Você está na página 1de 18

UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CARLOS HENRIQUE DOS SANTOS COUTINHO

OS BENEFÍCIOS DA LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL

RIO DE JANEIRO
2023
UNIVERSIDADE ESTÁCIO DE SÁ

CARLOS HENRIQUE DOS SANTOS COUTINHO

OS BENEFÍCIOS DA LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL


Trabalho apresentado como requisito obrigatório
para conclusão do Curso de Bacharelado em
Letras, no formato de artigo científico, resultante
da pesquisa desenvolvida no ano de 2023, sob a
orientação da Profª Marília Ferranti Marques
Scorzoni .

RIO DE JANEIRO
2023
OS BENEFÍCIOS DA LITERATURA NO ENSINO FUNDAMENTAL
CARLOS HENRIQUE DOS SANTOS COUTINHO

RESUMO
Esta pesquisa tem como finalidade desenvolver um estudo sobre os benefícios da literatura no
Ensino Fundamental por intermédio de diversas teses de autores, que inclui: pesquisas em
livros, artigos acadêmicos e todo o conhecimento gerado ao longo do Curso de Bacharelado em
Letras. O propósito deste trabalho é fazer uma análise de fatores relevantes a respeito da
literatura no Ensino Fundamental, buscando ressaltar sobre a importância da leitura. Além
disso, será realizada a citação de escritores brasileiros que contribuem positivamente na
literatura infanto-juvenil, uma vez que suas obras literárias são bastante ricas e voltadas
especificamente para estudantes com idade entre 5 e 13 anos. Ademais, serão apresentados,
também, algumas narrativas de gêneros textuais que contribuem para o desenvolvimento do
aluno, proporcionando diversos benefícios.

Palavras-Chaves: Literatura. Narrativas. Obras Literárias. Ensino Fundamental.

INTRODUÇÃO

Inicialmente, pode-se destacar sobre o foco na literatura e o entendimento de sua


importância para a formação dos jovens, que ocasiona um pensamento e uma consequente
reflexão a respeito de como ela está sendo apresentada aos alunos no Ensino Fundamental. O
incentivo à leitura aos alunos é extremamente importante para o crescimento intelectual. Com
isso, o estudo da literatura possibilita o despertar da construção de ideias, da imaginação, das
emoções e da criatividade do pensamento. Muitas pessoas apesar de saberem da importância
do hábito da leitura, não o fazem por preguiça ou por procrastinação, se limitando à
superficialidade das redes sociais e mídias televisionadas. Neste contexto, cabe ressaltar a
respeito da facilidade de acesso aos materiais de leitura na atualidade com o advento da internet.
Tal facilidade favorece a abertura das portas para a aquisição de informações relevantes e
pormenorizadas, além de contribuir com o conhecimento a respeito de diversos assuntos.

Nunc est bibendum, nunc pede libero, pulsanda tellus.

Nos ambientes escolares, principalmente no ensino fundamental, se configuram diversos


empecilhos ou problemas para o desenvolvimento nos alunos do hábito da leitura. Essas
dificuldades podem se dar de diversas formas, sejam elas: a falta de incentivo da família, falta
de condições financeiras, problemas emocionais, transtornos psicológicos ou até mesmo a falta
de interesse gerado por conta das avançadas e atrativas tecnologias apresentadas hoje em dia.
Sugerir novos métodos de aprendizagem e incentivar a leitura nas escolas é de suma
importância, a fim de que o aluno entenda a importância da literatura em sua vida e
consequentemente, seus benefícios para o desenvolvimento escolar. Um desses métodos pode
ser a apresentação de gêneros textuais em sala de aula, pois eles são importantes e contribuem
com o ensino e aprendizagem da literatura, Além disso, grande literatura é simplesmente
linguagem carregada de significado até o grau máximo possível.

É através da leitura que o educando ampliará sua visão de mundo e suas interpretações
da história, ficará mais bem capacitado para o desempenho específico da parte que lhe cabe no
coletivo da escola. Deve ser o educador o primeiro a buscar na leitura os caminhos para as
soluções de muitos problemas existentes nas escolas (GARCIA 1992, p.77).

De acordo com algumas pesquisas, o incentivo para o hábito de leitura deve surgir
originariamente do seio familiar e logo em seguida, deverá vir o incentivo da escola. A
convivência no mesmo ambiente com pessoas que têm o prazer e o hábito da leitura, os
exemplos familiares e a leitura de livros infantis dos pais para suas crianças em casa, são
exemplos de fatores que podem contribuir para o surgimento da curiosidade do processo da
leitura nas crianças e jovens. Essas pesquisas objetivam auxiliar no reconhecimento dos
benefícios e na importância da leitura.

“É muito mais importante saber ler do que escrever. O melhor que a escola
pode oferecer aos alunos deve estar voltado para a leitura. Se um aluno não se
sair muito bem nas outras atividades, mas for um bom leitor, penso que a
escola cumpriu em grande parte sua tarefa”. CAGLIARI (1995, p.148).

DESENVOLVIMENTO

No contexto deste artigo, no sentido de proporcionar os benefícios da literatura à fase


escolar, principalmente no ensino fundamental, é essencial o incentivo da família na vida da
criança e do adolescente. Uma das grandes formas de se atingir este objetivo é o cultivo do
hábito de ler livros, revistas e jornais em casa, principalmente pelos pais, como também da
leitura de livros infanto-juvenis para os menores, quando estes ainda estão em fase de
aprendizagem. Na escola, o estímulo à leitura deverá partir dos educadores. Incentivar a leitura
correta, bem como sua respectiva compreensão é importante em todas as aulas e disciplinas.

Segundo CUNHA (1998), a literatura infantil teria surgido a partir do momento em que os
ideais burgueses atingem seu ápice no século XVIII. E Neste período não existia um espaço
reservado à infância, pois eram escritos pelos adultos que muitas vezes colocavam nos livros
infantis sua forma de ver o mundo, desta forma não desempenhava nenhum fascínio ou o gosto
pela leitura na criança.

Para estudantes que estão iniciando no ensino fundamental, a literatura torna-se um


ponto importante e divertido na vida do aluno. Além disso, é uma maneira muito interessante e
criativa de se aprender, conversar, participar e se divertir com outros colegas, pois ela possui
diversos benefícios, é rica e não pode ser desvalorizada. Esse momento deve ser especial para
a trajetória do aluno. As obras literárias apresentam ideias relevantes que estimulam uma
reflexão, colaborando no processo de mudança e trazendo resultados de relações dinâmicas e
prazerosas.

A literatura infantil tem um grande significado no desenvolvimento das


crianças de diversas idades, onde se reflete situações emocionais, fantasias,
curiosidades, e enriquecimentos do desenvolvimento perceptivo; para ele as
leituras de histórias influem em todos os aspectos da educação da criança, da
afetividade: desperta a sensibilidade e o amor a leitura, na compreensão do
texto; na inteligência, desenvolvendo a aprendizagem intelectual. (Apud
RUFINO e GOMES, p.11).
A literatura infantil é, antes de tudo, literatura; ou melhor, é arte: fenômeno de criatividade que
representa o mundo, o homem, a vida, através da palavra. Funde os sonhos e a vida prática, o
imaginário e real, os ideais, e sua possível/impossível realização (COELHO, 1986, p. 27).

É ouvindo histórias que se pode sentir (também) emoções importantes, como


a tristeza, a raiva, a irritação, o bem-estar, o medo, a alegria, o pavor, a
insegurança, a tranquilidade, e tantas outras mais, e viver profundamente tudo
o que as narrativas provocam em quem as ouve - com toda a amplitude,
significância e verdade que cada uma delas fez (ou não) brotar... Pois é ouvir,
sentir e enxergar com os olhos do imaginário! (ABRAMOVICH, 1997, p. 17).

A leitura ajuda a entender e a compreender mais a respeito do mundo. Por intermédio da


leitura informativa é possível ter informações a respeito de todos ou quase todos os
acontecimentos do mundo, além de favorecer o aumento do vocabulário, melhorar o
desempenho na fala e ajudar no desenvolvimento da mente. Com tudo isso, é possível ter cada
vez mais certeza do quão importante a literatura é para a Educação Infantil.

Seja no âmbito coletivo, seja no plano individual, a conquista da habilidade de ler é


simultaneamente o primeiro passo na direção da liberdade, de uma parte e de outra, para a
assimilação dos valores da sociedade (ZILBERMAN, 2009, p. 27).

É notório observar que os processos de leitura e escrita estão, intrinsicamente,


relacionados um com o outro. Como exemplo, pode-se citar quando um texto literário é ouvido,
lido ou falado, tais processos contribuem, sobremaneira, na interpretação do mesmo, e por meio
destas formas se torna possível clarear ainda mais a mente e com isso possibilitar o surgimento
de novas ideias, a fim de serem escritas.

A diferença entre ouvir a fala e ouvir a leitura está em que a fala é produzida espontaneamente,
ao passo que a leitura é baseada num texto escrito, que tem características próprias diferentes
da fala espontânea. (CAGLIARI, 1995, p. 155).

A leitura é um ato social, entre dois sujeitos – leitor e autor – que interagem
entre si, obedecendo a objetivos e necessidades socialmente determinados.
Essa dimensão interacional, que para nós é a mais importante do ato de ler, é
explicitada toda vez que a base textual sobre a qual o leitor se apoia precisa
ser elaborada, pois essa base textual é entendida como a materialização de
significados e intenções de um dos interagentes à distância via texto escrito
(KLEIMAN,1997, pág. 10).

No ensino fundamental a abordagem de gêneros textuais em sala de aula possibilita uma


aprendizagem de melhor comunicação e desempenho para os alunos e amplia o repertório, "é
impossível se comunicar verbalmente a não ser por um gênero, assim como é impossível se
comunicar verbalmente a não ser por um texto". (MARCUSCHI, 2007, p.22).

HISTÓRIAS EM QUADRINHOS
Existem diversos escritores que escrevem livros/histórias em quadrinhos destinadas,
principalmente, ao público infanto-juvenil. Maurício de Sousa é um dos escritores Brasileiros,
mais famosos, que abriu as portas para a literatura em nosso País. A importância dele na
literatura é inegável, ele contribuiu positivamente na alfabetização de várias crianças
Brasileiras. Incentivar a leitura das histórias em quadrinhos no ambiente escolar contribui
bastante para o processo de ensino e aprendizagem.

Uma abordagem de literatura pode ser por meio das histórias em


quadrinhos, as quais têm sido objeto de estudo das mais diversas áreas
de conhecimento. Elas despertam interesses pelas mais diversas razões:
por serem uma nova forma de arte, por venderem milhões de
exemplares, por terem introduzido os super-heróis, por influenciarem
comportamentos, etc. (SILVA, 2002, p.11).

Segundo FEIJÓ (1997), os temas abordados por Mauricio de Souza são bastante variados para
que boa parte do universo do jovem seja atingida. Embora o próprio autor afirme que a diversão
do público é seu único objetivo, sua obra acaba por ter outras interferências na vida dos
adolescentes. “Segundo ele próprio, seu desejo é divertir, entreter e, na medida do possível,
transmitir às crianças mensagens de otimismo”.

Manter contato diariamente com histórias em quadrinhos pode auxiliar no aumento da


criatividade e da imaginação. As revistas em quadrinhos apresentam um visual perfeito de cores
e uma narrativa favorável, e favorece ao aluno a descoberta de possibilidades de aprimoramento
e apreciação da arte por meio dos quadrinhos, trazendo consigo sua experiência de vida.

As revistas em quadrinhos podem ser consideradas como um exemplo típico


do que se procura denominar sob o conceito de cultura de massa. Seu consumo
está associado a um grande público, que chega a milhões de leitores, e seu
processo de produção/distribuição segue à risca o que Adorno procurou
denominar sob o conceito de indústria cultural. (SILVA, 2002, p.17).

FÁBULAS

A fábula é um gênero de narrativa ficcional, que mantém sua importância para a


literatura no ensino fundamental, na qual em sua composição narrativa os personagens são
animais. Lobato (1983) intensifica que “a fábula tem dupla função: divertir e educar”. As
fábulas fortalecem o senso crítico, ela desenvolve e aprimora os sentidos das crianças ajudando
passar pelas fases do seu crescimento. Um dos benefícios mais importante dessa narrativa são
às lições que cada uma passa no final de cada história contada. A fábula “O lobo e o cordeiro”
é uma das fábulas que ao final apresenta uma moral que pode nos trazer muita reflexão, ela faz
com que possamos refletir sobre às injustiças na sociedade e nos passa uma lição sobre às
dificuldades apresentadas no mundo, e que não conseguimos evitar o mal vindo daquela pessoa
que já decidiu cometê-lo. Apresentar essa fábula no ambiente escolar abre portas para que o
professor converse com os alunos sobre a importância de agir com bondade e empatia diante
da sociedade em que vivemos e prepara-los para o mundo.

Uma outra abordagem da literatura se dá por intermédio das fábulas que apresentam em
suas narrativas a esperteza, inteligência, costumes, força, etc. com assuntos e temas que fazem
parte da sociedade atual.

“Uma narração que se divide em duas partes: a narração propriamente dita,


que é um texto figurativo, em que os personagens são animais, homens, etc.;
e a moral, que é um texto temático, que reitera o significado da narração,
indicando a leitura que dela se deve fazer. A fábula é sempre uma história de
homens, mesmo quando os personagens são animais.” (PLATÃO & FIORIN,
2000, p.398).
No Brasil, Monteiro Lobato foi um escritor de grande destaque do gênero Fábulas. Ele
revolucionou a literatura infantil apresentando novos cenários educativos para o respectivo
público. Adicionalmente, Lobato apresentou narrativas novas de maneira inteligente e
educativa para as crianças brasileiras. Diversas obras foram escritas por este grande escritor,
dentre elas podem-se citar: “O Saci”, “O Marquês de Rabicó”, “Peter Pan”, “Urupês” e
“Narizinho”. Entretanto, suas obras de maior notoriedade foram as “Fábulas” e “O Sítio do
Pica-Pau Amarelo”.

Em um de seus livros, publicado por Monteiro Lobato, em 1921, intitulado “A Menina


do Narizinho Arrebitado”, segundo SANDRONI (1998), representa a fase literária da produção
brasileira destinada às crianças e aos jovens e apresenta uma das personagens principais do Sítio
do Pica-pau Amarelo: Narizinho. Neste livro, Monteiro Lobato apresentou pela primeira vez os
personagens do Sítio do Pica-pau Amarelo. A primeira edição do livro foi um verdadeiro
sucesso, o que fez com que Monteiro Lobato republicasse a história em duas partes. Lobato era
apaixonado pela literatura infanto-juvenil. Sua crença era de que as crianças poderiam mudar o
mundo e torná-lo incrível. Suas obras abordavam assuntos sérios e reflexivos que até hoje
trazem benefícios para a literatura no ensino fundamental.

Uma das séries animadas infanto-juvenis de maior sucesso na televisão brasileira é a


intitulada “O Sítio do Pica-Pau Amarelo”. A sua primeira versão foi produzida e adaptada para
a TV Tupi em 1952. A série é considerada educativa justamente pelo fato de ter feito com que
o telespectador tivesse contato com a literatura do escritor.

O Sítio do Picapau Amarelo é um pequeno mundo completo em si mesmo,


incerto num universo maior chamado Brasil e, imediatamente, no mundo: no
Universo. A partir dele seus pequenos aventureiros, os netos de Dona Benta,
Narizinho e Pedrinho, algumas vezes acompanhados da mesma Dona Benta,
e quase sempre de Emília e do Visconde de Sabugosa, e outras vezes de Tia
Anastácia, incursionam através do espaço e do tempo. Foram à Lua. Foram à
Grécia do tempo de Héracles e de Péricles. Andaram de cometa no céu.
Brincaram nos anéis de Saturno. Viajaram muitas terras e países. Sempre em
aventuras, nas quais se misturam sempre o fantástico – o absurdo – e o real, o
real de suas vidas de seres comuns e extraordinários ao mesmo tempo”
(BARBOSA, 1996, p.89).

POESIAS
Compreendemos que o uso de poemas em sala de aula pode se tornar incrível e cativante,
em relação a razão e a emoção de uma pessoa. Infelizmente o número de professores que
trabalham com poesia em sala de aula é bem pequeno. Esse gênero textual é interessante, pois
é complexo e traz diversos benefícios para a educação do aluno, no entanto ele vem sendo
esquecido cada vez mais e sua abordagem em sala de aula está se tornando menor, mas deveria
fazer parte do cronograma de ensino do educador. A poesia estimula e traz criatividade e muita
reflexão. “Infelizmente, poucos são os momentos em que os poemas estão presentes na prática
docente. Quando são trazidos pelos educadores para as atividades escolares, muitas vezes são
tratados apenas como textos destinados à leitura silenciosa, impressos em papel.” (CUNHA ,
2012, p. 83)

É interessante notar o que diz o escritor mexicano Octavio Paz (1982) sobre a poesia:

A poesia é conhecimento, salvação, poder, abandono. Operação capaz


de transformar o mundo, a atividade poética é revolucionária por
natureza; exercício espiritual, é um método de libertação interior. A
poesia revela este mundo. (PAZ ,1982, p.15)

O escritor Octavio Paz explica muito bem sobre a função e importância da poesia na
vida, pois ela é realmente conhecimento e poder e nos propõe a libertação do nosso interior por
ser um gênero textual reflexivo e um exercício constante de observação que traz uma dinâmica
viva e interessante. O trabalho com a poesia realizado em sala de aula pode sem dúvida alguma
fazer o aluno apropriar-se da linguagem literária e também aprimorar suas ideias e críticas
trazendo o melhor desempenho para o aluno.

Na sala de aula, o trabalho com a poesia geralmente ocupa um tempo


restrito, porque há muitos assuntos a serem estudados. Mas é preciso
aconselhar o aluno a não entregar a criação poética ao domínio da
pressa, do sonho e da inconsciência. Faz-se necessário ressaltar sempre
a importância do raciocínio e da atenção. (SORRENTI, 2007, p. 52)

Ler poesia, é importante tanto para o professor quanto para o aluno, significa desdobrar
a síntese do mundo dada pelo eu lírico, ela contribui positivamente na formação do nosso
imaginário e estimula a criatividade. “A poesia é capaz de sensibilizar o ser humano, e nesse
sentido evidencia-se a importância de trabalhar o gênero em fase escolar, para tanto deve ser
levado em conta tanto a recepção quanto às contribuições da poesia para a promoção da leitura
literária.” (NUNES, 2016, p. 154)

CARTAS

Esse gênero textual é dialógico e proporciona diversas formas de expressão entre o


destinatário e remetente. Quando se escreve uma carta o remetente expõe suas emoções. Esse
gênero é diverso e apresenta formas manuscritas, digitadas, afetivas e informativas. “A troca de
cartas possibilita um diálogo mediado pela escrita permitindo levantar questões, esperar
respostas, prolongar a compreensão de uma noção de um texto, até o mais profundo de si
mesmo” (BRANDÃO, 2005)

Apresentar esse gênero em sala de aula pode ajudar muito no estimulo da leitura, escrita,
imaginação, criatividade, e expressar sentimentos e emoções. Proporciona momentos de
observação e atenção sobre o que está escrevendo para o destinatário, pois quem faz a leitura
mantém uma análise sob diferentes perspectivas.

A leitura de uma carta pelo outro possibilita uma troca de interpretações permitindo o confronto
das significações de valores. Tal confronto de ideias pode ampliar, modelar, ressignificar as
próprias representações valendo-se do diálogo com o outro. (LINS e SILVA, 2004).

Uma das principais características de uma carta está no fato de ser


espontaneamente pensada, anunciando a verdade de uma experiência
do autor. Além disso, a troca de palavras escritas que a correspondência
permite são certamente os meios para pensar por si mesmo sob o crivo
do pensamento do outro (CHARTIER, 1991).

CRÔNICAS
Há várias maneiras de elaborar uma crônica, ela é um gênero textual que aborda
acontecimentos do dia-a-dia de maneira simples e natural. Ela domina um espaço de muito
entretenimento e reflexivo que traz leveza e diversão. Podemos pensar nessa narrativa como
algo muito importante para os alunos, pois ela irá proporcionar uma leitura divertida, criativa,
pensativa e um melhor vocabulário ao aluno. Ângelo (2021) afirma que “A crônica tem a
mobilidade de aparências e de discursos que a poesia tem — e facilidades que a melhor poesia
não se permite.”

A crônica é um gênero que retrata os acontecimentos da vida em tom


despretensioso, ora poético, ora filosófico, muitas vezes divertido.
Nossas crônicas são bastante diferentes daquelas que circulam em
jornais de outros países. Lá são relatos objetivos e sintéticos,
comentários sobre pequenos acontecimentos, e não costumam
expressar sentimentos pessoais do autor. Os cronistas brasileiros
exprimem vivências e sentimentos próprios do universo cultural do
país. (PORTAL, 2021).

É um gênero de narrativa breve que na maioria das vezes é publicada em jornais ou


revistas e é narrado em primeira pessoa. Embora seja um gênero textual leve e criativo, sua
abordagem para alunos do ensino fundamental exige um estimulo e cuidado a mais do educador,
pois muitas crônicas possui uma linguagem informal e sarcástica e pode trazer uma certa
dificuldade de interpretação aos alunos, então é recomendável que o professor comece trabalhar
a crônica no ambiente escolar com um texto de narrativa breve e explique-a aos alunos.

A crônica é fruto do jornal, onde aparece entre notícias efêmeras. Trata-


se de um gênero literário que se caracteriza por estar perto do dia-a-dia,
seja nos temas ligados à vida cotidiana, seja na linguagem despojada e
coloquial do jornalismo. Mais do que isso, surge inesperadamente como
um instante de pausa para o leitor fatigado com a frieza da objetividade
jornalística. De extensão limitada, essa pausa se caracteriza exatamente
por ir contra as tendências fundamentais do meio em que aparece [...].
Se a notícia deve ser sempre objetiva e impessoal, a crônica é subjetiva
e pessoal. Se a linguagem jornalística deve ser precisa e enxuta, a
crônica é impressionista e lírica. Se o jornalista deve ser metódico e
claro, o cronista costuma escrever pelo método da conversa fiada, do
assunto-puxa-assunto, estabelecendo uma atmosfera de intimidade com
o leitor. (DRUMMOND,1999, p.12-15).

NOTÍCIAS

A notícia é um gênero textual jornalístico e não literário presente em nosso dia a dia, é
uma narrativa informativa e se faz presente nos meios de comunicação. É apresentada em
revistas, jornais, televisão, internet, dentre outros. Ela possui textos descritivos, curtos,
narrativos e linguagens formais e clara. É indispensável a abordagem desse gênero em sala de
aula, trabalhando a notícia em sala de aula faz com que os alunos tenham noção sobre a
comunicação e uma linguagem formal e de fácil comunicação. Baltar (2004, p 133) diz que:
“Notícia é o gênero básico do jornalismo, em que se relata um fato do cotidiano considerado
relevante, mas sem opinião. É um gênero genuinamente informativo, em que, em princípio, o
repórter não se posiciona, pois o que vale é o fato”. É um gênero que expõem fatos e
acontecimentos que se passam no cotidiano.

Martins Filho (1997, p.282) diz que o título de uma notícia deve:

1) Anunciar a informação principal do texto ou descrever com precisão


um fato, sempre contendo poucas palavras;
2) Conter verbos, pois, dessa forma, o título ganha em impacto e
expressividade;
3) Recorrer a verbos no presente do indicativo, e não ao pretérito, para
que o título tenha uma força maior;
4) Ser obrigatoriamente extraído do lead; se isso não for possível, o lead
deverá ser refeito, porque ele não estará incluindo as informações mais
importantes da notícia;
5) Apresentar inicial maiúscula apenas na primeira palavra e nos nomes
próprios; apenas em casos muito especiais, como por exemplo, em
manchetes que exijam maior destaque que as normais, é que se pode
fazer títulos inteiramente em letras maiúsculas.

Para apresentar esse gênero para os alunos do ensino fundamental é importante que haja
muita criatividade do educador. Planejar aulas com uma dinâmica diferente e apresenta-los
alguns textos informativos com uma linguagem clara e objetiva sobre temas atuais é uma
maneira interessante de trazer o estudo desse gênero para a sala de aula. Conforme Benassi

(2009, p.3) “A notícia é um formato de divulgação de um acontecimento por meios


jornalísticos. É a matéria-prima do Jornalismo, normalmente reconhecida como algum dado ou
evento socialmente relevante que merece publicação numa mídia”.
LENDAS

As lendas são gêneros propícios para a educação e alfabetização das crianças, elas fazem
parte do universo imaginário infantil. Durante o processo de aprendizagem do gênero lenda, os
alunos podem sentir uma certa dificuldade para interpreta-las, pois elas apresentam um universo
de fantasias e realidade, no entanto o diferencial das lendas é exatamente isso, ela estimula a
imaginação dos alunos e faz com que eles passem a ter uma noção do que é fantasia e realidade,
só cabe ao professor passar isso de maneira clara para os alunos, é preciso haver criatividade
por parte do educando ao apresentar esse gênero em sala de aula.

Para Oliveira (2014, p. 14), no contexto escolar, a lenda “provoca a imaginação, o devaneio, a
magia e, principalmente, a curiosidade. Essas sensações levam os alunos a querer saber mais
sobre o fato ali relatado, de forma que o imaginário supera o histórico e o real”.

Para Cascudo (1984a, p. 52):

A lenda é um elemento de fixação. Determina um valor local. Explica


um hábito ou uma romaria religiosa. Iguais em várias partes do Mundo,
semelhantes há dezenas de séculos, diferem em pormenores, e essa
diferenciação caracteriza, sinalando o típico, imobilizando-a num ponto
certo da terra. Sem que o documento histórico garanta veracidade, o
povo ressuscita o passado, indicando as passagens, mostrando, como
referências indiscutíveis para a verificação racionalista, os lugares onde
o fato ocorreu.
Esse é um dos motivos que torna importante o ensinamento desse gênero em sala de
aula. Estudar lendas traz muitas possibilidades de benefícios para os alunos do ensino médio e
é uma ótima ferramenta de estudo. É importante lembrar que elas fazem parte do folclore
brasileiro que é uma cultura popular do nosso País e possui influência da cultura europeia,
africana e indígena. Passar esse conhecimento para os alunos é importante para que eles
aprendam um pouco sobre nossas culturas e aprendam valoriza-las.

De acordo com Carciulo (1948 apud GUIMARÃES 2012, p.3), o folclore no país deveria
“ocupar lugar importante no currículo das matérias a serem ministradas aos futuros e atuais
educadores, destinados a lecionar nas escolas rurais e metropolitanas”.

Machado (1994), classifica as lendas em quatro grupos: religiosas, sobrenaturais, históricas e


naturalistas.
De acordo com ele:

a) Lendas religiosas – contam a história sobre a vida dos santos, deuses e outros seres
sagrados, valorizando as suas ações, destacando o seu comportamento e enaltecendo as
suas virtudes.
b) Lendas sobrenaturais – narram acontecimentos fantásticos, não necessariamente
maravilhosos, que fazem parte dos mistérios do universo. Geralmente são lendas sobre
seres com poderes excepcionais que realizam ações extraordinárias para promover o
bem-estar do grupo social em que fazem parte, transformando-se em heróis.
c) Lendas históricas – apresentam a origem lendária de cidades, países e civilizações.
d) Lendas naturalistas – tentam explicar o que são ou a origem dos fenômenos da
natureza, como os astros, o tempo e muitos aspectos geográficos: a vegetação, a
montanha, o vulcão, entre outros.

CONSIDERAÇÕES FINAIS

Ter contato com a leitura e se dedicar a ela só traz benefícios para o desenvolvimento
do ser humano. Após todos os estudos sobre os benefícios da literatura no ensino fundamental,
ficou nítida a importância dela na vida do aluno. Se dedicar e criar uma rotina de leitura e
estudos faz com que isso ganhe espaço na vida da criança e o ajude no seu desempenho escolar.
Ter o apoio e incentivo familiar também é mais do que essencial, o primeiro exemplo de leitura
deve vir de casa, é importante que seja algo passado dos pais para os filhos.

Apresentar e acrescentar os gêneros textuais na aprendizagem da literatura contribui

diretamente para o desempenho e desenvolvimento significativo da pratica a leitura. Portando,


diante de tudo que foi abordado sobre gêneros textuais, percebe-se o quão importante se faz os
estudos dos gêneros em sala de aula e o quanto eles trazem benefícios e diversidades para a
literatura no ensino fundamental, pois eles possibilitam o desenvolvimento de diversas
competências do aluno.
REFERÊNCIAS

ANDRADE, Carlos Drummond de. Uma prosa (inédita) com Carlos Drummond de Andrade.
Caros Amigos. São Paulo, nº 29, p. 12-15, agosto, 1999.

ÂNGELO, Ivan. Sobre a crônica. Portal da olimpíada de língua portuguesa: escrevendo o


futuro. Caderno do docente: orientações para a produção de textos do gênero crônica.
[Brasília]. Disponível em: https://www.escrevendoofuturo.org.br/concurso. Acesso em: 04
out. 2021. Acesso em 04 out. 2021.

BALTAR, M. Competência discursiva e gêneros textuais: uma experiência com o jornal de


sala de aula. Caxias do Sul: Educs, 2004.

BARBOSA, A. O ficcionista Monteiro Lobato. São Paulo: Brasiliense, 1996.

BRANDÃO, A. C. P. Leitura e produção de textos na alfabetização. Belo Horizonte:


Autêntica, 2005.

BENASSI, Maria Virginia Brevilheri. O gênero “notícia”: uma proposta de análise e


intervenção. In: CELLI – COLÓQUIO DE ESTUDOS LINGUÍSTICOS E LITERÁRIOS. 3,
2007, Maringá. Anais... Maringá, 2009, p. 1791-1799.

CAGLIARI, C. L.. Alfabetização & Linguística: São Paulo: Scipione, 1995.

CASCUDO, Luís da Câmara. Literatura Oral no Brasil. 3 ed. Belo Horizonte: Editora Itatiaia;
São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 1984a.

CHARTIER, R. La correspondance: les usages de la lettre au XIX siècle. Paris: Fayard,


1991.

CUNHA, M. A. A. Literatura Infantil Teoria e Prática. São Paulo: Ática, 1993.

CUNHA, Leo (Org.). Poesia para crianças: conceitos, tendências e práticas. Curitiba: Piá,
2012.152 p.

FEIJÓ, M. Quadrinhos em ação: um século de história, São Paulo, 1997.


GARCIA, E. G.. A leitura na escola de 1º grau. Por uma outra leitura da leitura. 2ª ED. São
Paulo; Editora Loyola, 1992.

GUIMARÃES, L. A. P. Memória, educação e folclore: O Pensamento de Professores e


Folcloristas no movimento folclórico brasileiro da década de 1950. Revista Episteme
Transversalis. Rio de Janeiro, V. 2. 2012. Disponível em:
http://revista.ugb.edu.br/index.php/episteme/article/view/48. Acesso em 22 jan. 2015.

LINS e SILVA, M. E. “Cara professora”: as práticas de escrita de um grupo de docentes.


2004. Tese Doutorado – Faculdade de Educação, Universidade Federal de Minas Gerais, Belo
Horizonte, 2004.

LOBATO, M. Fábulas. 32ªed., São Paulo: Brasiliense, 1983.

MACHADO, Irene. Literatura e redação. São Paulo: Scipione, 1994.

MARCUSCHI, Luiz Antônio. Produção textual. Gêneros textuais: definição e


funcionalidade. In:

NUNES, Ginete C. Poesia e letramento literário no Ensino Fundamental. Id on Line Revista


de Psicologia, fevereiro de 2016, vol.10, n.29. p. 152-159. ISSN 1981-1179.

OLIVEIRA, Zulmira Beranise de. Sequência didática para o trabalho com o gênero textual:
o mundo fantástico das lendas. Disponível em:
http://www.gestaoescolar.diaadia.pr.gov.br/arquivos/File/producoes_pde/artigo_zul
mira_beranise_oliveira_goncalves.pdf. Acesso em: 16 nov. 2014.

PAZ, de Octavio. O arco e a lira. Rio de Janeiro: Nova Fronteira,1982.

PORTAL da olimpíada de língua portuguesa: escrevendo o futuro. Caderno do docente:


orientações para a produção de textos do gênero crônica. Disponível em:
https://www.escrevendoofuturo.org.br/concurso. Acesso em: 04 out. 2021.
SANDRONI, L. De Lobato à década de 1970. In: SERRA, Elizabeth D’Angelo (org.). 30 anos
de literatura para jovens e crianças: algumas leituras. Campinas (SP): Mercado de Letras:
Associação de Leitura do Brasil, 1998.

SILVA, N. M. Fantasias e Cotidiano nas Histórias em Quadrinhos. São Paulo, 2002.

SORRENTI, Neusa. A poesia vai à escola: reflexões, comentários e dicas de atividades. Belo
Horizonte: Autêntica, 2007.

ZILBERMAN, R. A escola e a leitura da literatura. In: ZILBERMAN, R.; ROSING, T. M.


K. (Org.). Escola e Leitura: velhas crises, novas alternativas. São Paulo: Global, 2009.

Você também pode gostar