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14/03/2023, 09:37 Como criar um clube de leitura na escola

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Como criar um clube de leitura


na escola

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12 Novembro 2019 | Por Fernanda Fernandes

Clubes, círculos, oficinas


ou grupos de leitura são
algumas das
denominações atribuídas a
espaços de socialização
de leitura e discussão de
livros, rodas de conversa
sobre obras de literatura.
Trata-se da realização de
reuniões regulares entre
Grupo de leitura na E.M. Antenor Nascente (6ª CRE), no Parque leitores, para conversarem
Anchieta (Foto: Arquivo da escola) sobre suas experiências
de leitura. A realização
desses clubes no ambiente escolar, vista como mais uma estratégia
para a formação de leitores, é uma realidade em diversas escolas da
Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro.

“O objetivo desse tipo de atividade é conhecer o ponto de vista de cada


um, partilhar a leitura, enriquecer o vocabulário e ampliar o
conhecimento. Os alunos treinam o ouvir e o falar. É um momento
terapêutico para nós. Esses alunos acabam tornando-se mais sensíveis,
construindo um juízo critico por meio literário e também ampliando
competências leitoras, com o despertar do prazer de ler”, explica
Adriana Pina, professora da Sala de Leitura do Ciep Carlos Drummond
de Andrade (7ª CRE), na Praça Seca.

“A proposição de clubes ou círculos de leitura tem como intenção a


criação de espaços para discussão de uma obra lida, considerando a
diversidade de possibilidades de construção de significados no ato de
ler e as distintas formas de nos posicionarmos, uma vez que, em cada

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momento de leitura, nosso olhar se detém em aspectos diferentes do


texto de acordo com o ponto de vista já vivido ou pretendido e com as
variadas expectativas. Além disso, o interesse para expor as opiniões
em público, sem a preocupação da avaliação como resposta certa,
pode levar a uma maior dedicação individual, uma vez que a existência
do encontro e a perspectiva do diálogo com outros leitores podem
suscitar uma motivação que se faz presente sem que haja uma
formalização para um preparo prévio”, defende Fernanda de Araújo
Frambach, mestre em Educação e especialista em Literatura Infanto-
juvenil, no artigo O Clube de leitura como estratégia para a formação de
professores leitores.

Ainda de acordo com a autora, as regras de funcionamento e os


processos de interação são variados. Os participantes podem seguir
um roteiro com atividades para o acompanhamento da leitura, para a
discussão e para o registro das conclusões; podem ser conduzidos por
uma pessoa que oriente o processo de leitura e organize as atividades;
ou, ainda, podem selecionar as obras e discutir sobre suas impressões
de leitura por meio de conversas que ocorrem de forma livre, de maneira
mais aberta.

Como criar um clube de leitura na escola: experiências na Rede

Nas escolas, é mais


comum que grupos de
leitura ocorram entre os
alunos, orientados por
uma professora –
geralmente, a responsável
pela Sala de Leitura. No
Centro de Referência em
Creja: rodas de leitura semanais com obras escolhidas pelos
Educação de Jovens e
estudantes (Foto: Arquivo pessoal da professora Valéria
Adultos (Creja), além das
Poubell)
rodas de leitura mensais –
realizadas no horário da aula e nas quais são abordados autores ou
obras que dialogam com o tema trabalhado pela escola –, são
promovidos encontros de leitura semanais, com duração de uma hora a
uma hora e meia, antes ou depois do horário da aula.

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“Os alunos escolhem o título que querem ler e propõem para todo o
grupo. Então, cada um lê uma parte. Quando há vários exemplares do
livro selecionado, melhor. Se não, vamos passando a obra de mão em
mão, para que cada um leia um trecho. Em seguida, discutimos o que
foi lido, de maneira aberta. Os alunos são estimulados, mas não
obrigados a falar. Ficam à vontade. Damos espaço para que eles sejam
protagonistas, escolham o livro e conduzam o encontro”, explica Valéria
Rosa Poubell, professora da Sala de Leitura, listando exemplos de obras
lidas, como Kafka e  a Boneca Viajante, de Jordi Sierra, e uma versão de
Os Lusíadas, que levou a uma visita dos estudantes ao Real Gabinete
Português de Leitura, onde há um exemplar da primeira edição da obra
de Luís Vaz de Camões, de 1572.

“As rodas ficam bem cheias, com cerca de dez alunos. Muitos não têm
acesso a livros em casa e vêm a ter, pela primeira vez, aqui na escola.
Então, eles chegam motivados, querem essa atividade, que os encoraja
a aprender a ler e a escrever melhor. Para nós, da escola, é fantástico!”,
entusiasma-se a professora.

Muitas das experiências de grupos de leitura na Rede acabam sendo


desenvolvidas no âmbito das atividades da Sala de Leitura. Um dos
critérios de escolha das obras pela professora responsável é a
quantidade de exemplares disponíveis na escola. Nesse sentido, o
projeto Livros em Movimento, da Gerência de Leitura da SME-Rio, que
oferta uma quantidade maior de exemplares de determinado título, foi
elogiado pela maioria das docentes entrevistadas, por permitir que se
explore melhor a prática de leituras coletivas.

“Eu, Meu Cachorro e Meus Pais Separados, de Letícia Sardenberg,


ilustrado por Patrícia Melo, é um livro que temos em quantidade
elevada. Então, fizemos rodas de leitura durante a aula, em que cada um
lia um trecho e, ao final dos capítulos, discutíamos o assunto. Os alunos
se identificaram muito”, conta a professora Laís Curvello, da E.M.
Rivadávia Correa (1ª CRE), no Centro.

Quando a unidade possui poucos ou apenas um exemplar de uma obra,


Laís lê para os alunos e aposta, também, em recursos audiovisuais. “No
caso de Capitães de Areia, de Jorge Amado, eu li, exibi o filme, levei

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música, criei uma dinâmica mais voltada para o perfil dos alunos,
adolescentes. Depois disso, eles quiseram saber quais eram as outras
obras do autor e onde poderiam encontrar”, diz a professora, que
também realiza rodas de leitura nas disciplinas eletivas que costuma
oferecer, como, neste ano, na intitulada Uma conversa com Lygia
Bojunga.

“No ano passado, foram emprestados cerca de 200 livros. Neste ano,
até julho, já tinham sido contabilizados mais de 1100 empréstimos”,
comemora Laís, que incentiva a leitura, também, por meio de um
campeonato entre as turmas da escola, que considera o número de
empréstimos de livros.

No Ciep Carlos Drummond de


Andrade (7ª CRE), unidade de
turno único, o clube de leitura
acontece com um grupo de 10
a 20 alunos interessados, no
horário de almoço (entre 12h e
12h50).  “A gente expõe os
livros e dá possibilidades de
escolhas que variam de
acordo com o projeto que
Rodas de leitura acontecem em diferentes espaços do estamos desenvolvendo na
Ciep Carlos Drummond de Andrade (7ª CRE), na Praça escola. Cada aluno leva o livro
Seca (Foto: Arquivo pessoal da professora Adriana Pina) que mais se interessar para ler
em casa e, duas ou três
semanas depois, nos reencontramos, na sala ou em outros espaços da
escola, para que cada um fale sobre a obra que leu. É um bate papo
saudável, bastante democrático, leve e sem moralismos. O aluno fala o
que sentiu, os pontos mais marcantes, e surge um debate, porque há
semelhanças a algo que eles tenham vivenciado ou até confrontos com
a realidade”, explica a professora Adriana Pina.

“Quadrados de leitura” é o nome dos encontros entre leitores na E.M.


Antenor Nascentes (6ª CRE), em Parque Anchieta. A atividade acontece
quinzenalmente e, para que o trabalho seja feito com um número menor
de alunos, as professoras Fabiana Moreira e Márcia Porto fazem uma

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parceria com as professoras de Língua Portuguesa – Andreia Leal,


Jailza de Oliveira e Liliane Neves.

“Dividimos a turma: metade fica em recuperação paralela em sala de


aula e outra metade vem ao clube de leitura. Trabalhar com um número
reduzido de alunos oportuniza um debate melhor. É um projeto regular
que existe há três anos e é realizado a cada bimestre”, diz Fabiana.

As obras são selecionadas de acordo com o projeto da escola,


considerando os livros com os quais os estudantes podem se
identificar mais. “Fazemos uma leitura coletiva e, a cada encontro, um
capítulo é trabalhado. Faço perguntas-chave para fomentar a discussão,
mas os estudantes são livres para falar, comentar, perguntar.
Desenvolvemos essa atividade com o 6º ano, para consolidar a
alfabetização. São novos na escola, então, é importante para criarem
vínculo com a Sala de Leitura”, explica a professora, que também
costuma discutir individualmente com os alunos sobre obras lidas por
eles.

Na EMAC Orsina da Fonseca (2ª CRE), na Tijuca, a professora Teresa


Vitória Fernandes Alves realiza rodas na Sala de Leitura para discutir
clássicos das literaturas brasileira e estrangeira, de autores como
Machado de Assis e Edgar Allan Poe.

“Há turmas que preferem levar o livro para casa, para adiantar a leitura.
Outras preferem ler de maneira coletiva, até mesmo interpretando os
personagens, mudando a voz e usando adereços. A dinâmica,
normalmente, segue um roteiro elaborado junto com a professora de
Língua Portuguesa, mas os deixo livre, quem quiser, fala. Nada é
imposto, se não a literatura não vai fluir”, relata Teresa, que, nas
discussões, procura contextualizar os livros e trazer a discussão para
temas da atualidade. 

Dificuldade na realização de clubes de leitura com professores

Segundo as professoras, é difícil conseguir realizar clubes de leitura


entre os docentes. “Tentei implementar, mas os horários de

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planejamento são diferentes, não deu certo. Tenho esse desejo, para
criarmos vínculos, para ampliar o conhecimento de mundo e, também,
estimulá-los a trabalhar com literatura na escola”, conta Fabiana
Moreira, da E.M. Antenor Nascentes.

“Com professores, fazemos formações voltadas para Literatura, sobre


um autor ou obra específica. Acontece pelo menos uma vez a cada
semestre, mas é mais difícil por conta do horário e da disponibilidade
de cada um”, explica Valéria, do Creja.

A Arte dos Contos: leitura, rodas de conversa e produção textual


entre a comunidade escolar

Por meio do projeto A Arte dos Contos,


desenvolvido pela SME-Rio e pela MultiRio, pais,
responsáveis e profissionais da educação
(professores, bibliotecários, gestores,
coordenadores pedagógicos e funcionários de
apoio) que convivem nas escolas de turno único da
Rede Pública Municipal de Ensino do Rio de Janeiro
participaram de rodas de conversas literárias a
partir da leitura prévia de contos de autores brasileiros renomados.

Após as leituras e discussões, os participantes foram convidados a


produzir seus próprios contos – o que resultou na publicação do livro
A Arte dos Contos, em dois volumes, sendo o primeiro com temas
gerais, lançado em outubro de 2018, e o segundo voltado para os
públicos infantil e juvenil, lançado no último dia 31.

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