a data do sepultamento das vítimas não foram divulgados
(você percebeu que ele utilizou o advérbio de tempo “ainda”?).
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Explor
Analise as duas frases abaixo:
a. “Não há informações sobre a data e local de sepultamento das vítimas”;
b. “Ainda não há informações sobre a data e local de sepultamento das vítimas”.
Que diferença faz para o texto a escolha da primeira ou da segunda frase? Em alguma delas,
você percebe um juízo de valor maior que na outra?
Se você quiser conferir o texto completo, vai observar que há ainda informações sobre a
Explor
causa, o horário do acidente e para qual destino o veículo se dirigia. Acesse o link:
https://goo.gl/osb2ub
Orientações Importantes
Segundo Erbolato (1979, p. 81), o segredo da boa notícia depende de como ela
chega ao leitor:
Os jornais se destinam à massa e, ao serem preparados, ignora-se a quem
chegarão os seus exemplares, que tanto poderão ser lidos pelo Presidente
da República, Ministros, Senadores, Governadores, Deputados, Prefeitos,
Vereadores, Embaixadores e cientistas, quanto por pessoas humildes, das
classes populares e apenas com curso primário. A linguagem, portanto,
deve ser correta e acessível a todos. O primeiro dever do jornalista é
conhecer as regras gramaticais, a fim de que seus textos não apresentem
erros graves.
Você vai conhecer agora cinco orientações valiosas para a produção de um bom
texto jornalístico.
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UNIDADE Características do Texto Jornalístico
A lista com 18 novos procedimentos que os planos de saúde serão obrigados a cobrir,
aprovada em novembro do ano passado, passa a valer a partir desta terça-feira (2),
incluindo exames, terapias e cirurgias, bem como a ampliação da cobertura para outros
sete procedimentos, tais como medicamentos orais contra o câncer e um remédio para
tratamento de esclerose múltipla, algo inédito no Rol de Procedimentos, segundo a ANS.
Apesar de ter sido escrita de maneira correta, com todas as pontuações neces-
sárias, a frase é longa demais e chega a se tornar confusa em uma primeira leitura.
De acordo com Squarisi e Salvador (2013, p.23), “o leitor só consegue dominar
determinado número de palavras antes que seus olhos peçam uma pausa.” As au-
toras sugerem que as sentenças tenham, no máximo, 150 toques.
Explor
Vamos ver quantos toques ou caracteres tem a frase acima? São 422 caracteres,
incluindo os espaços entre as palavras e o ponto final. Muita coisa, não? E agora,
o que podemos fazer para facilitar a vida do leitor? A resposta é simples: quebrar
a frase longa em frases menores. O ponto final está aí para ser usado! Vamos ver
como fica a mesma informação em sentenças mais curtas:
A lista com 18 novos procedimentos que os planos de saúde serão obrigados a cobrir,
aprovada em novembro do ano passado, passa a valer a partir desta terça-feira (2). São
exames, terapias e cirurgias (veja quais são no fim da reportagem).
Também será ampliada a cobertura para outros sete procedimentos, incluindo medica-
mentos orais contra o câncer e um remédio para tratamento de esclerose múltipla, algo
inédito no Rol de Procedimentos, segundo a ANS.
O texto acima foi publicado no site G1, no dia 02/01/2018, e corresponde ao primeiro e ao
Explor
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• Frase 1:
» A lista com 18 novos procedimentos que os planos de saúde serão obrigados
a cobrir, aprovada em novembro do ano passado, passa a valer a partir desta
terça-feira (2);
» Total: 166 toques;
• Frase 2:
» São exames, terapias e cirurgias (veja quais são no fim da reportagem);
» Total: 71 toques;
• Frase 3:
» Também será ampliada a cobertura para outros sete procedimentos, incluin-
do medicamentos orais contra o câncer e um remédio para tratamento de
esclerose múltipla, algo inédito no Rol de Procedimentos, segundo a ANS;
» Total: 214 toques.
Você notou que, no texto original, não existe a explicação do significado da sigla ANS?
Explor
Será que todos os leitores do site G1 sabem que ANS significa Agência Nacional de Saúde
Suplementar? A partir de agora, com essas aulas, tenho certeza de que você passará a
fazer leituras muito mais atentas de conteúdos noticiosos e vai acabar observando alguns
“deslizes” nas normas do que é considerado um bom texto jornalístico, inclusive em grandes
veículos de comunicação.
A lista com 18 novos procedimentos que os planos de saúde serão obrigados a cobrir
passa a valer a partir desta terça-feira (2). A relação foi aprovada em novembro do
ano passado. São exames, terapias e cirurgias (veja quais são no fim da reportagem).
Também será ampliada a cobertura para outros sete procedimentos. Entre eles,
estão medicamentos orais contra o câncer e um remédio para tratamento de
esclerose múltipla. A medida é inédita no Rol de Procedimentos, segundo a ANS.
Observe que agora passamos a ter seis frases divididas em dois parágrafos. Será
que conseguimos deixar todas elas com menos de 150 toques? Vamos ver:
• Frase 1:
» A lista com 18 novos procedimentos que os planos de saúde serão obrigados
a cobrir passa a valer a partir desta terça-feira (2);
» Total: 128 toques;
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UNIDADE Características do Texto Jornalístico
• Frase 2:
»» A relação foi aprovada em novembro do ano passado;
»» Total: 50 toques;
• Frase 3:
»» São exames, terapias e cirurgias (veja quais são no fim da reportagem);
»» Total: 71 toques;
• Frase 4:
»» Também será ampliada a cobertura para outros sete procedimentos;
»» Total: 64 toques;
• Frase 5:
»» Entre eles, estão medicamentos orais contra o câncer e um remédio para
tratamento de esclerose múltipla;
»» Total: 104 toques;
• Frase 6:
»» A medida é inédita no Rol de Procedimentos, segundo a ANS;
»» Total: 58 toques.
Squarisi e Salvador destacam que a frase curta tem duas vantagens. A primeira
delas é a diminuição do número de erros, porque não serão necessárias tantas con-
junções e vírgulas, por exemplo. A segunda vantagem é que, em sentenças curtas,
o texto tende a ser mais claro, o que nós já vimos que é primordial no jornalismo.
Qual das três versões apresentadas você, como receptor da informação, prefere ler? Você
Explor
concorda que frases mais curtas realmente tornam o texto mais claro e mais adequado para
um número grande de leitores com perfis diferenciados? Que tal pedir para um amigo ou
familiar ler as três versões apresentadas e descobrir se ele ou ela tem a mesma impressão
que você?
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coisas de vantagens particulares, esquecidas de que o patrimônio é de
todos. Vejo, por toda a parte, escândalos de toda a natureza. Vejo o favo-
ritismo, o filhotismo, o compadrio sugando a seiva da nação e obstando o
caminho aos mais capazes. Na vida pública, mal se divisa a distinção entre
o que é sagrado e o que é profano. Tudo se consente ao poderoso, nada
se tolera ao sem fortuna. (BRASIL, 2009, p. 13).
Você conseguiu entender tudo o que ele disse? O autor do discurso citado acima
é Jânio da Silva Quadros, que, apesar de ter governado o país em 1961, por ape-
nas sete meses, ficou famoso pelos discursos repletos de palavras refinadas.
Depois do que já estudamos até aqui, não é difícil concluir que cabe aos jornalistas
“traduzirem” discursos como esse, utilizando termos mais coloquiais e acessíveis
aos receptores.
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UNIDADE Características do Texto Jornalístico
cumpriu sua função de informar o leitor? Procure observar como os textos da área
da saúde costumam ser de difícil compreensão. Nas situações em que for realmente
necessário o uso de termos técnicos, é fundamental explicá-los para o leitor, caso
contrário, a notícia não consegue cumprir sua função. Como aconselha Nilson
Lage (2006, p. 27), “O desconhecimento recíproco de quem redige e de quem
consome a notícia reforça o empenho no detalhamento”.
Explor
Takeda recebe aprovação na Europa para o tratamento de Linfomas Cutâneos com bren-
tuximabe vedotina: https://goo.gl/XbYVDC.
Afirmação ou Negação
Jornalismo trabalha com fatos, com acontecimentos, então “A regra é dizer o
que é, não o que não é” (SQUARISI; SALVADOR, 2013, p. 27). As autoras citam
alguns exemplos:
Que tal analisarmos alguns exemplos reais, de notícias publicadas por veículos
de comunicação? No dia 3 de janeiro de 2018, o jornal O Globo postou, em seu
site, uma matéria que também ganhou destaque na versão impressa do noticioso,
com o seguinte título: “Ampliação do BRS não sai do papel, e sistema já apresenta
vários problemas de conservação”. Logo abaixo do título, a linha-fina traz esta in-
formação: “Em 2017, Secretaria municipal de Transportes não implantou nenhum
quilômetro de corredores exclusivos”.
Você notou que tanto o título quanto a linha-fina apresentam frases negativas?
Vamos ver como ficariam essas informações em frases afirmativas:
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Quadro 2 – Matéria reescrita em frase afirmativa
Texto original Texto reescrito
Ampliação do BRS não sai do papel, e sistema já Ampliação do BRS fica no papel, e sistema apresenta vários
apresenta vários problemas de conservação. problemas de conservação.
Em 2017, Secretaria municipal de Transportes não Em 2017, a cidade continuou sem nenhum quilômetro de
implantou nenhum quilômetro de corredores exclusivos. corredores exclusivos.
Observe que, apesar de as frases terem mantido o mesmo sentido das originais,
elas parecem ter perdido “peso”. E por que isso ocorre? Porque o “não” carrega
consigo um conteúdo ideológico, o tal juízo de valor do qual falamos anteriormente.
No título original, a frase negativa “não sai do papel” ainda é acompanhada de “já
apresenta” (veja, no Quadro 2, que o termo “já” foi omitido na segunda versão).
No caso da linha-fina, foi preciso fazer uma alteração maior na frase para que ela
fosse transformada em afirmativa: “não implantou nenhum” tem dois elementos de
negação – “não” e “nenhum” –, sendo que o segundo poderia ter sido omitido sem
causar qualquer prejuízo à informação (“não implantou corredores exclusivos”).
No entanto, ao escrever “não implantou nenhum quilômetro”, há uma ênfase à
situação. Imagine que você fale, sobre um colega de trabalho: “ele não se esforçou”
ou “ele não fez nenhum esforço”. A segunda frase tem um teor crítico bem maior,
não é verdade?
Com esse exemplo, notamos que escrever frases negativas é algo que realmente
pode ser evitado, no entanto, a escolha das palavras em textos jornalísticos
raramente é feita de forma aleatória ou inocente. Na maioria das vezes, há uma
carga ideológica que pode passar despercebida por um leitor desatento (o que, pelo
menos a partir de agora, não vai mais acontecer com você!).
BRS (Bus Rapid System) significa Sistema Rápido de Ônibus. Trata-se de um corredor exclusivo
Explor
para ônibus que foi criado no Rio de Janeiro em 2011 para diminuir os congestionamentos e
aumentar a velocidade das viagens municipais. A sigla foi explicada pelo jornalista no primeiro
parágrafo do texto. Se quiser saber mais sobre o BRS, acesse o site: https://goo.gl/E8RiQY
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UNIDADE Características do Texto Jornalístico
Para Squarisi e Salvador, a voz ativa tem três vantagens: “Uma: é mais curta. Duas:
dispensa a praga do verbo ser. A última: soa mais direta, vigorosa e concisa que a
passiva. Dê-lhe preferência sempre que puder” (2013, p. 28).
A voz ativa tem, sim, suas vantagens, mas sabemos que toda regra tem exceção!
O que você deve levar em consideração no momento de escrever seu texto é
analisar o que você quer priorizar. Veja estes exemplos:
a) A polícia prendeu o ex-deputado Eduardo Cunha;
b) O ex-deputado Eduardo Cunha foi preso pela polícia.
Mais uma vez, a primeira frase está na voz ativa (“A polícia prendeu”), e a segunda
está na voz passiva (“Eduardo Cunha foi preso”). Nesse caso, você não acha mais
importante saber quem foi preso do que quem realizou a prisão? Principalmente
nos títulos, o destaque deve ser dado para o elemento mais importante e, por isso,
a voz passiva pode ser o melhor recurso.
Acesse o site de notícias de sua preferência e veja se as manchetes estão escritas na voz ativa
Explor
ou na voz passiva. Caso você encontre frases na voz passiva, veja se o recurso foi utilizado
para dar destaque a alguém ou a algum fato, e pense como a frase ficaria se fosse escrita na
voz ativa.
Falar ou Dizer
A escolha atenta das palavras que farão parte do seu texto jornalístico pode
garantir a clareza da informação que você pretende passar. Quanto mais precisos e
específicos os termos utilizados, melhor será o resultado final. Squarisi e Salvador
(2013) destacam a diferença entre os verbos “falar e dizer”.
“Falar” não é igual a “dizer”. Não é por acaso que existe a expressão “Falou, falou
e não disse nada”. Veja algumas frases em que o verbo “falar” é usado corretamente:
• Ele fala inglês fluentemente;
• O vereador falou com a população;
• Não quero falar sobre isso.
“Dizer”, por sua vez, é verbo declarativo, ou seja, tem sentido de declarar, afirmar:
• O presidente do sindicato disse que vai renunciar;
• Desconfio que ela não tenha dito toda a verdade;
• Não me diga que você já está cansado!
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Para saber qual dos dois verbos você deve utilizar no seu texto, as autoras dão
a seguinte dica:
Na dúvida, substitua o falar pelo dizer. Se der certo, o lugar é do verbo
dizer. Mande o falar pras cucuias: Ministro fala (diz) na TV que o dólar
vai baixar. O professor falou (disse) que vai aderir à greve. Quem falou
(disse) isso?
Como você pôde ver, entre todas as publicações que ganharam destaque na
primeira página do UOL naquele dia, encontramos sete frases com o verbo “dizer”
e nenhuma com o verbo “falar”. Fica aqui, então, uma dica simples e muito preciosa
para a elaboração dos seus textos.
Importante! Importante!
Para que os seus textos não fiquem repletos de verbos “dizer”, lembre-se de utilizar outros
verbos declarativos. Veja alguns exemplos: acreditar, acusar, admitir, afirmar, anunciar,
apontar, comunicar, declarar, denunciar, negar, relatar, responder, solicitar, entre outros.
Para ter acesso a uma lista bastante completa, acesse o site: https://goo.gl/vXp4kU.
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UNIDADE Características do Texto Jornalístico
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
Livros
Discursos selecionados do Presidente Jânio Quadros
https://goo.gl/uN3f4v
Leitura
Manual de Redação - uso de verbos declarativos nos jornais
https://goo.gl/Wiiegz
Após ‘Dilmês’, conheça o dialeto ‘Temerês’ do vice-presidente Michel Temer
https://goo.gl/Zq1Upj
Outras Palavras”, de Caetano Veloso
https://goo.gl/vZr95d
Palavras difíceis
https://goo.gl/fhxkhv
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Referências
ATAIDE, J. M. de. Entrevista jornalística: verbos e locuções adverbiais. Di-
sponível em <http://correntesdepalavras.forumeiros.eu/t62-listagem-de-introdu-
tores-de-discurso>. Acesso em 3 de janeiro de 2018.
SQUARISI, D.; SALVADOR, A. A arte de escrever bem. São Paulo: Contexto, 2013.
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