Você está na página 1de 3

A ALFABETIZAÇÃO APÓS A

IMPLEMENTAÇÃO DA BNCC
A Base Nacional Comum Curricular trouxe algumas contribuições para a alfabetização.
O ciclo de alfabetização mostrado de forma clara e a definição de competências
e habilidades ligadas ao aprender a ler e escrever são considerações
muito ricas para o ensino brasileiro. A seguir, confira as principais alterações e
destaques sobre a alfabetização na BNCC.
TEMPO DE ALFABETIZAÇÃO
O adiantamento do processo de alfabetização é uma das principais mudanças
promovidas pela Base. Se antes a alfabetização terminava no final do terceiro ano do
Ensino Fundamental, agora a previsão é de que as crianças já estejam
alfabetizadas até o final do segundo ano.
De acordo com a BNCC:

Nos dois primeiros anos do Ensino Fundamental, a


ação pedagógica deve ter como foco a
alfabetização, a fim de garantir amplas
oportunidades para que os alunos se apropriem do
sistema de escrita alfabética de modo articulado
ao desenvolvimento de outras habilidades de
leitura e de escrita e ao seu envolvimento em
práticas diversificadas de letramentos.
Ao focar na alfabetização nos primeiros anos do Ensino Fundamental, há uma
ampliação do potencial cognitivo dos estudantes. A criança alfabetizada, inserida na
cultura letrada, é mais apta ao desenvolvimento promovido em ambiente escolar. Por
estar alfabetizada já no início do terceiro ano, a criança possui maior “autonomia e
protagonismo na vida social”.

CONSCIÊNCIA FONOLÓGICA
A BNCC traz à tona o desenvolvimento da consciência fonológica, colocada como
peça fundamental para a legítima alfabetização. Compreender e fazer uso dos
fonemas do português brasileiro, assim como entender a organização dos fonemas
enquanto sílabas e palavras, configura um aprendizado essencial para a alfabetização
de crianças.
A partir da formação da consciência fonológica, os alunos conseguem codificar e
decodificar os 90 sons da língua portuguesa do Brasil. Esse processo é mais
bem desenvolvido por meio de atividades lúdicas com a criança, o que aumenta
o significado da aprendizagem e permite uma alfabetização mais rápida.
MECÂNICA DA ESCRITA E DA LEITURA
Somando-se à consciência fonológica, há a necessidade de se conhecer o alfabeto do
português. Essa parte sempre foi muito importante para a alfabetização, porém, na
Base, é destacada a importância de conhecer as letras em vários formatos no
momento da alfabetização. Logo, é necessário expor o aluno ao contato com letras
impressas e cursivas, maiúsculas e minúsculas.
Estabelecer a relação entre som e letra, como prioriza o método fônico de
alfabetização, representa a forma de conhecer a mecânica da escrita e da leitura.
Sendo assim, o aluno alfabetizado deve ter potencial para “perceber as relações
bastante complexas que se estabelecem entre os sons da fala (fonemas) e as letras da
escrita (grafemas)”. De acordo com a própria Base, essa mecânica não é algo simplório
como mostrado em alguns métodos de alfabetização.
CAPACIDADES DO ALFABETIZADO
Baseando-se em pesquisas do campo da Alfabetização e Letramento, a BNCC aponta
algumas habilidades indispensáveis para caracterizar uma criança que sabe escrever.
Ela precisa ser capaz de

 diferenciar grafismos/desenhos (símbolos) de grafemas/letras (signos);


 desenvolver a capacidade de reconhecimento global de palavras, que
será depois responsável pela fluência na leitura;
 construir o conhecimento do alfabeto da língua em questão;
 perceber quais sons se deve representar na escrita e como;
 construir a relação fonema-grafema: a percepção de que as letras estão
representando certos sons da fala em contextos precisos;
 perceber a sílaba em sua variedade como contexto fonológico desta
representação;
 compreender o modo de relação entre fonemas e grafemas, em uma
língua específica.

A criança alfabetizada, portanto, precisa ser capaz de ver o mundo com outros olhos:
olhos de quem sabe ler, escrever e interpretar. A formação dos alunos desse período
deve se dar de maneira mais complexa, uma vez que envolve toda a questão
da consciência gráfica e fonológica.
GÊNEROS ADEQUADOS PARA A ALFABETIZAÇÃO
A Base, em seus aspectos voltados à alfabetização, apresenta alguns gêneros como
mais adequados para os anos iniciais do Ensino Fundamental. Os gêneros a serem
trabalhados na sala de aula tanto para leitura e escuta quanto para a produção oral e
escrita são mais simples. Os textos do dia a dia, como as listas — de compras, de
chamada, de ingredientes —, bilhetes e convites, são indicados principalmente
pelo foco na grafia.
Conforme o processo de alfabetização progrida, as cantigas de roda, receitas e regras
de jogo são bastante recomendadas. Esses gêneros familiares para o aluno
aumentam a compressão dele quanto à importância de se saber ler e
escrever. Válido destacar que, de acordo com a BNCC, a pontuação e acentuação e a
introdução das classes morfológicas de palavras são iniciadas a partir do 3º ano,
portanto, não precisam ser aprofundadas no período de alfabetização.
ORTOGRAFIZAÇÃO: O COMPLEMENTO DA
ALFABETIZAÇÃO
Uma vez que a criança está devidamente alfabetizada, inicia-se a fase
de ortografização. Trata-se de um processo complementar que busca a fixação das
regras da língua escrita, principalmente do modo como os itens lexicais são
expressados por meio das letras do alfabeto. A ortografização representa, portanto, a
apropriação do nosso sistema ortográfico da língua portuguesa.
O processo de ortografização, diferentemente da alfabetização, não é estabelecido
com um prazo na BNCC:

É preciso também ter em mente que este processo


de ortografização em sua completude pode tomar
até mais do que os anos iniciais do Ensino
Fundamental.

CONCLUSÃO
A BNCC busca estabelecer uma progressão na aprendizagem em todo o Ensino Básico.
A alfabetização, nesse sentido, começa no Ensino Infantil e ganha maior potência nos
dois anos iniciais do Ensino Fundamental. Assim, há uma consideração da
antiga lacuna gerada entre esses dois ciclos, que passam a ser
claramente complementares.
Além do tempo de alfabetização, a Base define a criança alfabetizada como aquela
que, antes de tudo, compreende a diferença entre a escrita e as demais
formas gráficas. Conhecer o alfabeto e dominar as relações entre grafemas e
fonemas também é fundamental para a vivência em sociedade e formação integral,
que aparece de forma transversal em todos os anos de ensino regular.
Além da adequação à BNCC, o processo de alfabetização, para ser efetivo, necessita
alguns cuidados quanto ao ambiente.

Você também pode gostar