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Josenópolis – MG
1º Semestre/ 2023
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Prefeitura Municipal de Josenópolis
Secretaria Municipal de Educação
RESPONSABILIDADE TÉCNICA:
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“Diante do tempo, envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente parte. Porém, para a
memória, ainda somos jovens, atletas, amantes insaciáveis”.
O Que a Memória Ama, Fica Eterno
Adélia Prado
1- APRESENTAÇÃO
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texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica a percepção das
relações entre o texto e o contexto (FREIRE, 2006, p. 11).
A história da leitura, assim, coloca para o centro do debate o leitor e aponta uma
distância entre a durabilidade da escrita, seu aspecto conservador, estável e a efemeridade
da leitura, que só ganha significado com o leitor, ou seja, o texto só existe se houver um
leitor para lê-lo. O ato de ler engloba vários sentidos, desde o estrito ao amplo, segundo
Robert Darnton (1992) e pode estar relacionado ao ato de colher, de buscar sentidos no
interior do texto – que é uma “árvore” de significados e o leitor deve colhê-los. Outra
definição aproxima o sentido de “ler” ao de “roubar”. O leitor tem a possibilidade de
“retirar do texto sentidos ocultos, criando até mesmo significados impensados pelo autor;
este apenas escreve e aquele atribui vida ao texto” (DARNTON, 1992).
Nesse mesmo entendimento, Regina Zilberman (2001, p. 20) ressalta que “nenhum
leitor absorve um texto de modo passivo”. Ao contrário, o texto passa a existir diante da
invasão do leitor, que lhe confere vida, ao completá-lo com a força de sua imaginação e
o poder de sua experiência. Em função disso, como cada leitor possui imaginação
e experiências diversas, os sentidos do escrito sempre se alteram. A leitura não se reduz
ao que é lido. O que um leitor já leu, ouviu ou viveu é diferente das vivências dos outros
leitores e todas essas experiências constituem o leitor, orientam sua leitura, o que pode
ser conduzido e ampliado pelo professor mediador de leitura.
Nesse entendimento, há que se considerar a importância da biblioteca e/ou espaços
destinados à leitura, dos livros oferecidos aos alunos, bem como do mediador de leitura
para a formação do leitor literário, cabendo aqui alguns questionamentos sobre as escolas
municipais de Josenópolis: Como garantir a literatura de qualidade como direito de todos,
desde a Educação infantil até o Ensino Fundamental? Qual a importância do professor
mediador da leitura literária? Como formar um aluno leitor?
O professor é o intermediário entre o livro e o aluno, seu leitor final. Os livros que ele lê ou
leu são os que terminam invariavelmente nas mãos dos alunos (Cosson, 2007, p. 32).
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colega, aprenderá a ouvir. Quando se trata de discussões sobre o texto, é importante que
o aluno desenvolva a empatia para respeitar as divergências de opiniões e consolidar o
pensamento quanto àquilo que lhe está sendo apresentado, compreendendo que pessoas
são diferentes em seus pensamentos e ideologias.
Assim, pretende-se, ao propor o tema “Leitura vai, Escrita vem: Memórias!”,
oportunizar dinâmicas de leitura literária onde se possa ler na escola, em casa, e ainda,
contar com a participação das famílias nas pesquisas e reflexões sobre a valorização da
história da cidade, de cada um e de todos, através de conversas com moradores mais
idosos, estudo de textos e do ambiente, promovendo também a escrita ao longo do
trabalho, com publicação de livros, o que eleva a escrita e a leitura ao pódio da memória
de todos, conferindo-lhes a importância que lhes é devida.
2 – JUSTIFICATIVA
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Vise sugestões nos anexos.
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Trecho do poema de José Paulo Paes
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ser do indivíduo e do seu contexto. Assim, a dinâmica “leitura vai, escrita vem” para
apropriação da história de cada um, apesar de, em muitos momentos do estudo,
apresentar-se como uma atividade individual, deverá ser concebida como fenômeno
coletivo e social, o qual exercerá significativa influência no que será lembrado e no modo
como será lembrado, ou seja, nas memórias de cada um e de todos.
3 – OBJETIVOS
• Despertar nos alunos a consciência de que devem colaborar para que as vivências
de cada um sejam valorizadas e respeitadas como parte da história de um e de
todos;
• Envolver pais e todos os membros da escola em ações que promovam uma cultura
de valorização e resgate das memórias individuais e coletivas;
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4 – PÚBLICO ALVO
5 – DURAÇÃO
Primeiro semestre de 2023, podendo estender-se para o segundo semestre, se for
necessário mais tempo na produção dos livros propostos.
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7 – ATIVIDADES E AÇÕES
8 – ORIENTAÇÕES METODOLÓGICAS
ETAPAS:
1 - Organização do cantinho de memórias/leitura na escola e/ou sala de aula, com
livros e textos selecionados sobre o tema “memórias”.
Obs.: Selecionar um dos cantinhos para cada segmento de ensino ou vários,
dependendo do planejamento específico da escola.
2 - Iniciar o trabalho com as memórias apresentando o livro e/ou poema selecionados
aos alunos através de recursos diversos: slides, fantoches, ou outra técnica
escolhida.
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9 – ABORDAGENS:
As abordagens a seguir são sugestões para serem trabalhadas ao longo do projeto.
Objetivo: Promover espaço para relembrar objetos, cenas, cheiros, palavras que remetem
à família, oportunizando experiências singulares e coletivas.
DINÂMICA: Fazer um cantinho de leitura com objetos3, utensílios, cenas que remetem
à vida em família de ontem (fogão a lenha, bule, copo e prato de esmalte, máquina de
costura costurando uma colcha de retalhos, poema bordado na colcha, panos de prato).
Deixar que todos passeiem pela cena, tocando, lendo, vivenciando, com uma música de
fundo.
Atividades: Árvore genealógica, túnel do tempo, degustação de sabores antigos, músicas
com letras sobre o tema, contação de história; leitura de poemas.
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Os objetos podem ser pedidos aos próprios pais.
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dela; música ambiente de sons de cachoeira e pássaros. Pedir que fechem os olhos e
reflitam: que som é esse? Já ouviu antes? Onde foi? Que hora do dia? Fazia sol ou chuva?
Você gostaria de voltar lá de novo?
Poemas: Leilão de jardim – Cecília Meireles
Infância - Cecília Meireles
Texto: Saudade da chuva! e Memórias de um pé de pequi (Éllen Santa Rosa)
Livros: Isto sim! Aquilo não! – Éllen Santa Rosa
Lanterna de Pirilampos- Isabel Cristina
Músicas: Mundo Bita - Gostosuras Naturais
Pomar – Palavra Cantada
Objetivo: Proporcionar reflexões sobre o caminho que leva à felicidade desde a infância,
a simplicidade, os afetos, o enfrentamento dos medos, os relacionamentos entre pais e
filhos, entre amigos, permitindo reflexões sobre o uso exagerado dos recursos
tecnológicos, promovendo a aceitação das diferenças e valorização do outro como ser
único.
Dinâmica: Organizar um cantinho com objetos que lembram os relacionamentos de
antigamente: caderno de pensamentos, papel de cartas, máquina de escrever antiga, livros
de poemas, disco de vinil na vitrola. Passear por ele ao som de uma canção antiga.
Conversar… como se dão os relacionamentos hoje? E antigamente?
Obs.: Convidar alguém para fazer uma serenata. Escrever recados do coração para algum
amigo presente. Fazer correio do coração com mensagens dos alunos e pais.
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Textos: Conectados pelo coração e As mãos fortes do meu pai, de Éllen Santa Rosa
Músicas: Amigos pela fé - Anjos de Resgate
Eu quero apenas – Roberto Carlos Amigo – Roberto Carlos
Amo-te muito - João Chaves A Lista - Oswaldo Montenegro
10 – RECURSOS MATERIAIS:
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Máquina de costura antiga, retalhos, fio ou corda, livros e textos das histórias utilizadas, CDs
de músicas ou violão e tocador, recortes de jornais e revistas, entre outros.
11 – CULMINÂNCIA
Memória de Alimentos: Realização de evento literário na escola como café poético, chá
literário ou outro com biscoitos e outras guloseimas antigas, com exposição dos textos dos
alunos e apresentações dos mesmos a partir de teatros e performances.
Data/Período Ação
Apresentação do Projeto “leitura vai, escrita vem: memórias” para
02/02
diretores e supervisores
Apresentação do Projeto para os pais.
Fevereiro Momento inicial do projeto nas escolas – Contação de história
(instigar a curiosidade dos alunos sobre o tema)
Março e Abril Realização das oficinas de memórias
Até Maio Escrita dos alunos - selecionar
Envio dos textos à editora;
Junho Culminância do projeto nas escolas, com chá ou café poético
(Memória de Alimentos)
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REFERÊNCIAS
FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos que se completam . São Paulo:
Autores Associados: Cortez, 1989.
______. Texto e leitor: aspectos cognitivos da leitura. 8ª - ed. Campinas: Pontes, 2002.
MARTINS, Maria Helena. O que é leitura? 2ª ed; São Paulo: Brasiliense, 1983.
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ANEXOS
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MÚSICAS
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FAMÍLIA – FÁBIO JR
Eu descobri que as coisas boas da vida são de graça, não custam nada
Eu descobri que o mundo inteiro pode ser o meu jardim, a minha casa
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PROMETE
Ana Vilela
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EU
Palavra Cantada
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UTOPIA
Padre Zezinho
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POMAR
Palavra Cantada
Banana, bananeira
Goiaba, goiabeira
Laranja, laranjeira
Maçã, macieira
Mamão, mamoeiro
Abacate, abacateiro
Limão, limoeiro
Tomate, tomateiro
Caju, cajueiro
Umbu, umbuzeiro
Manga, mangueira
Pera, pereira
Amora, amoreira
Pitanga, pitangueira
Figo, figueira
Mexerica, mexeriqueira
Açaí, açaizeiro
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Sapoti, sapotizeiro
Mangaba, mangabeira
Uva, parreira
Coco, coqueiro
Ingá, ingazeiro
Jambo, jambeiro
Jabuticaba, jabuticabeira
GOSTOSURAS NATURAIS
Mundo Bita
POEMAS E CONTOS
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e as lágrimas de agora.
(MEIRELES, Cecília. Infância. In MEIRELES, Cecília. Flor de poemas. 3ª ed. Rio de
Janeiro: Nova Fronteira, 1972, p. 157):
Meu Deus,
me dá cinco anos.
meu pai. (PRADO, Adélia. Bagagem. Editora Siciliano, São Paulo: 1997, p. 14)
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E PEDIA NA RODINHA
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Quando eu era pequena, não entendia o choro solto da minha mãe ao assistir a um filme,
ouvir uma música ou ler um livro. O que eu não sabia é que minha mãe não chorava pelas
coisas visíveis. Ela chorava pela eternidade que vivia dentro dela e que eu, na minha
meninice, era incapaz de compreender. O tempo passou e hoje me emociono diante das
mesmas coisas, tocada por pequenos milagres do cotidiano.
2- É que a memória é contrária ao tempo. Enquanto o tempo leva a vida embora como
vento, a memória traz de volta o que realmente importa, eternizando momentos. Crianças
têm o tempo a seu favor e a memória ainda é muito recente. Para elas, um filme é só um
filme; uma melodia, só uma melodia. Ignoram o quanto a infância é impregnada de
eternidade.
3- Diante do tempo envelhecemos, nossos filhos crescem, muita gente parte. Porém, para
a memória ainda somos jovens, atletas, amantes insaciáveis. Nossos filhos são crianças,
nossos amigos estão perto, nossos pais ainda vivem.
4- Quanto mais vivemos, mais eternidades criamos dentro da gente. Quando nos damos
conta, nossos baús secretos – porque a memória é dada a segredos – estão recheados
daquilo que amamos, do que deixou saudade, do que doeu além da conta, do que
permaneceu além do tempo.
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de você volta no tempo e lembra aquela pessoa, aquele momento, àquela época...
7- A memória não permite que sejamos adultos perto de nossos pais. Nem eles percebem
que crescemos. Seremos sempre "as crianças", não importa se já temos 30, 40 ou 50 anos.
Prá eles a lembrança da casa cheia, das brigas entre irmãos, das estórias contadas ao cair
da noite... ainda são muito recentes, pois a memória amou, e aquilo se eternizou.
8- Por isso é tão difícil despedir-se de um amor ou alguém especial que por algum motivo
deixou de fazer parte de nossas vidas. Dizem que o tempo cura tudo, mas não é simples
assim. Ele acalma os sentidos, apara as arestas, coloca um band-aid na dor. Mas aquilo
que amamos tem vocação para emergir das profundezas, romper os cadeados e assombrar
de vez em quando. Somos a soma de nossos afetos, e aquilo que amamos pode ser
facilmente reativado por novos gatilhos: somos traídos pelo enredo de um filme, uma
música antiga, um lugar especial.
9- Do mesmo modo, somos memórias vivas na vida de nossos filhos, cônjuges, ex-
amores, amigos, irmãos. E mesmo que o tempo nos leve, daqui seremos eternamente
lembrados por aqueles que um dia nos amaram.
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Se o sol ficasse mais forte, a sombra das árvores servia de abrigo para
brincarmos de casinha. Fazíamos guisados, com ingredientes colhidos na
natureza: folhas coloridas e de tamanhos diversos viravam pratos, panelas; frutos e
pauzinhos viravam bichos e a gente ficava rico, muito rico, com fazendas enormes e
currais cheios.
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de marré; chora, chora piranha; duas laranjas: verde e amarela; casinha de bamboê;
fui no mato caçar cipó; fui no Itororó. Já com a rua cheia, dava para formar os times e o
cenário ficava perfeito para as brincadeiras de “correr”. Nessa hora, era regra: todos
tiravam os chinelos. Bom mesmo era correr descalço: porta-bandeira, queimada com bola
de meia, pega pega, boca de forno, esconde-esconde em cima das árvores...
E assim, a gente entrava para dormir, pálpebras pesadas, mas coração leve; cada
um na sua casa, mas antes, sempre arriscávamos uma olhadela para a nossa rua, que
permanecia lá, imóvel, com a terra batida brilhando, refletindo ora a luz da lua ora a
claridade do fogo da fogueira, como que avisando: “Espero vocês amanhã para
brincarmos de tudo novamente!”
Caixa de memórias
A minha avó é muito sábia e minha mãe diz que ela tem uma memória de elefante!
Lembra-se de tudo com detalhes! Se a gente se sentar com ela, embaixo da pitombeira
com tempo para ouvir, a prosa corre solta durante toda a tarde e entra pela noite adentro.
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E quando alguém pergunta onde guarda tantas lembranças, ela sempre responde, sorrindo
e batucando um dedo na têmpora:
Quando faz uma das suas gostosas comidas e alguém elogia, perguntando a
receita, ela ensina todos os ingredientes, pacientemente, passo a passo. Se alguém quer
saber quem lhe ensinou, ela diz que, ora foi sua mãe, a minha avó, ora foi sua avó, a
minha bisavó. É até difícil de anotar, porque a receita é bem complicada. Aí de novo vem
a pergunta: “ Como a senhora consegue guardar tudo isso?”
Nas noites frias, quando a gente vai visitá-la, o cheiro de ervas invade a casa toda.
Sempre tem um bule de chá pronto, quentinho, no canto do fogão a lenha. Vovó diz que
serve pra tosse, coriza. Também para esquentar o frio ou apenas para relaxar e dormir.
E ninguém consegue descobrir a erva que ela usou, porque ela sempre mistura várias e
ainda tem um segredinho: uma pitada de um ingrediente especial: noz moscada, erva
doce, canela e muitos outros.
– Vó, a senhora sabe de muita coisa, hein? Onde aprendeu tudo isso? – pergunto,
entre um gole e outro do delicioso chá.
– Ah, meu neto, a vida me ensinou. Trago tudo guardado na minha caixa de
memórias! – Responde a vó, com um sorriso largo.
qQuando todos os netos se ajuntam, nos fins de semana, ela sempre gosta de contar
histórias! Uma vai puxando a outra. Começa com os contos de esperteza, com o coelho
sempre levando a melhor. A gente dá boas risadas! Depois, vai contando aquela que cada
um vai pedindo. E outra. E mais outra. Tantas histórias que, se formos contar, não cabem
nos dedos das mãos e dos pés!
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Nas férias, costumamos ficar muitos dias na casa da vovó. Aí é uma festa: ela
brinca com a gente todos os dias e ainda ensina brincadeiras novas! Anelzinho,
canivetinho da pintainha, ordem... E as cantigas de roda? Sempre têm aquelas que a
gente nem conhecia ainda!
– Puxa vida, Vovó! A senhora sempre tem algo novo para ensinar pra gente! Uma
verdadeira professora! Deve ter um monte de livros para estudar tudo isso, hein? –
pergunto, impressionado com tanta sabedoria.
– Ah meu netinho! Os livros são muito importantes sim. Não vê quantos deles
tenho na estante? Mas agora, com a visão um pouco turva, quase nem os uso mais,
consulto sempre a minha caixa de memórias! – Explica a avó, com uma gostosa risada.
Os vizinhos sempre vêm se aconselhar com ela. Tem sempre uma palavra sensata
e cheia de sabedoria para dar. Se os bichos adoecem, ela sabe como curar. Se as galinhas
param de botar, ela diz que podiam estar com alimentação ruim ou estressadas; tinha que
soltá-las, deixar que tomassem sol. Se um bicho adoece na roça, ela sabe qual remédio
caseiro usar. Olha para o céu e pela posição da lua, já sabe quando vai chover, se já é
tempo de plantar ou de colher. Se a barra da calça se solta ou a roupa se rasga nos
garranchos secos, rapidamente ela se senta à máquina e costura, consertando tudo.
Um dia, meu pai disse que as laranjeiras do quintal do meu tio estavam doentes,
cheias de pragas. Perguntou pra vovó se ela sabia o que era bom pra acabar com aquilo.
Vovó ensinou várias coisas para meu pai: misturar detergente com óleo, bater folha de
fumo no pilão, usar vinagre. Ele pegou o celular e anotou tudo. Olhei aquilo e falei:
– Essa caixa de memórias deve ser muito grande, hein??? Pra caber tudo isso! –
Eu observava, com os olhos arregalados!
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Um dia, na festa de um dos seus últimos aniversários, deu de presente para cada
um dos seus netos uma caixa enfeitada com retalhos que ela mesma fez. Disse que estava
cheia e era a sua caixa de memórias! E acrescentou, com um sorriso muito iluminado.
– Levem essa caixa pela vida afora, abram sempre que quiserem se lembrar de
alguma coisa que ensinei e guardem nela tudo de bom que aprenderem. Depois, deem de
presente para os seus filhos, netos, enfim, para todos que quiserem aprender algo de bom.
Assim, as coisas boas nunca se perderão no mundo!!
O tempo passou e até hoje tenho a minha caixa… cheinha! Ficou tão cheia que
fiz como a minha avó: tive que encher muitas outras delas e espalhar por aí…
Quer uma de presente pra você? Ou você quer me dar uma das suas caixas de
memória, também?
Saudade da Chuva
Éllen Santa Rosa
Francisco abre a janela e olha para o céu: Mais um dia ensolarado. Nenhuma
nuvem e muito calor lá no sítio onde mora. As plantas murcharam. A terra está toda
rachada e ressequida pelo sol forte. Os riachos e as últimas barraginhas com água já
secaram. Os bichos quase não têm mais água pra beber. Pensou alto:
“Que Saudade da chuva! Do cheiro de terra molhada, do som dos pingos batendo
na minha janela, no telhado; dos banhos de chuva, de pular nas poças de lama; de jogar
bola no campinho de terra e ficar todo enlameado.”
“Mas quando vai chover? Já passamos por todas as estações do ano e nada... quase
nenhuma gota caiu por aqui.”
“Já sei! Vou perguntar para o vovô; ele é muito sabido e vai me responder!”
Encontra o avô escolhendo feijão para o almoço, sentado na mesa da cozinha.
__Vovô, o senhor sabe quando vai chover? Estou com saudade da
chuva...___choramingou.
__Ah, meu neto... quando as dores do meu calcanhar aumentam, a chuva está
perto! ___ responde, com uma piscadela.
___E ... ele tá doendo? __ indaga o menino, observando o calcanhar do avô.
___Não, tá sãozinho o danado! – o avô até deu uma mexidinha no pé para ver
se o calcanhar doía, mas nada...
Enquanto caminhava para o curral, onde estava sendo tirado o leite das vacas, ele
pensou:
“Seu Tião, que cuida dos animais do sítio, deve saber!”
E aumentou o passo, correndo pra conversar com ele, que já foi logo explicando:
__Olha menino, para saber se vai chover, é só observar o comportamento dos
bichos: quando as vacas deitam no pasto, ou quando os pássaros voam baixo estão
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anunciando que vai chover; quando há invasão de mosquitos nas casas e as formigas
correm desembestadas ou ainda quando grilos e cigarras cantam todos ao mesmo tempo,
pode esperar... ah, sapo e rãs cantando estridente, sem parar, ou cães e gatos dormindo de
barriga pra cima, com as patas espichadas, é sinal de chuva também! Até o canto de
saracura indica se vai chover...
Francisco ficou atento pra ver se ouvia algum canto de bicho. Nenhum. Olhou as
vacas em pé no curral e no pasto e cutucou-as com uma vara, pra ver se mudavam de
posição. Nada! Até tentou fazer a cadela Campeira ficar deitada de barriga pra cima __ e
carinhosamente! __ mas ela não quis nem saber!
__Minha vó! – Pensou – Ela vai me responder!
Encontrou a avó na sala, costurando na velha máquina.
___Vó, há tempos não chove... será que tem um jeito de trazermos a chuva de
volta? ___perguntou com um biquinho.
___Ah, meu neto, antigamente a gente reunia os vizinhos e fazia umas rezas
durante nove dias... todo mundo enchia um litro d’água, e ia cantando, subindo a ladeira
do riacho até o cruzeiro. Despejava toda a água aos pés da cruz e pedia a graça da chuva.
Mas hoje em dia, o povo tá muito preguiçoso... ___respondeu a avó, acariciando o cabelo
encaracolado do menino, que saiu correndo e olhou pra ladeira. O sol parecia ferver as
pedras e a terra poeirenta brilhava, como se estivesse derretendo ao sol. “Era muito
íngreme mesmo,” observou desanimado.
Viu o pai arrumando a carroça para ir até a cidade, na sombra de uma árvore, e
perguntou:
___Pai, tô com saudade da chuva... será que ela cai hoje?
___Pelos sinais do céu, parece que não... semana passada o círculo ao redor da lua
estava muito perto... e você sabe: círculo na lua ou no sol perto, chuva longe. E a névoa
que te mostrei ontem, lá embaixo, perto das mangueiras? “Névoa na baixa, sol que
racha!” ___lembrou o pai, observando o desânimo do filho e consolando-o:
___Francisco, eu também tô com saudade da chuva, mas não perca a esperança.,
tenha fé... já, já, ela vem. Fique atento aos sinais: quando a lua estiver emborcada,
“derramando”, é sinal de que a chuva tá perto; quando as nuvens estão baixas e têm o
formato de torre ou ainda quando se parecem com escamas de peixe, é chuva chegando.
Ou então preste atenção no vento: se vier frio, soprando do norte, é chuva, e vai ser forte!
O menino despediu-se do pai, olhou pro céu limpo, sem nuvens, e pensou: “muito
longe pra tentar qualquer coisa! Hum... já sei! Vou perguntar pra minha mãe.”
Encontrou a mãe na cozinha, junto com Dona Quitéria.
___Mãe, mãe... já perguntei pra todo mundo se alguém sabe que dia vamos ter
chuva, se ela tá por perto, se podemos trazê-la de volta... todo mundo me deu uma
explicação, mas nada de chuva! E eu tô com uma saudade da chuva...
Sua mãe chamou-o para perto do fogão onde fervia uma chaleira d’água e
mostrou-lhe o vapor que saía do bico:
___Vamos pensar um pouco e descobrir mais sobre a chuva! Veja só essa
fumacinha subindo. É o vapor da água que está sendo aquecida pelo fogo. É mais ou
menos assim que se formam as nuvens. A água que tem nos rios, mares, plantas e até no
nosso corpo e dos animais se evapora e sobe, em forma de gotículas, formando as nuvens
de chuva.
Francisco ficou pensativo e lembrou-se então da aula que aprendeu sobre o ciclo
da água, na escola... da surpresa que teve ao descobrir que o raio é quando as gotas dentro
das nuvens se atritam e produzem energia, emitindo luz, que é o relâmpago, e barulho,
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que é o trovão. Também que o relâmpago é visto aqui embaixo primeiro porque a luz é
mais rápida que o som... e exclamou, entendendo tudo!
___Então, não teremos chuva por essas bandas tão cedo! Porque aqui não
tem mais água para evaporar... secou tudo!! Poucos animais, porque foram embora,
procurando água... Poucas plantas verdes, porque secaram quase todas... Pouca gente,
porque muitos se mudaram, fugindo da seca!
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É TUDO FOLCLORE!
Éllen Santa Rosa
Passar férias na casa dos meus avós é viver muitas aventuras! A casinha branca
ao pé da serra, cercada de pés de manga até parece pequena, mas fica enorme quando
juntam todos os netos, porque sempre cabe todo mundo!
Meu avô é uma figura e sempre observa, quando vê mais um carro chegando:
___Podem vir, a casa é igual coração de mãe, sempre cabe mais um!
Ele gosta muito de ensinar o que aprendeu com os anos de experiência, mas vovó
fica de olho, e quando percebe que ele exagerou na conversa, diz que é tudo folclore!
Outro dia, Vovô colocou uma ferradura atrás da porta, dizendo que era para
afugentar mal olhado. E espalhou pimenta por toda a casa. Vovó observou aquilo, catou
as pimentas e disse pra nós, balançando a cabeça: “Não levem a sério; é tudo folclore!”
Na hora de dormir, é uma farra: colchões espalhados por todos os cantos e a guerra
de travesseiros corre solta até que a gente escuta vovô dizendo que vai apagar a luz, pois
depois da meia noite, é perigoso, o lobisomem pode aparecer no galinheiro e, no escuro,
os cachorros veem melhor. Além do mais, era noite de sexta-feira treze e a coruja já tinha
piado três vezes.
A vovó observa, com uma risada:
__Não se preocupem com a conversa do seu avô; é tudo folclore!
Mas não sei se pelo medo de ouvir pios de coruja, cachorros latindo de madrugada
ou pelo cansaço das aventuras vividas durante o dia, a gente pede a bênção para eles e
dorme rapidinho.
Quando amanhece chovendo, a gente se amontoa na cozinha, à beira do fogão à
lenha para ouvir as histórias do vovô, enquanto o cheirinho do bolo de fubá assado na
panela com uma lata de brasa em cima enche o ambiente. A gente se arrepia a cada
narrativa feita, porque, segundo ele, os causos foram vivenciados pelo pai e pelo avô
dele, que já viram mula sem cabeça e saci pererê. Sentado num banco de madeira, vovô
atiça o fogo enquanto nos fala das viagens feitas à noite pelo seu pai: “Ele já deu carona
para o saci na garupa do seu cavalo e teve que passar dentro do rio para se livrar dele; já
teve que dar a volta na estrada e passar dentro do mato, porque o danado do saci se
dependurou no galho da árvore que atravessava no meio do caminho e não deixou que ele
passasse; já encontrou com um saci num barranco quando ajudava um amigo a desistir de
um casamento e fugir.”
E vovô vai contando devagarinho, quase fechando os olhos. Não sei se cochilando
ou pra ver melhor os olhos arregalados de cada um de nós.
__É tudo folclore! Pare de contar anedotas, meu velho! __Observa a vovó
terminando de coar o café no bule.
Numa noite de céu escuro, sem lua, estávamos todos à beira da fogueira. Vovô
tinha acabado de dizer para o meu primo parar de mexer com fogo, senão iria fazer xixi
na cama. Todos nós caímos na gargalhada! Foi quando o vovô mostrou uma luz na serra,
descendo e subindo; disse que poderia ser a mulher de branco, com uma lamparina na
mão. A gente gritava de medo e se amontoava em cima dele.
___Pare de assustar os meninos! Isso tudo é folclore! ___ observou vovó, assando
umas batatas nas brasas.
Mas a gente pedia para vovô contar de novo. E de novo. Até os olhos pesarem de
sono e todos irem pra cama.
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Lucas está muito feliz! Ganhou seu primeiro celular. Agora poderia jogar,
pesquisar, fazer suas atividades da escola… enfim, ficar conectado com todo mundo!
Foi dormir tarde naquele dia, criando grupos com amigos, familiares… nossa!
Que coisa boa aquela tecnologia! Poderia conversar com sua prima que morava do outro
lado do país! E a hora que quisesse! Jogar com seu primo Matheus ao vivo! E conversar
com sua tia Nana numa chamada de vídeo, mostrando seu cachorrinho novo!
E as selfs? Fazia caras e bocas em todos os lugares da casa, tirava foto e postava
nas redes sociais. Quantas curtidas!! Seu tio disse que ele tinha talento… dava para criar
um canal e ficar famoso! Gravar vídeos ensinando alguma coisa: não precisaria ser grande
coisa não, truques de como ficar sempre conectado com todo mundo!!
E ele fez. Um canal muito acessado e com muitos inscritos!
O tempo foi passando e Lucas foi ficando cansado, sempre sonolento e mal
humorado....
Se os amigos da rua chamassem para brincar de bicicleta, aos domingos, ele nunca
podia; tinha que fazer os vídeos, para postar no outro dia. Se a mãe chamasse para
comerem juntos, à mesa, como de costume; ele reclamava: iria atrapalhar seu jogo, que
já estava na última fase. E pedia pro irmão mais novo levar o prato no quarto, para comer
enquanto jogava.
Depois da aula sempre passavam na casa dos avós para tomar o café da tarde. Era
o momento da família se encontrar. E como não levava o celular para a escola, porque foi
combinado com seus pais, ele ficava ansioso para voltar logo pra casa, ainda tinha que
conferir as curtidas do seu canal, responder todos os comentários…
E na hora de dormir? Sempre tinha mais alguma coisa pra fazer no mundo virtual.
E quando a mãe desligava a internet na casa, ficava chateado e demorava a pegar no sono,
pensando em tudo que ainda teria que fazer no dia seguinte.
E o menino se desconectava com sua família, seus amigos… e cada vez mais
ficava sozinho, isolado… conectado com o mundo de todos. Mas desconectado com o
seu próprio mundo.
Um dia seu pai chegou mais cedo do trabalho e propôs um passeio para a família:
iriam fazer um piquenique num parque da cidade e ninguém poderia levar o celular.
___Como??? Eu não posso ficar desconectado de todo mundo!! Preciso levar o
celular… além do mais, como vou poder registrar o momento, ao vivo, e publicar no meu
canal? – Lucas respondeu, ansioso.
O pai, que já tinha notado o seu filho muito conectado com o mundo virtual, mas
pouco conectado com o mundo real, olhou-o seriamente e chamou-o para conversar.
___Lucas, estou notando que o uso do celular e das suas ferramentas está te
deixando diferente: nervoso, distante, sem tempo para a família e para brincar com seus
amigos aqui da rua.
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___Mas papai, é que eu preciso estar conectado com o mundo!! Se eu parar para
outras coisas, não dou conta de responder a todos! – disse aflito o menino.
___Meu filho, vamos fazer uma coisa: hoje iremos passear sem celular. Tudo o
que vivermos hoje ficará gravado apenas na memória. E ao final do dia, passaremos na
casa de seus avós e compartilharemos tudo com eles, pessoalmente! – Disse o pai, depois
de lhe explicar que a tecnologia do celular, com a internet e todas as suas possibilidades
é muito importante. Porém, que temos que saber usá-la, para que não nos deixe
desconectados com as coisas mais importantes da vida.
Lucas não gostou muito da ideia não, mas depois de ouvir a voz firme do pai, que
ele já conhecia bem, não adiantava tentar negociar.
Quando chegaram ao parque, ele teve uma surpresa: o pai havia convidado a
família do seu amigo Renato, companheiro de bola na rua de sua casa. E então foi uma
diversão só: jogaram bola, peteca, apostaram corrida e até andaram nos pedalinhos, barcos
da lagoa do parque.
Na hora do lanche, que alegria: salada de frutas com creme de pitanga, o seu
preferido!
___Nossa, mamãe, a senhora caprichou, hein? Que delícia de salada! Há quanto
tempo não comemos? ___observou Lucas, lambendo os beiços.
A mãe olhou surpresa para o filho e disse:
___Ué, ontem mesmo fiz para o café da manhã. Você não se lembra?
O menino deu um sorriso amarelo e olhou para o pai, que observava a cena, com
certeza se lembrando que Lucas havia tomado o café conectado com seus grupos, no
celular. Nem tinha sentido o sabor das delícias que a mãe preparara.
Naquele momento, seus olhares se cruzaram e Lucas percebeu o que seu pai quis
dizer, mais cedo: aquele momento que passaram ali foi maravilhoso: brincaram, sorriram,
conversaram, se olharam, comeram juntos… enfim, foi de completa conexão. Seu
coração bateu forte e há muito tempo ele não sentia tantas emoções. Foi então que Lucas
entendeu tudo: São conexões diferentes. E nada substitui a conexão do coração.
E o passeio na casa dos avós, naquele dia, foi emocionante, com muitos
compartilhamentos e curtidas!
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porque ele me segurou com uma das mãos. Com apenas uma das mãos ele me aparou no
ar!
Quando estava aprendendo a andar de bicicleta, na rua da minha casa, eu seguia
com a maior segurança, porque sabia que ele segurava o selim, atrás de mim. E no dia
que eu consegui pedalar e equilibrar sozinho, fiquei tão empolgado, que soltei as mãos
do guidão e caí. Chorei muito, mas suas mãos afagaram minha cabeça, me seguraram
pelos ombros, ajudaram a me erguer do chão, cuidaram dos meus arranhões e de novo,
me ampararam para eu que eu voltasse a pedalar.
Para colher as laranjas do quintal da nossa casa, todos precisavam de escada.
Eram muito altas! Mas eu sempre chamava papai pra ir comigo. Ele, com toda a sua
altura, só esticava os braços e, com as mãos, colhia as maiores, mais amarelinhas e mais
doces pra mim.
Ah, e nas tarefas da escola? Ele segurava a minha mão com o lápis, ensinando-me
a fazer o traçado correto das letras, ajudando-me a dar meus primeiros passos no mundo
da escrita. E ao me contar história com o livro, apontava com o dedo as figuras, letras,
palavras, frases para que eu aprendesse a ler.
Nossa! Lembrei-me também que estas mãos fortes já me inspiraram medo. Foi
quando eu não quis emprestar meu brinquedo para Clara, minha irmã. Ele ficou bravo, e
suas mãos gesticularam muito. Mas, com o dedo em riste, sério, conversou pacientemente
e me ensinou a dividir, partilhar. Quando dei o brinquedo para minha irmã, seu rosto se
iluminou; ele me pegou pelos braços, suspendeu-me do chão, rodopiou comigo até que
minhas gargalhadas chamaram a atenção de mamãe, que veio participar da brincadeira.
___ Davi, acorde! ___ Disse o meu pai, de novo, chamando-me a atenção e
balançando as mãos! __Pule rapaz, confie em mim!!
E pensei: “Sim, vou pular, não preciso ter medo. As mãos fortes do meu pai
sempre me protegeram.”
E com um grito de alegria e expectativa, pulei!
E as brincadeiras com as mãos? Adoleta, dois ou um...
Nas orações, me ensinou a unir as mãos...
Quando eu ficava com medo, à noite e ia até seu quarto... ele me segurava pela
mão, me conduzia à cama e me ensinava a unir as mãos, para rezar.
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https://www.coraeditora.com/escritormirim
PARA A ESCOLA
Desenvolvimento:
• A escola juntamente com os seus alunos selecionará um tema para o projeto
literário.
• As crianças produzem seus textos, juntamente com a equipe pedagógica.
• A professora deverá distribuir os parágrafos para que os alunos possam ilustrar.
• A história deverá ser ilustrada em papel de desenho.
• Escrever uma dedicatória, se houver, e a biografia do autor.
Sugestão:
• Colocar o ano escolar, as brincadeiras preferidas, gostos e inspirações.
• Selecionar uma foto do autor mirim.
• A Cora Editora recolherá os dados para a produção dos livros.
• A quantidade mínima de livros por aluno será de 30 unidades.
Investimento:
• Valor para a produção dos livros: R$ 35,00 unidade.
• A escola poderá organizar o lançamento oficial do livro onde as famílias serão
convidadas e os livros comercializados.
• O investimento financeiro aplicado para a produção dos livros será resgatado com
a venda destes no dia do lançamento.
• O investimento imaterial será eterno, pois sonho conquistado é guardado por toda
a vida.
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Desenvolvimento:
• A criança produz seu texto.
• O responsável deverá nos enviar o texto para que possamos distribuir os
parágrafos. Devolvemos texto para a família e a criança poderá ilustrar sua
história.
• A história deverá ser ilustrada em papel de desenho e com lápis de cor.
• Escrever uma dedicatória, se houver, e a biografia do autor.
Investimento
• Valor para a produção dos livros: R$ 35,00 unidade.
• A família poderá organizar o lançamento oficial do livro onde as famílias serão
convidadas e os livros comercializados.
• O investimento financeiro aplicado para a produção dos livros será resgatado com
a venda destes no dia do lançamento.
• O investimento imaterial será eterno, pois sonho conquistado é guardado por toda
a vida.
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