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A educação antes da independência

Desde 1926 a 1941 muito pouco se fez pela formação da população


indígena. Até 1930 o sistema de educação para indígenas contava apenas com
um número perto de 2000 alunos distribuídos entre as “escolas-oficinas” e
“escolas rurais”.
Em 1937 estes tipos de escolas foram extintos e no seu lugar surgiram as
escolas elementares de arte e ofícios.
Nunca foi preocupação do regime colonial português a questão da
educação da população indígenas.
Para eles os negros africanos não possuíam capacidades intelectuais
mercê de uma educação. Os negros deveriam servir para o trabalho que exigia a
força física.
A missão do regime colonial português era de formar homens para o
trabalho pois que assim entendiam os ideólogos portugueses, como podemos ver
no discurso que segue: A ideia de uma educação dos negros é, portanto, absurda
não só perante a história como também perante a capacidade mental dessas
raças inferiores.
Só com um lento e longo cruzamento com sangue mais fecundo poderá
gradualmente ir transformando-as; e é exatamente isso o que de um modo
espontâneo e natural veio sucedendo desde a uma idade em que ainda os
europeus se não preocupavam com a África.
No período anterior ao ano de 1975 toda história de educação em Angola
está naturalmente vinculada à história de educação em Portugal por esta razão a
ascensão de Salazar em Portugal trouxe pequenas, mas marcantes mudanças em
Angola no domínio da educação, foi implementado um sistema educativo por
muitos considerado de “Apartheid na educação” com separação clara de
educação para brancos e educação para negros.
Para a população negra considerada “indígena” foi implementado um
sistema de educação que não ia para além da 2ª classe e era feito na maior parte
das vezes não em menos de quatro anos.
Pois dois anos calendários ou mais valiam um ano escolar. Este processo
vai durar até início da década de 40 do século XX.

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A educação durante da independência

Com o início da luta armada pela libertação de Angola no ano de 1961,


Portugal adaptou medidas políticas e sociais que mais se aproximavam a
inserção social dos indígenas à sociedade colonial.
A primeira destas medidas foi a abolição do estatuto de indiginato que
dividia a população local em “assimilados” e “indígenas” todos passaram a ser
considerados “cidadãos”.
A segunda destas medidas foi a extinção das escolas do ensino de
adaptação que eram exclusivas para negros e unificou-se o sistema de ensino.
Estabeleceu-se um ensino primário de quatro anos antecedido de um ano pré-
escolar.
Foram criadas escolas preparatórias de dois anos intermediando o ensino
primário do liceal.
Igualmente foram fundados em várias regiões do país institutos
profissionais de nível médio e finalmente ainda no ano de 1962 foi criado o
ensino superior em Angola.
Todas estas mudanças no sistema de ensino angolano tiveram como
pano de fundo as reivindicações políticas manifestadas no ano de 1961 sob
diferentes formas de resistência à ocupação colonial.
De 1962 a 1973 registra-se um aumento de cerca de 500% da população
estudantil no ensino primário e secundário. Foi o período de maior inserção
populacional no sistema de ensino colonial.
Apesar de tudo estava-se muito longe de se resolver o problema de
analfabetismo. Será neste clima que Angola chega à sua independência em 1975
com uma herança colonial de 85% da população analfabeta.
Apesar das políticas de gratuidade e acessibilidade ao ensino, depois da
independência nacional a educação foi novamente tomada como instrumento de
“ideologização” da sociedade angolana.
O slogan político “Angola é um só povo e uma só nação” cabia apenas
no domínio da política, porque o país nunca foi um único povo e tão pouco uma
única nação.
Era um conjunto (e continua a ser) de diferentes povos com tradições
culturais diferenciadas entre eles (pese embora a intensão do regime colonial
português de silenciar as culturas africanas), falantes de línguas diferentes e
com uma história que até mesmo no período colonial não era comum para todos
os povos de Angola.

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A educação apôs a independência

Com a assinatura dos acordos de Bicesse,20 em 1991, e as alterações


políticas e económicas que se seguiram, houve, novamente, uma intenção de
reestruturar o sistema educativo, extinguindo sobretudo “muito do [seu] teor
ideológico-partidário” (Zau, 2009, p. 279).
Com o fim do monopólio estatal, registou-se um pouco por todo o país,
com especial enfoque para as cidades capitais de província, a abertura de
instituições de ensino privado.
Os colégios passaram a ser uma alternativa à escola pública que, para
além das múltiplas deficiências até então registadas, ainda se deparava com
longos períodos de greve dos professores.
A política de “ensino gratuito para todos” conheceu, desse modo, o
seu término, sendo obrigatório o pagamento de taxas administrativas para a
frequência escolar.
O reacendimento do conflito armado em 1992 teve um impacto negativo
directo nas zonas urbanas, conduzindo o sector da educação à ruptura.
Em 1997 “mais de um milhão e meio de crianças estavam fora do
sistema escolar” (Angola, 1997, p. 44), as taxas de escolarização eram muito
baixas e o analfabetismo apresentava-se, uma vez mais, elevado, bem como os
índices de reprovação.

A entrada no novo milénio trouxe novas políticas para o sector da


educação em Angola.
Depois da Cimeira do Milénio,21 Angola iniciou um “processo profundo
de revisão das políticas e estratégias que regulavam o sector” (PNUD-Angola,
2002, p. 26), que conduziram à elaboração da Estratégia integrada para a
melhoria do sistema de educação (2001-2015) (Angola, 2001a) e à aprovação da
Nova Lei de Bases do Sistema de Educação, lei n. 13/2001 (Angola, 2001b).
Esses dois documentos estabeleceram as reformas a serem
implementadas em todo o sistema educativo.
Tendo como meta o ano de 2015,22 seriam implementadas em três fases,
começando com a fase de emergência (2001-2002) e prosseguindo com a
estabilização (2002-2006) e a expansão (2006-2015) (Angola, 2001a; PNUD-
Angola, 2002). A estratégia integrada para a melhoria do sistema de educação
(2001-2015) (Angola, 2001a) tem funcionado, até hoje, como um guia de
orientação para o governo de Angola, que se comprometeu em cumprir os
ODM, nomeadamente, o segundo objetivo: atingir o ensino básico universal.
Dando continuidade a esse propósito, a Nova Lei de Bases do Sistema
de Educação, lei n. 13/2001 (Angola, 2001b) institucionalizou a
democraticidade, a gratuitidade do ensino primário e a língua portuguesa como

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língua base do sistema de educação, que se estrutura em três níveis: primário,
secundário e superior.
O ensino primário23 passou a compreender seis anos, integrando o
antigo ensino de base do II nível (5ª e 6ª classes) e proporcionando, desse modo,
ao aluno, uma continuidade dos estudos por mais tempo.
O ensino primário deve ser frequentado a partir dos seis anos e seu
término é previsto para os 11 anos.
No entanto, em virtude dos condicionalismos já apontados, a maioria das
crianças entra tardiamente no sistema de ensino, acabando também por terminá-
lo mais tarde.
O IBEP: inquérito sobre o bem-estar da população (Angola, 2010, p. 4),
realizado em 2009, mostrou que o ensino primário tinha nesse ano uma taxa de
ocupação por crianças entre 12 e 17 anos na ordem dos 58,5%. Esse factor
representa um atraso para a própria criança, uma vez que, na mesma sala, se
encontram crianças de idades muito variadas.
O ensino secundário foi estruturado em dois níveis: o I nível (7ª, 8ª e 9ª
classes) e o II nível (10ª, 11ª e 12ª classes), seguindo-se o ensino superior.
Em relação ao ensino superior, verificámos que os objetivos que foram
traçados para esse nível de ensino não se concretizaram, levando mesmo a um
retrocesso no que toca à sua expansão e oferta de formação.
Apesar de todos os condicionalismos e dificuldades de acesso à
educação, verifica-se, durante o período de construção do Estado socialista, uma
valorização do papel da escola e da educação.
Quer esta fosse ministrada “debaixo de uma árvore”, quer numa sala de
aulas, o importante era todos terem acesso à educação.
Com o fim da guerra em 2002, Angola pôde finalmente implementar as
reformas aprovadas em 2001 e dar seguimento aos objetivos que se propôs
cumprir (ODM).
Nos últimos anos, verificou-se uma melhoria no acesso à educação e à
alfabetização, traduzido pelo aumento do número de alunos a frequentar um
estabelecimento de ensino.
Em relação ao ensino superior, constatou-se um aumento da oferta, tanto
pública como privada.
Angola parece finalmente estar a cumprir um dos objetivos a que se
propôs quando da independência: disponibilizar educação e formação a todos os
angolanos.
No entanto, o percurso ainda se apresenta longo e as dificuldades a
ultrapassar são inúmeras.
Mas, a olhar pelos esforços depreendidos e pela vontade dos angolanos
em aprenderem, rapidamente esses obstáculos serão ultrapassados.

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A Educação Em Angola Atualmente
Em Angola, de 2001 até 2014, o número de crianças que ingressaram na escola
quase se quadruplicou.

A qualidade e eficiência da oferta educativa tem merecido a atenção do


Governo e dos seus principais parceiros.

Contudo, cerca de 22% das crianças em Angola ainda se encontram fora do


sistema de ensino e 48% das crianças matriculadas não concluem o ensino
primário.

Apenas 11% das crianças dos 3 aos 5 anos têm acesso à educação pré-escolar.”
Estudos feitos pela UNICEF estimam que mais de 2 milhões de crianças em
idade escolar em Angola não beneficiam do direito à educação.

Nenhuma universidade angolana se encontra na lista das 200 melhores


universidades de África.

Tendo em conta estes dados, entende-se a razão pela qual Carlinhos Zassala
considera que existe uma fraca qualidade de ensino em Angola.

Com a moeda nacional a desvalorizar-se cada vez mais, o sector da educação


em Angola vem enfrentando várias greves dos sindicatos do ensino superior e
ensino geral.

Muitos professores Angola, precisam de ter vários empregos para sustentar as


suas famílias.

Alguns, inclusive, chegam a desempenhar a função de moto taxista nas horas


em que não estão nas escolas.

No que diz respeito à educação informal, especificamente àquela que é recebida


dos pais, vivemos num momento em que os pais têm passado pouco tempo para
os filhos.

Os relatos de pais que têm de sair de casa de manhã e voltar apenas à noite é
frequente, seja uma pessoa que trabalha como professor universitário (que
muitas vezes tem de trabalhar em diferentes instituições) ou uma mãe ou pai que
precisa de zungar desde manhã até às 22 horas, e, às vezes, pernoitando, para
garantir o sustento da casa.

Por falta de tempo, alguns pais procuram ocupar os filhos com creches,
explicações, desporto, música, entre outras actividades, ou deixando-os em casa,
em casa de amigos, primos ou dos avós das crianças.

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Tudo isto leva-nos a crer que é necessário que os académicos do país
desenvolvam estudos no sentido de identificar as causas e propor soluções para
um sector tão importante para o desenvolvimento do país.

Faz-se urgente refletir sobre a educação em Angola e o rumo que a mesma está
a tomar.

Participação dos pais no acompanhamento dos


educandos/alunos na vida escolar
Nota-se nos últimos anos uma vasta convivência multicultural que tem estado a
trazer múltiplas transformações quer benéfica quer não, no seio das famílias
angolanas.

Este facto tem permitido alterações sociais, económicas e culturais tendo-se


refletido muitas das vezes no sector educativo.

Este e outros fatores dão motivos bastante expressivos para que o


acompanhamento dos filhos da parte das famílias, seja um facto de formas a não
desvinculação das linhas educativas, morais e cívicas dos educandos que pode
negativa ou positivamente influenciar o seu rendimento académico.

Como já referimos a família é o núcleo mais antigo e a sua participação na


tomada de decisões de vários aspetos educativos é importante. Cunha (n/d)
refere que:

A família para além da diversidade de conceções, de formas e de funções que


pôde assumir é a única instituição social presente em todas as civilizações e a
unidade fundamental em todas as sociedades.

É comum por isso pôr em evidência, atualmente a utilidade e a necessidade da


família nas nossas sociedades, e duvidar da possibilidade de sobrevivência de
qualquer sociedade sem uma vida familiar relativamente estável.

Os Pais/Encarregados de Educação devem traçar políticas de acompanhamento


dos seus filhos/educandos, deslocando-se com frequência para as escolas dos
seus filhos, entrar em contacto com os professores e com o corpo diretivo da
Escola, a fim de se informarem não só do rendimento dos seus educandos, mas
também das políticas que a escola traça para o cumprimento dos objetivos
estabelecidos pelo Ministério de tutela.

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Admitindo que as famílias possuem diferenças de conceções, muitos dos
Pais/Encarregados de Educação não se deslocam para as escolas deixando
grande parte da sua responsabilidade aos agentes mais participativos da escola
(professores e corpo diretivo), para estes, aconselha-se o acompanhamento
efetivado no seio da família como, por exemplo: Acompanhar os trabalhos de
casa, observar os cadernos dos filhos/educandos etc.

O trabalho de casa constitui de facto o elo natural e privilegiado entre a escola e


a família na medida em que é por definição, um trabalho escolar realizado em
casa.

Através dele, os pais podem aperceber-se não só do tipo de aprendizagem que


os seus filhos fazem, como da forma como estas se estão a relacionar com essa
aprendizagem em termos de interesses, facilidade ou dificuldade.

Conceito de Sucesso no Rendimento académico do


aluno
O conceito de sucesso no rendimento académico consiste num conjunto de
aspetos característicos do aluno, influenciados por fatores diversos atinentes a
qualidade pessoal, social, profissional, educativo, instrutivo e outros, que se
manifestam no alcance de valores qualitativo e quantitativos do aluno, durante a
sua vida escolar.

Já o conceito do rendimento académico do aluno, muitas das vezes qualifica a


escola em geral refletindo na ideia de desempenho escolar, pois certa escola
torna-se referência, fruto do que produz. Carvalho (2012), afirma que “a ideia
de sucesso escolar pode ser entendida quase de modo geral ao desempenho dos
alunos, ou seja, obtêm êxito aqueles que satisfazem as normas de excelência
escolar e progridem nos estudos”.

Assim sendo, o aluno com bom rendimento académico é aquele que é


disciplinado, pontual, participativo, dedicado, assíduo tem boas relações com os
agentes ligados ao processo educativo, e, acima de tudo tem bom carácter
qualitativo e quantitativo no que se refere ao conhecimento absorvido que se
reflete no alcance de bons resultados.

Vasconcelos (2001) determina que o sucesso escolar, é então produzido por


meio da capacidade de assimilação adaptação e interiorização que o sujeito
desenvolve desde o início da escolarização, dependente do ethos de classe social

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e da herança cultural da família em contacto com o meio social e pedagógico da
escola.

Aspetos que contribuem para o bom rendimento


académico do aluno
Existem vários fatores que estão implicados no rendimento académico dos
alunos.

Na opinião de Dias (2010), “estes podem ser fatores sociais, fatores


relacionados com dinâmicas internas das escolas e com as políticas educativas,
ou ainda fatores relacionados com variáveis pessoais dos alunos” (citado por
Carvalho, 2012).

Do nosso ponto de vista para que o aluno tenha bom rendimento académico é
preciso:

Ter afeto e acompanhamento devido no seio da família;

Ter apoio dos agentes ligados ao processo de ensino e aprendizagem e


educativo em geral, apoios que vão desde moral, material, profissional,
de socialização, económico-financeiro, escolar e extraescolar.

Cabe ao aluno:

Ter respeito com os Pais/EE e consequentemente com


professores;

Evitar atrasos e faltas nas aulas;

Não omitir dificuldades, sob pena de resultar tantas outras;

Ter um caráter de humildade, como sua arma de triunfo na arena


científica;

Estar sempre atento, durante as aulas;

Evitar sair da sala constantemente enquanto ocorre a aula;

Evitar a companhia que acha não compatíveis com os objetivos


escolares;

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Estudar em grupo sempre que é preciso;

Realizar as tarefas de casa e trabalhos escolares e/ou


extraescolares orientados pelos professores;

Saber estar na diferença social, porque o contexto de sala de aula


tem esta característica;

Informar aos pais/EE sobre o seu rendimento real, favorecendo


assim ambiente de diálogo com os mesmos, para em conjunto
procurar-se soluções;

Reclamar nota sempre dentro de um respeito mútuo,


reconhecendo que o professor é ser humano, não está isento de um
possível erro de cotação ou correção;

Dirigir-se com os professores de forma humilde, respeitosa e


responsável;

Reconhecer sempre que nos sentimos errados;

Evitar conflitos com professores e colegas;

Procurar manter sempre o bom humor;

Marcar consultas ao professor ou alguém com certo conhecimento


sobre as dificuldades encontradas durante as aulas, a fim de serem
solucionadas.

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