1
A IMPLANTAÇÃO DO SISTEMA DE
MONITORAMENTO CONTÍNUO (SMC) DE
TEMPERATURA NOS EQUIPAMENTOS DE
REFRIGERAÇÃO DO HEMOCENTRO DE
BELO HORIZONTE: Um Estudo de Caso na
Fundação Hemominas
Alison Alexandre do Vale1 e Jefferson Davis Pena Cária2
Abstract - The article presents an analysis of the
implementation of the Continuous Monitoring System (SMC)
from the Blood Center of Belo Horizonte, to better control the
temperature of the refrigeration equipment that store medicines,
samples, blood and blood products to be used in transfusions.
The Continuous Monitoring System is a requirement for the
Blood Center of Belo Horizonte renew its International
Management Certification Hemotherapy the American
Association of Blood Banks - AABB, and the Brazilian
Hematology Association, Hematology and Cell Therapy -. ABHH
"[ 1]
Recently occurred the 1st technical visit to the Blood Center of
Belo Horizonte the Technical Advisory Committee on Equipment
Management of National Blood Coordination and Blood
Products of the Ministry of Health, held in the 1st half of 2016,
resulting in a report pointing out the conformities, non-
conformities and some observations aimed at improving services.
[2]
Keywords - equipment monitoring, equipment, software,
quality.
Resumo - O artigo apresenta uma análise da implementação do
Sistema de Monitoramento Contínuo (SMC) do Hemocentro de
Belo Horizonte, para maior controle da temperatura dos
equipamentos de refrigeração que armazenam remédios,
amostras, sangue e seus hemocomponentes que serão utilizados
em transfusões.
O sistema de Monitoramento Contínuo (SMC) é um requisito
para o Hemocentro de Belo Horizonte renovar sua Certificação
Internacional de Gestão em Hemoterapia da American
Association of Blood Banks – AABB, e da Associação Brasileira
de Hematologia, Hemoterapia e Terapia Celular - ABHH" .[1]
Recentemente a Assessoramento Técnico em Gestão de
Equipamentos da Coordenação Nacional de Sangue e
Hemoderivados do Ministério da Saúde realizou a 1ª visita
técnica ao Hemocentro de Belo Horizonte, resultando em um
relatório apontando as conformidades, não conformidades e
algumas observações visando à melhoria dos serviços. [2]
Palavras-chave - Monitoramento de equipamentos,
equipamentos, software, qualidade.
Trabalho de Conclusão de Curso apresentado ao Instituto Nacional de
Telecomunicações, como parte dos requisitos para a obtenção do
Certificado de Pós-Graduação em Engenharia Biomédica e Engenharia
Clínica. Orientador: Prof. Jefferson Davi Pena Cária. Trabalho
aprovado em 11/2016. I. INTRODUÇÃO
I. INTRODUÇÃO
Após a invenção dos computadores e sua utilização em
todas as empresas e organizações, surge a tecnologia da
informação (TI): “conjunto de métodos e ferramentas,
mecanizadas ou não, que se propõe a garantir a qualidade e
pontualidade das informações dentro da malha empresarial”,
isto é, gerando novas soluções no mercado da programação,
aquisição, armazenamento, distribuição, segurança e do
interfaceamento de toda a empresa. [3]
Em 1821 o físico alemão Thomas J. Seebeck descobriu o
princípio funcional do termopar para medição de
temperatura e só em 1887 o francês Le Chatelier aprimorou
os conceitos e o aplicou para medir temperatura, construindo
um termopar a partir de fios de Platina pura e Platina com
10% Rhodio, o qual é amplamente utilizado nos dias de
hoje. [4]
Ainda na década de 80, William Henry Bristol inventou o
primeiro registrador gráfico, onde foi possível iniciar o
controle e registro térmico em ambientes controlados. Mais
tarde houve a evolução dos registradores, tomando como
base o tempo cronológico, possibilitando calcular o tempo
que um determinado ambiente permaneceu fora da faixa de
temperatura pré-estabelecida.
Com estas evoluções, tornou-se indispensável para as
organizações a redução do retrabalho, refugo e desperdício,
aumentando a necessidade de novas inspeções, controles e
recursos. Para isto, é inevitável o investimento na
produtividade e no alto desempenho. [5]
As mudanças e progressos ao longo da história
impulsionou a Fundação Hemominas para que no segundo
semestre de 2013 ela iniciasse uma importante etapa para
adquirir a Certificação Internacional de Gestão em
Hemoterapia da American Association of Blood Banks
(AABB) e da Associação Brasileira de Hematologia,
Hemoterapia e Terapia Celular (ABHH). Após tomar
conhecimento da documentação do Sistema de Gestão da
Qualidade (SGQ), conforme as normas da AABB, o setor
responsável do Hemominas em conjunto com a H2
Assessoria e Consultoria elaboraram estratégias para
implantar toda a metodologia exigida para esta certificação.
Para a renovação da Certificação AABB e da ABHH em
2016, o Hemominas deverá ajustar alguns itens exigidos,
conforme o SGQ da AABB, sendo um deles o
monitoramento contínuo da temperatura, que necessita de
 2
melhorias para evitar falhas. Este item é de responsabilidade
do setor de Manutenção de Equipamento (MEQ).
Suponha-se que a melhor forma de conseguir as condições
ideais de temperatura e armazenamento em ambiente
controlado, eficiência no gerenciamento dos laboratórios da
Fundação Hemominas, impedimento à perda de sangue,
hemocomponentes e remédios e ainda atender às orientações
do Ministério da Saúde e das AABB/ABHH seria a
implementação do SMC de temperatura da Testo Saveris.
Este sistema atende às necessidades atuais do Hemominas e
da legislação, garantindo que os equipamentos de
refrigeração e ambiente de trabalho operem dentro da faixa
de temperatura a que são destinados, sem interferir
negativamente no processo de armazenamento de sangue, Fig. 1: Formulário de Controle de Temperatura.
remédios e hemocomponentes.
Neste trabalho, será abordado o impacto ao inserir um Nos casos de registros de temperatura fora da faixa
software para gerenciar o monitoramento de temperatura (máximo/ mínimo) ou aviso sonoro pelo equipamento, era
através do sistema Testo Saveris. necessário preencher o formulário de não conformidade e
Têm-se como objetivo apresentar os resultados da ação corretiva, conforme ilustrado abaixo:
implementação do SMC de temperatura da Testo Saveris no
Hemocentro de Belo Horizonte (Hemominas) e o aumento
da eficiência (conseguir o melhor rendimento com o mínimo
de erros e/ou dispêndios) e da qualidade do monitoramento
de temperatura nos equipamentos de refrigeração e
ambiente, bem como a redução do trabalho e falhas
humanas. O principal objetivo é qualificar o SMC de
temperatura da Testo Saveris e evidenciar as diferenças
entre o monitoramento antigo do Hemominas.

II. A INSTITUIÇÃO

“Instituída em 26 de dezembro de 1989, através da Lei n°

10.057, a Fundação Centro de Hematologia e Hemoterapia
de Minas Gerais – Hemominas , com personalidade jurídica
própria, de direito público, vincula-se à Secretaria de Estado
da Saúde (SES) e tem por finalidade assegurar unidade de
comando e direção às políticas estaduais relativas à
hematologia e hemoterapia, garantindo à população a oferta
de sangue e hemoderivados de qualidade. Segue as diretrizes
técnicas e legais do Ministério da Saúde e da Agência
Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Fornecedora
de sangue, hemocomponentes e hemoderivados a todas as
agências de saúde, que realizam qualquer tipo de transfusão,
como os hospitais, clínicas e ambulatórios”. [6]
A Fundação Hemominas desenvolve atividades nas áreas
de prestação de serviços, assistência médica, ensino,
pesquisa, desenvolvimento tecnológico, produção, controle
de qualidade e educação sanitária. [6]
III. SISTEMA ANTIGO
O registro e o acompanhamento das temperaturas do
Hemocentro eram realizados através do preenchimento
manual de formulário padronizado (método mais tradicional,
com menor custo e menos tecnológico).
As leituras eram obtidas pelos displays de cada
equipamento. Caso não possuísse o display, deveria ser
utilizado um termômetro digital de máximo e mínimo
calibrado.
Era necessário conferir e anotar manualmente as
temperaturas de máximo, mínimo e momento, entre quatro e
cinco vezes por dia, de todos os equipamentos e ambientes,
conforme formulário simplificado abaixo:
Fig. 2: Formulário de Registro de Não-conformidade e ação corretiva.
No final de cada mês estes formulários eram analisados
pelos responsáveis do setor, a fim de rastrear algum desvio
no processo.
IV. SISTEMA TESTO SAVERIS
O Testo Saveris efetua automaticamente a medição,
registro e controle das temperaturas, além de auxiliar no
aperfeiçoamento do monitoramento contínuo.
Este sistema está interligado via rádio frequência e
cabeamento estruturado com seus termômetros. Consegue
realizar medições personalizadas, conforme necessidade do
cliente, e registros em tempo real.
Ele disponibiliza ferramentas de análise e interpretação
dos dados coletados, sendo possível gerar gráficos, tabelas e
relatórios periódicos de acordo com a necessidade.
Além disto, disponibiliza acesso ao histórico da
temperatura de cada equipamento aos usuários, otimiza o
acompanhamento dos dados coletados e facilita o controle
de monitoramento da temperatura.
V. RENOVAÇÃO DA CERTIFICAÇÃO AABB/ABHH
Para a renovação da certificação do Hemominas nas
AABB e ABHH houve a necessidade de mudar o sistema de
monitoramento contínuo de temperatura. Foi dispensado o

modelo antigo e implantado o Sistema de Monitoramento
Contínuo e temperatura chamado de Testo Saveris. Este
novo sistema controla melhor o produto oferecido pelo
Hemocentro de Belo Horizonte, revelando assim o interesse
em estudar sobre este tema.
Vale salientar que o SMC vem crescendo a cada dia na
gestão hospitalar e de saúde em geral, devido a sua
utilização para controlar a temperatura, velocidade, tempo,
umidade, pressão, vazão e outras variáveis dentro de um
ambiente hospitalar. Além disto, possibilita oferecer um
melhor produto às pessoas que se interessam na qualidade
do serviço através do uso da tecnologia, evitando a perda da
produção em uma fundação onde o sangue é doado e
distribuído para transfusões, na esperança de salvar vidas.
Este estudo de caso destina-se aos interessados na
Engenharia Clínica que estão em busca de alternativas que
auxiliem o monitoramento da temperatura do ambiente e dos
equipamentos de refrigeração a partir de um software e dos
coletores de temperatura e umidade, tendo como objetivo a
manutenção do produto eficaz, seguro e de custo atraente à
organização onde estão instalados.
VI MÉTODO PROPOSTO
Toda fundamentação para o levantamento de dados deste
estudo de caso foi através da pesquisa bibliográfica, com
uma análise e interpretação predominantemente qualitativa.
O estudo de caso é “a mais importante decisão
metodológica, uma vez que a contribuição do caso está
ligada à riqueza de informações e detalhes que se consegue
extrair”, não sendo possível ser realizada apenas através de
leituras. [7]
A pesquisa bibliográfica “é um apanhado geral sobre os
principais trabalhos já realizados, revestidos de importância,
por serem capazes de fornecer dados atuais e relevantes
relacionados com o tema”. Este trabalho dependerá muito da
habilidade de investigação, experiência e capacidade de
descobrir indícios e subsídios enriquecedores. [8]
Considerando esta abordagem, pode-se classificar esta
pesquisa como qualitativa, pois “depende de muitos fatores,
tais como a natureza dos dados coletados, a extensão da
amostra, os instrumentos de pesquisa e os pressupostos
teóricos que nortearam a investigação”, selecionando,
simplificando, organizando os dados originais e sendo capaz
de acrescentar novas perspectivas ao trabalho apresentado.
[7]
Será utilizado o método de observação sistemática “que se
faz o planejamento e a definição do que será observado e
como será a mensuração dos dados coletados (duração do
tempo, frequência do fenômeno, por exemplo)”. Para a
aquisição de informações serão analisados os dados
secundários e principalmente os dados primários, onde
dados secundários “são aqueles que já foram coletados,
tabulados, ordenados e, muitas vezes, até analisados, com
propósitos outros ao de atender as necessidades da pesquisa
em andamento, e que estão catalogados a disposição dos
interessados.”, sendo retirado de dissertações, livros,
entrevistas, jornais e outros. Já dados primários “são aqueles
que não foram antes coletados, estando ainda em posse dos
pesquisados, e que são coletados com o propósito de atender
as necessidades específicas da pesquisa em andamento”,
tendo com método de coleta o questionário, a observação e a
entrevista. [9], [10], [11]
3
Os dados deste estudo foram obtidos através da coleta de
informações dentro do Hemocentro de Belo Horizonte em
um período de 4 meses, em dias e horários aleatórios, de
forma ordenada, levando em consideração nesta observação
o desempenho e eficiência do Sistema de Monitoramento
Contínuo de temperatura Testo Saveris e sua capacidade de
gerenciamento da temperatura dos equipamentos e dos
ambientes.
VII. DISCUSSÃO E RESULTADOS
A. Monitoramento de Temperatura
Conforme prevê a portaria do Ministério da Saúde (MS),
RDCs publicadas pela ANVISA e legislação própria do
Hemominas, todo o serviço de hemoterapia deve possuir
registro de monitoramento e controle da temperatura dos
equipamentos da cadeia de frio e das salas destinadas ao
armazenamento e conservação de hemocomponentes. Não
havendo um dispositivo que realize este monitoramento de
forma contínua, esta verificação deverá ocorrer de 4 (quatro)
em 4 (quatro) horas. Caso consiga comprovar que este
equipamento permaneceu fechado por um período
prolongado, permite-se que estenda esta verificação a cada
12 (doze) horas, sendo indispensável a instalação de um
termômetro de registro de temperatura máxima e mínima.
Os equipamentos da cadeia de frios e as salas de
armazenamento e conservação devem possuir um sistema de
alarme visual e sonoro, capaz de identificar as temperaturas
fora das faixas de conservação pré-estabelecidas para cada
hemocomponente. Havendo acionamento de alarme, ações
devem ser tomadas por pessoas treinadas, para que sejam
restabelecidas as condições pré-estabelecidas para o
armazenamento. Todo o registro de temperatura deve ser
periodicamente analisado pelo responsável, em caso de não
conformidade, ações de correção deverão ser adotadas. [12]
Toda a documentação referente ao registro de temperatura,
monitoramento e o registro das não conformidades será
devidamente arquivadas e no caso de auditoria e supervisão
oficial da VISA, ANVISA e HEMOBRAS este documento
deverá ser apresentado caso seja solicitado.
B. Sistema de Monitoramento Contínuo de temperatura
(SMC) - Testo Saveris no Hemocentro de Belo Horizonte.
Considerando a necessidade e a importância do controle de
temperatura dos equipamentos e ambientes, o setor de
manutenção de equipamentos (MEQ) estudou a melhor
forma de implantar um novo sistema de monitoramento de
temperatura.
Para que os setores do Hemocentro de Belo Horizonte
conseguissem evitar falhas, melhorar o controle e
acompanhar a temperatura dos equipamentos e do ambiente
viu-se a necessidade de modificar a forma como estava
sendo feito e iniciar a implantação do software SMC de
temperatura Testo Saveris.
Sabendo da dificuldade na implantação do sistema na
Fundação Hemominas, o MEQ resolveu contratar uma
empresa especializada na implantação do SMC, deixando a
instalação do software, dos termômetros, da calibração e do
servidor com a Contratada, fazendo apenas a gestão do
contrato e acompanhamento das temperaturas.
No sistema Testo Saveris consegue-se consultar o
histórico da temperatura de cada equipamento e ambiente,

ver a temperatura em tempo real (online) e acompanhar a
temperatura à distância sem a necessidade de deslocamento
até o equipamento.
As visualizações dos alarmes ficaram mais rápidas e
eficientes, permitindo ao usuário uma análise mais detalhada
da não conformidade, facilitando sua atuação e caso seja
necessário abrir uma ordem de serviço corretiva. O usuário
agora consegue acompanhar de perto a temperatura dos
equipamentos de sua responsabilidade.
Neste software da Testo Saveris é possível verificar a
temperatura de um dia, uma semana e até do mês inteiro,
sendo este por gráfico ou tabela, conforme figura abaixo:
Fig. 3: Tela Sistema Testo Saveris.
Levando em consideração o número de equipamentos de
refrigeração no Hemocentro de Belo Horizonte, a
implantação deste software auxilia muito no
acompanhamento da temperatura pelo setor responsável e
pelo setor de manutenção de equipamento (MEQ) que é
responsável pela engenharia clínica da Fundação
Hemominas.
C. Validação e equipamento
O Hemocentro de Belo Horizonte possui 123
equipamentos da cadeia de frio e 13 setores. No intuito de
aperfeiçoar o método de controle e acompanhamento das
temperaturas, buscando adequações para atender a
solicitação da AABB na renovação da certificação, houve a
implantação do Sistema de Monitoramento Contínuo de
temperatura Testo Saveris. Todos estes equipamentos e
setores fazem parte do ciclo do sangue aos quais devem
possuir um monitoramento da temperatura conforme
previsto na própria legislação, RDCs publicadas pela
ANVISA e nas portarias do Ministério da Saúde (MS).
Os equipamentos da cadeia de frios da Fundação
Hemominas estão classificados assim:
1- Freezer -30°C
2- Freezer -80°C
3- Blast freezer
4- Refrigerador de banco de sangue
5- Refrigerador para reagentes
6- Câmara fria -30°C
7- Câmara fira + 4°C
Devido à quantidade e ao tamanho dos equipamentos o
Hemocentro de Belo Horizonte não possui backup, mais um
motivo para aperfeiçoar o monitoramento da temperatura.
Todos os setores possuem o software do SMC de
temperatura Testo Saveris instalado em mais de um
computador, facilitando o acesso a qualquer usuário.
4
O Testo Saveris é compatível com Microsoft Windows
XP, 2003 (32 e 64 bits), 2008 (32 e 64 bits) e Windows 7
(32 e 64 bits).
Além disto, foi configurado um usuário para cada
funcionário, possibilitando apenas visualizar o
monitoramento da temperatura dos equipamentos e
ambiente do seu setor. Sendo de responsabilidade do mesmo
realizar este monitoramento no período de 7:00 (horas) às
19:00(horas) de segunda a sexta e das 19:00(horas) até as
7:00(horas) do dia seguinte, feriados e final de semana é de
responsabilidade dos vigias.
Todos os setores possuem um funcionário administrativo
que fica responsável pelo monitoramento da temperatura. O
software possui uma barra de tarefa que permanece
minimizada permitindo ao usuário utilizar o computador
normalmente. O software de monitoramento (SMC) Testo
Saveris foi configurado para capturar a temperatura dos
termômetros a cada 15 minutos. Após 2 (duas) leituras
consecutivas do termômetro fora dos limites de máximo e
mínimo estabelecidos, a barra de tarefa do Testo Saveris fica
vermelha, começa a piscar e é emitido um sinal sonoro,
permanecendo assim até que o usuário verifique o ocorrido e
insira sua justificativa no sistema. Quando ocorrer mais de
três alarmes em um período de 4 (quatro) horas para o
mesmo termômetro, o funcionário responsável pelo
monitoramento deve identificar se este alarme é referente a
um ambiente ou a um equipamento:
- Alarme de um termômetro de ambiente: o funcionário
deve ligar para o setor de manutenção e informar o problema
para que seja enviado um técnico responsável pelo ar
condicionado do Hemocentro.
- Alarme do termômetro de um equipamento: o
funcionário deve executar o plano de contingência deste
equipamento, afixar uma etiqueta (Equipamento Fora de
Uso) e solicitar a manutenção corretiva via sistema de
gestão de equipamento da Fundação Hemominas.
No caso dos vigilantes, foi instalado um televisor com
acesso via rede ao software de monitoramento Testo Saveris
durante todo o dia. Ao visualizar um alarme, o vigilante
deve transcrever para um formulário específico a localização
(setor) e o patrimônio do equipamento, e encaminhar para os
plantonistas do Hemocentro, os quais deverão verificar esta
intercorrência e inserir sua justificativa no SMC Testo
Saveris. Quando ocorrer mais de três alarmes em um
período de 4 (quatro) horas para o mesmo equipamento, o
plantonista deve executar o plano de contingência deste
equipamento, afixar na porta o formulário padrão
(Equipamento Fora de Uso) no qual deve ser descrito o
motivo. No próximo dia útil, o setor responsável por este
equipamento irá solicitar a manutenção corretiva via sistema
de gestão de equipamento da Fundação Hemominas.
No início de cada plantão, o responsável pelo
monitoramento da temperatura deverá verificar se existe
algum alarme sem justificativa, caso encontre deverá
reportar ao responsável do setor. Neste caso o responsável
pelo setor deve verificar o ocorrido e justificar este alarme.
O responsável por cada setor deve gerar um relatório
mensalmente para consolidar os dados registrados pelo
Sistema de Monitoramento Contínuo de temperatura Testo
Saveris. Se nesta consolidação for encontrado um alarme
onde a justificativa do usuário descreveu que foi aberta uma
solicitação de manutenção corretiva, deverá ser informado
neste relatório se esta não conformidade foi solucionada e o
número da ordem de serviço.
 5
Qualquer problema com o software, com a comunicação requisitos da “Resolução RDC/ANVISA N° 153 de
do sistema e com os termômetros utilizados no SMC Testo 14/06/2004 – Anexo I letra G.1- Equipamentos para
Saveris, o usuário deverá enviar um e-mail para o setor de conservação” é possível personalizar e imprimir relatórios
manutenção de equipamentos (MEQ) solicitando periódicos, conforme demonstrado pelas figuras abaixo:[13]
atendimento da empresa Contratada. Mensalmente será
realizada uma inspeção pela Contratada para verificar
problemas recorrentes e efetuar testes nos equipamentos.
Para garantir as temperaturas registradas pelos termômetros
Testo, o contrato de manutenção exige a calibração dos
sensores semestralmente.
Na validação do SMC de temperatura Testo Saveris o
Hemocentro de Belo Horizonte encontrou algumas
dificuldades como:
- Resistência dos funcionários: com a implantação de um
novo sistema que veio para substituir um modelo antigo, é
necessário manter as anotações do modelo antigo Fig. 4 – Planilha do relatório gerado pelo sistema Testo Saveris.
juntamente com o novo sistema. Assim é possível comparar
os dados encontrados pelos dois modelos e efetuar a
validação do novo sistema. O MEQ juntamente com a
empresa Contratada realizou um treinamento para todos os
usuários envolvidos neste processo, onde foi explicado o
funcionamento do SMC de temperatura Testo Saveris e suas
vantagens. Após este treinamento os usuários
compreenderam os benefícios do novo sistema, o que
diminuiu consideravelmente sua resistência.
- Dificuldade na instalação dos equipamentos Testo: a
instalação do servidor e do software em cada computador,
bem como a conexão dos conversores foi bem sucedida. Os
conversores têm a função de receber as informações dos
termômetros de rádio freqüência e enviá-las à central via
cabeamento estruturado. Após a instalação dos termômetros Fig. 5 – Gráfico do relatório gerado pelo sistema Testo Saveris.
de rádio frequência nos equipamentos de refrigeração teve
início ao processo de comunicação dos termômetros com os Sendo este sistema interligado em rede, o usuário pode
conversores. Foi neste momento que apareceu a grande analisar e verificar o monitoramento da temperatura dos seus
dificuldade, encontrar o ponto correto para estes equipamentos, dentro de qualquer unidade da Fundação
conversores. Para conseguir a comunicação de todos os Hemominas.
termômetros, houve a necessidade de instalar 4 (quatro) Este sistema de monitoramento é extremamente confiável,
conversores a mais. visto que o registro das temperaturas é armazenado no
Com a medição e transmissão da temperatura sendo servidor e sua identificação é realizada através do
realizada constantemente pelo sistema de monitoramento, patrimônio do equipamento, do patrimônio do termômetro e
foi possível um maior controle e acompanhamento destes o número do canal. Sua implantação no Hemocentro de Belo
dados, praticamente em tempo real, possibilitando Horizonte contribuiu para uma maior eficiência no processo
identificar de imediato quando uma temperatura ultrapassa de monitoramento da temperatura. Este programa foi criado
seus limites, e consequentemente uma tomada de decisão especificamente para controlar, monitorar e gerenciar a
mais rápida que evita o agravamento da situação. temperatura, evitando também um maior trabalho e a falhas
O SMC de temperatura Testo Saveris vem ajudando muito ou negligências humanas. Além disto, o histórico das
na manutenção dos equipamentos de refrigeração através da temperaturas registradas é guardado na memória do
análise dos dados coletados, que possibilita a identificação servidor, não havendo a necessidade de verificação e
de avarias nos equipamentos durante a madrugada e se anotações diárias das temperaturas, em planilhas manuais.
necessário alguns ajustes para garantir sua estabilidade e sua A calibração e o registro preciso garantem uma
eficiência. confiabilidade, estabilidade e segurança no SMC de
O sensor do termômetro Testo Saveris foi inserido em um temperatura do Testo Saveris.
recipiente junto com o sensor de temperatura do O sistema Testo Saveris é gerenciado pelo serviço de
equipamento, onde existe uma mistura de 90% de água e Manutenção de Equipamentos (MEQ) e pela empresa
10% de glicerol, simulando a variação de temperatura dentro Contratada, sendo os únicos com acesso de administrador
da bolsa de sangue reagente e hemocomponente, evitando o onde é possível inserir, excluir ou modificar o sistema. Os
choque térmico quando este equipamento for aberto. outros usuários possuem senha restritas, permitindo apenas
Outra vantagem do sistema Testo Saveris são suas visualizar, inserir justificativas, imprimir e contextualizar as
ferramentas para análise e interpretação dos dados informações pertinentes ao seu setor.
registrados, sendo capaz de controlar mais de 1.000
canais/entradas, com terminologias detalhadas. Neste VIII CONCLUSÃO
sistema consegue-se periodicamente gerar gráficos,
visualizar os alarmes disparados, visualizar todas as O uso da tecnologia tornou mais prático e satisfatório os
ocorrências e verificar as justificativas. Para atender os resultados das medições, registros e monitoramento das

temperaturas, além de auxiliar a prevenção de perdas e
danos aos materiais e ambientes, bem como reduzir o
retrabalho, a ineficiência dos setores e as falhas ou
negligências humanas.
Em termos de segurança, facilidade de operação,
visualização, confiabilidade e eficiência, verificou-se que o
Sistema Testo Saveris é o que melhor se qualifica diante do
modelo utilizado anteriormente. Com suas funcionalidades e
soluções, foi possível atender às necessidades operacionais e
gerenciais, bem como garantir a renovação da certificação
do Hemocentro de Belo Horizonte. Este sistema simplificou
o trabalho, contribuiu para otimizar o tempo, economizou
recursos financeiros, evitou falhas humanas e desperdícios,
proporcionando um maior controle da temperatura,
aumento da precisão e confiabilidade.
Já o sistema anterior exigia um maior esforço de trabalho,
dispêndio de tempo e maiores ocorrências de falhas na
transcrição das temperaturas para o formulário,
comprometendo a confiabilidade. As temperaturas nem
sempre eram visualizadas no horário correto, o que poderia
prejudicar a análise dos dados, levando o responsável pelo
setor a tomar decisões equivocadas.
No quadro comparativo abaixo, pode-se verificar as
diferenças entre os sistemas, bem como os benefícios e
funcionalidades adicionais do Testo em relação ao modelo
antigo.
Fig. 6 – Tabela com o comparativo das Soluções
Após a explanação dos dados, características, diferenças
e o modo de operação dos sistemas neste estudo, pode-se
concluir que a implantação do Testo Saveris possibilitou ao
Hemocentro um processo de medição, registro,
monitoramento e controle mais ágil, confiável e seguro.
A tomada de decisão passa a se basear em informações
mais concretas e sem erros, e as ações tornam-se mais
rápidas evitando desperdícios de materiais e insumos.
Com as inovações, investimentos constantes e o
melhoramento contínuo dos processos, a Fundação passa
mais confiança e credibilidade para seus clientes/pacientes e
mercado onde atua.
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
[1] http://intranet.hemominas.mg.gov.br/fator-positivo.Edição 85.
6
Acessado em 15 de outubro de 2016
[2] Portaria MS/GM nº 2.523 de 12 de novembro de 2014.
[3] FOINA, Paulo R. Tecnologia de informação: Planejamento e gestão.
São Paulo: Atlas, 2001.
[4] http://www.analogica.com.br/arquivos/nt-008--medidores-temperatura-
com-sensor-termopar.pdf
Acessado em 15 de outubro de 2016
[5] AROZO, R. CPFR – Planejamento Colaborativo: Em busca da redução
de custos e aumento do nível de serviço nas cadeias de suprimentos.
Rio de Janeiro, Centro de Estudos em Logística – COPPEAD – UFRJ,
2 ed. 2002.
[6] http://www.hemominas.mg.gov.br/institucional/sobre-nos/missao-e-
valores
Acessado em 22 de outubro de 2016
[7]GIL, Antônio C. Como Elaborar Projetos de Pesquisa. 4. ed. São
Paulo: Atlas, 2006.
[8] LAUDON, K.C.; LAUDON, J.P. Management Information Systems:
managing the digital firm. 8. ed. New Jersey: Pearson Prentice Hall,
2004.
[9] http://www.maxwell.vrac.puc-rio.br/15114/15114_6.PDF
Acessado em 22 de outubro de 2016
[10] https://www.portaleducacao.com.br/administracao/artigos/34257/tipos-
fontes-e-formas-de-coletas-de-dados
Acessado em 23 de outubro de 2016
[11] ANDRADE, Maria Margarida de. Introdução à metodologia do
trabalho científico. 5. ed. São Paulo: Atlas, 2010.
[12] RESOLUÇÃO - RDC N° 34, DE 11 DE JUNHO DE 2014-Dispõe
sobre as Boas Práticas no Ciclo do Sangue.
[13]http://portal.anvisa.gov.br/documents/10181/2718376/RDC_153_2004
_COMP.pdf/a549dd07-e3ee-4b92-bd83-5ab23424ff56.
Acessado em 22 de outubro de 2016
1) Alison Alexandre do Vale nasceu em Belo Horizonte, MG, em 27 de
agosto de 1977. Recebeu o título de Engenheiro Eletrônico e
Telecomunicação em Junho de 2013 pela Universidade Católica de Minas
Gerais. Está cursando Pós graduação em Engenharia Biomédica e
Engenharia Clínica pelo INATEL – Instituto Nacional de
telecomunicações, aulas ministradas em Belo Horizonte. Desde julho de
2012 trabalha com Gestão de Manutenção de Equipamentos na Fundação
Hemominas.
2) Jefferson Davis Pena Cária nasceu em Amparo do Serra, MG em 1976.
Possui graduação em Engenharia Elétrica, modalidade Eletrônica, ênfase
em Telecomunicações e curso de Suplementação em Engenharia Biomédica
pelo Instituto Nacional de Telecomunicações (INATEL), de Santa Rita do
Sapucaí - MG. Pós Graduado em Qualidade e Produtividade pela
Universidade Federal de Itajubá, Qualidade Hospitalar pela Escola de
Saúde Pública de Minas Gerais (ESP-MG) e em Engenharia
Clínica/Biomédica pelo INATEL. Mestre em Ciências e Técnicas
Nucleares, título obtido em junho de 2010, pelo Departamento de
Engenharia Nuclear da Universidade Federal de Minas Gerais. Exerceu
cargo de Engenheiro Clínico no Hospital das Clínicas da Universidade
Federal de Minas Gerais de janeiro de 2006 a outubro de 2014, atuando nos
processos de especificação para a aquisição de equipamentos médicos,
coordenação e gestão da manutenção do parque tecnológico do hospital,
participante dos grupos focados no processo de Acreditação Hospitalar
(ONA e JCI) além de desenvolver treinamento aos usuários técnicos.
Atualmente coordena do Setor de Engenharia Clínica do Hospital Novo
Metropolitano de Belo Horizonte, leciona no curso de Pós Graduação em
Engenharia Clínica/Biomédica do Instituto Nacional de telecomunicações
(INATEL) e na Faculdade Pitágoras nos cursos de Engenharia Elétrica e
Engenharia de Controle e Automação. Lecionou na Faculdade UNI-BH
(Curso de Engenharia Elétrica), na Universidade FUMEC – BH (Curso de
Engenharia Biomédica) e na Faculdade Anhanguera de Belo Horizonte
(Cursos Superiores de Tecnologia em Mecatrônica Industrial e de
Tecnologia em Eletrotécnica Industrial). Atua nos temas: Engenharia
Clínica/Biomédica, Gestão de Parque Tecnológico Hospitalar, Acreditação
Hospitalar e assuntos relacionados a Eletrônica.