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RESUMO: Este artigo tem como objetivo fazer uma reflexão sobre o lúdico e mostrar
como este artifício é de grande importância para o desenvolvimento da criança na
Educação Infantil tanto no campo da formação social quanto nos campos da
cognição e da afetividade. Assim levar o educador a refletir sobre suas práticas
pedagógicas bem como na utilização dos jogos e brincadeiras no processo de
ensino-aprendizagem. E para isso utilizou-se de subsídio textos Kishimoto,
Friedmann, Dornelles, Bujes, Fernández entre outros. Em um primeiro momento
analisaremos um pouco sobre a história da infância, em seguida abordaremos
sobre o lúdico na educação e em sequência o lúdico como prática-pedagógica.
Diante desse cenário conclui-se que o lúdico na Educação Infantil é um instrumento
indispensável no processo de ensino-aprendizagem, pois é um facilitador no
desenvolvimento integral da criança.
1 INTRODUÇÃO
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Graduação em Letras e Pedagogia, Especialização em Educação Infantil pela Instituição
Faculdade São Luís E-mail do autor: angélica_tete@hotmail.com Orientador: Juliana Ferreira Pinto
Rocha
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criança medieval tinha ao seu alcance toda forma de conhecimento social e cultural
dos adultos. Segundo Postman (1999), inexistia o sentimento de infância
relacionada à educação. Esse autor também se utiliza de Ariès em sua discussão
sobre a invenção desta.
(FOUCAULT, 2002 p. 117) -, bem como a ideia de escola moderna, que se formou,
após isso em uma maquinaria de constituição de alunos. Esse sujeito infantil, aluno,
aprendiz, que precisa ser orientado para a vida, passa, então, a ser governado por
essas instituições e a “infância emerge como objeto de saberes específicos, como
objeto de conhecimentos necessários à sua gestão e governo” (DORNELLES, 2005,
p. 16).
A concepção de infância empregada atualmente pela pedagogia vem no
caminho dessa evolução, apresentando ainda marcas que nos aludem a sua
formação original. Essas marcas são perceptíveis, sobretudo, no que refere à ideia
de uma natureza infantil, que estabelece a criança com um ser abstrato e universal,
desassociado de suas reais condições de existência. Dessa maneira, a infância é
considerada como um tempo à parte na vida do homem, fase da vida em que ele
guarda sua pureza original. A educação aparece como a possibilidade de
transformar esse ser, moldando-o de acordo com os princípios da sociedade da qual
virá a participar.
3 O LÚDICO NA EDUCAÇÃO
De acordo com Costa (2005, citado por Rau 2011.p.30) “a palavra lúdico vem
do latim ludus e significa brincar. O lúdico faz parte da atividade humana e
caracteriza-se por ser espontâneo, funcional e satisfatório. Nesse brincar estão
incluídos os jogos, brinquedos e brincadeiras e a palavra é relativa também à
conduta daquele que joga, que brinca e que se diverte”. Na atividade lúdica não
importa somente o resultado, mas a ação, o movimento vivenciado.
A atividade lúdica tem a finalidade de causar prazer e diversão ao mesmo
tempo quem pratica esta atividade percebe que ela vem acompanhada de diversas
brincadeiras para enriquecer nossos conhecimentos de forma prazerosa.
Por sua vez, o jogo possibilita a aprendizagem do sujeito e o seu pleno
desenvolvimento, já que conta com temas do cotidiano, como as regras, as
interações com objetos e o meio e a variedade de linguagens envolvidas em sua
prática. Dessa forma, com base na suposição de que a prática pedagógica possa
oportunizar alegria aos alunos no processo de aprendizagem, o lúdico deve ser
levado a sério na escola, oferecendo o aprender por meio do jogo e, logo, o
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O Jogo segundo os estudos feitos por Kishimoto (1994, p.4) o definem como
“uma ação voluntária da criança, um fim em si mesmo, não pode criar nada, não visa
um resultado final [sic]. O que importa é o processo em si de brincar que a criança
se impõe.”
No jogo, os acontecimentos se definem por um cenário no qual a realidade
interna se sobressai a externa. A lógica habitual é transformada em uma nova,
colocando a imaginação em ação; há o prazer e alegria, “as crianças estão mais
dispostas a buscar novas combinações de ideias de comportamentos em situações
de jogo do que em outras atividades não recreativas” (KISHIMOTO, 1994 p.15). o
jogo só pode ser jogo quando a criança tem a liberdade de escolhe-lo livre e
espontaneamente; caso contrário, é trabalho ou ensino.
Já o brinquedo, definido por Kishimoto (1994), é compreendido como um
objeto, instrumento de suporte da brincadeira ou do jogo, tanto no sentido concreto,
como no ideológico.
Documentadamente, o brinquedo como objeto não pertence a uma única
esfera, ele se manifesta de formas variadas, como a produção com materiais
perecíveis, esquecidos, como galhos, folhas, pedras e também objetos do mundo
familiar, que passam a ter sentido de brinquedo quando cai sobre eles o papel
lúdico.
Para Kishimoto (1994), o brinquedo é o alicerce da brincadeira quando auxilia
a uma atividade espontânea, sem um propósito inicial, que se amplifica de acordo
com a imaginação, a uma prática lúdica que possui um sistema de regras que
organizam as ações.
Ao analisar os objetos utilizados pelas crianças, como brinquedos,
percebemos que elas expressam suas preferências. Por exemplo: um bebê explora
todo e qualquer objeto, primeiro levando-o à boca, produzindo sons, tentando
encaixar, formando torres, entre outras ações. Nos primeiros anos de vida da
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criança, é importante que o adulto a auxilie nessa exploração, pois, assim, ela
conseguirá distinguir mais facilmente texturas, formas cores, e tamanhos.
A variedade de materiais oferecidos possibilita que as brincadeiras das
crianças sejam ricas em imaginação. Os brinquedos, nessas circunstâncias, nada
mais são do que a imaginação sendo posta em prática, uma rica exploração. São as
atividades sensoriais, motoras, simbólicas e culturais sendo exploradas ao máximo.
Representações culturais que apresentam o significado da vida de cada criança, de
sua família e da sua comunidade.
No que diz respeito à brincadeira encontra explicação na fala de Kishimoto
(1994), quando é assinalada como uma atividade espontânea da criança, sozinha ou
em grupo. Ela cria uma ponte entre a fantasia e a realidade, o que a conduz a
enfrentar dificuldades psicológicas complexas, como a vivência de papéis e
acontecimentos não bem entendidos e aceitos em seu universo infantil. A
brincadeira na infância leva a criança a desvendar conflitos por meio da imitação,
ampliando suas possibilidades linguísticas, psicomotora, afetiva, sociais e cognitivas.
A brincadeira infantil oferece a possibilidade de a criança atuar através da
imitação diferentes papéis, comuns no seu dia-a-dia, essa ação auxilia na expressão
de sentimentos e nas relações que estabelece com as pessoas do seu convívio. A
imitação também é um elemento que assegura à criança experienciar atitudes que,
se fossem realizadas de forma verdadeira, muitas vezes poderiam colocá-la em
situação de risco, como nas brincadeiras de cozinhar, dirigir, consertar móveis e
aparelhos eletrônicos. Quando brinca de faz de conta, a criança age e enfrenta
desafios, organiza o pensamento e cria suas regras, o que facilita a transposição do
mundo adulto para o seu universo.
poucos nos constituímos enquanto homens e mulheres por meio, até, de aparentes
inocentes brincadeiras.
Ponderando que o sistema de educação é permeado por dispositivos de
controle, a ludicidade também é um campo suscetível a armadilhas. Assim podemos
aqui perguntar: Assim fica um questionamento: Que tipo de liberdade é oferecida às
brincadeiras livres?
Existem dois movimentos que devem ser registrados: um das atividades
dirigidas, que certamente precisam existir, e outro de brincadeiras livres e criativa,
que por vezes são usadas como um momento de regulação se houver interferência
em como ela deve acontecer. Se a brincadeira for de casinha, por opção das
crianças, talvez seja o montar a casinha o brincar principal, não significando que as
crianças posteriormente queiram brincar dentro dela ou de casinha. Isso às vezes
escapa à lógica ordenadora dos adultos, que em muitas ocasiões interferem dizendo
como deve ser a continuidade deste brincar, ou seja, dentro da casinha.
A criança da educação infantil é também um aluno e, por vezes, o exagero de
escolarização nas atividades oferecidas prejudica potencialidades que devem ser
estimuladas, no entanto somente serão conseguidas se tiver espaço para suas
decisões e atos de criação. A ludicidade é importante para a infância, como já
constatado anteriormente, porém deve-se sempre pensar na prática e quanto se
transforma esse tempo em algo lúdico ou em mais um momento regulado pela
escolarização.
Segundo Dornelles:
Ao refletir sobre o ensino para as crianças, nota-se que uma das alternativas
usadas para apresentar novos conhecimentos é o brincar. Essa atividade de uma
forma geral abrange a expressão e a criação da criança e do educador, e o
desenvolvimento da criança.
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Entretanto, apesar de ser um artefato natural e garantido por lei, o brincar fica
em segundo plano dentro da escola, que se atribui apenas pela formação de uma
cultura geral a partir de papéis sociais definidos.
Para alterar um pouco esse pensamento, temos de refletir no papel do fazer
pedagógico e nas atividades que inclui tanto o profissional quanto o espaço e o
aluno. É necessário pensar na realidade do aluno e na do profissional, bem como
em um modo de uni-las dentro da escola, procurando um convívio que utilize as
brincadeiras e a expressão corporal como um aprendizado diferenciado.
Ao reconhecer o movimento do corpo e da cultura envolvida nesse ato,
poderíamos ver transformações efetivas nas instituições e nas crianças, que não
teriam os seus espaços e as suas expressões tão restritas. Entretanto o que se
observa é a predileção pelo espaço reduzido das salas de aula e pelo resultado
obtido após a transferência de conteúdos básicos e gerais, o que não exige da
criança a utilização de expressão corporal. A criança tem de pensar e se movimentar
menos.
Refletindo sobre a situação do educador é imprescindível pensar na formação
que esse profissional teve e no que representa para ele o brincar, observando se ele
está preparado a trabalhar com atividades corporais e se, sobretudo, avalia como
necessário o aprendizado e o uso de brincadeiras. Ele necessita ter em mente que o
brincar não é apenas uma atividade física, mas uma atividade que leva a criança a
pensar e, com isso, a aprender.
A educação infantil, assim com a educação em outros níveis, transformou-se
em sistemática, e as práticas pedagógicas compreendidas nesse processo também
se tornaram limitadas. Conservaram a expressão e a movimentação corporal com
menor destaque. Essa organização fez com que o corpo não apresentasse tanta
relevância para a formação do indivíduo, o que é um erro, pois se podem amplificar
as capacidades motoras e cognitivas por meio da manifestação corporal, além de
conseguir satisfazer as necessidades emotivas.
Ao invés disso depara-se com um espaço escolar que enfatiza a transmissão
de conteúdos que não poderão não ser postos em prática dentro do cotidiano da
criança, que guarda esse conhecimento apenas para a sua formação escolar. Pode-
se concluir então que o ensino é sistemático, metódico e disciplinar, porque ele
proporciona ao aluno uma série de conhecimentos já instituídos e difundido de
acordo com uma determinada ordem, com a intenção de disciplinar e instruir.
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6 CONSIDERAÇÕES FINAIS
identificar à necessidade das crianças. Ouvir sendo ativo não como figura que está
no ambiente para intervenções constantes, mas motivando através da palavra, do
gesto, da mímica, os que mais necessitam ou solicitam ajuda.
Quando o professor interage, brinca com o aluno, ao invés de somente
supervisionar a criança e limitar seu tempo, seu espaço e suas atitudes, nascem
possibilidades de desenvolvimento para ambos, pois caminham em direção a forma
mais aprimoradas de brincar. Cabe ressaltar ainda que não deve se separar tanto o
brincar do aprender, mas também não devemos usar o brincar somente com a
finalidade do aprendizado. O lúdico tem finalidades diferentes, como a expressão e a
relação entre as crianças e não se trata somente de instrumento escolar.
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REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:
KISHIMOTO, T.M. (Org.). Jogo, brinquedo, brincadeira e a educação. 11. Ed. São
Paulo: Cortez, 2008.