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TRABALHO – OGCE

TRABALHO DA DISCIPLINA:
ORGANIZAÇÃO E GESTÃO DE CENTROS EDUCACIONAIS

PROPOSTA DE UMA ESCOLA COM ORGANIZAÇÃO E GESTÃO HUMANIZADA


FUNDADA NA VIRTUDE.

Discente: Anatoli José Abel Ginga

Usuários: AOFPMME2997007

Grupo:

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Saurimo/2019

0. Introdução
No interior deste trabalho se encontra uma visão do homem e do mundo contida em
diferentes períodos da história da escola e sua gestão em Angola e, portanto, inclui uma
posição filosófica definida, mesmo que tal posição nem sempre seja objecto da
consciência dos actores envolvidos no processo educativo. É a visão e compreensão
subjacente na Lei nº 13/01 de 31 de Dezembro (Angola, 2001):
A educação constitui um processo que visa preparar o indivíduo para as
exigências da vida política, económica e social do País e que se desenvolve na
convivência humana, no círculo familiar, nas relações de trabalho, nas
instituições de ensino e de investigação científico - técnica, nos órgãos de
comunicação social, nas organizações comunitárias, nas organizações
filantrópicas e religiosas e através de manifestações culturais e gimno-
desportivas.
Esta compreensão e visão caracteriza e justifica as dimensões de intervenção
educativa, a trajetória da escola e sua gestão em Angola levando com que o presente
trabalho entenda que história do homem/povo Angolano é história da educação
angolana.
Uma tal história do sistema educativo angolano se divide em 3 fases, tendo como marco
histórico o período colonial, por ser referencia do surgimento do ensino formal em
Angola, porquanto a educação desenvolvida antes deste período baseava-se num
quadro não formal; seguido pela Angola pós independência onde se busca novos
caminhos para a escola e sua gestão diferente da do período colónia o que faz surgir a
primeira reforma educativa a qual, pelas suas debilidades e fracassos, é superada pela
segunda reforma.
Esta história é muito marcada pela intervenção e supervisão política do estado o que
reduz a qualidade de aprendizagem e a do ensino e aprendizagem. Facto similar se
comparada com a trajectória da Escola espanhola embora essa a sua tónica recai mais
na liberdade de escolha de centro tal como expressa acentuadamente os relatórios
elaborados neste país.
Assim sendo, no presente trabalho, se faz, num primeiro momento, uma descrição e
analise da tipologia e da gestão da escola angolana; para no segundo momento, se
comparar a tipologia e gestão da escola angolana com a espanhola para permitir obter
uma cosmovisão critica da tipologia, organização e gestão escolar permitindo na
conclusão realizar uma reflexão projetista da escola Angolana.

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1. Breve relance histórico da tipologia e gestão da Escola Angolana


1.1. Os primórdios da escola em Angola

A educação formal em Angola remonta antes da independência entre séculos XVI-XVII.


Neste período o ensino precede a escola a qual “não constituí um sistema de ensino e
nem sequer tem estruturas muito definidas.” Viera (2007). Este ensino foi promovido e
gerido pelos Padres Católicos no Reino do Kongo, na corte de M’Banza Kongo, cujo
objectivo é o empenho em divulgar não apenas o cristianismo, mas a língua portuguesa,
a correspondente escrita e os rudimentos de matemática”.

1.2. Surgimento da escola oficial em Angola


O Decreto de 1845 de Joaquim Falcão o qual dá satisfação às exigências das
populações civilizadas, beneficiando assim a maioria da população colonizadora, marca
a abertura dos primeiros alicerces da escola pública no ultramar e, muito especialmente,
em África, e, aos poucos, em Angola se dá o inicio do ensino oficial.
No entanto, o “liceal” só teve início nos primórdios do século XX, mais concretamente a
partir de Fevereiro de 1919, quando foi fundado o primeiro Liceu de Luanda e da
província, o Salvador Correia» (Santos, 1975). Em 1926 – 1933 Portugal implementa
uma nova política com relação as colónias ultramarinas e publica o Acto Colonial onde,
em termos da educação e ensino, a política do estado continuava a encarar a questão
da escolarização dos africanos como sendo desnecessária:

«O indígena tem de ser um indivíduo útil principalmente no seu meio de origem e só


poderá ser, uma vez preparado, uma vez educado nos costumes salutares do
trabalho. O indígena na escola primária estaria deslocado, tornando-se altamente
prejudicial a si e aos seus semelhantes. Devemos procurar evitar a difusão de
escolas primárias nos povoados selvagens» (Viera, 2007).
1.2.1. Organização e Gestão Escolar
O sistema de educação era português na perspectiva de potência colonizadora. Era
notável a falta gritante de professores, fraca acessibilidade e ausência de equidade
relativamente às populações nacionais as quais eram exclusas e descriminadas; as
infra-estruturas escolares estavam desproporcionalmente “distribuídos entre umas
províncias e outras com favorecimento para aquelas onde o colonialismo tinha maiores
interesses económicos” (Caare, 2009).

1. 3. Novo sistema de Educação e Ensino a pós Independência (1975 – 1980)

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O governo da República Popular de Angola transita para um novo sistema de Educação


e Ensino que não englobasse nos seus objectivos e princípios os signos da política
educacional colonial. Pois, entende e dá maior importância ao sector da educação para
o desenvolvimento do país, promulgando a Lei nº 4/75 de 09 de Dezembro de 1975, um
mês à seguir a Independência, que consagrava a nacionalização do ensino cujo
objectivos imediatos fazer do sistema de educação um instrumento, promovendo no
seio da sociedade angolana uma escola para todos.
Em consequência/cumprimento destes objectivos, durante anos, uma alta prioridade foi
dada a uma ampla campanha de alfabetização de adultos. Facto que levou a se criar a
Comissão Nacional de Alfabetização, em 1976, sob a tutela do Ministério da Educação,
mas dependendo funcionalmente das estruturas do MPLA.
Esta campanha de alfabetização, para além da transmissão de conhecimentos
instrumentais básicos, a campanha teve por objectivo a promoção sistemática de uma
identidade social abrangente (“nacional”) e uma mentalização política destinada a obter
a aceitação do regime estabelecido com o intuito de libertar a mente, os habitos,
costumes do angolano.
As aulas decorriam debaixo das árvores e a aderência à campanha de alfabetização da
parte da população, quer no campo quer nas fábricas, nos quarteis era enorme.
Destas constatações, se conclui que a organização e gestão do sistema educacional
(1976), referenciando Nguluve (2010),

partiu da necessidade de mudança do sistema de educação que Angola herdara


do colonialismo português, classificado como ineficiente, limitado, e em termos
culturais, mais voltado ao domínio cultural de Portugal. O sistema educativo
português exaltava seus valores em detrimento dos valores nativos de Angola.
1.3.1. Organização e Gestão Escolar: Iª Reforma do Sistema Educativo (1976/2000)
1º Congresso do MPLA (1977) instrumentaliza o sistema de educação ao adoptar (por
influência dos seus aliados, países do bloco socialista) uma política educacional
inteiramente subordinada a uma tentativa de combinar a construção nacional com a
construção de uma sociedade socialista marxista-leninista.(Vieira, 2007)
Neste congresso se cria e aprova o Plano Nacional de Acção para a Educação de
Todos, plano este conhecido como a Iª reforma angolana do sistema educativo que
começa a ser implementado em 1978 e caracterizado essencialmente por uma
reestruturação e expansão do sistema do ensino geral, concebido para, ao menos
tendencialmente, abranger (gratuitamente) a totalidade da população, maior

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oportunidade de acesso a educação e a continuação dos estudos, e o aperfeiçoamento


permanente do pessoal docente.
Este plano divide o sistema de ensino em: versão regular, destinada à população em
idade escolar, sendo quatro de ensino primário, dois de ensino pós-primário e dois de
ensino complementar. A versão para adolescentes e adultos que não frequentaram a
escola enquanto crianças, um programa comprimido e ministrado em seis anos.
Este sistema chegou a ser implantado com a cooperação cubana que substituía os luso-
angolanos que, durante o período colonial, tinham sido o suporte indispensável de todo
o ensino, mas que haviam deixado o país na altura da independência.
Na continuação deste ensino básico, foi estabelecido um ensino médio de quatro anos
(9ª a 12ª classes). Boa parte das respectivas escolas tinham como objectivo uma
formação técnico-profissional nos mais diversos ramos, inclusivel no da formação de
professores. A conclusão da 12ª classe dava acesso ao ensino superior. Criaram-se
também a nível médio escolas de ensino pré-universitário (PUNIVs) para, em menos
tempo, levar ao acesso a estudos superiores em letras e ciências naturais.
No que tange a existência de uma rede escolar é caracterizada com poucas salas de
aulas, maioritariamente herdadas do colonialismo e distribuídas pelo país, em função
dos interesses dos colonialistas. A este andcap, agrava-se a situação pela destruição e
abandono de um número significativo de escolas, resultantes da situação político-militar
dificultando a evolução positiva em termos de salas de aulas.
Para o estudo superior existia apenas a Universidade de Angola. Esta era a sucessora
da Universidade de Luanda que passou em 1979 a chamar-se Universidade Agostinho
Neto. Embora ela compreendesse várias faculdades, situadas em Luanda e no Huambo,
esta universidade não tinha condições para corresponder à procura gerada pela
expansão do ensino, antes e depois da independência – tanto menos como o seu corpo
docente ficou drasticamente reduzido com a saída dos professores luso-angolanos, só
parcialmente substituídos por “cooperantes” cubanos, alemães (da RDA) e Russos. Por
esta razão, o MPLA estabeleceu um sistema de bolsas que permitiu, no decorrer dos
anos, a vários milhares de alunos de realizar estudos universitários em diferentes
“países socialistas” – principalmente em Cuba, mas também na União Soviética, na
República Federal da Alemã e na Polónia.

1.3.1 Fase de transição entre a Iª e a IIª da Reforma educativa(1986 – 2000)


Face ao fraco desempenho do sector da Educação em termos qualitativo e quantitativo
da Iª reforma educativa,

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fraco aproveitamento escolar dos alunos, fraca preparação dos professores,


fraqueza no ensino básico como factor de estrangulamento do sistema
educacional devido os efeitos da guerra, gestão escolar e recurso materiais, o
que impossibilitou o alcance dos objectivos traçados na primeira reforma
(Nguluve, 2010).
em 1986 foram feitas as primeiras reflexões que apontavam para a necessidade de uma
nova reforma educativa. Porém, sua implementação, apesar de ter início em 1986 com
o diagnóstico, ocorreu em cinco etapas ou fases:
A Iª fase: ocorreu entre 2002 – 2012 correspondendo a preparação de condições que
pudessem assegurar o funcionamento adequado dos pressupostos delineados; IIª fase
2004 – 2010 que consistiu na aplicação, a título experimental dos currículos produzidos;
a IIIª fase 2004 - 2010, consistiu na correção das anomalias detectadas na fase de
experimentação do novo sistema de educação essencialmente na adequação dos
currículos, planos e programas e as novas formas de avaliação; IVª 2006 – 2011, etapa
de generalização de novo sistema de educação e aplicação dos respectivos currículos
em todo o país; e Vª fase 2012 – 2015 que só aconteceu em 2018, consistiu na avaliação
global da aplicação dos currículos, processo de ensino-aprendizagem, corpo docente e
discente, administração e gestão dos recursos materiais (Nguluve, 2010). Tal avaliação
aconteceu de 06 a 10 de Maio de 2018 no Encontro Nacional da Educação (ENE), onde
se destacam as seguintes conclusões:
-Aperfeiçoar a funcionalidade e o desempenho do Sistema de Educação e
Ensino, fortalecendo a articulação entre todos os actores sociais;
-Adequar os currículos escolares dos vários subsistemas de educação e ensino
aos novos desafios mediante a elaboração de um quadro de referência curricular
que se consubstancie em política curricular, onde estejam consagrados 80% de
saberes universais e 20% para saberes locais;
-Melhorar e expandir a formação de professores para atender as necessidades
e interesses profissionais dos docentes, sobretudo as exigências da
monodocência no ensino primário;
-Promover a formação inicial e contínua de professores e gestores escolares, a
fim de garantir a qualidade da educação;
Conceber e implementar novos sistemas de avaliação que promovam a
aprendizagem e acabem com os exames de melhoria de notas dos actuais
sistemas de avaliação das aprendizagens (ENE, 2018).
1.3.2. A Segunda Reforma do Sistema Educativa em Angola (2001-2015)
O documento legislativo desta reforma é a Lei de Base do sistema de Educação
aprovada aos 31/12 2001, cujos objectivos gerais são: extensão da rede dos serviços
de ensino, a melhoria de qualidade de ensino a partir do currículo, o professor, aluno,
comunidade educativa, redução do analfabetismo, formação de competências técnico-
profissionais no domínio da educação e ensino, reforço da eficácia do sistema de

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ensino-aprendizagem. A democratização e flexibilização do poder de organização e


gestão das escola é um facto de realce nesta segunda reforma pois, fazendo referencia
a lei de base de 2001:
“As iniciativas de educação podem pertencer ao poder central e local do Estado
ou a outras pessoas singulares ou colectivas, públicas ou privadas, competindo
ao Ministério da Educação e Cultura a definição das normas gerais de educação,
nomeadamente nos seus aspectos pedagógicos e andragógicos, técnicos, de
apoio e fiscalização do seu cumprimento e aplicação”. (Angola, 2001)
Da leitura desta lei de base, se depreende uma escola centralizada, de acordo com Lima
(2011), essa escola surge como extensão da tradicional centralização política e
administração e o controlo político-administrativo da organização sem a margem de
autonomia. Realidade visivel no sistema educativo angolano comandado pelo aparelho
administrativo central, Ministério da Educação de Angola, representado por INIDE, que
traça todas as directrizes educativas. Esse modelo por sua vez é importada para as
escolas, sem ter em conta a participação dos alunos nem de professores na tomada de
decisões no processo educativo.
De salientar, esta lei referencia dois tipos de escolas(publicas e privadas) e nas privadas
faz a extensão das comparticipadas na sua maior parte pertenças das Igrejas regidas
pelo Protocolo de parceria de 14/02/2011 que depende parcialmente do governo no
fornecimento de pessoal e material escolar e as privadas regidas por Decreto Executivo
nº 250/18, de 11 de Julho as quais dependem das competências do estado, tanto
horizontalmente como verticalmente pela orientação e controlo de toda actividade
educacional, sem dar muito espaço as iniciativas privadas.
Nesta IIª reforma houve criação de condições materiais: construção de novos edifício
escolares, embora ainda aquém da realidade desejada, mobiliários e todo aquele
material de ensino que contribua para formação integral do individuo e sobretudo que
implique um reconhecimento social da pessoa do professor.
E de acordo com a mesma nova Lei de Bases do Sistema de Educação de 30/12/2001
(LBSE), no artigo 10º a educação realiza-se através de um sistema unificado,
constituído pelos subsistemas de ensino: 1º Educação Pré-Escolar, 2º Ensino Geral 3º
Ensino técnico-profissional, 4º formação de professores, 5º ensino Superior. Este
sistema se estrutura em três níveis(primário, secundário e superior). Neste novo
subsistema apos a licenciatura é estruturado o ensino de pós-graduação, com o nível
de especialização, mestrado, e doutorado (Nguluve, 2010).

2. Uma síntese-comparativo-critico-reflexivo da Educação Angolana e Espanhola

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O quadro comparativo que se vai desenvolver tem consciência da transitoriedade do


sistema de educação que caminha para nova era de qualidade, sustentabilidade,
flexibilidade, democracia e autonomia. Porém, ainda nele subsiste a ideia de que
grandes acontecimentos ocorreram em gerações passadas, influenciaram e influenciam
ainda a posteridade que delas precisa como registro escrito, momento de reflexão,
inovação, recriação, contextualização para o surgimento do novo.

2.1. Quanto à tipologia escolar


É um facto que “(...) existem, em quase todos os países (...) dois tipos de centros:
públicos e privados,” (Lamarque & Schneider, 2019), mas para Angola esta é realidade
jovem, pois, na sua trajetória(desde o surgimento da escola formal até o regime
comunista) depara-se com vasto período de um único tipo de centro educacional.
Realidade similar a da Espanha “durante os 40 anos de ditadura, ficou nas mãos da
Igreja, em grande medida, a educação.”(...) (Lamarque & Schneider, 2019). Isto
manifesta que a educação é uma variável social, dependente da relação de poder.
Pese embora aproximação, escola angolana foi/é um instrumento do estado para
mentalização política destinada a obter aceitação do regime estabelecido. Para a
Espanha, durante 40 anos de ditadura, “o Estado deixou, em grande medida, a
responsabilidade da educação nas mãos de particulares ou de instituições privadas de
carácter religioso, em favor do principio de subsidiariedade.” (Op., 2019).
A escola privada em Angola surge à luz da Lei de Base do Sistema Educativo de 2001
no artigo 2º alinha 3 referente ao ambito onde o legislador afirma: “As iniciativas de
educação podem pertencer ao poder central e local do Estado ou a outras pessoas
singulares ou colecivas, publicas ou privadas, competindo ao Ministerio da Educação e
cultura a definiçao das normas gerais de educação, nomeadamente nos seus aspectos
pedagogicos e andragócos, técnicos, de apoio e fiscalizçao do seu cumprimento e
aplicção. Na Espanha o pluralismo educativo e a equidade se dá com o Partido
Socialista Espanhol, quando este chegou ao Governo em 1982, onde propoem um novo
deenvolvimento do art. 27 da Cosntituiçao, que se cristaliza na Lei Organica 8/1985 de
3 de julho, reguladora do Direito a Educação.
Na tipologia de escolas há a salientar a extensão dos centros privados concertados dos
princípios organizacionais aplicados nos centros públicos que em Angola se denomina
por escolas comparticipadas ao em vez de concerto por se originar da parceria que o
governo protocola com diferentes individualidades ou colectividades na sua maioria
religiosas. Angola difere da Espanha na concessão do concertor por possuir somente o

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concerto singular quando Espanha para além do singular tem o geral; ainda Angola, nas
condições fundamentais para concessão, se limita nas solicitações e instalações
adequadas quando a Espanha acresce a razão professor-aluno da área, zona de
necessidades educacionais.

2.2.Quanto à Organização e Gestão Escolar


Desde os primórdios, o sistema educativo angolano é centralizado sendo instrumento
de transmissão e asseguramento dos ideais do estado através duma imposição e
coerção o que o aproxima com o sistema espanhol cujo “fundo histórico explica a
complexidade de elementos que configura o marco educativo estabelecido pela
constituição. Um marco de compromisso e concórdia” (Lamarque & Schneider, 2019)
mas diferindo quando a Espanha “reconhece o sistema misto, proporcionando o espaço
normativo em que possam conviver as diferentes opçoes educacionais”. Op p.

2.2.1 No âmbito legislativo


É visível reconhecimento da função docente do estado e estabelecimento da
obrigatoriedade e gratuidade de uma educação básica unificada:
Para Angola isto foi possível após independência como se constata tanto no Plano
Nacional de Acção para a Educação de Todos de 1978 caracterizado essencialmente
por uma reestruturação e expansão do sistema do ensino geral, concebido para, ao
menos tendencialmente, abranger (gratuitamente) a totalidade da população, maior
oportunidade de acesso a educação e a continuação dos estudos, e o aperfeiçoamento
permanente do pessoal docente bem como na Lei de Bases do Sistema de Educação
de 31/12/2001 e 2016) que reafirma a gratuidade e o ensino para todos. Objectivos
similares são encontrados em Espanha que LGE: Lei 14/1970, de Agosto, Geral de
educação e financiamento da reforma educativa(BOE, 04-08_1970) se salienta “entre
os seus princípios programáticos, reconhecendo a função docente do estado e
estabelece a obrigatoriedade e gratuidade de uma educação básica unificada, a
educação geral básica (EGB). Concebe portanto a educação como um serviço publico
e responsabiliza o estado por seu fornecimento”. (Lamarque & Schneider, 2019).
Estas são os frutos das “novas formas de regulação e orientações das sociedades que
exigem novas aprendizagem por parte dos cidadãos, de modo a tirarem proveitos do
novo sistema de poder” Zau. Igual é o entendimento de Lamarque & Schneider, 2019:
“a extensão da educação até alcançar a todos e cada um dos cidadãos de um
país, constitui, sem duvida, um marco histórico no progresso das sociedades
modernas. De facto, a generalização da educação é o fundamento do progresso

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e do bem-estar social cultural e material dos países, bem como suporte das
liberdades democráticas. Não é de estranhar que o direito à educação tenha sido
assumido pelos estados como um serviço público prioritário.”
Porém, ambas escolas(angolana e espanhola) pecam por não oferecem uma
alternativas pois, nas duas legislações não há um claro e devido vigor do tema do ensino
publico. Quando abordam da questão, o ensino publico e privado segue a mesma
legislação pois seguem as determinações do Ministerio da Educação e das resoluções
e decisões do conselho nacional da educação do país.
Factores que poderiam encaminhar para o sucesso escolar, mas não é o que acontece,
pois, em Angola, se observa que na Lei de Base do Sistema de Educação de 31/12/2001
se propõem o modelo democrático salientando a participação na gestão escolar,
permitindo elaborar, negociar um projecto da instituição; administrar os recursos da
escola; coordenar, dirigir uma escola com todos os seus parceiros; organizar e fazer
evoluir, no âmbito da escola, a participação dos alunos. Mas em consequência da escola
ser centralizada comandada pelo aparelho administrativo central, Ministério da
Educação, traça todas as directrizes educativas sem a participação de outros
intervenientes no processo de ensino e aprendizagem. Esse modelo por sua vez é
importado para as escolas locais, sem ter em conta a participação dos alunos nem de
professores na tomada de decisões no processo educativo. O que distancia a escola da
comunidade e da sua realidade provocando o desinteresse pela a escola e
aprendizagem.
Quanto à Espanha o foco fixasse mais na escolha da escola em detrimento da qualidade
de formação o que poem em cheque a qualidade do ensino e aprendizagem e da própria
aprendizagem, uma vez que a gestão escolar constitui um processo capaz de contribuir
para o alcance eficaz dos objectivos específicos pré-fixados no sector de educação,
tendo por base os recursos organizacionais, técnicos e materiais.
A falta de clareza, o devido vigor do tema do ensino publico é notório na extensão dos
centros privados: os centros privados concertados/comparticipadas regulados, em
Espanha, pelo “Título IV da LODE que impõem aos centros docentes privados que
solicitem o regime de concerto, condicionamentos organizacionais e de
funcionamento(...) (Lamarque & Schneider, 2019) quando em Angola se regem pelo
protocolo de parceria originado da lei de base do sistema de educação “que concede às
pessoas singulares ou colectivas, de direito privado a possibilidade de abrirem
estabelecimentos de ensino.” Protocolo de parceria 2011

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Angola difere da Espanha no que diz respeito ao concerto pelo facto de concerto
angolano se limitar no reconhecer e oficializar as instituições de ensino dos privados e
inseri-las no sistema de educação; em proporcionar os instrumentos normativos de
orientação pedagógica e metodológicas quando Espanha alguns centros concertados
serem sustentados com recursos públicos o “que afecta a liberdade de escolha da
escola dos pais.”

Conclusão.
O quadro comparativo da tipologia e gestão escolar entre Angola e a Espanha baseado
no material fisico da escola e a busca na legislaçao do sistema de educaçao de Angola
mostrou-nos as convergencias e aproximaçoes, distanciamento e diferenciaçoes, mas
as medidas intervencionistas e o Espírito vigilante do Estado que ataca a autonomia e
a liberdade dos centros levando a pôr de parte a qualidade do ensino e aprendizagem
e a aprendizagem dos centros que ficam ao serviço do estado é a tónica fundamental
pelo que ofusca em grande medida os ententos de democratizaçao, e flexibilizaçao
inovaçao que afecta até as parceria estabelecidas que, muitas das vezes, encontram
dificuldades já que a escola subordina-se ao estado, em caso de angola é centralizada
e busca defender e expressar os interesses do estado, o que se opõe as intenções e
ensejos dos privados que buscam as exigências e rigor para garantir a qualidade a fim
de se impor e ganhar a concorrência do mercado. E acrescem a dificuldades para os
centros somente privados que tem sido encarados como escolas da elite pelos seus
custos financeiros o que leva a muitos pais não aderirem por eles.
Este quadro negro reclama por uma nova visão da tipología, organizaçao e gestão
escolar. Pelo que propomos uma escola, com uma organição e gestão escolar
humanizada fundada na base da virtude.

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3. Referencias
Viera, L. (2007). A Dimensão Ideologica da Educação 1075-1992. Luanda: Editora
Nzila.
AA.VV. (2014). Avaliação Global da reforma Educativa. Luanda, Angola: Editora
Moderna.
Angola, A. N. (2001). Lei de Bases do Sistema de Educação. Luanda: INIDE.
Nguluve, A. K. (2010). Educação Angolana: Políticas de Reformas do Sistema
Educacional. S. Paulo: Biscalchin Editora.
Santos, F. B. (1975). Angola na hora dramática da descolonização Portugal-Angola.
Luanda: Editora Nzila.

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