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FORMAÇÃO DE LEITORES NOS ANOS INICIAIS DO ENSINO

FUNDAMENTAL

RESUMO

O presente artigo tem como objetivo apresentar maneiras de desenvolver a


Formação de Leitores nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. O artigo visa
observar a forma de leitura, apresentando maneiras de despertar o desejo de
ler nos alunos. Mas, como despertar o interesse pela leitura nos alunos dos
anos iniciais do ensino fundamental? Existem meios possíveis de despertar
esse interesse: tornar os momentos de leitura dinâmicos e lúdicos; selecionar
leituras de acordo com o gosto dos alunos; realizar dramatizações das leituras
realizadas. Os conteúdos para a realização do projeto de ensino: seleção de
leitura, leitura realizada de forma dinâmica, dramatizações. A importância da
formação de leitores é um tema que desperta o interesse em diversos autores,
como Paulo Freire, que nos explica como a leitura faz as pessoas mais críticas
e reflexivas. Gabriel Pillar Grossi, que cita que os livros nos proporcionam
novos conhecimentos. Nelly Novaes Coelho que menciona a leitura como
formadora de consciência de mundo das crianças e jovens. São muitos autores
que defendem e citam como a leitura transforma a vida das pessoas.

PALAVRAS-CHAVE: Ludicidade.

INTRODUÇÃO

O tema escolhido para o desenvolvimento deste Artigo Científico é a


Formação de Leitores nos Anos Iniciais do Ensino Fundamental. Esse artigo
visa repensar a forma de leitura, buscando maneiras que despertem o desejo
de ler nos alunos, para que possam sentir a alegria e o prazer no ato de ler.
Mas, como despertar o interesse pela leitura nos alunos dos anos iniciais do
ensino fundamental?
Muitas vezes os alunos perdem o interesse pela leitura, mas existem
meios possíveis de despertarmos esse interesse: tornar os momentos de
leitura dinâmicos e lúdicos; selecionar leituras de acordo com o gosto dos
alunos; realizar dramatizações das leituras realizadas.
Os alunos devem escolher os assuntos que gostariam de ler, temas que
tenham curiosidades em conhecer, que já conhecem que lhes chame a
atenção. Leitura realizada de forma dinâmica, com aulas diferenciadas, em
cada aula uma novidade diferente, no ambiente, nos materiais utilizados, no
gênero de leitura. Dramatização de histórias escolhidas pelos alunos, e criadas
pelos alunos, dentro de sala de aula e também com apresentações para a
escola e comunidade.
A importância da formação de leitores é um tema que desperta o
interesse em diversos autores, como Paulo Freire, que nos explica como a
leitura faz as pessoas mais críticas e reflexivas. Gabriel Pillar Grossi, que cita
que os livros nos proporcionam novos conhecimentos. Vanda Aguiar, que
menciona como a leitura nos leva para outros lugares. Os Parâmetros
Curriculares Nacionais que mencionam a importância da leitura como
instrumento de inserção social. Maria Helena Franco Martins que comenta a
importância da escola no incentivo à leitura. Ezequiel Theodoro Silva, que
defende que o professor deve ser leitor para incentivar a leitura. Nelly Novaes
Coelho que cita a leitura como formadora de consciência de mundo das
crianças e jovens. São muitos autores que defendem e citam como a leitura
transforma a vida das pessoas.

1. A PRATICA DA LEITURA

A prática da leitura é fundamental para a participação social,


pois, é assim que as pessoas podem se comunicar, adquirir informação
constantemente, expressar o seu ponto de vista, compartilhar e construir visões
de mundo.
Atualmente ler é uma condição de extrema necessidade, e é
por meio da leitura que é possível conhecer o mundo sem ao menos sair do
lugar. A leitura é essencial para a aprendizagem, somente através dela que
possível desenvolver nosso vocabulário, construir conhecimentos, e estimular o
raciocínio e a interpretação.
Dessa forma, pela leitura é que se desenvolve a criticidade e
inicia-se o processo de interpretação e interação com os textos. Tornando o
leitor crítico e ativo em relacionar o texto com a sua realidade de vida e
estabelecendo assim, uma relação que busca analisar o texto e também a sua
vivência que aliada a imaginação buscará adentrar novas realidades.

A leitura aciona uma cadeia humana em direção à imaginação. [...].


Lendo me ligo a todos aqueles que vieram antes de mim e projetaram
o tempo em que vivo, no que ele tem de resistência à dor, à violência
e a injustiça. Isso porque, se o dia a dia ensina a viver o que tenho
pela frente, o livro literário desenha para mim outras realidades,
possíveis de acontecer e, portanto, verdadeiras (AGUIAR, 2007, p.
34).

E somente desenvolvendo a leitura crítica é que o ser humano


poderá ser um agente transformador, que poderá dar novos rumos a sua vida,
sempre que necessário. A leitura fará com que seja possível reinventar,
reescrever e buscar novos caminhos, que levem a sonhos e conquistas. Dessa
forma, FREIRE (1989, p.12) afirma:

Estudar seriamente um texto é estudar o estudo de quem, estudando,


o escreveu. É perceber o condicionamento histórico-sociológico do
conhecimento. É buscar as relações entre o conteúdo em estudo e
outras dimensões afins do conhecimento. Estudar é uma forma de
reinventar, de recriar, de reescrever – tarefa de sujeito e não de
objeto. Desta maneira, não é possível a quem estuda, numa tal
perspectiva, alienar-se ao texto, renunciando assim à sua atitude
crítica em face dele.

Além disso, vale ressaltar que é por meio da leitura que ocorre
um enriquecimento pessoal, diante das diversas experiências individuais que a
prática proporciona para cada leitor. Cada pessoa interage de maneira distinta
já que cada leitor traz vivências e atitudes diferentes, e dessa forma, além do
próprio desenvolvimento, contribui-se para a ampliação da diversidade social.
Dando suporte a este pensamento, os PCN (2001, p. 53) apontam que:

A leitura é um processo no qual o leitor realiza um trabalho ativo de


construção de significado do texto, não se trata simplesmente de
extrair informações da escrita, decodificando-a letra por letra, palavra
por palavra. Trata-se de uma atividade que implica, necessariamente,
compreensão, na qual os sentidos começam a ser constituídos antes
da leitura propriamente dita. Qualquer leitor experiente que conseguir
analisar sua própria leitura constatará que a decodificação é apenas
um dos procedimentos que utiliza quando lê: a leitura fluente envolve
uma série de outras estratégias de seleção, antecipação, interferência
e verificação, sem as quais não é possível rapidez e proficiência...
(PCN, 2001, P. 53)

Por meio da leitura a pessoa percorre um caminho sem


fronteiras, no qual potencializa ideias e pensamentos que levam a novos
horizontes, levando para a leitura seus próprios conhecimentos de mundo,
suas experiências, dando a leitura sentidos pessoais, possibilitando novos
pontos de vistas, descobertas, conhecimentos e saberes. Desde muito cedo,
mesmo antes de ler as palavras, as crianças leem tudo ao seu redor, através
de olhares, de cheiros, de sensações, de expressões. E dessa forma criam
sentidos para o mundo ao seu redor. Segundo Freire (2003, p.11):
A leitura de mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior
leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele.
Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão
do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção
das relações entre o texto e o contexto.

Se a leitura for estimulada no ambiente familiar, a criança irá


perceber a leitura como algo de seu interesse. A família estar envolvida no
processo de leitura permite que a criança, mesmo antes de frequentar a escola,
entre em contato com o mundo da leitura. No ambiente familiar a leitura, e o
gosto pela leitura pode ocorrer de maneira muito natural. De acordo com
Raimundo (2007, p.111):
Dentro do seio familiar a leitura é mais leve, prazerosa, criando um
vínculo maior entre pais e filhos, num primeiro momento com a
observação das ilustrações dos livros lidos pelos pais, com a audição
de cantigas de ninar, de histórias para dormir, até que a criança se
sinta com vontade de retribuir e contar ou ler suas próprias histórias.

A convivência com os mais diversos tipos de leituras no


ambiente familiar permite que a criança adquira o gosto pela leitura, que queira
aprender a ler para buscar suas próprias escolhas de leituras.

2. DESAFIOS DA INSERÇÃO DOS ALUNOS NO MUNDO DA LEITURA

Porém, sabe-se que nem todas as crianças terão acesso à


leitura ou incentivo no ambiente familiar.
Para alguns a escola torna-se o primeiro acesso à leitura,
através dos livros didáticos, que muitas vezes não desenvolve o gosto pela
leitura nos primeiros contatos com os livros. Como afirma Martins (1984, p.25):

Principalmente no contexto brasileiro, a escola é o lugar onde a


maioria aprende a ler e escrever, e muitos têm sua talvez única
oportunidade de contato com os livros, estes passam a ser
identificados como os manuais escolares. Esses textos condensados,
supostamente dirigíveis, dão a ilusão de tornar seus usuários aptos a
conhecer, apreciar e até ensinar as mais diferentes disciplinas. Na
verdade, resultam em manuais da ignorância; mais inibem do que
incentivam o gosto de ler (MARTINS 1984, p. 25)

Então, dessa maneira, a escola torna-se responsável por


incentivar e desenvolver no aluno o gosto pela leitura. A função da escola vai
muito além de ensinar o aluno a ler e escrever. Deve-se levar os indivíduos a
fazerem uso da leitura. Os PCNs (1997, p. 58) apontam que:
Para tornar os alunos bons leitores para desenvolver, muito mais do
que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura, a
escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler e
também ler para aprender, requer esforço. Precisará fazê-los achar
que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que conquistado
plenamente dará autonomia e independência. Uma prática de leitura
que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática
pedagógica eficiente (BRASIL, 1997, p.58).

É na escola que a criança começa a ser alfabetizada, quando


começa a conhecer as letras, e entra no universo da leitura, que é o momento
em que iniciasse a formação do leitor, e isso o aluno levará para a vida toda.
É no meio escolar, que a criança vai aos poucos se
apropriando do habito da leitura, o professor como mediador desse processo,
deve desenvolver atividades que incentivem o aluno a ter o desejo inicialmente
de ouvir histórias.Os PCNs (1998, p.70) orientam que:
É preciso oferecer aos alunos inúmeras oportunidades de
aprenderem a ler usando os procedimentos que os bons leitores
utilizam. É preciso que antecipem que façam inferências a partir do
contexto ou do conhecimento prévio que possuem que verifiquem
suas suposições tanto em relação à escrita, propriamente, quanto ao
significado (BRASIL, 1998, p. 70).

A estratégia da contação de histórias é essencial na formação


e no desenvolvimento do processo ensino-aprendizagem. É uma atividade
fundamental que transmite conhecimentos e valores.Assim, segundo Rodrigues
(2005, p. 4):
A contação de histórias é atividade própria de incentivo à imaginação
e o trânsito entre o fictício e o real. Ao preparar uma história para ser
contada, tomamos a experiência do narrador e de cada personagem
como nossa e ampliamos nossa experiência vivencial por meio da
narrativa do autor. Os fatos, as cenas e os contextos são do plano do
imaginário, mas os sentimentos e as emoções transcendem a ficção e
se materializam na vida real.

A contação de histórias torna-se um momento mágico, que


estabelece uma cumplicidade entre o professor e o aluno. O ouvir histórias
incentiva: a imaginação, o gosto e o hábito pela leitura, propiciando assim o
desenvolvimento do consciente e subconsciente infantil, queresultana formação
de sua personalidade e de seus valores. Assim, segundo Abramovich
(1997,p.37):
A capacidade de imaginar permite que o ser humano crie uma
habilidade de entendimento e compreensão de histórias ficcionais,
pois nossa vida apenas é entendida dentro de narrativas. As histórias
nos transmitem informações e abrangem nossas emoções. É por
esse motivo que algumas pessoas se sentem receosas ao trabalhar
com crianças e jovens em desenvolvimento. A história tem um papel
significativo na contribuição com a tolerância e o senso de justiça
social, podendo criar novos rumos à imaginação, podendo ser eles
bons ou ruins. Sendo assim, a reformulação da literatura infantil foi de
extrema importância para que a sua função social e individual
pudesse respeitar as especificidades e necessidades da
intencionalidade que a história possui e quer transmitir para a criança.
Além, é claro, da adequação condizente com a faixa etária.

Além da contação de histórias, outra estratégia que é de


extrema importância no estimulo ao interesse do aluno pela leitura, para que o
educando, desde a educação infantil leve esse hábito de ler até sua fase
adulta, é o exemplo do professor.Silva (2003, p.109) enfatiza:

Mais especificamente, para que ocorra um bom ensino da leitura é


necessário que o professor seja ele mesmo, um bom leitor. No âmbito
das escolas, de nada vale o velho ditado “faça como eu digo (ou
ordeno!), não faça como eu faço (porque eu mesmo não sei fazer) ”
isto porque os nossos alunos necessitam do testemunho vivo dos
professores no que tange à valorização e encaminhamento de suas
práticas de leitura.

Com essas estratégias, a partir da educação infantil, os


educandos já percorrem o caminho para serem leitores ativos.
Mas, muitas vezes, mesmo com todas as estratégias
desenvolvidas na educação infantil, os alunos dos anos iniciais do ensino
fundamental têm total desinteresse pela leitura.Segundo Góes (1991, p. 36)

“O educador venezuelano Dr. Luís B. Prieto fez as seguintes


reflexões: ‘Professores há que, dentro da escola e fora dela, dão
somente importância ao ensino sistemático, contido nos textos,
matando com isso toda iniciativa, todo esforço de investigação. O
texto único, muitas vezes mal redigido e incompleto, que dá uma
visão estrangulada de uma ciência ou de uma arte, que sem dúvida é
o causador de tanta falta de gosto pela leitura, apresentada por
jovens, atitude que desde os dias escolares persiste ainda em muitos
adultos’. Para tais pessoas, todos os livros são textos. Todos
parecem ter por objetivo preparar matérias para um exame, ao jovem
e ao homem que sentem desejo de viver, o texto não serve para
nada, porque na vida o exame acontece sem texto”. (SUBERO, 1974,
p. 6 apud GÓES, 1991, p.36)

Cabe a escola e aos educadores que o aluno tenha a


oportunidade de descobrir quais os tipos de leituras mais lhe agrada para
assim olhar para a leitura com interesse. Quanto mais estimulante for o livro
para o educando, mais irá se deslumbrar mais prazer terão no ato de ler. Como
afirma Souza (2004, p. 223):
(...) o professor deve proporcionar várias atividades inovadoras,
procurando conhecer os gostos de seus alunos e a partir daí escolher
um livro ou uma história que vá ao encontro das necessidades da
criança, adaptando o seu vocabulário, despertando esse educando
para o gosto, deixando-o se expressar.

A escola e os professores devem estar preparados para


auxiliarem na formação de alunos que sejam capazes de efetuar sua
participação ativamente no processo de desenvolvimento da aprendizagem.
Indo a leitura muito além de um ato monótono. Segundo Oliveira e Queiroz
(2009, p.2):
[...] entendemos que o ensino de leitura deve ir além do ato monótono
que é aplicado em muitas escolas, de forma mecânica e muitas vezes
descontextualizados, mas um processo que deve contribuir para a
formação de pessoas críticas e conscientes, capazes de interpretar a
realidade, bem como participar ativamente da sociedade.

Atualmente busca-se que a leitura seja prazerosa, para que


desperte o interesse dos alunos no ato de ler. Cramer e Castle (2001, p. 86),
acrescentam que:
Os professores devem criar dentro de cada sala de aula uma
atmosfera positiva, uma forma de vida que conduza o aluno ao
encontro da leitura através do afeto positivo. Os professores positivos
são realísticos, mas sempre procuram o melhor de seus alunos.
Esses profissionais são professores competentes, em constante luta
para aprimorar suas habilidades. Eles percebem que afeto positivo,
juntamente com um alto nível de capacidade de ensino, promove o
máximo desempenho de seus alunos.

As atividades relacionadas a leitura devem proporcionar prazer


e compreensão nos alunos, para que saibam escolher o que ler e o motivo da
leitura. Segundo Lerner (2002, p. 27-28):

[...] formar praticantes da leitura e escrita e não apenas sujeitos que


possam “decifrar” o sistema de escrita. Formar leitores que saberão
escolher o material escrito adequado para buscar a solução de
problemas que devem enfrentar e não alunos capazes apenas de
oralizar um texto selecionado por outro. Formar seres humanos
críticos, capazes de ler entrelinhas e de assumir uma posição própria
frente à mantida, explícita ou implicitamente, pelos autores dos textos
com os quais interagem, em vez de persistir em formar indivíduos
dependentes da letra do texto e da autoridade de outros.

O momento destinado a leitura deve ser dinâmico e lúdico. O


educador deve ter clareza da importância em criar espaços dentro da sala,
disponibilizar materiais, preparação de aulas dinâmicas, que chamem a
atenção dos alunos. Almeida (2003, p.101) menciona que:

A criança deve estar num ambiente alegre, descontraído, repleto de


letreiros, embalagens, manchetes de jornais, revistas, textos variados,
para ir se acostumando com a linguagem escrita e sua estruturação
gráfica. Na sala deve ter mural para exposição dos trabalhos e uma
pequena biblioteca para leitura livre e dirigida. (ALMEIDA,2003,
p.101).

O recurso lúdico leva os educandos a agirem, pensarem,


sentirem de modo ativo e dinâmico, levando-os a desenvolverem a autonomia.
Como afirma Santos (2007, p.12):
A ludicidade é uma necessidade do ser humano em qualquer idade e
não pode ser vista apenas como diversão. O desenvolvimento do
aspecto lúdico facilita a aprendizagem, o desenvolvimento pessoal,
social e cultural, colabora para uma boa saúde mental, prepara para
um estado interior fértil, facilita os processos de socialização,
comunicação, expressão e construção do conhecimento.

3. MANEIRAS DE DESPERTAR O INTERESSE DOS ALUNOS PELA


LEITURA
Juntamente com aulas dinâmica e lúdica, nota-se a importância
de descobrir o interesse de leitura dos alunos e selecionar leituras de acordo
com seus gostos. Se o assunto não chamar a atenção do leitor, não irá ser
associado a uma prática que traga prazer e alegria. Segundo Baldi (2009, p.
25):
Precisamos estar atentos e observar se as crianças estão
demonstrando interesse pela leitura, ouvindo e participando para que
o ato de ler não seja em vão. Nessa circunstância, o professor precisa
usar formas de despertar a atenção das crianças, interagindo com
elas. Usar uma leitura que provoque interesse e desperte a interação
na classe. (BALDI ,2009, p. 25).

A leitura deve proporcionar prazer e alegria, levando o leitor a


trazer à tona os seus mais profundos sentimentos. Como enfatiza Elias
(2007,p. 20):
Não se trata de uma alegria ruidosa, provocadora de gargalhadas ou
de risos. É um prazer calado, interior, fundo, fácil de ser sentido e
difícil de ser explicado. Posso criar ou ler um texto extremamente
pesado, sufocante, sofrido, mas sentir esta fruição, este prazer. O
prazer estético tem outra dimensão de beleza, mexe fundo com os
sentimentos.

Os Parâmetros Curriculares Nacionais de Língua Portuguesa


PCNs (1997, p.58) enfatizam esse aspecto:

Para tornar os alunos bons leitores – para desenvolver, muito mais do


que a capacidade de ler, o gosto e o compromisso com a leitura, a
escola terá de mobilizá-los internamente, pois aprender a ler (e
também ler para aprender) requer esforço. Precisará fazê-los achar
que a leitura é algo interessante e desafiador, algo que, conquistado
plenamente, dará autonomia e independência. [...] uma prática de
leitura que não desperte e cultive o desejo de ler não é uma prática
pedagógica eficiente.

É de fundamental importância incentivar o aluno a selecionar o


tema de leitura, para que haja a formação do hábito de ler. É clara a
necessidade de existir a oportunidade para que o educando leia livros de seu
interesse, e que também tenha acesso a variados tipos de leitura. Como afirma
Elias (2007, p.22):

Há livros para se conhecer palavras, a realidade regional ou o mundo


histórica e geograficamente, para se conhecer as artes, os sabores
da boa cozinha, para se calcular, para analisar, para comprar, para
nos ajudar, para nos esclarecer, conscientizar, para fazer a nossa
cabeça ou levantar questões apenas, para nos passar técnicas de
bem fazer algo, para fazer rir e chorar.

Destacam-se as propostas para a formação de leitores dos


autores Aguiar e Bordini (1993, p.18):

O primeiro passo para a formação do hábito de leitura é a oferta de


livros próximos à realidade do leitor, que levantem questões
significativas para ele. A literatura brasileira e infanto-juvenil nacionais
vêm preencher estes quesitos ao fornecerem textos diante dos quais
o aluno facilmente se situa, pela linguagem, pelo ambiente, pelos
caracteres das personagens, pelos problemas colocados. A
familiaridade do leitor com a obra gera predisposição para a leitura e
o consequente desencadeamento do ato de ler. (AGUIAR &BORDINI,
1993, p.18)

Outra prática que se desenvolvida aliada as estratégias já


citadas, é realizar dramatizações das leituras, utilizando-se o teatro. Trata-se
de um instrumento que a muito tempo percorre caminhos lado a lado com a
educação. Segundo Reverbel (2007, p. 12-14):
A educação grega valorizara o teatro, a música, a dança e a literatura.
Platão considerava o jogo fundamental na educação. Dizia que
mesmo as crianças de tenra idade deveriam participar de todas as
formas de jogo adequadas ao se nível de desenvolvimento, pois sem
essa atmosfera lúdica, elas jamais seriam adultos educados e bons
cidadãos. [...] Aristóteles, assim como Platão, deu grande destaque
ao jogo na educação [...] acreditava que educar era preparar para a
vida [...].

Ainda segundo a autora Reverbel (2007,p.12-14):


Para os romanos, o teatro era uma imitação que teria um propósito
educacional se pudesse ensinar lições morais. [...] Na Idade Média,
durante um longo período, os senhores da igreja condenaram
severamente o teatro, fundamentando-se em três fatores: o mimo
romano satirizava a igreja; os costumes pagãos continham um
elemento mimético e dramático; o pensamento neoplatônico
estabelecia um conflito entre o mundo e o espírito. Havia, portanto,
três fortes objeções: uma emocional, uma religiosa e uma filosófica.
Carlos Magno, coroado rei do Sacro Império Romano-Germânico, por
volta do século IX, fundou escolas e monastérios por toda a Europa, a
partir dos quais ocorreram mudanças gradativas. O ensino do teatro
propagou-se pelas escolas. Por cinco séculos, as encenações dos
mistérios e das moralidades propiciaram às massas sua educação.
Na Renascença, surgiram numerosas academias, onde os estudiosos
das obras clássicas encenavam peças latinas. Os membros dessas
academias tornaram-se professores, e o teatro na escola começou a
florescer. Cultivava-se a arte de falar, prática essa realizada através
de diálogos.

Quanto as técnicas utilizadas a autora Reverbel (2007, p.12-


14) acrescenta:
Em função desse tipo de ensino, os espetáculos escolares eram
muito valorizados. [...] Da metade do século XVI à metade do século
XVII, o teatro, atacado pelos puritanos, era apenas tolerado nas
escolas, e ainda assim com a imposição de ser moralmente sadio e
apresentado somente em latim. N última metade do século XVI, com
a expulsão dos puritanos, a educação tornou-se mais liberal,
incluindo-se nas escolas inglesas, a exemplo da França, teatro e
dança para as meninas. [...] E assim novos caminhos continuaram a
abrir-se, novos rumos foram apontados e trilhados, somando-se às
ideias dos grandes pensadores e cientistas e às constantes
experiências de professores, em sala de aula, no mundo todo, numa
tentativa de conferir às artes seu verdadeiro papel na educação,
como já tinham feito até os gregos. Com a teoria evolucionista de
Darvin, acrescentou-se uma base científica às observações de
Rosseau e Frobel. Sabe-se, hoje, que a criança é um ser em
desenvolvimento, e que cada fase de seu crescimento deve ser
estimulada pelo jogo, que é para a criança prazer, trabalho, dever e
essência da vida. (REVERBEL, 2007)

A leitura dramatizada irá aproximar o que foi lido, do contexto


de quem está lendo, pois, o educador se sentirá parte da história que será
encenada.
Além da leitura, pode-se perceber que ocorre também uma
releitura, já que o educando irá interpretar o texto e criar o personagem que
representará de acordo com seu ponto de vista, com suas vivências, com o
contexto em que vive.O aluno ao dramatizar, sentirá o prazer de novas
descobertas, levando o educando a estar diante de atividades que o auxiliem
no desenvolvimento de suas capacidades. Segundo Reverbel (2007, p.30):
[…] inicialmente suas opiniões críticas baseiam-se apenas no gosto.
Mais tarde, gradualmente, os observadores vão adquirindo
conhecimento técnico e ampliando seu vocabulário. Pouco a pouco,
as expressões limitadas, como “gosto” e “não gosto”, isto é, os
julgamentos sumários, perdem o sentido; os alunos analisam os
trabalhos dos companheiros com maior propriedade, explicando os
“porquês”. Na medida em que se cria o hábito de criticar, os alunos se
exprimem cada vez mais espontaneamente.

Percebe-se que a muito tempo o teatro, a dramatização, a


encenação, tem muito a colaborar com a educação, e com o gosto pela leitura.
É necessário empenho para despertar interesse, nos alunos
dos anos iniciais do ensino fundamental, no ato de ler, mas observa-se que
usando estratégias adequadas, desde que sejam bem planejadas, é possível
sim se encantarem, e sentirem o prazer que a leitura proporciona.
4 CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ao final deste artigo pode-se concluir a importância da formação de


leitores para a inserção social, e é através da leitura que cada pessoa irá ser
um cidadão crítico e reflexivo.
A leitura deve ser estimulada no meio familiar, onde a criança pode e
deve começar a ter acesso ao mundo da leitura, mas, infelizmente, muitas
crianças não recebem esse estimulo em casa, seu primeiro contato com a
leitura acaba sendo na escola, nos primeiros anos da Educação Infantil.
A escola assume o papel de incentivar os alunos a adentrarem o mundo
da leitura, na Educação Infantil, através de contação de histórias, de
dramatizações, da ludicidade, o aluno inicia no universo encantador da leitura,
e isso ele levará por toda a sua vida.
Cabe aos professores estarem preparados como leitores, para que seja
possível influenciar os alunos a sentirem prazer no ato de ler.
Mas as vezes, mesmo com todo esse contexto na Educação Infantil, os
alunos chegam aos Anos Iniciais do Ensino Fundamental, sem a menor
vontade de ler, muitos sentem até mesmo aversão quanto ao ato de ler.
E é então, que os professores devem, além de influenciar o interesse do
aluno, mostrando como é prazeroso o ato de ler, tornar as aulas de leitura
lúdicas, buscar assuntos que interessem os alunos e dar ainda mais encanto
as leituras, utilizando as dramatizações.
As aulas tornando-se mais interessantes para os educandos fará com
que se desconstrua a ideia de leitura como obrigatória e sem graça. E assim,
facilitará o trabalho do professor, e proporcionará aos alunos, enxergarem a
leitura como realmente é: amiga de todos que a praticam.
Diante disto, pode-se dizer que para formar leitores é necessário um
trabalho contínuo para que o aluno encontre sentido na leitura, e em sua vida.

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