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Resumo
O artigo desenvolvido tem por objetivo relatar a importância da produção de textos produzidos
espontaneamente pelos alunos de uma turma de 1ª série, esta foi escolhida justamente por ser a série
posterior à alfabetização, para que seja observado texto produzido pelos alunos, e assim possamos
perceber qual método utilizado nesta escola.
Devemos através deste artigo repensar os métodos usados na escola como o processo de
alfabetização que é mais complexo do que se imagina, pois é a partir dele que milhares de pessoas
aprendem a ler e escrever. O mais preocupante é que para se alfabetizar usa-se métodos como o
tradicional e construtivista. A dúvida é, qual deles seria mais indicado para alfabetizar? E quais
reflexos da utilização dos mesmos na 1ª série?
O artigo traz concepções de Cagliari acerca da escrita, onde este nos mostra os danos causados na
vida escolar do educando através método de cartilha tradicional. Traz também qual as
características do “método positivo” utilizado no CEPM, escola pesquisada.
Introdução
Segundo Cagliari (1998) A maneira como as cartilhas lidam com a fala e a escrita confunde as
crianças uma vez que passa a idéia de que a linguagem é uma “soma de tijolinhos” representados
pelas sílabas e unidades geradoras. Ora, as crianças aprenderam a falar de outra maneira e, portanto,
para elas a linguagem apresenta-se como um todo organizado de maneira muito diversa daquela que
a escola lhes mostra. No fundo, as cartilhas deixam de lado toda a trama da linguagem, ficando
apenas com o que há de mais superficial.
Existem muitas cartilhas, mas a maioria delas apresentam o mesmo método, pois, elas alfabetizam
por etapas, que devem ser seguidas de acordo com sua ordem usando palavra-chave, e silabas
geradoras, ou seja, o famoso método do “ba-be-bi-bo-bu”. Geralmente, cada unidade da cartilha
apresenta uma unidade silábica, as lições são organizadas do mais fácil para o mais difícil e
finalizam com um texto que resumo tudo o que ela tentou ensinar.
A concepção de linguagem que as cartilhas possuem é de que uma silaba é feita de letras, uma
palavra de silabas, uma frase de palavras, e um texto um conjunto de frases. Isso se resume ao
famoso monta e desmonta através de palavras e união das unidades geradoras.
A concepção de linguagem que a cartilha possui é a de soma de sílabas, onde juntando uma silaba
com outra e com outra e assim sucessivamente formam-se palavras, confundindo o aprendizado das
crianças em relação à escrita e a fala.
A cartilha ignora a variação lingüística, ensinando através da língua padrão, esquecendo da enorme
variação que a língua possui. A variação lingüística apresenta os inúmeros dialetos que a língua
possui, e esses dialetos apresentam semelhanças e diferenças. A semelhança é constituída de
pronuncias diferentes, como por exemplo: “tia” e “tchia”, as duas formas são entendida do mesmo
jeito, o que muda é a forma de pronuncia, já a diferença se dá de acordo com a classe social, que no
caso seria a classe social baixa que é vista com preconceito pela sociedade, e por isso a forma de
pronuncia dessa classe são vista como forma “errada” de falar, por exemplo: “dentro” para
“drento”.
Alguns alunos conseguem aprender sem problemas a língua padrão, pois, ela faz parte de seu
convívio fora da escola, ou porque a cartilha a ensina por etapas, de forma gradual.
Outro problema da cartilha é a silabação, pois ela passa para o aluno a idéia de que ler é silabar,
fazendo com que a pronuncia saia perfeita, de forma articulada. A cartilha ensina o aluno a ler em
forma de silabação, e ao fim dela cobra do aluno uma leitura compassada, com fluência. Isso acaba
sendo contraditório, pois cobra algo que não ensinou.
Pode-se dizer que a cartilha faz com que a alfabetização se torne desastrosa.
O construtivismo trata o aluno como um ser racional, capaz de pensar, agir por conta própria
construindo a partir do seu conhecimento que trazem para a escola, usando a capacidade de reflexão
sobre o que faz. O método construtivista é baseado na aprendizagem através da reflexão e entende
que a aprendizagem inicial de cada aluno é diferente, porque cada um tem sua história de vida e de
conhecimento.
A alfabetização teria que partir do pressuposto de que alfabetizar não é apenas ensinar a ler e
escrever através de um método que a cartilha tradicional propõe, e sim formar alunos críticos e
capazes de interagir na sociedade, propiciar aos alunos caminhos para que eles aprendam, de forma
consciente e consistente.
Então Cagliari (1998) mostra sugestões de atividades na alfabetização e entre elas a importância de
se incentivar a produção de textos espontâneos, não só trabalhar com palavras isoladas, ele mostrar
que há várias maneiras para a produção de textos, enquanto as cartilhas não propõem essa produção
textual.
Em relação à correção dos textos produzidos pelos alunos, a educadora tem a seguinte postura, ela
primeiramente corrige os erros dos textos e posteriormente senta com cada aluno individualmente
para tentar reestruturar o seu texto, assim o aluno estará ganhando instrumentos e noções práticas de
revisão que tendem a levá-lo, aos poucos, a autocorreção, ou seja, reescrevendo o próprio texto a
pedido do professor, chegará um momento em que ele mesmo estará fazendo esse trabalho de
aprimoramento espontaneamente.
Metodologia
Desde o primeiro momento em que o docente José Everaldo Freire propôs essa atividade de
pesquisa, tive de imediato o interesse de investigar quais os métodos de alfabetização foram
utilizados em um colégio que tem por nome Centro Educacional Prado Meireles, colégio que dispõe
a educação infantil e ensino fundamental, que faz parte da rede particular do município de São
Cristóvão-SE.
No dia 26 de abril de 2006, observei uma aula de produção de texto da 1ª série do CEPM. Nesta
aula a professora Josefa, primeiramente entregou aos alunos uma ilustração (fig. 1) para que a partir
desta fizessem observações juntamente com a professora; continha abaixo da ilustração duas frases
e através da leitura delas a professora chamou a atenção para os sinais de pontuação, também que
em início de frase se começa com letras maiúsculas, fez os alunos observarem que ao escrevem a
história devem escrever frases que tenham sentido, ou seja coerência. Após isso os alunos deveriam
inventar uma história.
Para tentar responder os questionamentos acerca dos métodos de ensino, elaborei um questionário
com as seguintes perguntas, destinadas à professora Josefa:
Nas suas aulas de produção de textos os alunos respondem a suas expectativas ou alguns sentem
dificuldades?
De que maneira a senhora desperta o interesse dos alunos na aula de produção de textos?
A senhora notou ao início do ano letivo, daqueles alunos que não estudaram a alfabetização aqui
nesta escola (quantos), alguma característica da alfabetização feita através da cartilha, eles sentiam
algumas dificuldades na aula de produção de texto?
Também entreguei aos alunos uma simples pergunta “Você gosta de aula de produção de texto?
Porque?”.
Resultados e discussão
Através da análise dos textos produzidos pelos alunos desta 1ª série e das respostas da professora,
pude observar que a alfabetização da maioria deles não foi feita através da cartilha, (pois como a
mesma responde apenas 3 alunos que não haviam sido alfabetizados no CEPM), os textos escritos
por eles são espontâneos; e através do questionamento que fiz aos alunos sobre o que eles pensam
em relação à aula de produção de texto, percebi que a melhor maneira para se descobrir o que os
alunos pensam da escrita é através de textos espontâneos, as respostas foram variadas, responderam
que gostavam das aulas porque eram boas, interessantes, importantes, divertidas, ideais, etc, ou seja,
são através dos textos espontâneos que os alunos liberam toda a sua criatividade e não os fazem de
maneira forçada, pois a professora os incentiva; assim a produção textual se transforma em uma
atividade prazerosa.
Através desta pesquisa pude me informar sobre um método utilizado no CEPM, o método positivo
que consiste em despertar a criatividade do aluno, trabalhar e aprofundar os conhecimentos
lingüísticos de forma prazerosa.
A professora respondeu que em suas aulas, desperta o interesse dos alunos através de ilustrações,
conversas informais etc.
Em relação às dificuldades sentidas pelos 3 alunos que não se alfabetizaram no CEPM, a professora
enfatizou as dificuldades de se expressar, criar, ordenar idéias e de interpretar.
A avaliação de um texto escrito pode e deve ter como objetivo sinalizar, para o aluno, as virtudes e
os problemas do texto, explicitando as razões da sua adequação ou inadequação. Assim, poderá
tornar-se um recurso valioso que, a médio e longo prazo, contribui para que os alunos tenham
domínio da língua escrita, nas suas diversas formas e funções.
“Ser um mediador é ajudar o aprendiz a construir seu conhecimento, passando a ele as informações
adequadas, explicando o que tem de ser explicado”. (CAGLIARI 1998)
Considerações Finais
Algumas escolas adotam como material básico e indispensável para alfabetização à cartilha
tradicional, que prioriza a escrita ortográfica, com isso essas escolas passam a preocupar-se bem
mais com o ensino do quem com a aprendizagem.
Referências Bibliográficas
CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetizando sem o ba-be-bi-bo-bu. Ed. Scipione. São Paulo. 1998.