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SUMÁRIO
1 INTRODUÇÃO ........................................................................................................ 6
2 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO .................................................................... 7
3 MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA .................... 11
3.1 Método sintético .................................................................................................. 12
3.2 Método analítico .................................................................................................. 16
4 METODOLOGIA DE ENSINO .............................................................................. 21
4.1 Metodologia de ensino ativa ............................................................................... 22
4.2 Metodologia de ensino tradicional ....................................................................... 22
4.3 Metodologia de ensino construtivista ..................... Erro! Indicador não definido.
4.4 Metodologia tradicional de ensino sociointeracionista ........................................ 23
4.5 Metodologia de ensino Montessoriano ............................................................... 23
4.6 Metodologia de ensino Freiriana ......................................................................... 24
4.7 Metodologia de ensino Construtivista ................................................................. 24
5 CONCEPÇÃO SOBRE ESCRITA E LEITURA..................................................... 26
6 CONCEPÇÃO ATUAL DE EDUCAÇÃO .............................................................. 29
7 O PAPEL DO EDUCADOR NO LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO ............... 32
8 AMBIENTE ALFABETIZADOR ............................................................................ 35
9 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ..................................................................... 41

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1 INTRODUÇÃO

Prezado aluno!

O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante


ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em
tempo hábil.
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora que
lhe convier para isso.
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser
seguida e prazos definidos para as atividades.

Bons estudos!

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2 ALFABETIZAÇÃO E LETRAMENTO

Fonte: wp-content.com.br

Primeiramente, antes de dar início aos nossos estudos, é preciso que você
conheça o significado da palavra alfabetização. Segundo o dicionário Houaiss (2009),
alfabetização é: “1- Iniciação no uso do sistema ortográfico. 2- Ato de propagar o
ensino ou difusão das primeiras letras.” Desta forma, podemos dizer que, a
alfabetização é a ação de ensinar/aprender a ler e escrever. É o processo pelo qual
as crianças aprendem a decodificar os elementos que compõem a escrita. Essa
decodificação inclui a memorização de letras, a identificação delas e a ligação de
sílabas.
De acordo com Soares (2004), a alfabetização é o processo de aquisição e
apropriação do sistema da escrita. Ele ainda se refere à alfabetização como um
conjunto de habilidades de uso da leitura e da escrita nas práticas sociais que as
envolvem. O referido autor complementa que, para entrar e viver no mundo do
conhecimento, o sujeito precisa desenvolver duas habilidades:

 A primeira está relacionada ao domínio da escrita, que envolve o sistema


alfabético e ortográfico, desenvolvido pela alfabetização.
 A segunda tem a ver com o domínio das competências e com o uso da
escrita em diferentes situações e contextos, o que é obtido por meio do
letramento.

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Seguindo a mesma vertente, Freire (1983) afirma diz que a alfabetização é um
ato criador, no qual o sujeito é agente da aprendizagem na medida em que vai
aprendendo e compreendendo a leitura e a escrita. Segundo ele, esse processo não
se dá de forma mecânica ou desvinculada de um universo existencial, ele exige uma
atitude e uma postura de criação e recriação.
Freire (1991), conclui que apenas dominar a escrita não é o bastante, é
indispensável inserir o sujeito nesse mundo para que desenvolva uma leitura crítica
das relações sociais. Assim, a alfabetização é um processo de aprendizagem onde os
indivíduos desenvolvem habilidades de escrita e leitura, enquanto o letramento
envolve a função social da alfabetização. São processos complexos, mas devem ser
combinados, talvez seja o maior desafio que os alfabetizadores enfrentam.
Já o letramento é muito mais profundo do que a alfabetização, corresponde à
interpretação e ao domínio da linguagem, não apenas decodificando. Quando um
aluno consegue entender o texto, contar histórias, falar com clareza e se expressar
com eficácia por meio das palavras que usa, ele se torna uma pessoa considerada
letrada. Letramento, segundo seus defensores, como Soares (2004) e Kleimam
(2007), refere-se à apropriação da leitura e da escrita para uso social, trazendo
consequências (políticas, sociais, econômicas, culturais) para indivíduos e grupos que
se apropriam da escrita, fazendo com que esta se torne parte de suas vidas como
meio de expressão e comunicação.
Quando nos referimos ao letramento, podemos dizer que ele ocorre muito antes
do indivíduo se ingressar na escola. Trata-se de um processo sistemático que envolve,
além dos professores, pais e demais pessoas que convivem com a criança. Biazioli
(2018), destaca que a criança, desde muito pequena, está inserida em um mundo
letrado, permeados de situações cotidianas envolvendo a leitura e a escrita. Dentre
essas situações, podemos considerar as contações de histórias, vídeos e jogos
educativos dispostos na internet, as músicas e as cantigas de roda etc. Estes são
exemplos práticos e concretos de como o letramento está presente desde os primeiros
anos de vida de uma criança.
Como você pode perceber o conceito de letramento e alfabetização não são a
mesma coisa, entretanto, são dois processos inseparáveis e interdependentes. Na
alfabetização os indivíduos aprendem a ler e escrever. Uma pessoa pode ser
alfabetizada, porém, não letrada, o ato de ler e escrever não garante um indivíduo ser

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capaz de ler jornais, revistas ou decifrar textos. Além disso ele pode apresentar
dificuldades em escrever um e-mail, uma carta ou expressar opiniões, fazer críticas
em forma de texto escrito.
Conceituar letramento é muito mais profundo e analítico do que conceituar
alfabetização. Na alfabetização, o objetivo se dá na decodificação de signos
linguísticos; por outro lado, no letramento, há uma visão minuciosa em relação ao uso
social da língua. A leitura e a escrita atingem a compreensão ao fazerem parte do
processo de significação do indivíduo. Caso a leitura e a escrita façam sentido para o
sujeito, ele é letrado; senão, ele é apenas alfabetizado.
Como afirma Kleiman (2007, p. 20), “[...] o fenômeno do letramento, então,
extrapola o mundo da escrita tal qual ele é concebido pelas instituições que se
encarregam de introduzir formalmente os sujeitos no mundo da escrita”. Uma pessoa
letrada pode utilizar da linguagem em inúmeros contextos sociais e sendo capaz de
produzir textos de diferentes níveis segundo a necessidade contextual. Para Ferreiro
(2002), ser letrado é:

[...] poder transitar com eficiência e sem temor numa intrincada trama de
práticas sociais ligadas à escrita. Ou seja, trata-se de produzir textos nos
suportes que a cultura define como adequados para as diferentes práticas,
interpretar textos de variados graus de dificuldade em virtude de propósitos
igualmente variados, buscar e obter diversos tipos de dados em papel ou tela
e também, não se pode esquecer, apreciar a beleza e a inteligência de um
certo modo de composição, de um certo ordenamento peculiar das palavras
que encerra a beleza da obra literária. (FEREEIRO, 2002, p. 16).

Ainda de acordo com o referido autor, estamos tão acostumados a pensar em


aprender a ler e escrever como um processo escolar que não percebemos que o
desenvolvimento da leitura e da escrita começa muito antes do início da escola.
Pessoas com habilidades de alfabetização, conseguem compreender uma
história, esta pode ser lida e expressada notadamente a sua compreensão. Portanto,
as crianças alfabetizadas sabem ler e escrever, e as letradas sabem usar a
alfabetização conforme as necessidades sociais. Pessoas letradas podem organizar
discursos, explicar textos e refletir sobre o que leem. Portanto, podemos dizer que a
principal diferença entre alfabetização e letramento está relacionada à qualidade do
domínio e à frequência do uso da leitura no dia a dia, além da capacidade de explicar
e lidar com as necessidades sociais.

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Deve-se ressaltar que a sociedade, assim como a língua, está em constante
mudanças. Se a sociedade e a língua mudam, além de aprofundar os estudos sobre
a concepção de letramento, é necessário compreender que novos gêneros e
discursos também surgem.
Com a evolução da tecnologia e com o avanço da comunicação, para Rojo
(2012) e Baptista (2016), duas novas visões teóricas entram em cena: letramentos
múltiplos e multiletramentos. Por mais que as nomenclaturas sejam parecidas, trata-
se de duas diferentes concepções.
A noção de letramentos múltiplos refere-se à manifestação da multiplicidade de
práticas de letramento envolvendo a leitura e a escrita. Tal noção recupera
abordagens de gêneros do discurso e interroga o nascimento desses gêneros nos
espaços digitais. Por outro lado, a concepção de multiletramentos refere-se à
multiplicidade de linguagens, não de gêneros. Isso ocorre porque os usuários da
língua, hoje, leem por meio de várias modalidades além das tradicionais, usando
desde imagens até emojis.
Mesmo que se trate de duas novas perspectivas, elas não se anulam; pelo
contrário. Enquanto na primeira perspectiva é possível perceber o papel dos diferentes
gêneros textuais e o seu uso social, na segunda, “multi” representa as diferentes
manifestações linguísticas que uma língua pode desenvolver.

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3 MÉTODOS DE ALFABETIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO BRASILEIRA

Fonte: pixabay.com

Historicamente, o ensino brasileiro foi influenciado por diferentes métodos de


alfabetização. Para conhecer esses principais métodos, é preciso conhecer
paralelamente o período histórico em que os métodos foram aplicados. Dessa forma,
é importante compreender as transformações educacionais, econômicas e sociais
implicadas nesses processos para, posteriormente, discutir acerca das metodologias
didáticas e especificidades de cada método.
No entanto, antes de nos aprofundarmos no assunto, é importante notar que
há muitos anos o cenário pedagógico e as preocupações com o ensino e a
aprendizagem da leitura e da escrita fazem parte das discussões de educadores, que
relacionam esse processo à utilização de métodos e à busca pelo melhor ou o mais
eficaz deles.
Mas, afinal, você sabe que são métodos? Recorrendo ao dicionário Houaiss,
dentre tantos significados apresentados, se destaca este: métodos são um “conjunto
de regras e princípios normativos que regulam o ensino, a prática de uma arte etc.”
Ou ainda: “processo organizado, lógico e sistemático de pesquisa, instrução,
investigação, apresentação etc.” (MÉTODO, 2009). A partir desses conceitos, se você
pensar nos métodos no ponto de vista da alfabetização, pode-se considerar que eles
se baseiam em indicar metodologias específicas que devem ser seguidas pela criança
para aprender a codificar e decodificar a leitura e a escrita. A partir dessa breve
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introdução, veremos os métodos que foram utilizados ao longo dos anos para
alfabetizar as crianças.
O primeiro método utilizado para o aumento da taxa de alfabetização do Brasil
foi chamado “método sintético”, que priorizava a leitura através das cartas do “ABC”,
baseando-se em um modo de associação de estímulos visuais e auditivos, e dando
uma maior prioridade a memorização.

3.1 Método sintético

Albuquerque (2012) destaca que o método sintético de ensino surgiu por volta
do século XVII. Nesse período, a leitura e a escrita passaram a ter maior importância
frente às mudanças históricas que a sociedade vivia. Como a grande maioria da
população não dominava o código escrito, iniciaram-se as discussões acerca de um
método que contemplasse a decodificação como forma de expandir a escolarização
ao restante da população, focando, assim, na prática escolar da leitura.
Neste caso, o aluno aprende primeiro as letras, depois as sílabas e as letras
dentro de cada sílaba, para finalmente, chegar à leitura da palavra. Até que todo esse
processo aconteça, a criança é submetida a uma gama de atividades de memorização
e decoração de letras e traçados, como forma de garantir um aprendizado mais
efetivo.
As cartilhas ou livros utilizados durante esse período eram um dos principais
recursos que o professor tinha à sua disposição, sendo também o primeiro contato da
criança com algum material impresso. Para que se compreenda melhor o método
sintético, é preciso conhecer as três fases distintas que são caracterizadas a partir
dos métodos alfabético, fônico e silábico.

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Método Alfabético:

Fonte: didatiquei.com.br

No método alfabético, também conhecido como método de soletração e método


ABC, a unidade partia do ensino, da decoração e da memorização oral das letras do
alfabeto. Primeiro, as letras eram apresentadas na ordem alfabética, depois no sentido
inverso e, posteriormente, havia o reconhecimento das letras isoladas.
Na próxima etapa, era apresentar a forma gráfica das letras. Conforme ia
aumentando o conhecimento da criança, as sequências iam aumentando os graus de
dificuldades. Partia-se então para o estudo e a formação das sílabas que eram
soletradas e decoradas pelos alunos para fazer as combinações silábicas. Nessa
etapa, a criança apenas memorizava e não estabelecia a relação entre a escrita e a
fala.
Segundo Frade (2007), as famílias silábicas eram apresentadas para as
crianças de forma que elas pudessem fazer todas as combinações possíveis. Havia
também a estratégia de que as letras e sílabas fossem cantadas e memorizadas.
Assim, o processo se tornava lento e pouco representativo para a criança. Carvalho
(2005, p. 22) ainda complementa que o método alfabético “[...] baseia-se na
associação de estímulos visuais e auditivos, valendo-se da memorização como
estímulo didático — o nome da letra é associado à forma visual, as sílabas são
aprendidas de cor e com elas se formam palavras isoladas”.
Nesse sentido, as palavras eram apresentadas e trabalhadas fora do contexto,
sem haver relação entre elas. De acordo com os estudos de Frade (2007), até os dias
de hoje, há regiões que utilizam esse método para alfabetizar. Seja na alfabetização
doméstica, realizada pelos familiares, seja na educação levada a cabo por professores

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leigos e com pouca formação, ainda há o emprego e os estudos repetitivos que partem
das cartas de ABC e que possuem como fundamento o ensino partindo das letras.

Método Fônico:

Fonte: aprenderebrincar.com

No método fônico, a unidade de ensino parte dos sons e tem como principal
objetivo estabelecer a relação entre a letra e o som que ela representa. A união da
consoante com a vogal auxilia a criança a trabalhar a pronúncia das sílabas que estão
sendo formadas, relacionando a palavra falada à escrita. Num primeiro momento, por
possuírem nomes e sons iguais, eram trabalhadas as vogais, depois palavras
formadas apenas por elas. No segundo momento, eram apresentadas as consoantes
e as formas mais complexas dos seus sons dentro da palavra.
Para Frade (2007, p. 23), o objetivo do método fônico é fazer a relação de que:
“Cada letra (grafema) é aprendida como um fonema (som), que, junto a outro fonema,
pode formar sílabas e palavras”. A partir da formação das palavras, surgem as frases
e os textos. Esse método é muito utilizado nos dias de hoje e possui suas vantagens
e desvantagens.
Entre as vantagens está o fato de que, se o aluno compreender a relação entre
as letras e os fonemas, haverá uma correspondência direta que será decifrada mais
rapidamente, sem oferecer maiores dificuldades. Isso se dá principalmente quando é
preciso escrever palavras com P, B, T, D e V, por exemplo, nas quais os fonemas

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representam a escrita das letras. Em contrapartida, algumas consoantes, para terem
seus sons identificados, precisam do apoio de uma vogal, mesmo que ela fique oculta
na hora da pronúncia. Um exemplo é o fonema /m/, que necessita de um mê para ser
referenciado.
Entre as desvantagens está o fato de que as letras podem apresentar diferentes
sons e fonemas conforme a posição que ocupam na palavra. Assim, esse processo
de transição até que a criança chegue ao nível ortográfico se torna mais lento. Outra
desvantagem são as variações quanto à pronúncia das palavras, que trazem
confusões na hora da escrita, pois uma mesma palavra é falada de uma forma e
escrita de outra, pois o sotaque e as variações linguísticas conforme cada região do
país influenciam essas inconstâncias.
Neste caso, o método fônico tem o objetivo de fazer com que a criança
demonstre compreensão dos padrões regulares de correspondência entre o som e a
soletração, entre os fonemas e os grafemas. A ideia é que, a partir desse domínio,
possa identificar os sons e realizar a leitura de palavras.

Método Silábico:

Fonte: brainly.com.br

O método silábico ou de silabação, segundo Frade (2005), tinha como ponto


de partida a união entre a consoante e a vogal para formar as sílabas. No entanto,
como em métodos anteriores, as unidades eram apresentadas à criança das mais
fáceis para as mais difíceis. Iniciava-se pelo ensino das vogais e encontros vocálicos,
e os professores faziam as relações entre a letra e as palavras começadas com ela a
partir de ilustrações. Por exemplo, “A de árvore”, “E de escada”.

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Posteriormente, eram sistematizadas as sílabas simples, também utilizando o
mesmo enfoque, porém agora no destaque das sílabas iniciais dentro da palavra,
como “PA de panela”, “MA de maçã”. A partir dessa introdução, eram trabalhadas as
famílias silábicas da sílaba que estava em destaque na palavra, ou seja, se a sílaba
que estava sendo aprendida era PA de panela, partia-se para o estudo da família
pa/pe/pi/po/pu e para a formação de novas palavras (FRADE, 2005).
Nesse sentido, quando a criança era instigada a escrever alguma palavra, ela
precisava primeiro se remeter à família silábica que a representava. Por exemplo, ao
escrever a palavra “banana”, ela deveria pensar na família do B (ba/be/bi/bo/bu) e na
família do N (na/ne/ni/no/nu).
O ensino das famílias silábicas compostas por essas letras era apresentado às
crianças de forma que a sílaba era indicada e estudada sistematicamente. A partir do
estudo das famílias, partia-se para a formação de palavras, frases e textos que
continham as sílabas já trabalhadas anteriormente.
Os apoiadores do método silábico acreditavam que o processo acontecia de
forma mais concreta e rápida, pois se estabelecia a relação entre os segmentos da
fala e da escrita. As cartilhas com o método silábico tinham como conteúdo palavras
que partiam da sílaba trabalhada. Dentro dessa letra, eram apresentadas várias
palavras, frases e textos em que a sílaba ensinada ganhava destaque, com o intuito
de que as famílias silábicas pudessem ser trabalhadas e evidenciadas pelas crianças.
Os textos e histórias tinham o propósito de trabalhar e treinar o ensino das
sílabas de forma mecanizada. Nesse sentido, os métodos sintéticos, sejam eles
alfabéticos, fônicos ou silábicos, têm como proposta a progressão das unidades
menores para as mais complexas. Além disso, privilegiam a aprendizagem das partes
para o todo por meio da decodificação, da análise fonológica e da relação entre letras
e sons. Como se pode concluir, os métodos da marcha sintética são inflexíveis e
tendem a desconsiderar os usos e funções sociais da escrita, dando pouca
importância ao sentido que os textos têm no contexto das crianças (FRADE, 2005).

3.2 Método analítico

Para combater os métodos sintéticos de alfabetização, surgiram os métodos


analíticos. Sua finalidade é romper com o princípio da decifração e ensinar a criança

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a perceber do todo para as partes, ou seja, a analisar de forma global a palavra, a
frase ou o texto para, posteriormente, considerar e decompor as unidades menores.
A principal estratégia perceptiva dos métodos analíticos, segundo Frade (2007),
é a visual. A ideia é que o aluno compreenda o sentido de um texto, utilize a pontuação
e a ortografia e tenha como ponto de partida um contexto mais próximo da sua
realidade. Quando considerada essa totalidade, o processo de alfabetização deixa de
ser abstrato e se tornar mais significativo.
Assim, o professor deve apresentar às crianças as palavras, frases ou textos
explorando-as o maior tempo possível, para só depois analisar e decompor as partes.
Para entender melhor o método analítico, vamos analisar as três fases distintas desse
método: palavração, sentenciação e global de contos.

Método da palavração:

Fonte: researchgate.net

É um método que se inicia a partir da apresentação da palavra, normalmente


ilustrada e vinculada ao universo da criança. O objetivo disso é estabelecer relações
entre a grafia e a representação da imagem. Quando o método era aplicado, as
palavras eram lidas e escritas diversas vezes até serem memorizadas. Somente a
partir dessa escrita é que elas eram divididas silabicamente, estudadas e relacionadas
a palavras novas que contivessem as sílabas vistas anteriormente.
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Com base nas palavras e no estudo das sílabas, partia-se para a relação entre
grafema e fonema, em que a criança percebia os sons que representavam cada
unidade. A etapa seguinte era a formação das frases com essas palavras e de textos
com as frases trabalhadas.
A diferença entre o método da palavração e o método silábico de marcha
sintética, segundo Frade (2005), é que as palavras não têm a obrigatoriedade de ser
decompostas no início do processo. Pelo contrário, elas primeiro precisam ser
compreendidas e reconhecidas para depois serem esmiuçadas. Além disso, na
palavração não existia a lógica de que deveria iniciar-se a alfabetização pelas palavras
mais fáceis. O que se levava em consideração era se as palavras apresentavam
sentido e significado para os alunos.
Para exemplificar o método da palavração, considere a palavra “boca”. Num
primeiro momento, a palavra será analisada em sílabas (bo-ca). A partir dessa análise,
é desenvolvido o trabalho com as famílias silábicas pertencentes à palavra
(ba/be/bi/bo/bu), chegando-se enfim à aprendizagem das letras (b-o-c-a). Frade
(2005) aponta, entre as desvantagens da palavração, as dificuldades enfrentadas
pelos alunos para escrever palavras novas, visto que não era incentivada a análise e
o reconhecimento das partes.

Método da sentenciação:

Fonte: researchgate.net

Frade (2007) aponta que, no método de sentenciação, a aprendizagem toma


como partida a utilização da sentença ou da frase que, depois de contextualizada, é
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dividida e decomposta em palavras. Depois, são abordados os elementos mais
simples e as unidades menores, as sílabas. As frases, assim como no método da
palavração, são formadas e levam em consideração o contexto do aluno.
Depois de as frases serem apresentadas, ocorre a leitura e a escrita delas, o
que envolve um processo de memorização. Dentro de cada sentença, observa-se as
semelhanças entre as palavras, comparando-as entre si, tendo como objetivo a
formação de grupos com novas palavras. Somente depois desse processo é que são
introduzidas as sílabas e as relações entre fonemas/grafemas.

Método global de contos:

Fonte: cenpec.org.br

O método global de contos, textos ou historietas, segundo Frade (2007), toma


como ponto de partida o reconhecimento global do texto, que, assim como nos
métodos anteriores, precisa ser memorizado durante um período de forma que seja
lido, escrito e compreendido. Para isso, são apresentados aos alunos cartazes ou pré-
livros com partes de um texto ou textos completos que fossem significativos para eles.
Após essa apresentação e um convívio maior do aluno com o texto, este era
desmembrado em frases ou sentenças, partindo-se para o reconhecimento das
palavras e, finalmente, das sílabas e letras. Todo esse processo acontecia de forma

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mais lenta, pois, caso esse método fosse apresentado apressadamente, as unidades
menores poderiam não ter sentido para a criança.
Nesse método, por haver a necessidade de trabalhar iniciando-se pelos textos,
as cartilhas foram deixadas em segundo plano. Os textos deveriam ser escolhidos a
partir de temas relevantes para o universo infantil, considerando, nesse sentido, o
“todo” como algo concreto e palpável de ser apreendido. Iniciou-se então a produção
de livros e cartazes que serviriam como material de apoio para o trabalho do professor.
Há quem diga que o método global proporciona à criança maior
reconhecimento e uma aprendizagem mais significativa, visto que o ensino da leitura
acontece antes mesmo de a criança conhecer as partes menores ou o nome das
letras. Em contrapartida, há também quem defenda que nesse método a criança não
aprende realmente a ler; ela apenas decora os textos trabalhados em sala de aula,
descobrindo o que está escrito (FRADE, 2007).
No que diz respeito à tentativa de a criança decodificar e realizar a leitura,
acreditava-se que era um processo que acontecia com mais rapidez por partir de
palavras conhecidas e que tinham como foco a memorização global. No entanto,
alguns questionamentos surgiam, principalmente quando se pensava na
aprendizagem efetiva dos alunos, pois o professor deveria saber identificar se o
processo de leitura está realmente acontecendo, ou se aula está apenas servindo
como um momento para decorar textos e histórias ou recitar palavras.
Pensando, então, nos métodos analíticos estudados até aqui, concluímos que
todos têm como enfoque a compreensão do sentido da aprendizagem a partir do
reconhecimento do todo. Assim, têm como vantagem a possibilidade de a criança
realizar, desde seu primeiro contato com o processo de escolarização, a leitura de
palavras, frases ou textos que tenham significado para ela. Como se pode ver, se não
for conduzido e orientado corretamente pelo professor, esse processo pode tornar-se
um ponto de dificuldade para o aluno, correndo o risco de perder o sentido diante da
apresentação de novas palavras.

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4 METODOLOGIA DE ENSINO

Fonte: pixabay.com

Metodologia é o direcionamento voltado a atingir um determinado objetivo,


alcançando o resultado final. A origem da palavra vem do latim “methodus”, se
constituindo no meio educacional, como campo de estudo da forma como o
conhecimento é gerado. Na educação entende como metodologia pedagógica, o
modelo teórico que subsidia a construção do currículo escolar e orienta o
planejamento curricular, indo desde a entrega de conteúdo escolar até as informações
de contato entre educadores e estudantes. De acordo com Ferreiro (2011):

Nenhuma prática pedagógica é neutra. Todas estão apoiadas em certo modo


de conceber o processo de aprendizagem e o objeto dessa aprendizagem.
São provavelmente essas práticas (mais do que os métodos em si) que têm
efeitos mais duráveis a longo prazo, no domínio da língua escrita como em
todos os outros. Conforme se coloque a relação entre o sujeito e o objeto de
conhecimento, e conforme se caracterize a ambos, certas práticas
aparecerão como “normais” ou como “aberrantes”. É aqui que a reflexão
psicopedagógica necessita se apoiar em uma reflexão epistemológica.
(FERREIRO, 2011, p.33).

Buscando uma visão, missão e valores, as instituições de ensino devem


escolher a metodologia educacional mais apropriada para que se harmonize de forma
mais coerente a realidade dos estudantes. Dessa forma, os alunos são inspirados por
esses princípios de gestão e motivados pelo desenvolvimento pessoal e profissional

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que a gestão acredita ser o melhor para seus discentes. Sendo assim é necessário
que se apresente algumas metodologias de ensino dentre as diversas existentes.

4.1 Metodologia de ensino ativa

Consiste em um método de aprendizagem cujo o principal objetivo é motivar os


alunos, interessados e engajados ao longo do semestre. Esta metodologia propõe um
novo paradigma educacional, que muda a relação entre educadores e alunos. Alguns
exemplos desta metodologia são: metodologia de projetos, sala de aula invertida,
trabalhos em dupla ou equipe, estudos de caso, exposições, mapas mentais,
gamificação, ensino híbrido.
De acordo com Lopes (2015), o conceito de metodologia ativa está
fundamentado nas ideias de John Dewey, desde a década de 1930, sobre alunos
ativos e construção do conhecimento em situações que superem a tradicional aula
expositiva, em que a finalidade é a reprodução e memorização do conteúdo de ensino.
Ainda corroborando com Lopes (2015), Nascimento e Coutinho (2017, p.136),
afirmam que,

as metodologias ativas de aprendizagem (MAA) são formas inovadoras de


educar, que estimulam a aprendizagem e a participação do aluno em sala de
aula, fazendo com que ele utilize todas as suas dimensões sensório/motor,
afetivo/emocional e mental/cognitiva.

4.2 Metodologia de ensino tradicional

O método tradicional de ensino baseia-se no seguinte princípio: o professor é


o narrador dos fatos tendo como ouvinte o aluno. Os educadores preparam os
conteúdos com antecedência e os transmite aos alunos que possuem a função de
absorver e relembrar o que aprenderam. O foco dos professores é disseminar o
conhecimento de forma clara, para que os estudantes possam aprender e absorver
passivamente. Dessa maneira, caso não consigam as metas esperadas, os alunos
são reprovados.
No método tradicional, tem-se como vantagem o fato do professor ser o centro
do aprendizado e, por esse motivo, possuir um maior controle das aulas. Contudo,
também possui desvantagens, pois, torna-se difícil para o professor explicar a prática

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através de aulas expositivas, assim como para o aluno fica difícil pensar na
aplicabilidade da teoria exposta.

4.3 Metodologia tradicional de ensino sociointeracionista

A metodologia tradicional de ensino sociointeracionista, possui como base a


importância da interação entre o sujeito e o meio. Neste método ocorre a acumulação
de conhecimento por meio da interação social, cultura e processos sociais. O
verdadeiro conhecimento da criança é o ponto de partida do conhecimento potencial.
Para Vygotsky (1987), o indivíduo não é resultado de um determinismo cultural,
ou seja, não é uma "tábula rasa", um ser passivo, que só reage frente às pressões do
meio, mas um sujeito que realiza uma atividade organizadora em sua intervenção no
mundo, capaz de mudar a própria cultura.

4.4 Metodologia de ensino Montessoriano

Nas instituições de ensino Montessoriano, existem os professores


observadores. Nesse caso, o educador visa acompanhar de perto a aprendizagem de
crianças e jovens, examinando sua evolução e descobrir o que realmente atrapalha
sua aprendizagem avaliando o estudante por meio da observação. Por meio desse
método, as salas de aula são equipadas com diversos materiais e atividades, podendo
os alunos escolher o que fazer na aula.
Além de organizar a classificação das atividades para garantir o crescimento
de todos, o educador tem a função de orientar, esclarecer dúvidas e ajudar os alunos
a superarem dificuldades. Montessori considerava a ênfase no ambiente um elemento
básico de seu método. Ela descrevia esse ambiente como um lugar que nutria a
criança, planejado para suprir as necessidades de autoconstrução e revelar a nós sua
personalidade e padrões de crescimento. Isso significa que o ambiente não deve
conter apenas aquilo de que a criança precisa, no sentido positivo, mas que todos os
obstáculos referentes ao crescimento dela devem ser removidos.

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4.5 Metodologia de ensino Freiriana

A formação metodológica de Freire está muito alinhada aos problemas e


necessidades atuais e ao desenvolvimento da consciência crítica. Este é um método
desenvolvido na década de 1960, principalmente para atender às necessidades de
alfabetização de adultos. Há três fases no processo de desenvolvimento do
pensamento crítico. São elas: investigação temática, tematização, problematização
De acordo com Freire:

O educador estabeleceu, a partir de sua convivência com o povo, as bases


de uma pedagogia onde tanto o educador como o educando, homens
igualmente livres e críticos, aprendem no trabalho comum de uma tomada de
consciência da situação que vivem (FREIRE, 1967, p. 26).

4.6 Metodologia de ensino Construtivista

Nesse método, diferente do método tradicional, o aluno é o sujeito ativo no


processo de ensino-aprendizagem, e o professor age como um agente facilitador no
processo que orienta o aluno a buscar e gerar seus próprios conhecimentos. Os
alunos são os protagonistas do seu processo de aprendizagem, ou seja, a educação
não é uma simples disseminação de conhecimento, ela vai além e se torna um
processo que apoia e permite que os estudantes criem e vivenciem o conhecimento e
a aprendizagem. Além disso, as salas de aula são mais reduzidas, os educadores
podem prestar mais atenção nos alunos e personalizar as aulas conforme necessário,
estimulando o conhecimento e respeitando o tempo de cada aluno.
Inspirado nas ideias de Jean Piaget, este método visa despertar a curiosidade,
pois, os alunos são orientados a encontrar respostas a partir do seu conhecimento e
interação com a realidade e os colegas. Emília Ferrero, aluna de Piaget, estendeu
essa teoria para o campo da leitura e da escrita, e concluiu que, enquanto as crianças
estiverem em um ambiente que estimula o contato com letras e palavras, esta pode
aprender a ler e a escrever sozinha. Portanto, o construtivismo representa um ideal
epistemológico, psicológico e pedagógico difundido nas práticas e reflexões
pedagógicas. Assim, sugere que os alunos participem ativamente de sua própria
aprendizagem através de experimentos, pesquisas em grupo, estimulando a dúvida e
desenvolvendo o raciocínio.

24
Através de seu papel, estabelecendo os atributos do objeto e as características
do mundo. Esse método enfatiza a importância do erro, não como uma pedra de
tropeço, mas como uma ponte de acesso no caminho para o aprendizado. A teoria
condena a rigidez no processo de ensino, avaliações padronizadas e o uso de
materiais de ensino que são muito estranhos ao mundo pessoal do estudante.
Segundo Becker (1993):

Construtivismo significa isto: a ideia de que nada, a rigor, está pronto,


acabado, e de que, especificamente, o conhecimento não é dado, em
nenhuma instância, como algo terminado. Ele se constitui pela interação do
indivíduo com o meio físico e social, com o simbolismo humano, com o mundo
das relações sociais; e se constitui por força de sua ação e não por qualquer
dotação prévia, na bagagem hereditária ou no meio, de tal modo que
podemos afirmar que antes da ação não há psiquismo nem consciência e,
muito menos, pensamento (BECKER, 1993. p.88).

Para Ogborn (1997), o construtivismo educacional também promove o


progresso da pesquisa do processo de ensino-aprendizagem, que ele resume
corretamente nos quatro aspectos a seguir:

A importância do envolvimento ativo do estudante para o alcance dos


entendimentos;
A importância do respeito pelo estudante e por suas próprias ideias;
A compreensão de ciência constituída de ideias criadas por seres humanos;
A primazia por uma concepção de ensino que capitaliza e usa o que os
estudantes já sabem, com o intuito de superar suas dificuldades para a
compreensão de novos saberes com base na sua visão de mundo
(OGBORN,1997, p. 131).

As propostas da prática construtivista também impactam positivamente na


avaliação dos estudantes sobre o processo de aprendizagem, pois esses conteúdos
possuem um maior significado para o estudante. O desempenho do educador evolui,
este se torna mais dinâmico, tendo melhores oportunidades voltadas para um
pensamento construtivo, possuindo maior disposição para conversar com os
discentes. Ocorre uma intervenção através do educador, e pode ser decisivo no
processo de ensino para proporcionar aos alunos um espaço construtivo, reflexivo e
aberto a debates.

25
5 CONCEPÇÃO SOBRE ESCRITA E LEITURA

Fonte: pixabay.com

O uso da linguagem tem um forte significado histórico, ou seja, por meio da


leitura e da escrita, o ser humano passou a registrar a cultura, as emoções, a poesia,
e conseguiu ver o mundo com outros olhos. Mesmo assim, isso não significa que os
humanos não utilizassem outras formas de expressão antes do desenvolvimento da
escrita. Havia desenho, antes, mas foi através da escrita que as habilidades de
comunicação foram ampliadas. Sendo o ensino da língua refere-se à forma como o
homem se entende, a linguagem, o universo em que ele se encontra e daí derivam as
diferentes concepções de linguagem, de língua e de ensino, que surgiram ao longo
da história.
Segundo Marin (2001, p.119) “ler, é compreender o que lemos, dotar essa
operação de reconhecimento da estrutura de significante de uma significação, (...) Ler
também, é enfim, decifrar, interpretar, visar talvez adivinhar o sentido de um discurso”.
Entretanto, aprender a ler e escrever é um processo com formas diferentes do que
apenas decodificar símbolos.
A construção das habilidades de alfabetização, envolvem para o ser humano a
compreensão da sua existência, percebendo que a escrita tem a função de registrar
os fatos da criação e da vida humana. A Leitura é um processo que retrata a
construção de novos significados pelo leitor e de sentidos da leitura, pois quanto mais

26
lemos, mais sabemos. No ato de ler o ser humano lembra, compara, e evoca
emoções, expande o desejo e a capacidade de criar significado.
Contudo, o ato de aprender a ler e escrever, possui formas simples em relação
aos símbolos. Para que os sujeitos construam habilidades de alfabetização, devem
compreender sua própria existência, percebendo que a escrita possui função de
registrar os fatos da vida humana. Como indicam Coscarelli e Novais (2010), a leitura
é um processo cada vez mais complexo, no sentido de que exige novas formas de
lidar com os textos nas situações reais de comunicação, já que é uma atividade
dinâmica. Decorre, disso, que o ato de ler envolve considerar os elementos gráficos
presentes, bem como:

[...] a produção de inferências e a depreensão da ideia global, a integração


conceitual, passando pelo processamento lexical, morfossintático, semântico,
considerando fatores pragmáticos e discursivos imprescindíveis para à
construção do sentido. (COSCARELLI; NOVAIS, 2010, p. 36).

Aconselha-se fazer o esclarecimento relativo à escrita, sendo vista como um


processo de melhoria da humanidade, enriquecimento externo, desenvolvimento
intelectual e cultural humano.
A proficiência na linguagem falada e escrita é essencial para uma efetiva
participação social, pois o ser humano comunica-se, obtém informações, expressa e
defende opiniões, compartilha ou constrói uma visão de mundo e, por meio dessa
comunicação, gerar conhecimento. Portanto, as instituições de ensino devem cumprir
a função de assegurar que todos os estudantes obtenham os conhecimentos
linguísticos necessários ao exercício da cidadania, sendo um direito inalienável de
todos (SILVA, 2020).
Vale destacar que a relevância da leitura contínua e o papel do professor como
mediador, para os alunos, fundamentam a capacidade de fornecer texto por meio do
valor da leitura, assim como a compreensão de profissionais e dos textos sendo uma
unidade importante carregada pela rede de significados. Crucialmente, o ensino
deverá transformar os alunos em um indivíduo social que pode se relacionar com a
complexidade dos textos existentes na sociedade.
De acordo com Rezende (2009), quanto mais se exerce o ato de ler, melhor o
desempenho de quem lê. Por outro lado, se não temos conhecimentos prévios, que
permitam o diálogo com o texto, é preciso criar-se condições de aproximação do leitor
com a leitura.
27
Portanto, uma boa leitura e escrita exigem muito trabalho e dedicação dos
estudantes, bem como orientação e mediação segura do educador. Para aprofundar
a compreensão do comportamento de leitura e escrita, torna-se necessário avaliar o
papel dos discentes na estrutura da leitura e da escrita e suas visões sobre o
processo, bem como a importância e as visões dos educadores no processo de
desenvolvimento das capacidades relativas a leitura e a escrita no processo de
construção textual.
Esses fatos são dignos de reflexão dos professores, em uma época em que
prevalece a linguagem oral, eficaz e abrangente, as pessoas não podem esquecer a
importância da expressão escrita, saber expressar corretamente as ideias oralmente,
escrever e argumentar de forma eficaz é um fator indiscutível para o sucesso pessoal
na sociedade.
De acordo com Branco e Simonian (2010):

As práticas com a oralidade, além de atenderem objetivos específicos de


comunicação e serem consideradas atividades mais comuns na Educação
Infantil, se aplicam a todas as faixas etárias de alunos porque preparam os
aprendizes para as situações mais formais de contato com a produção escrita
que é a de ouvir e a de ouvir a leitura de histórias feitas pelo adulto. Essa
leitura faz com que os aprendizes entrem em contato com novos padrões
linguísticos, diferentes da linguagem coloquial com a qual estão
acostumados. Ouvindo a linguagem empregada nos livros de história, e nas
notícias, os alunos se expõem aos modelos da “linguagem que se escreve” e
que eles deverão distinguir e adquirir muito antes de aprender a
escreve (BRANCO; SIMONIAN, 2010, p.59).

Consequentemente, as instituições de ensino são ambientes onde ocorre a


busca pelo desenvolvimento de habilidades referentes a construção do ato de ler e
escrever, devendo não ser excluída informações e habilidades a serem dominadas no
processo de ensino.
Branco e Simonian (2010) relatam também que escrever é sempre uma
atividade reflexiva e pensativa e não uma reprodução mecanicamente memorizada.
Para escrever, precisa conhecer as palavras que deseja escrever e não apenas as
letras do alfabeto, embora as letras sejam os instrumentos de escrita. os alunos
conhecem as letras das palavras que querem escrever e também conhecem os textos
que o ambiente sociocultural e escolar proporciona, não apresentam somente um
mero elementos isolados.
São possíveis razões que podem causar dificuldades no aluno, podendo as
instituições de ensino privilegiar o aspecto gramatical, impondo o assunto a ser
28
desenvolvido, não fornecendo comentários, ou mesmo tem pouco interesse na escrita,
dando maior ênfase na Leitura mecânica, não proporcionando o desenvolvimento
criativo às crianças.
Quanto ao ensino da leitura, Coelho e Dutra (2018), afirma que, é um grande
desafio e uma exigência para a escola. Além de ser condição necessária para o
sucesso escolar, a leitura é elemento fundamental para o desenvolvimento
profissional, social e cultural, uma vez que possibilita a expansão de conhecimento,
favorece a compreensão dos fatos e flexibiliza formas de pensar a realidade.

6 CONCEPÇÃO ATUAL DE EDUCAÇÃO

Fonte: pixabay.com

A educação vive um momento especial, pois, a atenção da sociedade tem se


voltado para as instituições de ensino, como espaço básico de formação. Diversas
demandas surgiram devido a globalização que a sociedade está vivendo. As
distâncias foram reduzidas, meios de comunicações sendo amplamente divulgados,
o que permite que as pessoas tenham acesso com maior rapidez as informações,
aliado a essa situação o surgimento da revolução tecnológica trouxe mudanças
significativas nos setores produtivos e nas formas de socializar.
Ressaltando que as instituições de ensino são campos de conhecimento onde
diversas gerações convivem, ocorrendo fortes conflitos e contradições, problemas

29
devem ser negociados e resolvidos para que o processo educativo seja um sucesso.
Costa (1995) afirma que:

Não podemos deixar de reconhecer, hoje, a incidência de consideráveis


modificações operadas no mundo do trabalho pela sofisticação dos
mecanismos do capitalismo, o que é registrado mesmo por teóricos de
orientação marxista. O surgimento de um amplo espectro de atividades
burocráticas e de prestações de serviços, e as alterações no interior de
práticas ocupacionais reconhecidas e tradicionais, tem produzido mudanças
nas relações de trabalho e na estrutura de classes [...]. (COSTA, 1995, p.
189).

Além do mais, espera-se que as escolas proporcionem aos estudantes uma


formação integral, desenvolvendo aspectos como: capacidades cognitivas, culturais,
psicológicas, sociais e produtivas. Portanto, é fato que na história da educação, nunca
tantas exigências foram delegadas às instituições de ensino fundamental, médio e
superior, o que torna o trabalho da educação tão complicada quanto os problemas
que a sociedade hoje enfrenta, principalmente quando se aponta que a educação
formal é a principal forma de superar os desafios.
As mudanças graduais da sociedade, fazem com que esta precise se adaptar
aos novos problemas de sobrevivência causados pelas novas formas de organização
econômica. Nessa forma de organização a competitividade dos indivíduos no mercado
de trabalho torna necessária a busca constante por atualizações profissionais a partir
das necessidades do mercado.
O ambiente educacional brasileiro teve de se adequar às exigências desse tipo
de organização econômica. O conceito educacional brasileiro proposto a partir dos
PCNs – Parâmetros Curriculares Nacionais, exposto pela teoria construtivista, aponta
a relevância da educação em termos de desenvolvimento de habilidades e
competências. A construção global do conhecimento de indivíduos, visa preparar os
alunos para este tipo de organização social eficaz. Nesse tipo de organização social,
o desenvolvimento dos meios de produção e da tecnologia tendem a continuar
exigindo que as pessoas dominem diferentes habilidades.
As instituições de ensino passaram a serem vistas como uma válvula de escape
para a resolução de problemas contemporâneos causados pelo capitalismo. Desta
forma, a educação passou a ter uma função para além do âmbito da disseminação e
absorção sistemática do conhecimento, abrangendo os aspectos da educação que
antes eram considerados responsabilidades básicas da família, bem como resolver a

30
incerteza da relação atual entre os indivíduos e consequências da industrialização em
larga escala no meio ambiente (CRIVELARO, 2013).
Em determinados momentos a educação torna-se menos importante no fator
de função social, sendo este o pré-requisito básico para a transformação da realidade,
de forma crítica, criando cidadãos conscientes e informados. É neste sentido que o
currículo, incluindo as disciplinas, constituem uma conversão da cultura da sociedade
global, uma espécie de ‘reinvenção da cultura’, que resulta num tipo peculiar de saber,
o saber escolar.
Contribuindo com esta reflexão Luckesi (1993), expressa que:

[...] educador é aquele que, tendo adquirido o nível de cultura necessário


para o desempenho de sua atividade, dá direção ao ensino e aprendizagem.
Ele assume o papel de mediador entre a cultura elaborada, acumulada e em
processo de acumulação da humanidade (LUCKESI, 1993, p.115).

Hoje, a proporção de crianças e jovens com deficiência de aprendizagem nas


escolas de todo o país é elevada, a taxa de analfabetismo diminuiu, mas, por outro
lado, a qualidade da educação em todos os níveis é muito baixa. Em muitos casos, os
estudantes precisam de intervenção especificamente em suas atividades de
aprendizagem, mas devido a burocracia das políticas públicas, dessa forma fragiliza
o desenvolvimento acadêmico e social de muitas pessoas e estimula o círculo vicioso
da baixa escolaridade no ano seguinte, não ocorrendo medidas especiais de
intervenção pedagógica. De acordo com Netto e Falcão:

Vista sob um certo ângulo, a vida cotidiana é em si o espaço modelado (pelo


Estado e pela produção capitalista) para erigir o homem em robô: um robô
capaz de consumismo dócil e voraz, de eficiência produtiva e que abdicou de
sua condição de sujeito, cidadão (NETTO; FALCÃO, 1989, p. 19).

Segundo Abad (2004), a escola, ao não ter a capacidade de construir relações


condizentes com as características, interesses, expectativas, linguagens dos seus
jovens alunos, termina por criar rupturas, às vezes irreversíveis, entre o mundo escolar
e o mundo juvenil do educando. A consequência disto pode ser o afastamento, não
apenas simbólico, mas, real desses jovens da escola.
Tal situação pode ser comprovada pela análise dos índices de evasão,
repetência, e pela observação dos tão conhecidos problemas enfrentados pelos
professores, tais como a indisciplina, o desinteresse e até mesmo a violência. Ainda
mais que, atualmente, em decorrência da modernização industrial e da economia em

31
desenvolvimento, não existe mais a ilusão da mobilidade e da ascensão social, que
deveria ser trazida pela expansão da educação média, como já foi para seus pais,
tornando a escola menos atraente e sem sentido para os jovens.
Nesse processo, muitas são as lacunas que envolvem a educação sistemática,
uma vez que toda a escola é composta por diversos ramais, os esforços devem ser
feitos de forma clara na busca de um objetivo comum, não sendo possível apontar
apenas uma área específica responsável por este resultado. Na gestão da sala de
aula, os professores precisam buscar flexibilidade e atitudes empreendedoras para se
aprimorarem continuamente, adquirindo conhecimentos em diferentes áreas, para
melhorar a qualidade da aula, trazendo criatividade e sempre buscando a
autorrenovação para atender às crescentes necessidades sociais, os educadores
precisam melhorar continuamente suas habilidades.
Na prática de ensino, atrair a atenção e estimular a curiosidade e o desejo de
aprender dos alunos deve ser uma meta imutável. Respeito é o ponto principal, os
profissionais da educação devem ter como pré-requisito a criação de oportunidades,
incluindo ativamente e qualitativamente os indivíduos, respeitando os limites
individuais e demonstrando suas potencialidades.

7 O PAPEL DO EDUCADOR NO LETRAMENTO E ALFABETIZAÇÃO

Fonte: pixabay.com

Os educadores que desejam desempenhar o papel de responsável pelo


letramento devem considerar que o ato de educar não é uma doação de conhecimento
32
do professor aos alunos nem a difusão de ideias, mesmo que essas ideias sejam
consideradas muito boas. Em vez disso, é uma contribuição ao processo de
humanização.
Este processo desempenha um papel fundamental no exercício do educador,
pois, este acredita na construção do conhecimento para promover o desenvolvimento
humano, tornando-se uma ferramenta cooperativa para o crescimento dos alunos,
orientando-os para a criação dos seus próprios conceitos e conhecimentos. Lima
(2015) afirma, nesse sentido, que “ciente da complexidade do ato de alfabetizar e
letrar, o professor é desafiado a assumir uma postura política que envolve o
conhecimento e o domínio do que vai ensinar” (LIMA, 2015, p. 91).
O autor menciona também que é preciso que os educadores, principalmente
aqueles que estão há muitos anos na função de alfabetizadores e contam com a pura
decodificação, concordem em quebrar o paradigma e acreditem que as mudanças na
sociedade contemporânea afetarão todas as áreas.
Portanto, assim como o conhecimento e o saber dos educadores, os métodos
que aprenderam décadas atrás podem e devem ser aprimorados, atualizados ou
mesmo revisados, o conhecimento nunca se completa, não ficar estagnado diante da
evolução e a globalização que a sociedade usufrui. É, portanto, “importante que o
professor, [...] conceba a alfabetização e o letramento como fenômenos complexos e
perceba que são múltiplas as possibilidades de uso da leitura e da escrita na
sociedade” (LIMA, 2015, p. 91).
Na prática docente dos educadores, a parceria entre a alfabetização e
letramento deve ser estreitada ou estabelecida a cada dia, para promover o diálogo
entre o mundo abstrato da leitura e o mundo real dos indivíduos em processo de
aprendizagem e letramento, fazendo com que aqueles que tiveram acesso a
alfabetização e letramento, transpassem o campo da leitura simples, encontrando um
significado no ato de ler e escrever.
Portanto, antes que um professor queira desempenhar o papel de um
alfabetizador letrador, este deve estar atento, buscando conhecimento contínuo,
dominando obras escritas, ferramentas de busca de informações e se tornar um
excelente leitor e redator. Porém, para ser capaz de alfabetizar e letrar os alunos, é
necessário compreender o processo de alfabetização e letramento reconhecendo as
características de cada um.

33
Em uma entrevista concedida ao Jornal Brasil (2000), a professora Magda
Soares destacou como facilitar o ensino que combina as especificidades desses dois
processos, o alfabetizar e o letrar:

Se alfabetizar significa orientar a criança para o domínio da tecnologia da


escrita, letrar significa levá-la ao exercício das práticas sociais de leitura e de
escrita. Uma criança alfabetizada é uma criança que sabe ler e escrever; uma
criança letrada (tomando este adjetivo no campo semântico de letramento e
de letrar, e não com o sentido que tem tradicionalmente na língua, este
dicionarizado) é uma criança que tem o hábito, as habilidades e até mesmo
o prazer de leitura e de escrita de diferentes gêneros de textos, em diferentes
suportes ou portadores, em diferentes contextos e circunstâncias. [...]
alfabetizar letrando significa orientar a criança para que aprenda a ler e a
escrever levando-a a conviver com práticas reais de leitura e de escrita:
substituindo as tradicionais e artificiais cartilhas por livros, por revistas, por
jornais, enfim, pelo material de leitura que circula na escola e na sociedade,
e criando situações que tornem necessárias e significativas práticas de
produção de textos. (JORNAL DO BRASIL, 2000).

Os cursos de formação de professores em qualquer área do conhecimento


devem se concentrar na formação de excelentes leitores e excelentes produtores de
texto na área, e na formação de indivíduos que possam treinar excelentes leitores e
produtores de texto. Vale ressaltar que a formação ineficiente de professores se reflete
na formação de um bom leitor de textos e também de um produtor de textos. Quanto
ao papel do professor letrador e alfabetizador alguns passos devem ser respeitados.
Dentre os quais são:

 Investigar os costumes sociais no cotidiano dos alunos para adaptá-los


à sala de aula e ao conteúdo a ser processado;
 O conceito de alfabetização, métodos de ensino e teoria da
aprendizagem;
 Planejar ações para ensinar o uso da linguagem escrita e como os
alunos devem utiliza-las;
 Identificar variáveis que interferem na assimilação do conteúdo;
 Através da leitura, interpretação e produção de vários tipos de textos,
são desenvolvidas entre os alunos competências eficazes de leitura e
escrita na sociedade;
 Escolha diferentes materiais adequados para o trabalho de ensino;
 Incentivar os alunos a ler e escrever socialmente de forma criativa,
detectável, crítica, autônoma e ativa;

34
 Gestão adequada da sala de aula e organização do espaço,
especialmente quando o nível de conhecimento relacionado ao sistema
de escrita é diferente;
 Orientar ao aluno em compreender o seu próprio valor, promovendo a
autoestima, alegria de viver e a cooperação;
 Analisar os trabalhos escritos dos alunos para determinar sua
compreensão sobre o conhecimento linguístico;
 Desenvolver uma metodologia de avaliação com um certo grau de
sensibilidade, atentando para múltiplas vozes, vários discursos e
diferentes linguagens;
 Produção de ferramentas de avaliação de aprendizagem.

Na sala de aula de alfabetização, os educadores devem considerar os


diferentes processos de letramento que constituem a vida dos alunos, visando utilizar
métodos e estratégias permitindo que os alunos aprendam, recebam e desenvolvam
esses diferentes níveis de conhecimento, de forma clara e interessante, obtendo
sucesso na leitura e na escrita e alcançando independência intelectual.

8 AMBIENTE ALFABETIZADOR

Fonte: pixabay.com

O termo "ambiente de alfabetização" tornou-se uma referência para discutir a


metodologia de alfabetização em meados da década de 80. Com a disseminação da

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ideologia construtivista, a ênfase está nas crianças e no processo de conceituação de
sua escrita, e como as crianças interagem com elas.
A ideia básica é que os alunos alfabetizando possam refletir sobre o sistema
de representação e atribuir seus símbolos gráficos e regras de funcionamento com
base em conexões estreitas com materiais escritos e participação ativa em práticas
de leitura e escrita de adultos.
Tentamos dizer que um ambiente de alfabetização, quando promove uma série
de situações em que a alfabetização é efetivamente utilizada, as crianças têm a
oportunidade de participar. Se os adultos que vivem com crianças usam a escrita em
sua vida diária e lhes oferecem oportunidades de testemunhar e participar de vários
comportamentos de leitura e escrita, estas podem pensar sobre a linguagem e seus
usos desde a mais tenra idade sobre como ler e escrever.
Deste modo, Moreira (2007) afirma que, um ambiente escolar de aprendizagem
é o local previamente organizado para fomentar oportunidades de aprendizagem, e é
constituído singularmente na medida em que é criado por alunos e professores a partir
das interações que estabelecem entre si e com os outros objetos do próprio ambiente.
Nas instituições de educação infantil, existem vários ambientes de
comunicação que requerem mediação por escrito. Por exemplo, ao usar instruções
escritas para as regras do jogo, ao ler notícias de interesse das crianças, ao informar
a data e a hora da festa no convite de aniversário, no momento de anotação de ideias,
envios de bilhetes dos educadores para os pais, mas antes o educador faz uma leitura
para as crianças, deixe-as saber o conteúdo e a intenção das notas. Com essa visão,
a escola deve ser um local de aprendizagem que possa considerar de forma
sistemática e coesa as necessidades dos alunos.
O ambiente de ensino da maioria dos cursos planejados nem sempre é um
ambiente que pode atingir os objetivos esperados, pois mesmo quando se trabalha
apenas com conteúdo programático em um ambiente normal, ele se tornará muito
cansativo e monótono, e muitas vezes o estudante o faz para atingir os objetivos
definidos, não por causa do desejo de desenvolver e aprender o que é apresentado.
Assim, nas palavras de Souza (2005):

A oportunidade de estar em um ambiente planejado e cuidado para elas,


pensando de forma humanizadora, buscando ser um espaço de promoção da
vida, do crescimento, do desenvolvimento e da aprendizagem, sem perder de
que isso terá também consequência positiva para todo os demais atores

36
envolvidos nesse processo de promoção/construção da qualidade, no âmbito
da instituição educativa e da família dessa criança (SOUZA, 2005, p. 122).

Os professores tradicionalmente realizam todas as tarefas fora da sala de aula


e sem as crianças, como preparar convites para reuniões de pais, escrever uma carta
para crianças ausentes, ler bilhetes relativos da escola, etc. estas situações podem
ser compartilhadas com as crianças, visando a interação do aluno nas atividades,
explorando assim o uso da escrita e da leitura.
Ao falar sobre a aprendizagem para as crianças, o espaço e o ambiente que
deve ser proporcionado a elas, os sentimentos que as cercam não podem ser
ignorados, pois, a vida delas estão rodeadas por curiosidade, ansiedade,
expectativas, medo, insegurança. Ao apresentar a experiência de lugares nunca antes
considerados, todos esses fatores devem ser analisados, pois cada um pode construir
sua própria experiência de conhecimento, sendo esses espaços visados a atender às
suas expectativas, ser desafiadores, organizados, contextuais e propícios às
aprendizagens.
A participação ativa das crianças nas atividades de letramento configura um
ambiente de alfabetização para as escolas. Isso é especialmente importante quando
as crianças vêm de comunidades com níveis de alfabetização mais baixos, onde têm
poucas oportunidades de testemunhar a leitura e a escrita com educadores mais
experientes.
Nesse caso, o professor passa a ser uma referência muito importante. E,
pensando assim, por que não proporcionar uma aprendizagem mais significativa,
tendo em vista que existem outros espaços de alfabetização além da sala de aula.
Dentro da escola esses ambientes devem ser de construção de conhecimento, um
complemento as atividades escolares, porque as crianças não só aprendem com o
professor, mas também interagem com as várias escolhas da escola todos os dias,
basta fazê-las se adaptarem.
Nesse sentido um ambiente escolar deve possuir:

 Alfabeto: referências de leitura e escrita infantil;


 Canto de leitura: livros, fichas, histórias;
 Listas de referência: com nomes de alunos e palavras trabalhadas;
 Canto da matemática: utilização dos números, calendários com mês,
relógios;
37
 Motricidade: estimular as crianças, a amarrar cadarços, massinhas,
trancinhas, conta gotas;
 Trabalho com nomes: incentivar os alunos a fazerem uso dos próprios
nomes em trabalhos educativos.

Se a educação infantil trouxer para as instituições vários textos didáticos


usados na prática social, esta ampliará o acesso ao mundo da alfabetização e terá um
papel importante na busca pela igualdade de oportunidades. Às vezes, o termo
"ambiente de alfabetização" é confundido com a imagem da sala, as paredes da sala
cobertas com textos, às vezes até com etiquetas que nomeiam móveis e objetos,
como se essa fosse uma forma eficaz de as crianças escreverem. De acordo com
Silva (2013):

Além dos livros e dos jogos, os docentes utilizam em suas salas de aula
recursos como cartazes, que contribuem em atividades envolvendo
diferentes tipos de gêneros textuais, como cantigas, lista e receitas. Esses
recursos favorecem, também, a reflexão sobre a língua escrita, pois auxiliam
o aluno a visualizar os textos, observando as letras, sílabas e palavras que
compõem os mesmos. (SILVA, 2013, p.53).

Silva, ainda complementa que, o ambiente escolar orientado por um projeto


político-pedagógico que, na maioria das vezes, é construído por todos participantes
aqueles que fazem parte da escola, levando em consideração a realidade local e as
necessidades da escola. O PPP (Projeto Político-Pedagógico) é um dos documentos
que servem tanto para à organização do cotidiano escolar quanto à prática docente.
Araújo (2001) acrescenta que a construção e a organização do ambiente
alfabetizador na sala de aula e/ou no seu entorno não consiste em ter os objetos sem
saber como usá-los, ou coloque os materiais em um canto da sala de aula. Há
necessidade de transformar a sala de aula em um ambiente de leitura, especialmente
"materiais de leitura.
Portanto, na escolha do material escrito, é necessário orientar as necessidades
das crianças em expor diferentes textos, e promover a observação de hábitos sociais
de leitura e escrita que considerem suas diferentes funções e características. Nesse
sentido, as literaturas em geral como: infantis, jornais, revistas e os textos publicitários
são modelos que podem ser disponibilizados às crianças para que aprendam a língua
escrita.

38
O educador pode escolher o gênero que vai utilizar de forma contínua e
sistemática de acordo com seus próprios projetos e objetivos, para que as crianças
possam conhecê-los melhor. Por exemplo, o entendimento do que é uma receita
culinária, sua aparência gráfica, formato de lista, combinação de palavras e números
que indicam a quantidade de ingredientes, etc., bem como características de poemas,
histórias em quadrinhos, notícias de jornal.
No que diz respeito ao ambiente de alfabetização, além dos livros didáticos e
atividades pedagógicas sugeridos diariamente, o educador também pode configurar
as salas de aula equipadas com cartazes, letras, e números explicados na íntegra.
Por muito tempo, pensou-se que, para que o aprendizado acontecesse eram
necessárias cartilhas, métodos de sílabas, pranchas e professores, diante deles para
servir e esclarecer todos ao mesmo tempo, esta era a receita pronta para um
estudante alfabetizado.
Teberosky (2003) e Colomer (2007), afirmam que, se ao longo do ano letivo,
um material permanecer em todo curso escolar é sinal de que não foi utilizado para
desenvolver atividades: neste caso, tem mais valor decorativo do que qualquer outra
coisa. Por outro lado, se o material for substituído, significa que ele é funcional e foi
integrado às atividades de aprendizagem como conteúdo didático.
Atualmente, é claro que isso não é suficiente, não atingindo o verdadeiro
sentido de alfabetização, porque apenas salas cheias de livros didáticos e alguns
similares não podem garantir o sucesso dos alunos. Os fatos da exposição do mundo
escrito não é critério de garantia que podem atribuir conhecimento e aprendizado a
criança, mas por meio da interação e da participação nesse processo, o aluno poderá
progredir na aquisição do conhecimento. O conhecimento é obtido por meio da troca
de experiências com os outros e com o meio ambiente.
Portanto, a interação dos estudantes com o ambiente é fundamental, podendo
criar momentos de aprendizagem, comunicação e diálogo sob a orientação dos
professores. Outro ponto importante é o interesse do aluno pelo conhecimento, pois
toda disciplina tenta lidar com o conhecimento e atividades prioritárias para promover
o seu desenvolvimento. Contudo, o espaço escolar de aprendizagem é um local
previamente organizado para fomentar oportunidades de aprendizagem e só se
constitui na medida em que é socialmente constituído por educandos e professores a

39
partir das interações que estabelecem entre si e as demais fontes materiais e
simbólicas ambientais.
Quando a escola puder proporcionar todos esses espaços para promover a
aprendizagem e ter um papel ativo na construção do conhecimento, a tarefa de ensino
e mediação se tornará mais fácil, e a pressão sobre alunos e professores será
reduzida, pois se trata de uma possibilidade e condições para o ambiente atingir os
objetivos esperados.
Qualquer tipo de trabalho relacionado à escola precisa considerar esta questão,
e é principalmente dedicado à qualidade da educação infantil, porque as atividades
que não envolvem grupos e outros ambientes podem na verdade não ser contextuais,
de modo que as crianças realmente não entenderão o significado desse tipo de
conhecimento, ocorrendo de fingir que aprendeu e o professor pensa que ensinou o
conteúdo corretamente.
As instituições escolares devem estar preparadas para promover o bem-estar
das crianças e proporcionar um bom começo para suas vidas, adotando métodos que
respeitem o meio ambiente. Segundo Souza (2005), a oportunidade de estar em um
ambiente planejado e cuidado, para eles, que pensa de forma humanizada a procura
de um espaço que estimule a vida, o crescimento, o desenvolvimento e o aprendizado
sem deixar de lado o fato que também terá consequências positivas para todos os
outros atores envolvidos neste processo de promoção/construção de qualidade no
âmbito da instituição educativa e das famílias destes alunos.

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