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ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO
E LITERATURA INFANTIL
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CONTEXTUALIZANDO
Tudo o que a escola pode oferecer de bom aos alunos, é a leitura, sem
dúvida, o melhor, a grande herança da educação. É o prolongamento da
escola da vida, já que a maioria das pessoas, no seu dia a dia, lê muito
mais do que escreve. Portanto, deveria se dar prioridade absoluta no
ensino da língua portuguesa, desde a alfabetização.
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somente um processo de estrutura textual, pois ele é diferente dos outros tipos de
letramento, uma vez que a literatura difere na linguagem.
Cosson (2006, p. 17) ressalta que o letramento por meio da literatura,
principalmente, “torna o mundo compreensível transformando a sua materialidade
em palavras de cores, odores, sabores e formas intensamente humanas”. Mas
diante dessa significação da leitura, nos perguntamos: quais são as estratégias
para que o estudante compreenda o que lê? De que forma mediar essa leitura
literária? Quais são os caminhos para planejar momentos significativos de
literatura, letramento e alfabetização e que auxiliem a formar um estudante leitor?
Saiba mais
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coisas é a troca da própria vida; quanto mais eu buscava no livro, mais ele me
dava” (Bojunga, 1984).
Com isso, podemos perceber que há uma “troca” de conhecimento que a
literatura traz na vida das pessoas, pois é por meio da linguagem escrita e da
leitura desse mundo de possibilidades que entramos em contato com os
conhecimentos que o homem já produziu no mundo. As trocas de olhares, de
sentimentos e de percepções são ampliadas pela capacidade de leitura que
cada um tem e sua mediação por parte dos professores.
Ao utilizar a literatura na escola com objetivos significativos, levamos a
criança a organizar seus pensamentos, a desenvolver a imaginação, trazendo à
tona as emoções de forma prazerosa e importante para o seu desenvolvimento
integral. Mas para que a leitura se torne algo prazeroso, devemos criar
possibilidades para que isso se concretize. Além disso, o trabalho com a
literatura nas escolas se justifica porque há um acervo riquíssimo de obras que
possibilitam uma mediação na leitura das crianças para os mais variados temas
e pertinências de trabalho em sala de aula, de forma leve, criativa e crítica,
contribuindo, dessa maneira, para a formação integral da criança, além de
auxiliar de forma significativa na formação do leitor.
Qual é o espaço mais significativo e com intencionalidade para que esse
universo de conhecimento interpretativo da realidade aconteça?
É na escola que a criança vai encontrar meios para desenvolver
habilidades na leitura e na escrita, e a literatura infantil pode contribuir de
maneira significativa nesse processo. Como explica Bakhtin (2011), a literatura é
um meio capaz de transformar o indivíduo em um sujeito ativo, responsivo e
responsável pela sua aprendizagem, compreendendo o contexto em que vive e
a necessidade de modificá-lo de acordo com sua necessidade.
Observe a seguinte imagem:
Fonte: Uninter.
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Você já parou para pensar qual é o melhor modo de apresentar/contar
uma história e fazer com que a criança mergulhe na literatura infantil?
Ao entrar em uma sala dos anos iniciais e da educação infantil, podemos
nos deparar com várias ferramentas que auxiliam a aprendizagem dos
estudantes e que abordam a literatura infantil: o livro didático, folhas xerocadas,
contendo muitas vezes a literatura fragmentada em partes, a lousa de giz, que
serve de apoio para que o professor transcreva pequenos textos, os projetores
onde os livros são apresentados em imagens ampliadas, muitas vezes
acompanhadas de narração e, propriamente, o livro de literatura infantil
manuseável.
A presença dessa literatura em vários suportes é responsável por
apresentar aos alunos diferentes práticas de leitura literária e, com base nisso,
percebermos também os tipos de gêneros literários e quais concepções de
leitura literária são adotadas pela escola e principalmente pelo professor.
Nesse sentido, entende-se que a melhor forma de utilizar a literatura
infantil em sala de aula é apresentando o livro literário ao aluno, pois ao ouvir a
história narrada pela professora, com o livro diante dos olhos, a criança dá asas
à imaginação e lança voos com sua fantasia, compara com a sua realidade,
emociona-se, surpreende-se e se diverte. Coelho (2000, p.27) explica que a
literatura infantil é, antes de qualquer coisa, uma literatura, ou ainda melhor, “é
arte, ou seja, fenômeno de criatividade que representa o mundo, o homem, a
vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o imaginário e o real,
os ideais e sua possível/impossível realização [...]”.
Quando o professor trabalha textos literários em livros didáticos ou em
folhas xerocadas de forma fragmentada, a literatura perde, em partes, o seu
significado principal, que seria perceber sua literalidade, ou seja, ter o livro e o
enredo como objeto principal de discussão e passa a ser um texto para ser
estudado.
Soares (1999) salienta que os objetivos da leitura e do estudo de um texto
literário são específicos a esse tipo de texto. Dessa forma,
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No entanto, muitas vezes quando o texto é abordado em livros didáticos
ou folhas fotocopiadas, isso ocorre por falta de opção, por falta de acervo na
biblioteca, ou até mesmo por falta de tempo e planejamento para a leitura
completa. Para organizar o tempo para a leitura, é necessário verificar quais são
as habilidades que estão sendo aprimoradas no estudante. Qual é o objetivo da
leitura e o que se espera refletir com ela.
Saiba mais
Vamos dar uma paradinha agora e conhecer qual é a hora de contar uma
história segundo o autor infantil, Ilan Brenman. Para isso, acesse o link a seguir:
<https://www.youtube.com/watch?v=Ry_zghvwP7g&feature=youtu.be>
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desenvolvimento do letramento literário. Deve-se observar a estrutura de um
livro, o que contém na capa, o título, o nome dos autores, o que a estética da
capa revela sobre a literatura.
Caso a leitura inicial não seja compreendida pelo estudante, cabe ao
professor estimular o pensamento crítico do aluno, deixando que ele questione,
pergunte e avance na aprendizagem.
Saiba mais
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No tema seguinte, daremos prioridade para o planejamento específico da
literatura infantil nas aulas e nas escolas na relação com a alfabetização e o
letramento. Isso se faz necessário, visto que há elementos imprescindíveis
nesse contexto, como a mediação entre os professores, os alunos e os
conteúdos, tanto escolares quanto do mundo. A convivência com textos literários
como poemas, narrativas, textos dramáticos, contos, fábulas entre outros, além
dos desenhos, ilustrações ou inferências, proporciona aos alunos o manuseio
dos livros e a compreensão e a interpretação entre as linguagens diversas
propiciadas pela leitura dos diversos gêneros, oferecendo-lhes a oportunidade
de reflexão e de criatividade em relação aos sentidos da leitura. Costa (2007)
reforça que a convivência com os textos literários faz com que a criança
desenvolva muito mais do que já foi falado: “ela forma as referências simbólicas,
efetivas e de pensamento que irão permanecer na memória e influenciar
comportamentos futuros”. (Costa, 2007, p. 27).
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pode funcionar o processo educativo, ora como força estabilizadora,
ora como fator de mudança. Às vezes, preservando determinadas
formas de cultura. Outras, interferindo no processo histórico
instrumental. (Freire, 2002, p. 10)
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professor deve observar quando é pertinente realizar atividades que podem ser
feitas por todos e quando é necessária a intervenção para grupos específicos
Mas como possibilitar tudo isso e contribuir para a formação de um aluno
leitor?
Saiba mais
de uma palavra ou frase do livro como uma palavra geradora que aguce a
curiosidade;
da organização de listas com palavras que contenham a mesma letra da
palavra selecionada, porém que já tenha um significado para os alunos e
para a turma;
da construção de acrósticos;
da escrita de um texto narrativo;
da descrição de algum personagem ou objeto como se fosse visto pela
primeira vez;
da produção de narrativas com mais de uma história contada;
da organização de histórias com materiais recicláveis;
do desenvolvimento de entrevistas entre os alunos sobre o livro lido;
da organização de teatros com representação da história através de
histórias em quadrinhos;
de murais;
de diário com registro de leituras;
de votação do livro mais interessante da turma;
da reelaboração do final da uma história.
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TEMA 3 – ALFABETIZAÇÃO, LETRAMENTO E LITERATURA: ELEMENTOS
INDISSOCIÁVEIS NA PRÁTICA PEDAGÓGICA
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Acesse o link a seguir e assista ao vídeo sobre “O papel da educação
infantil na alfabetização” com a psicóloga Alessandra Seabra:
<https://www.youtube.com/watch?v=KbsrsFbiRfg>
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Quando um aluno faz a leitura de um pequeno texto ou uma frase, mas,
ao ser questionado sobre o que leu, não sabe explicar sobre o que se tratava,
ele é um sujeito apenas alfabetizado, mas ainda não é letrado.
Cabe aos professores organizarem a sua prática, embasados em
fundamentações teóricas pertinentes que acreditem ser as mais propícias para
se alfabetizar e letrar.
À medida que o professor amplie a sua prática, seja na troca de
experiências com seus colegas, seja nas formações continuadas, seja no dia a
dia de sala de aula, ele consegue perceber e alinhar ainda mais as atividades a
aprendizagem do aluno, considerando as necessidades de cada um, num
construir e reconstruir diário.
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práticas podem ser para auxiliar na aprendizagem ou despertar “gosto”,
interesse no aluno para a leitura e a escrita, o significado e a interpretação.
Maia (2007) comenta sobre essa prática: “É ouvindo mensagens com
contextos significativos que a criança se insere num processo de construção
acerca da linguagem; aprendizado, portanto, diferente do processo de simples
domínio de codificação e decodificação de sentenças descontextualizadas e tão
comuns nas cartilhas”.
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Ferreiro (2002) nos orienta que
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enriquecedoras, pois tratam da atualidade e muitas vezes aproximam o leitor do
cotidiano social e do seu conhecimento.
O caminho a ser trilhado pelo professor para formar um leitor eficiente
está em buscar momentos de leitura para seus estudantes que não tenham por
objetivo reproduzir simplesmente a decodificação de palavras, de questionários
de forma superficial apenas para atender um conteúdo a ser trabalhado.
Nos textos literários, o faz de conta, a imaginação e a criatividade trazem
ao leitor encantamento, surpresa, novidades e, por isso, não necessitam que
sejam realizadas atividades para provar que houve de fato a leitura. Deve-se
aproveitar essa oportunidade para aprimorar a oralidade dos estudantes, suas
opiniões acerca do que ouviram e assim desenvolver sua linguagem.
Por meio de várias ações da promoção da leitura é possível que o
estudante seja um leitor que aprofunde esse hábito, amplie sua compreensão de
mundo e seja consciente do seu crescimento pessoal que a leitura proporcionou
em sua trajetória.
FINALIZANDO
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REFERÊNCIAS
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LÚCIO, I. S.; MACIEL, F. I. P. Os conceitos da alfabetização e letramento e os
desafios de articulação entre teoria e prática. In: CASTANHEIRA, M. L.; MACIEL,
F. I. P.; MARTINS, R. M. F. (Orgs). Alfabetização e letramento na sala de aula.
Belo Horizonte: Autêntica; Ceale, 2008
ZILBERMAN, R. A literatura infantil na escola. 10. ed. São Paulo: Global, 1998.
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