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GESTÃO NA ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO EM TEMPOS

DE ENSINO A DISTÂNCIA
Autores: Fabiane da Silveira Santos e Julia Simonini1
Tutor externo: Maria Cristina Vieira Cavalcanti2
Centro Universitário Leonardo da Vinci – UNIASSELVI
PED 3385– Estágio
06/12/2021

RESUMO

O presente artigo propõe, analisar de forma breve, através da pesquisa bibliográfica e


estágio, a busca novos caminhos e novas posturas de trabalho para a alfabetização tem
sido uma das metas essenciais do educador alfabetizador. Sabemos que a alfabetização
é um processo, e não se limita apenas a ler e escrever os signos do alfabeto, mas, sim,
compreender como funciona a estrutura da língua e a forma como é utilizada. Dessa
forma, entendemos a aprendizagem da leitura e da escrita como um processo dinâmico,
que se faz por duas vias de acesso, uma técnica (alfabetização) e outra que diz respeito
ao uso social (letramento). Segundo a educadora Telma Weiz, “a leitura e a escrita são
o conteúdo central da escola e têm a função de incorporar à criança a cultura do grupo
em que ela vive”. Este desafio requer trabalho planejado, constante e diário, além de
conhecimento sobre as teorias e atualizações.

Palavras-chave: Gestão. Aprendizagem. Letramento

1 INTRODUÇÃO

No decorrer deste papper de estágio 3, falaremos sobre a metodologia e


estratégia de ensino visando a gestão escolar no sistema de Aprendizagem e Letramento
nas séries iniciais, enfatizando este momento que temos passado de ensino à distância.
Embora muitas vezes entendidos como sinônimos, alfabetização e letramento
não são a mesma coisa. Esses dois conceitos trazem especificidades, ainda que existam
indicações para que caminhem juntos durante os anos escolares iniciais.
Os aprendizados da leitura e da escrita são processos precursores do
desenvolvimento da capacidade crítica e autônoma de um indivíduo. Desenvolvida nos
anos escolares iniciais, a alfabetização é, muitas vezes, considerada homogênea ao

1 Acadêmicas do Curso de Licenciatura em Pedagogia; E-mail’s:


fabianedasilveirasantos@gmail.com e juliasimonini@hotmail.com
2 Tutor Externo do Curso de Licenciatura em Pedagogia – Polo Cachoeirinha
conceito de letramento. Porém mesmo sendo percebidos como integrantes de um
mesmo processo de aprendizagem, onde se desenvolvem as habilidades de ler e
escrever, esses conceitos possuem características específicas.
Podemos iniciar nossa conversa, falando que a alfabetização pode ser
compreendida como o processo de ensino e aprendizagem da tecnologia da escrita e das
práticas sociais de leitura e escrita que denominamos de letramento.
De todos os grupos populacionais, as crianças são as mais facilmente
alfabetizáveis. Elas têm mais tempo disponível para dedicar à alfabetização
do que qualquer outro grupo de idade e estão em processo contínuo de
aprendizagem (FERREIRO, 1999, p.17).

O domínio dessa tecnologia envolve reconhecer símbolos do sistema de escrita,


isto é, letras ou grafemas que representam o significante do signo linguístico, bem como
palavras, frases e textos. Por outro lado, não podemos deixar de mencionar a
importância do reconhecimento dos sons da língua por aqueles que estão em processo
de aprendizagem.

2 ÁREA DE CONCENTRAÇÃO: FUNDAMENTAÇÃO TÉORICA

Visando a compreensão do que é letramento e alfabetização, estudos apontam


discussões históricas que mostram como se desenvolveu o processo de alfabetização no
Brasil desde há muito tempo. De acordo com Saviani (2009, p. 143), a necessidade da
formação docente surge desde Comenius, no século XVII. Ele ainda apresenta a
primeira escola voltada a formação docente em 1684, por São João Batista de La Salle,
em Reims. Contudo, a ideia de institucionalizar escolas próprias para a formação do
professor, surge da sistematização das ideias liberais em expandir o ensino a todas as
camadas sociais no século XIX.
É preciso compreender que alfabetização e letramento são práticas distintas,
porém, indissociáveis, interdependentes e simultâneas. No entanto, a falta de
compreensão destes termos gera grande confusão em seu uso teórico e prático, levando
à perda da especificidade destas. (SOARES, 2003).
Ao refletir sobre essas concepções e em anuência com Soares (2008)
encontramos uma grande problemática, que acaba refletindo na qualidade da educação
brasileira. Muitos profissionais da educação acabam por mesclar e confundir o
significado destes dois conceitos, ampliando o conceito de alfabetização, sobrepondo o
de letramento, como se letramento tivesse o mesmo sentido de alfabetização e, assim,
não desempenhando um bom trabalho.
Para contribuir para o esclarecimento e mudanças em algumas práticas
pedagógicas atuais, explicitaremos neste artigo os conceitos de Alfabetização e
Letramento e a importância da sua conciliação para uma prática significativa.
Infelizmente, no Brasil existem muitas pessoas que não sabe ler e nem escrever,
outras que sabe ler e sabe escrever, porém não compreende o que lê, e também existem
aqueles que sabem ler, escrever, entende o que ler, porém não consegue produzir um
texto.
Estas pessoas tiveram o processo de alfabetização, porém não passou pelo
processo de letramento. Uma pessoa pode ser alfabetizada e não ser letrada ou pode ser
letrada e não ser alfabetizada. Aquele que consegue ler, escrever, porém não faz uso da
leitura e nem da escrita no seu dia a dia que não possui o hábito de ler livros, jornais ou
até mesmo uma revista, é um exemplo de uma pessoa que é alfabetizada (pois consegue
decifrar os códigos da escrita), mas não é letrada.
Já aquele que não é alfabetizado (não consegue ler e logo também não consegue
escrever), porém tem o costume de pedir para alguém ler um jornal pra ele ou até
mesmo escrever uma carta (que entende e faz uso da escrita e da leitura, mesmo que
alguém faça pra ele) é considerada uma pessoa letrada. Ou seja, estes dois termos
possuem definições diferentes, mas é importante que caminhem juntos, lado a lado,
alfabetização e letramento.
Segundo Soares (2008):
Toma-se, por isso, aqui, alfabetização em seu próprio, específico: processo de
aquisição do código escrito, das habilidades de leitura e escrita.
Consideramos alfabetizado aquele que consegue ler e escrever e quando
falamos em ler e escrever diz ler e escrever corretamente, não aquele
processo mecânico da língua escrita (...) alfabetizar significa adquirir a
habilidade de codificar a língua oral em língua escrita (escrever) e de
decodificar a língua escrita em oral (ler) (SOARES, 2008, p. 15,16).

Ou seja, transferir para o papel o que falamos e decifrar o que está escrito. Este é
o processo que o educador realiza no primeiro ano do Ensino Fundamental. Os alunos
conhecem as letras (códigos), aprende a juntá-las e formar palavras e consegue ler essas
palavras (decifram o código). Depois começam a produzir frases simples e pequenas e
logo já estão lendo pequenos textos. Esse é o processo de alfabetização. O letramento
vem logo depois, ou até mesmo junto, porém não são a mesma coisa.
A alfabetização deve propor um processo no qual o aluno saiba além de
decodificar letras, palavras e sons, mas de compreender as funções da língua escrita na
sociedade.
Com isso, o aluno cresce em um ambiente alfabetizado com informações escritas
e eventos de leituras tanto em casa quanto na comunidade onde vive. Desse modo, a
alfabetização deverá estar articulada ao letramento para alcançar os objetivos escolares
e a qualidade do domínio da leitura e da escrita.

3 VIVÊNCIA DO ESTÁGIO

Realizamos este estágio de forma atípica, pois estamos em pandemia, então


não foi possível aplica-lo de forma presencial como gostaríamos. As aulas foram
virtuais, com foco em dinamismo e utilizando de ferramentas audiovisuais. As
interações com os alunos foram feitas online, através de plataformas digitais e até
mesmo em interações por áudio e vídeo pelo WhatsApp.
Segundo Grando (2000), o educador precisa buscar um processo de ensino que
considere o aluno como sujeito, que seja significativo, que lhe proporcione um ambiente
favorável à imaginação, à criação, reflexão e construção, e que lhe possibilite um prazer
em aprender, não pelo utilitarismo, mas pela investigação, ação e participação coletiva.
Isso leva-nos a propor a inserção do jogo no ambiente educacional, de forma a conferir
ao ensino, espaços lúdicos de aprendizagem.
A importância de se trabalhar com estratégias didáticas, em uma perspectiva
lúdica e criativa, como parte integrante do processo de ensino/aprendizagem é
fundamental. A prática lúdica contribui com a valorização do conhecimento como
também da criatividade e do pensamento crítico do aluno. Buscar novas práticas
pedagógicas é o desafio que deve impulsionar os professores no cotidiano escolar. “É
impossível valorizar e utilizar os aspectos lúdicos desconectados da questão da
criatividade, pois um dos aspectos do processo criativo é a ludicidade.” (BRAZ DA
SILVA e METTRAU, 2009).
Gostaríamos de ter tido oportunidade de apresentar-nos pessoalmente à classe
de forma direta, porém nosso enfoque foi direcionado para aulas remotas.
4 IMPRESSÕES DO ESTÁGIO (CONSIDERAÇÕES FINAIS)

Como bem expressa Alves (2015): “O local de trabalho, a sala de aula e o


modo como se trabalha mudou. O que funcionava antes, não necessariamente funciona
hoje quando o assunto é aprendizagem”. Faz-se necessário, portanto, um novo olhar
para a educação, um olhar que se aproxime do contexto do aluno, que traga a essência
da aprendizagem pautada no desafio, no lúdico e na motivação.
Percebemos ser fundamental que os gestores escolares aproximem os docentes
das famílias com trabalhos que os pais possam fazer com as crianças. Para isso, é
imprescindível a promoção de roteiros práticos e estruturados para que o pai ou a mãe
sejam mediadores e os alunos consigam resolver as atividades.
Dessa maneira, invista em interações lúdicas, criativas e orientadas, mostrando
que há outras formas de aprender além dos livros. A tecnologia é uma grande aliada
neste processo. Por meio da gamificação, por exemplo, (nosso paper anterior falamos
sobre este assunto) a aprendizagem pode ser mais divertida, além de gerar dados
fundamentais para que o educador faça o acompanhamento individual dos estudantes.
Com essas plataformas, a família também tem a oportunidade de participar da educação
dos filhos e ser uma aliada da escola.
Uma das principais preocupações dos professores nas aulas remotas da
educação infantil é em relação ao suporte para os estudantes no momento das aulas. No
entanto, outros desafios também merecem atenção.
É fundamental que os professores se mantenham antenados em assuntos
relativos a tecnologias, desenhos, músicas e jogos que chamem a atenção dos pequenos.
A fim de criar atividades interessantes e que atraiam os alunos para as aulas remotas.
Mais uma adversidade é prender a atenção dos alunos nas aulas gravadas, pois
elas são importantes para a fixação dos conteúdos. Logo, os pais devem mostrar os
vídeos quando os estudantes estiverem dispostos e atentos para obterem rendimento.
Igualmente importante são as aulas ao vivo, que permitem a socialização e a interação
dos pequenos com seus colegas. Portanto, intercale as duas maneiras para
melhores resultados.
REFERÊNCIAS

ALVARES, O. M. A organização do ensino fundamental em ciclos: algumas


questões. Universidade de São Paulo, Faculdade de Educação. Revista Brasileira de
Educação v. 14 n. 40 jan./abr. 2009.

BRAZ- DA-SILVA, A. M. T.; METTRAU, M. B. Proposta de Ensino de Ciências


sob forma lúdica e criativa nas escolas. In: XVIII Simpósio Nacional de Ensino de
Física, 2009.

CARVALHO, M. Alfabetizar e Letrar: um diálogo entre a teoria e a prática.


Petrópolis, RJ: Vozes, 2012.

FERREIRO, Emilia. Alfabetização em processo. 12 ed. São Paulo: Cortez, 1998.

_________. Com todas as letras. 7 ed. São Paulo: Cortez, 1999.

GRANDO, R. C. O conhecimento matemático e o uso de jogos na sala de aula. 239


f. Tese de doutorado – Faculdade de Educação, UNICAMP, São Paulo, 2000.

SAVIANI, D. Escola e Democracia: teorias da educação, curvatura da vara, onze teses


sobre a educação política. 40ªed. Campinas: Autores Associados, 2008.

SOARES, Magda. Letramento e alfabetização: as muitas facetas. Trabalho


apresentado na 26° Reunião Anual da ANPED, Minas Gerais, 2003.

______ Alfabetização e letramento. 5ª Ed. São Paulo: Contexto, 2008.

WEISZ, Telma. A saída é a formação do professor alfabetizador. Nova Escola. São


Paulo, n. 22, março 2009.
ANEXO I

Atenção: O seu Paper deve conter de 5 a 7 páginas (sem considerar o anexo). No


anexo deste paper, coloque a ação desenvolvida no projeto de extensão, conforme
template – Produto Virtual e o Termo de Autorização.
ANEXO II

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