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A leitura nas séries iniciais do Ensino Fundamental

RA: 3842304 / Ubirata Jesus Vieira/ 1200 - polo Boquira – BA / 6º Semestre

Trabalho de Conclusão de Curso apresentado à


Universidade Santo Amaro (UNISA) como um dos
pré-requisitos para a obtenção de grau de
Licenciatura em Pedagogia, sob orientação do
professor Fernando Roberto Campos

Boquira – BA
2020
Resumo

A leitura hoje é um desafio muito importante para as escolas, já que tem sido
esquecida pela sociedade. O objetivo desse artigo é mostrar a importância desse ato
para o desenvolvimento das crianças tanto na escola, quanto na sua vida em geral.
Ler deveria ser considerado necessidade básica do ser humano, que transcende a
escola e esta atrelada ao seu desenvolvimento como ser humano e cidadão de uma
sociedade civilizada. Outro grande objetivo do artigo é mostrar que a leitura deve
estar presente no cotidiano dos indivíduos afim de torná-los conscientes críticos e
atuantes, ler é um exercício sublime que traz ao leitor uma gama de possibilidades.
Não se pode esquecer que a leitura está atrelada a escrita e produção e o trabalho
com essas outras faces da mesma se dá no intuito de formar escritores competentes
que sejam capazes de produzir textos eficazes e condizentes com seus objetivos.
Nesse caso deve-se compreender as dificuldades enfrentadas pela escola em
relação à leitura, como uma alfabetização eficaz e consistente, visto que muitos
alunos sabem ler mas não conseguem compreender o que leram, esse é um dos
desafios a ser vencido pela escola que o artigo irá evidenciar.

Palavras-chave: Leitura, escrita e produção.


1. Introdução

A leitura é talvez um dos desafios mais importantes e difícil de ser vencido pelas
escolas brasileiras. Em um mundo globalizado, o mundo da internet e do celular,
uma era em que todas as informações vêm dispostas em códigos e símbolos, nunca
a leitura foi tão necessária, em contrapartida a mesma nunca foi tão negligenciada,
numa era em que a leitura é o ponto de chegada e o ponto de partida, ela vem
sendo cada vez mais, vista como algo desnecessário e de baixo valor.

A leitura há muito foi marcada por ser uma atividade cansativa e maçante, por
esse motivo talvez, os alunos não têm interesse ou não busquem a leitura por
considerá-la um exercício chato e desinteressante, nesse panorama percebe-se que
a mesma perdeu o seu valor, mesmo sendo tão necessária, e perdendo o seu valor
tem-se ai um alto índice de pessoas que não lêem ou não tem o habito de ler
frequentemente, por esse motivo talvez, está cada vez mais difícil a alfabetização
em leitura, mesmo nas series iniciais e esse é sem sombra de duvida o grande
desafio da escola, alfabetizar seus alunos e ao mesmo tempo incentivá-los a ler,
mostrando que a leitura pode ser um ato divertido e prazeroso e que tem muito a
contribuir, não só para a sua vida escolar, mas para o seu cotidiano como um todo,
inclusive para os anos seguintes.

Mostrar a importância da leitura nas series iniciais, refletindo sobre os


problemas e desafios enfrentados por quem alfabetiza são os objetivos primordiais
dessa pesquisa.
2. Leitura, escrita e produção: como ensinar de forma prazerosa e desafiadora.

A gênese da escrita e da leitura surge no momento em que o homem através


dos tempos, vem procurando comunicar-se por meios de pinturas, gestos,
expressões e com a fala. Dessa maneira o homem aprende a comunicar seus
pensamentos por meios de símbolos, compreensíveis por outros homens que
possuem ideias sobre como funciona esse sistema de comunicação.

A invenção do alfabeto foi uma criação única que mudou a historia da


humanidade, e que começou a ser usado na Fenícia no século XVIII a.c, composto
por 22 letras que representava sons e não a palavra toda como na escrita egípcia e
suméria. Os fenícios usavam objetos cujos nomes começavam com o mesmo som.
Este sistema foi sendo simplificado através dos tempos, estabelecendo uma ordem
para as letras, criando o abecedário que foi definido pelo mundo e utilizado até os
dias atuais (BARBOSA, et al, 2006 p. 19).

Portanto, professores de todas às áreas devem ser hoje essencialmente,


professores de leitura, pois é por meio dela que os alunos constroem e irão construir
conhecimento, tanto na escola quanto fora dela, no passado e no futuro como
ressalta a autora acima.

Numa sociedade tão desigual, observa-se que a falta de leitura interpretativa


é uma das grandes falhas para que a sociedade tenha condições maiores de justiça
e renda. Para conquistar o conhecimento cultural é importante que o ato de ler, seja
uma tarefa constante na vida do individuo que consequentemente possa levá-lo a
uma participação no exercício da cidadania.

Só a leitura é capaz de desenvolver habilidades que estão no alcance de


todos e nem todos tem o privilégio de compreender, o que não significa que os que
têm acesso á escola sejam diferentes. Como afirma Lajolo

Numa sociedade como a nossa, em que a divisão de bens, de renda e de


lucros é tão desigual, não se estranha que a desigualdade similar presida
também a distribuição de bens culturais, já que a participação em boa parte
destes últimos é medida pela leitura, habilidade que não está ao alcance de
todos, nem mesmo de todos aqueles que foram a escola
(LAJOLO,2001P.106)

Para aprender a escrever é preciso ter acesso a diversidade de textos. Sendo


assim, a escrita que se dá na escola não pode inibir os alunos, afastá-los do que
pretende, e ao contrario, é preciso aproximá-los principalmente quando são iniciados
“oficialmente” no mundo da escrita por meio da alfabetização.

É importante, portanto, ensinar os alunos a lidar tanto com a escrita da


linguagem, com os aspectos notacionais relacionados ao sistema alfabético e as
restrições ortográficas, quanto com a linguagem escrita, os aspectos discursivos
relacionado a linguagem que se usa para escrever. Também é importante dizer que
o docente precisa valorizar o cotidiano do discente, pedir que ele escreva sobre algo
do que ele vivencia, e socialize a ideia. Produzir textos partindo da realidade, de
gravuras, de fotografias etc. Estimular os alunos a criarem uma diversidade de
textos, informativos, descritivos, contos etc. Escrever partindo destes pressupostos
fazem com que o ato de produzir textos não seja mais tão apreensivo, mas sim, um
prazer.

Sendo o trabalho a diversidade textual o caminho para a formação de


escritores competentes, é imprescindível que o professor não limite seus alunos
apenas em escritores restritos a sala de aula, mas que, desenvolvam projetos que
instigue a participar da escrita social, produzindo textos que circulem
frequentemente na vida social. Pois a escola não deve ser um local onde o professor
transmita conhecimento e a criança apenas receba, ela precisa saber o que está
fazendo e porque faz. Por isso, é tarefa da escola, desenvolver habilidades de
escrever os tipos de textos que as práticas sociais de escrita exigem dos indivíduos.
É oportuno, o professor levar em conta o conhecimento prévio do aluno; deve-
se, em sala de aula, fazer uma exposição de ideias com os alunos a fim de saber o
que pensam e/ ou sabem sobre o assunto. É de fundamental importância que antes
de apresentar o texto para a turma, o professor preparar o ambiente explicativo ao
aluno que texto e leitura são processo interativo, que envolve a compreensão e a
reflexão, que nenhum texto existe por acaso. Nessa perspectiva Freire (2002) afirma
que “[...] não é correto fazer lições de leitura, mas ler sabendo o que acabou de ler.
A leitura deve ser trabalhada para compreendê-la. Pois a leitura sozinha como lição
não resolve as dificuldades, e sim uma leitura critica”. Isso nos remete que a leitura
deve ser trabalhada desde o principio como uma atividade de cunho prazeroso e
critico, deve-se ler sabendo para que esteja lendo, passando a ideia de que o ato de
ler deve ser seguido de um propósito.

É conveniente, a criança despertar para uma analise de diversos fatores


antes de produzir um texto como: como será o destinatário? Que linguagem? Qual
meu objetivo ao escrever o texto? São questionamentos que devem ser feitos para
que o produtor escreva um texto que cause prazer no leitor ao lê-lo, são aspectos
que a criança precisa conhecer bem e sempre que for produzir um texto analisá-los
com muita exatidão.

O sucesso de um bom produtor textual está na prática contínua e incessante


de várias leituras. A produção de texto deve ser acompanhada de um trabalho de
reflexão sobre a linguagem que propiciem aos alunos a consequência do ato de ler e
escrever.

A escrita e a leitura são indispensáveis visto como uma pratica contínua e


diversificada ambas contribuem com a produção de texto mais coerente e
significativa. O ato de escrever funciona como um caminho que agiliza a leitura e
logo esta, interfere no desenvolvimento da escrita. Quando a escola trabalha com
seus alunos a produção de textos, esta cria um movimento em que ler passa a
representar também uma questão de escrever, já que esse processo de leitura e
escrita são resultados das relações humanas. Para Silva (2006), o processo da
escrita e do desenho dos avanços evoluiu em virtude do pensamento sendo que a
principio as características gráficas não se diferenciam, no inicio a criança supõe
que a escrita é uma forma de desenhar as coisas, o que ela não compreende é que
esta representa a fala, o som das palavras. Para a criança a escrita devia confirmar
a sua concepção realista da palavra, ou seja, coisas grandes têm nomes grandes e
coisas pequenas têm nomes pequenos.

Quando a criança descobre que a escrita representa a fala, ela formula uma
hipótese ao mesmo tempo falsa e necessária; a hipótese silábica, essa hipótese é
então parcialmente falsa, mas necessária. E o que caracteriza a hipótese silábica de
que cada letra representa uma silaba. Nesse aspecto os PCNS dizem que,

Espera-se que o aluno escreva textos alfabeticamente, preocupado com a


ortografia, ainda que não saiba fazer o uso adequado das convenções.
Espera-se também que faça uso do seu conhecimento sobre a
segmentação do texto ou palavras ainda que possam ocorrer, por exemplo,
escritos tanto sem segmentação, como em “de repente” quando com
segmentação indevida como em “depois” (PCNS 1997, p.120 121).

Com base em tudo isso é correto afirmar que para se alfabetizar é necessário
um trabalho de reflexão tanto do aluno quanto do professor. O aluno precisa
entender que ler é importante e pode ser feito de maneira prazerosa, já o professor
precisa mudar a concepção que tem de aluno, visto que enxergam o alfabetizando
como um ser passivo, aparente de acordo aos conhecimentos que lhe é oferecido,
porém das contribuições da psicologia de Piaget e das concepções da psicogênese
da linguagem e da escrita de Ferreiro e Teberosky (1985) percebe se uma relação
completamente diferente da anterior, a criança passa a ser vista como um ser ativo
que possui uma bagagem de conhecimentos adquiridos ao longo de sua existência,
essa bagagem é uma estrutura cognitiva que estabelece relação com o novo. A
leitura então se torna uma atividade cognitiva centrada na contribuição do
conhecimento, assim, a aprendizagem se dará com a intenção entre o conhecimento
prévio do sujeito e o processo de ensino. Partindo dessa realidade e pensando na
perspectiva da leitura Solé afirma que,

A leitura na escola precisa ser urgentemente representada pelo menos, em


tripla dimensão: com o objetivo de conhecimento em si mesmo; como um
instrumento de conhecimento; e como um meio para o prazer para o
desfruto e para distração. Como objeto de conhecimento, aprender a
compreender o que se lê inserir a leitura, desde o primeiro momento em
contexto significativo e pensar nos métodos par ensinar a ler como meios
que se devem flexibilizar em cada situação concreta. (SOLÉ, 2003, p. 30).

Para que isso se concretize de maneira sólida o professor deve partir da


realidade do aluno, procurando trabalhar com leitura de textos que falem de seu
meio social para que o mesmo tenha vontade de ler, interpretar, participar tornando
um ser atuante no processo de aprendizagem. Pois se a leitura não parte da
realidade do aluno, do seu universo, muitas vezes cria se um descaso por parte
deste pela mesma, tornando-se um ato chato e cansativo, deixando o educando sem
incentivo para ler.

3. Conclusão

Ler é um ato extremamente importante e sublime que proporciona ao individuo


uma viagem rica em detalhes e conhecimentos. O desafio de introduzir a leitura no
cotidiano da criança é uma responsabilidade que a escola assume durante o tempo
em que as crianças a frequentam. Portanto, desenvolver a leitura não é uma tarefa
fácil, as escolas têm encontrado grandes dificuldades na empreitada de incentivar e
também potencializar o gosto pela leitura nos pequenos indivíduos. A escrita e a
produção, de certa forma indissociável da leitura é também um dos desafios da
escola atual que é promover o aprendizado dos alunos com habilidades de leitura,
escrita e produção.

Referências

BARBOSA, Marinalva Maria. Leitura e produção de texto nas classes


multisserados – Boquira, Ba 2006.

FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler 30 Ed – São Paulo Cortes. 2002.


Pedagogia da Autonomia: Saberes necessários a prática educativa: São Paulo 2002

LUCKESY, Carlos Cipriano et al. O leitor na arte de estudar a palavra escrita in:
LAJOLO, Marisa: do mundo da leitura para a leitura do mundo 6º ed. São Paulo:
Ática 2001.

PARAMÊTROS CURRICULARES NACIONAIS. Secretaria de Educação Fund


SOLÉ: Isabel. Ler, leitura compreensão: “sempre falando da mesma coisa” In:

TEBEROSKY.Ana.OLLER,Carlos(org). compreensão de leitura: A língua como


procedimento. PortoAlegre:Artmed, 2003.amental. Brasília 1997

Graduação em Pedagogia pela Universidade Norte do Parará- UNOPAR, especialização em


Alfabetização e Letramento pela Faculdade de Educação São Luis de Jaboticabal-SP. E-mail do autor:
ericobittencourt@outlook.com

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